ARTIGO CIENTÍFICO
Fontes energéticas sobre a
longevidade de Apis mellifera L. em
condições controladas
Energy sources on the longevity
of bees (Apis mellifera L.) in controlled conditions
Fuentes de Energía en la Longevidad de Abejas
(Apis mellifera L.) en Condiciones Controladas
Rosilene Agra da Silva1, Talita
Soares de Araújo2, Anderson Bruno Anacleto de Andrade3,
Micaela Silva Coelho4, Gilmara Lima Gonçalves de Oliveira4
1Professora da Universidade
Federal de Campina Grande, Pombal, Paraíba, rosileneagra@hotmail.com, +5583999631680; 2Agrônoma pela
Universidade Federal de Campina Grande, Pombal, Paraíba; 3Doutorando
em Proteção de Plantas pela Universidade Federal de Alagoas, b-deandrade3@gmail.com; 4Graduandas em Agronomia pela
Universidade Federal de Campina Grande, Pombal, Paraíba.
Recebido: 31/01/2019;
Aprovado: 20/09/2019
Resumo: A apicultura é uma atividade que depende de diversos
fatores dentre eles o ambiental. Em épocas onde o alimento para as abelhas é
escasso faz-se necessário optar pela alimentação artificial, tornando-se
necessário conhecer os alimentos que serão oferecidos as abelhas. Objetivou-se
com essa pesquisa avaliar a influência de combinações de fontes de alimentações
energéticas e proteicas sobre a longevidade das abelhas operárias (Apis mellifera L.)
in vitro. As fontes avaliadas foram a mistura de pólen (10%) e açúcar de
confeiteiro (90%), apenas o açúcar de confeiteiro (100%), uma mistura de pólen (10%)
e mel (90%) e açúcar de confeiteiro (90%) e mel (10%). Foram coletadas abelhas
recém-emergidas de favos de crias e colocadas em grupos de 20 abelhas em
gaiolas de madeiras, com ambiente controlado, onde foram servidas as devidas
alimentações e registrado o levantamento da quantidade de abelhas mortas
diariamente. O trabalho foi conduzido em delineamento experimental inteiramente
casualizado, com quatro tratamentos e seis
repetições. Na análise de sobrevivência das abelhas notou-se que a alimentação
da mistura de pólen (10%) e açúcar (90%) foi a que proporcionou os melhores
resultados em relação a longevidade das abelhas, ao contrário da alimentação de
apenas o açúcar que apresentou menor longevidade.
Palavras-chave: Apicultura; alimentação artificial; consumo;
mortalidade.
Abstract: Beekeeping is an activity that depends on
several factors among them the environment. In times where the food for bees is
scarce it is necessary to opt for artificial feeding, where it is necessary to
know the foods that will be offered the bees. This research was aimed at
evaluating the influence energy and protein sources on the longevity of worker
bees (Apis mellifera L.)
in vitro. The sources evaluated were the mixture of pollen (10%) and icing
sugar (90%), only icing sugar (100%), a mixture of pollen (10%) and honey (90%)
and icing sugar (90%) and honey (10%). Freshly-emerged
bees were collected from honeycombs and placed in groups of 20 bees in wood
cages, with controlled environment, where the due feeds were served and
recorded the survey of the number of dead bees daily. The work was conducted in
fully randomized experimental design, with four treatments and six repetitions.
In the bee survival analysis it was noted that the feeding of the pollen
mixture (10%) and sugar (90%) was the one that provided the best results in
relation to the longevity of the bees, as opposed to feeding only sugar where
it presented the lowest longevity index.
Key words: beekeeping; artificial feeding; consumption;
mortality.
Resumen: La apicultura es una actividad que depende de
varios factores, entre ellos el ambiental En tiempos donde la comida para las
abejas es escasa es necesario elegir mediante alimentación artificial, lo que
hace necesario conocer los alimentos que serán ofreció las abejas. El objetivo
de esta investigación fue evaluar la influencia de las fuentes de alimentación
energética sobre la longevidad de las abejas obreras (Apis mellifera L.) em in vitro Las
fuentes de energía evaluadas fueron polen (10%) y azúcar. azúcar glas (90%),
solo azúcar glas (100%), una mezcla de polen (10%) y miel (90%) y azúcar glas
(90%) y miel (10%). Las abejas recién recolectadas fueron recolectadas surgió
de panales de cría y se colocó en grupos de 20 abejas en jaulas de madera,
ambiente controlado, donde se sirvió la comida adecuada y el elevando el número
de abejas muertas diariamente. El trabajo se realizó em Un diseño experimental
completamente al azar con cuatro tratamientos y seis. Repeticiones. En el análisis de supervivencia de las abejas se
observó que la alimentación de la mezcla de polen (10%) y el azúcar (90%) proporcionaron los mejores
resultados la longevidad de las abejas, en lugar de alimentar solo con azúcar
donde presentó el índice de longevidad más bajo.
Palabras Clave: Apicultura;
alimentación artificial; consumo; mortalidad.
INTRODUÇÃO
As abelhas se alimentam de néctar e pólen que são
encontrados nas flores, sendo o néctar uma fonte energética e o pólen proteica.
A deficiência de nutrientes na alimentação das abelhas, como as proteínas,
carboidratos, minerais, lipídeos e água podem prejudicar o desenvolvimento das
colônias, e reduzir a vida das abelhas (BARROS et al., 2016).
Por isso, a criação de abelhas é uma atividade diretamente
influenciada por condições ambientais, dente essas, os períodos de estiagem,
que contribuem para a falta de alimento natural das abelhas, sendo uma barreira
na manutenção dos apiários, principalmente na região Nordeste do Brasil (VIDAL,
2014).
Para manter os enxames nos apiários fixos durante o
período de escassez de alimentos é necessário que seja utilizada a alimentação energético-proteica
artificial associada ao manejo reprodutivo dos enxames, sendo a forma de
desenvolvimento mais rápida para preparo das colmeias no início das floradas
(LIMA et al., 2015; PINHEIRO et al., 2009).
O fornecimento de alimentos artificiais é uma prática
importante para a criação de abelhas, porém a qualidade desses alimentos deve
ser verificada, tendo em vista, eliminar possibilidades de problemas como o
baixo suprimento proteico-energético ou toxicidade de alguns produtos.
Pereira et al. (2006) avaliando em abelhas o desempenho
de alimentos proteicos de plantas da região Nordeste, verificaram que o pólen monofloral de Palmae é pouco
eficiente na manutenção das colônias. E avaliando efeito tóxico de alguns
alimentos alternativos fornecidos às abelhas, Pereira et al. (2007),
verificaram que a farinha de bordão-de-velho (Pithecellobium cf. saman) não deve ser fornecida às abelhas na forma in natura por diminuir a longevidade das
abelhas.
Com isso é importante o apicultor conhecer o alimento
artificial adequado para suprir as necessidades das abelhas e também se esse
alimento é seguro e não cause problemas toxicológicos nesses insetos. Nesse
sentido objetivou-se avaliar a influência de combinações de fontes de alimentação
energéticas e proteicas sobre a longevidade das abelhas operárias (Apis mellifera) in vitro.
MATERIAL E
MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Abelha e no
Laboratório de Nutrição Animal do Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar
da Universidade Federal de Campina Grande, Campus Pombal, Paraíba.
A. mellifera operárias recém emergidas foram capturadas de favo de
crias, selecionados de colmeias provenientes do apiário da fazenda experimental
da Universidade Federal de Campina Grande situada na cidade de São Domingos,
Paraíba. Os favos foram conduzidos ao Laboratório de Abelhas em um núcleo
transporte, e durante 24 horas acompanhou-se a emergência das abelhas, sendo
capturadas em tubos de ensaio formando grupos com 20 insetos.
Como tratamentos foram usadas as combinações de fontes
de alimentos energéticas e proteicas: mistura de pólen (10%) e açúcar de
confeiteiro (90%), apenas o açúcar de confeiteiro (100%), mistura de pólen
(10%) e mel (90%) e açúcar de confeiteiro (90%) e mel (10%).
As abelhas capturadas foram mantidas em gaiolas de
madeira, com 11 cm de comprimento, 11 cm de largura e 7 cm de altura, a parte
superior fechada por uma lâmina de vidro para facilitar a observação das
abelhas, com isso possibilitando o registro dos dados de mortalidade. Nas
laterais as gaiolas apresentavam orifícios simétricos de aproximadamente uma
polegada de diâmetro, um vedado por uma tela de nylon para propiciar a entrada
de ar e na outra lateral por uma estrutura metálica em forma de cone utilizada
para proporcionar maior aeração na finalidade de melhor conforto no
confinamento das abelhas.
Durante a realização dos bioensaios,
o suprimento de água e alimento foram realizados em recipientes plásticos de
2,8 cm de diâmetro e capacidade de 10 ml, sendo a água embebida em algodão para
evitar mortes dos insetos por afogamento com fornecimento diário.
O experimento foi conduzido em uma sala com controle
das condições de temperatura de 28ºC±1ºC e umidade relativa de 70±5%, em
delineamento experimental inteiramente casualizado
com quatro tratamentos e seis repetições de cada.
O número de abelhas por cada repetição foi definido
com base nos resultados obtidos no trabalho de Betioli
e Chaud-Netto (2001) que estudaram o efeito do
tamanho de grupos sobre a longevidade de operárias de abelhas africanizadas em
condições de laboratório.
O levantamento da quantidade de abelhas mortas foi registrado
diariamente.
Na análise de sobrevivência das abelhas operárias foi
realizada o cálculo do tempo médio de vida das abelhas e a obtenção de Curvas
de Sobrevivência pelo método de Kaplan-Meier através do software GraphPad Prism® 7 com aplicação do teste não paramétrico
Log-Rank Test na comparação das curvas.
Para complementar a avaliação do desempenho das dietas
sobre a sobrevivências das abelhas foi calculado o tempo letal. Para tanto, os
dados de mortalidade foram submetidos à análise de regressão linear para
determinar o tempo letal (GOMEZ et al., 1999). Para a análise de regressão
(R>95%), o tempo foi transformado em log10, e a percentagem de mortalidade
foi usada diretamente. Foram obtidos os valores de mortalidade de 25% (TL25),
50% (TL50), 75% (TL75) e o tempo total de mortalidade dos insetos (TL100) As
médias com superposição de intervalo de confiança foram consideradas
equivalentes.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Os tempos médios de vida das abelhas operárias
alimentadas com fontes de alimentos artificiais foram maiores para as abelhas submetidas
às dietas pólen (10%) + açúcar (90%) e pólen (10%) + mel (90%), pois ambas
apresentaram em média 17,33 e 16,5 dias de vida, respectivamente (Tabela 1).
Tabela 1. Tempo de vida médio (±desvio padrão) de Apis mellifera operarias alimentada com
diferentes dietas proteico-energética. |
|
Tratamentos |
Tempo Médio de Vida (dias) |
Pólen (10%) +
açúcar (90%) |
17,33±5,57 |
Açúcar |
10,66±4,96 |
Pólen (10%) +
mel (90%) |
16,5±2,94 |
Mel (10%) + açúcar (90%) |
14,66±4,67 |
Resultados inferiores foram relatados por Campos
(2015), que trabalhando com suplementação energética em abelhas obteve valores
médios de tempo de vida de 316,27 horas (13,18 dias) quando as abelhas foram
submetidas à suplementação de caldo de cana + açúcar + limão seguido da
suplementação com caldo de cana + açúcar + ácido ascórbico que apresentou tempo
de vida de 313,71 horas o correspondendo à 13,07 dias.
Nota-se que ambos os tratamentos contendo o pólen na dieta
proporcionaram maiores tempos de vida às abelhas. Pereira et al. (2015)
destacaram que o pólen em pó é um importante componente para alimentação de
colmeia, pois é palatável e aumenta o consumo do alimento pelas abelhas. De
acordo com Sharma e Gupta (1996) o pólen possuem valores proteicos médios que
variam entre 13,5 à 18,5% variando composição
química de acordo com a origem botânica, condições de coleta, temperatura do ar
e estado nutricional da planta (MELO et al., 2009).
Apesar das abelhas serem capazes de sobreviver por
muito tempo com dietas pobres em carboidrato, a ausência de pólen pode comprometer
o desenvolvimento de abelhas novas afetando sua fisiologia, como a formação de tecidos
do corpo e das glândulas (DIETZ, 1975; CREMONEZ; JONG, 2001).
Observa-se ainda na tabela 1, que a dieta com açúcar
foi a que proporcionou o menor tempo médio de vida às abelhas operárias (10,66
dias) mostrando ser um alimento insuficiente na dieta suplementar. Campos
(2015) obteve valores médios de tempo de vida de 296,99 horas (12,37 dias)
quando utilizou a alimentação suplementar com açúcar + água na proporção de
50%.
Houve diferença significativa (P<0,05) na
comparação entre as curvas de sobrevivência pelo Log-Rank Test. Na figura 1
observa-se que nos primeiros quatro dias tanto as dietas contendo pólen atingiram
cerca de 85% de sobrevivência, sendo destaque como melhores tratamentos, tendo
em vista que as abelhas submetidas à dieta com pólen (10%) + açúcar (90%) mantiveram
um percentual de 10% de sobrevivência até os 24 dias. Com relação à dieta
somente com açúcar, em apenas dois dias de alimentação a sobrevivência reduziu 20%
e destacou-se como o pior tratamento (Figura 1).
Figura 1. Curvas
de Sobrevivência de Apis mellifera operarias
alimentada com diferentes dietas proteico-energética.
Em relação aos tempos letais estimados de 25, 50, 75 e
100% (Tabela 2) o tratamento com pólen (10%) + açúcar (90%) apresentou os
maiores tempos, atingindo 4,00; 6,52; 12,16 e 24 dias respectivamente. No
entanto, a dieta à base apenas de açúcar apresentou aproximadamente metade
desse tempo para atingir as mortalidades de 25, 50 e 75%, demostrando não ser
um suplemento adequado na alimentação de operárias A. mellifera.
As dietas com grandes concentrações de açúcar podem
ter diminuição na taxa de consumo pelas abelhas, como verificado por Lima et
al. (2012) avaliando a preferência de Melipona
mandacai, observaram que ao aumentar
a concentração de açúcar de 10% para 50%, houve uma redução de 2,5 vezes na
taxa de consumo.
Tabela 2. Estimativa do
tempo letal (dias) de Apis mellifera operarias
alimentada com diferentes dietas
proteico-energética. |
||||
Tratamentos |
Tempo
Letal (dias) |
|||
25% |
50% |
75% |
100% |
|
Pólen (10%) +
açúcar (90%) |
4,00 |
6,52 |
12,16 |
24,00 |
Açúcar |
1,94 |
3,64 |
6,00 |
19,00 |
Pólen (10%) +
mel (90%) |
3,15 |
5,69 |
9,00 |
22,00 |
Mel (10%) +
Açúcar (90%) |
3,00 |
5,42 |
10,00 |
22,00 |
Para Campos (2015) o tempo letal (TL50) de abelhas
operarias foi de 312 horas (13 dias) utilizando caldo de cana fervido + açúcar
+ limão e 288,31 horas (12 dias) com o tratamento de água + açúcar, tempos
superiores aos encontrados nesse trabalho que obteve o maior tempo para TL50 de
6,52 dias quando usado o tratamento com pólen (10%) + açúcar (90%).
Como para qualquer criação animal, é importante o
balanceamento da alimentação complementar fornecida, tendo em vista, o
desenvolvimento e a produtividade desejada. Não sendo diferente para a criação
de abelhas, em que, a qualidade da dieta é essencial também para a ocorrência
da resposta do comportamento imune desses insetos (CREMONEZ; JONG, 2001).
CONCLUSÕES
A mistura de Pólen 10% + açúcar 90% (T1) proporciona maior
longevidade para Apis mellifera operárias.
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