NOTA CIENTÍFICA

 

Crescimento inicial de curauá e paricá submetidos à aplicação de extrato vegetal de curauá

 

Initial growth of curauá and paricá under the application of curauá’s vegetal extract

 

Iracema Maria Cordeiro1; Gustavo Schwartz2; Gracialda Costa Ferreira3; Osmar Alves Lameira4

 

1Doutora em Ciências Florestais, Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, Pará, (91) 992071629, iracema3c@gmail.com; 2Doutor em Ecologia e Manejo Florestal, Embrapa Amazônia Oriental, Belém, Pará, (91) 3204-1000, gustavo.schwartz@embrapa.br; 3Doutora em Botânica, Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, Pará, (91) 992071629, gracialdaf@yahoo.com.br; 4Doutor em Agronomia, Embrapa Amazônia Oriental, Belém, Pará, (91) 3204-1000, osmar.lameira@embrapa.br

 

Recebido: 29/04/2019; Aprovado: 27/09/2019

 

Resumo: Este estudo teve como objetivo testar o efeito da fertilização do solo com extrato vegetal de curauá (Ananas erectifolius) sobre o crescimento de indivíduos de curauá e paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum) plantados em consórcio. O trabalho foi conduzido no campo experimental da empresa Tramontina Belém, município de Aurora do Pará, PA, Brasil. O experimento seguiu um delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e quatro repetições por tratamento, totalizando 20 parcelas experimentais. O espaçamento adotado foi de 4,0 m x 3,0 m entre indivíduos de paricá e 0,80 m x 0,80 m entre as plantas de curauá. Os cinco tratamentos consistiram em diferentes concentrações de extrato vegetal de curauá: 100% extrato; 75% extrato e 25% água; 50% extrato e 50% água; 25% extrato e 75% água e uma testemunha com 100% água. O extrato vegetal de curauá foi aplicado mensalmente por um período de seis meses e as variáveis analisadas foram: número e comprimento de folhas de curauá e altura e diâmetro de paricá. A partir dos resultados obtidos, pode-se observar que houve efeito positivo da fertilização do solo quando utilizou o extrato vegetal de curauá na concentração de 25% em relação ao número e comprimento de folhas de curauá, assim como também pode inferir que ocorreram resultado positivo na concentração de 75% para o crescimento em altura e diâmetro de paricá. O residuo de curauá pode ser usado como adubo orgânico em plantações consorciadas, no entanto estudos em mais detalhes são necessários para permitir indicações de concentrações mais eficientes para o crescimento das plantas de curauá e paricá.

 

Palavras-chave: Biomassa; Adubo orgânico; Aproveitamento de resíduos.

 

Abstract: This study had the objective to test the effect of soil fertilization with curauá’s vegetal extract (Ananas erectifolius) over the growth of individuals of curauá and paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum) planted in consortium. The work was carried out in the experimental field of the company Tramontina Belém, municipality of Aurora do Pará, PA, Brazil. The experiment followed a fully randomized experimental design, with five treatments and four repetitions per treatment, totaling 20 experimental plots. The adopted planting spacing was 4.0 m x 3.0 m among individuals of paricá and 0.80 m x 0.80 m among plants of curauá. The five treatments consisted in different concentrations of curauá’s vegetal extract: 100% extract; 75% extract and 25% water; (3) 50% extract and 50% water; (4) 25% extract and 75% water and (5) a control with 100% water. The curauá’s vegetal extract was applied in a monthly basis during six months and the assessed variables were: number and length of curauá’s leaves and height and diameter of paricá. From the results obtained, it is possible to observe that there was a positive effect of soil fertilization when the curauá’s vegetal extract was used in the concentration of 25% over the number and length of curauá’s leaves, as well as it is possible to infer that positive results occurred in the concentration of 75% over growth in height and diameter of paricá. The curauá’s vegetal extract can be used as organic fertilizer in consortium plantings, however studies in more detail are necessary to permit indications of more efficient concentrations for the growth of individuals of curauá and paricá.

 

Key words: Biomass; Organic fertilizer; Waste management.

 

INTRODUÇÃO

 

Nos países em desenvolvimento têm sido construídas muitas alternativas de uso da terra que atendam tanto a necessidades de produção como a princípios agroecológicos, o que vem impulsionando a demanda por sistemas de cultivo mais sustentáveis (CORDEIRO et al., 2009). Nesse sentido, os sistemas agroflorestais com base agroecológica aparecem como uma importante alternativa de preservação de florestas nativas e de uso racional do solo (JOSE, 2009).

Na Região Amazônica, dentre as espécies nativas potencias para plantios em sistemas agroflorestais encontram-se o curauá (Ananas. erectifolius (L.B.Sm.) Coppens & F.LealBromeliaceae) e o paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) BarnebyFabaceae) (CORDEIRO et al., 2016). De modo que, o cultivo com as espécies citadas vem assumindo papel de destaque na economia do estado do Pará, não somente por apresentarem diversos usos e boa adaptabilidade a diferentes condições ambientais, mas por criar oportunidade de emprego e renda com benefícios socioeconômicos e ecológicos (CORDEIRO et al., 2016).

O curauá é uma planta fibrosa, monocotiledônea, herbácea e pouco exigente quanto à fertilidade do solo (LEDO, 1967). Seu principal produto, a fibra, de excelente qualidade e resistência, é utilizado na fabricação de papel, confecção de cordas, barbantes, produtos artesanais, na indústria geotêxtil e automobilística para produção de componentes para bancos e revestimento de automóveis (MONTEIRO et al., 2010). Além da fibra, as folhas do curauá produzem durante o processo de desfibramento os subprodutos (resíduos) como: mucilagem e extrato vegetal (soro). Esses resíduos juntos respondem por 90% de tudo o que é produzido no processamento, porém essa matéria prima é abandonada no campo, pois ainda não se dispõem de uma destinação econômica (CORDEIRO et al., 2016).

Cabe destacar que, o extrato vegetal de curauá apresenta propriedades que potencializam o seu uso como um herbicida natural. Além disso, a mucilagem do curauá pode ser utilizada na fabricação de papel e como adubo orgânico. Partindo dessa perspectiva, o uso de adubos orgânicos ou adubos verdes na agricultura atualmente tem sido recomendada para manter ou incrementar os teores de matéria orgânica no solo (FERNANDES et al., 1998), bem como inibir o crescimento de ervas daninhas, o que pode levar a um aumento na eficiência de utilização da água e dos nutrientes pelas plantas (RAVEN et al., 2001).

O paricá é uma árvore nativa da região Amazônica, podendo ser encontrada em floresta primária e secundária, tanto em solos de terra firme como em várzea alta (DUCKE, 1939). Esta pode alcançar altura de até 30 m, sendo razoavelmente imune ao ataque de pragas e doenças (CORDEIRO et al., 2015). A madeira do paricá tem sido usada para a fabricação de laminados e compensados e, além disso, é indicada para o emprego em vigas de madeira laminada colada-MLC (TEREZO e SZÜCS, 2010). Por possuir rápido crescimento e boa adaptabilidade, a espécie vem sendo bastante cultivada em plantações homogêneas, consórcios e em sistemas agroflorestais (RUIVO et al., 2007; CORDEIRO et al., 2009). Esta espécie também pode ser utilizada como uma alternativa de uso para recuperação de florestas alteradas e/ou degradadas na região amazônica (SCHWARTZ et al., 2017).

Estudos desenvolvidos em um sistema de cultivo com as espécies curauá e paricá, Cordeiro et al. (2009) observaram que os indivíduos de ambas as espécies são mutuamente beneficiados, de forma quantitativa e qualitativa, demonstrando haver interação positiva entre as especies.

Nesse contexto, informações sobre o desenvolvimento do consórcio curauá-paricá assim como a sua capacidade de reabilitar a fertilidade do solo são de grande relevância para o desenvolvimento de sistemas agroflorestais com bases agroecológicas. Desta forma, o objetivo da presente pesquisa foi avaliar o efeito de diferentes concentrações de extrato vegetal de curauá no crescimento de indivíduos de curauá e paricá em consórcio.

 

MATERIAL E MÉTODOS

 

O experimento foi implantado em janeiro de 2009 no campo experimental da empresa Tramontina Belém, localizado no km 60 da BR 010 (2º10’00’’S e 47°34’00’’W), no município de Aurora do Pará, mesorregião do Nordeste Paraense, Pará, Brasil, a 210 km da capital do estado, Belém. Este foi realizado em parceria com a empresa Tramontina Belém, Embrapa Amazônia Oriental e Universidade Federal Rural da Amazônia no projeto “Potencialidade e uso de curauá em plantio florestal”, financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA).

O clima da área de estudo é do tipo Am3 pela classificação de Köppen (ANDRADE et al., 2017), com estação chuvosa entre os meses de janeiro a junho. A partir de dados obtidos pela estação meteorológica localizada a 2.000 m do experimento, obteve-se as seguintes informações para o intervalo de 2000 a 2014: a) precipitação = 2.900 mm, b) temperatura = 26 a 35 ºC e c) umidade média do ar = 74%. Esta apresenta relevo de plano a suavemente ondulado. O solo da área é do tipo Latossolo Amarelo, de textura areno-argiloso, ácido, com baixa fertilidade química, porém, com boas propriedades físicas e média concentração de matéria orgânica (CORDEIRO, 2007; TRINDADE et al., 2009). Para melhor caracterização do solo, foi realizada uma análise na ocasião da instalação do experimento, cujos resultados mostraram um solo franco-arenoso levemente ácido (pH = 6,20) e baixo N, solo arenoso ácido (pH 5,0) com valores de N = 0,22 mg/dm³ e valores de P, K, Ca e Mg abaixo do nível crítico (P = 1 mg/dm³ e K = 31 mg/dm³) segundo o Centro Internacional de Agricultura Tropical–CIAT (2010). Os valores das frações granulométricas (g/kg) de areia grossa (138,75), areia fina (552,5), silte (142) e argila total (190) na camada de 0–20 cm de profundidade também foram considerados baixos pelos critérios indicados por Vieira e Santos (1987) e Embrapa (1999).

O extrato de curauá foi obtido com o desfibramento das folhas com auxílio de uma máquina desfibradora volante do tipo embrap com duas lâminas. Vale ressaltar que, em média, a cada 100 kg de folhas desfibradas são gerados 26 litros de extrato. Em seguida foi acondicionado em recipientes plásticos e diluído em água constituindo os tratamentos nas seguintes concentrações: (1) 100% extrato; (2) 75% extrato e 25% água; (3) 50% extrato e 50% água; (4) 25% extrato e 75% água e (5) uma testemunha com 100% água. O extrato vegetal de curauá foi aplicado uma vez ao mês, por um período de seis meses. As variáveis levantadas foram número e comprimento de folhas de curauá e altura e diâmetro de paricá.

O experimento foi implantado em delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e quatro repetições cada, perfazendo um total de 20 parcelas experimentais. Mudas de paricá e curauá foram plantadas em consórcio. As mudas de paricá tinham em média 30 cm de altura e foram plantadas em espaçamento de 4,0 m x 3,0 m. Os indivíduos plantados de curauá apresentavam folhas com comprimento médio de 10 cm, os quais foram plantados em espaçamento de 0,80 m x 0,80 m, onde se avaliou número e comprimento de folhas, enquanto que no paricá avaliou-se altura e diâmetro a 1,30 m do solo (DAP), nos intervalos de 60 e 180 dias. Os contrastes entre os tratamentos empregados foram comparados por meio de um modelo linear geral (GLM), e quando significante na ANOVA (P<0,05) analisado pelo teste de comparação de médias de Scott-Knott (P<0,05).  Os valores médios dos tratamentos foram aplicados a modelos polinomiais de natureza quadrática. As funções polinomiais obtidas foram diferenciadas para obter os pontos de maximização das funções. As análises foram conduzidas com auxílio da planilha eletrônica Excel e com o pacote estatístico SAS System 5.6.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Crescimento do curauá

Houve efeito positivo para a concentração do extrato sobre o número e comprimento das folhas aos 60 e 180 dias, porem sem haver diferenças significativas a 95% de probabilidade (Tabela 1). Aos 60 dias após a implantação do experimento as plantas submetidas à aplicação das concentrações do extrato de curauá não apresentaram diferenças significativas, porém, se comparadas numericamente, plantas cultivadas nas concentrações de 25% e 50% apresentaram maior número de folhas, do que aquelas na concentração de 75% e de 100%.

 

Tabela 1. Número de folhas de curauá aos 60 e 180 dias após o plantio e incremento mensal do número de folhas em função das concentrações de extrato vegetal de curauá utilizadas na fertilização do solo.

 

Número de folhas

Incremento

Extrato vegetal1 (%)

60 dias

180 dias

Mensal

02

14,11±5,47b

17,87±6,40b

1,88±3,81b

25

14,91±4,64ab

23,95±6,69a

4,52±3,53a

50

17,50±5,78a

24,29±5,51a

3,40±4,05ab

75

16,63±5,07ab

22,81±6,16a

3,09±4,02ab

100

15,27±6,07ab

18,98±5,89b

1,86±4,88b

CV (%)

35,29

30,86

43,49

1Médias seguidas pela mesma letra na coluna, para cada concentração e tempo, não diferem entre si pelo modelo linear geral (GLM), ANOVA pelo teste Scott-Knott (P<0,05).  2A concentração zero se refere à testemunha água. CV: Coeficiente de Variação geral.

 

Aos 180 dias os resultados sugerem que a aplicação do extrato vegetal até a concentração de 75% age positivamente no número de folhas (Tabela 1). Aos 16 meses, devido à influencia positiva no número e comprimento das folhas de curauá, a concentração de 75% extrato vegetal é indicada como adubação orgânica. O extrato vegetal colabora significativamente no crescimento das folhas da espécie, com a aplicação do extrato de curauá nas concentrações de 25% e 50%.

Após a aplicação do ajuste polinomial, de natureza quadrática, foi observado que em todos os casos o modelo quadrático apresentou aderência. De modo que, por meio da diferenciação, foi possível estabelecer pontos de máximo aos 60 dias (x = 59,05%; y = 16,87 folhas), aos 180 dias (x = 50,85%; y = 24,67 folhas) e de incremento mensal de folhas (x = 46,25%; y = 3,95 folhas/mês). Os resultados mostraram que os limiares ótimos estão entre 50 e 60% na concentração de extrato. Com esse indicador é possível optar pelo valor cumulativo aos 180 dias e recomendar a aplicação de 50% de concentração do extrato para a obtenção maximizada de crescimento das folhas de curauá.

Em relação ao comprimento de folhas de curauá os valores encontrados apresentaram diferenças, tanto 60 dias quanto em 180 dias. Aos 60 dias, indivíduos cultivados com a aplicação do extrato vegetal na concentração de 25% diferiram estatisticamente (P<0,05) daqueles cultivados na concentração de 100% e da testemunha, porém não diferindo das demais concentrações (Tabela 2).

 

Tabela 2. Comprimento de folhas curauá aos 60 e 180 dias após o plantio e incremento mensal do comprimento das folhas em função das concentrações de extrato vegetal de curauá usadas na fertilização do solo.

Tratamentos1

Comprimento de folhas (cm)

Incremento

Conc de extrato

de curauá (%)

60

180

Mensal

Dias

           02

56,65±13,68b

103,27±19,51a

23,31±11,69a

25

64,02±18,86a

108,24±21,25ab

22,11±13,20a

50

61,25±12,35ab

114,32±14,9a

26,54±8,51a

75

58,35±11,26ab

108,17±16,98ab

24,82±8,26a

100

55,68±16,62b

101,70±22,56b

23,01±15,98a

CV (%)

25,39

18,31

49,67

1Médias seguidas pela mesma letra na coluna, para cada concentração e tempo, não diferem entre si pelo modelo linear geral (GLM), ANOVA pelo teste Scott-Knott (P<0,05). 2A concentração zero se refere à testemunha água. CV: Coeficiente de Variação geral.


 

Prabhu et al. (2010), empregando três diferentes substâncias (Panchakavya, ácido húmico e produtos orgânicos) com diferentes combinações de concentração encontraram que 2% Panchakavya + 0,2% de ácido húmico + 2% de extrato de folhas de moringa aos 30 e 60 dias após o plantio influenciou positivamente no crescimento e produção de manjericão sagrado (Ocimum sanctum).

O tratamento com concentração de 25% de extrato vegetal de curauá teve um efeito estatisticamente significativo no incremento mensal do número de folhas de curauá (Tabela 2). Um ajuste polinomial quadrático foi aplicado e, em todos os casos, a exceção do incremento mensal do comprimento de folhas, o modelo mostrou a melhor aderência. Através da diferenciação, foi possível estabelecer pontos de máximo, aos 60 dias (x = 43,45%; y = 62,16 cm) e aos 180 dias (x = 48,45%; y = 112,20 cm). Considerando os valores de maximização da função quadrática, a concentração de 50% de extrato de curauá aparece como a melhor aplicação de adubo orgânico.

 

Crescimento do paricá

Não houve efeito estatisticamente significativo dos diferentes tratamentos de extrato de curauá sobre o crescimento em altura e DAP do paricá (Tabela 3).

 

Tabela 3. DAP e altura aos 60 e 180 dias após o plantio e incremento diário de altura e DAP de paricá em função das concentrações de extrato vegetal de curauá usadas na fertilização do solo.

 

60 dias

180 dias

Incremento Diário

Extrato Vegetal1

(%)

DAP

(cm)

Alt

(m)

DAP

(cm)

Alt

(m)

DAP

(cm)

Alt

(m)

0

15,58±2,14

2,88±0,52

32,14±4,33

8,75±1,24

0,24±0,15

0,09±0,04

25

14,62±3,33

2,54±0,77

29,94±6,30

8,50±1,80

0,26±0,14

0,10±0,04

50

15,68±2,90

2,77±0,59

31,47±3,86

8,75±1,28

0,26±0,09

0,10±0,02

75

18,85±3,76

3,21±0,72

33,00±4,94

10,22±1,80

0,24±0,09

0,12±0,04

100

14,60±2,68

2,59±0,72

27,94±4,28

8,03±1,72

0,22±0,10

0,09±0,04

CV (%)

21,05

25,00

16,33

19,43

45,83

40,00

DAP: diametro a altura do peito; Alt: altura; 1Médias seguidas pela mesma letra na coluna, para cada concentração e tempo, não diferem entre si pelo modelo linear geral (GLM), ANOVA pelo teste Scott-Knott (P<0,05).  2A concentração zero se refere à testemunha água. CV: Coeficiente de Variação geral.

 

O crescimento dos indivíduos de paricá pode ser explicado pelo papel que o extrato vegetal desempenha no solo, favorecendo o incremento da matéria orgânica e, consequentemente, melhor liberação de nutrientes essenciais para a cultura. Nesse sentido Ruivo et al., (2007) observaram que o paricá, quando cultivado em solo submetido à aplicação de adubação orgânica, as árvores apresentam maior diâmetro. Do mesmo modo Monteiro et al. (2010) estudando o crescimento de paricá com e sem adição de resíduos de madeira verificaram que as árvores que receberam cobertura no solo mostraram os maiores valores em DAP, entre 15 e 27 cm.

A produtividade das espécies arbóreas com alto potencial de crescimento como o paricá é frequentemente limitada pela baixa fertilidade do solo e restrições nutricionais e hídricas. Assim, pelos resultados obtidos, a adição de extrato vegetal de curauá pode complementar os nutrientes necessários a indivíduos de paricá para maior crescimento e rendimento. No entanto estudos de mais longo prazo se fazem necessários.

 

CONCLUSÕES

 

O extrato vegetal do curauá nas concentração de 25% e 75% pode ser utilizado como adubo orgânico no cultivo de paricá, pois beneficia o crescimento das plantas consorciadas.

 

AGRADECIMENTOS

 

Os autores agradecem à empresa Tramontina Belém por disponibilizar a área de estudo e à Fundação de Aparo a Pesquisa do Estado do Pará – FAPESPA pelo financiamento do projeto PPAPE-017/2008.

 

REFERÊNCIAS

 

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