NOTA CIENTÍFICA
Crescimento inicial de curauá
e paricá submetidos à aplicação de extrato vegetal de
curauá
Initial growth of curauá and
paricá under the application of curauá’s
vegetal extract
Iracema Maria Cordeiro1; Gustavo Schwartz2; Gracialda Costa Ferreira3; Osmar Alves Lameira4
1Doutora em Ciências Florestais, Programa
de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade Federal Rural da Amazônia,
Belém, Pará, (91) 992071629, iracema3c@gmail.com; 2Doutor em
Ecologia e Manejo Florestal, Embrapa Amazônia Oriental, Belém, Pará, (91)
3204-1000, gustavo.schwartz@embrapa.br; 3Doutora
em Botânica, Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, Pará, (91)
992071629, gracialdaf@yahoo.com.br; 4Doutor em
Agronomia, Embrapa Amazônia Oriental, Belém, Pará, (91) 3204-1000, osmar.lameira@embrapa.br
Recebido:
29/04/2019; Aprovado: 27/09/2019
Resumo: Este estudo teve como objetivo testar o
efeito da fertilização do solo com extrato vegetal de curauá
(Ananas erectifolius) sobre o crescimento de indivíduos de curauá e paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum)
plantados em consórcio. O trabalho foi conduzido no campo experimental da
empresa Tramontina Belém, município de Aurora do Pará, PA, Brasil. O
experimento seguiu um delineamento inteiramente casualizado,
com cinco tratamentos e quatro repetições por tratamento, totalizando 20
parcelas experimentais. O espaçamento adotado foi de 4,0 m x 3,0 m entre
indivíduos de paricá e 0,80 m x 0,80 m entre as
plantas de curauá. Os cinco tratamentos consistiram
em diferentes concentrações de extrato vegetal de curauá:
100% extrato; 75% extrato e 25% água; 50% extrato e 50% água; 25% extrato e 75%
água e uma testemunha com 100% água. O extrato vegetal de curauá
foi aplicado mensalmente por um período de seis meses e as variáveis analisadas
foram: número e comprimento de folhas de curauá e
altura e diâmetro de paricá. A partir dos resultados
obtidos, pode-se observar que houve efeito positivo da fertilização do solo
quando utilizou o extrato vegetal de curauá na
concentração de 25% em relação ao número e comprimento de folhas de curauá, assim como também pode inferir que ocorreram
resultado positivo na concentração de 75% para o crescimento em altura e
diâmetro de paricá. O residuo de curauá pode ser usado como adubo orgânico em
plantações consorciadas, no entanto estudos em mais detalhes são necessários
para permitir indicações de concentrações mais eficientes para o crescimento
das plantas de curauá e paricá.
Palavras-chave: Biomassa; Adubo orgânico; Aproveitamento de resíduos.
Abstract: This study had
the objective to test the effect of soil fertilization with curauá’s
vegetal extract (Ananas erectifolius) over the growth of individuals of curauá and paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum) planted in consortium. The work was carried out in the experimental field of the company Tramontina Belém, municipality of
Aurora do Pará, PA, Brazil. The experiment followed a
fully randomized experimental design, with five treatments and four repetitions
per treatment, totaling 20 experimental plots. The adopted planting spacing was
4.0 m x 3.0 m among individuals of paricá and 0.80 m
x 0.80 m among plants of curauá. The five treatments
consisted in different concentrations of curauá’s
vegetal extract: 100% extract; 75% extract and 25% water; (3) 50% extract and
50% water; (4) 25% extract and 75% water and (5) a control with 100% water. The
curauá’s vegetal extract was applied in a monthly
basis during six months and the assessed variables were: number and length of curauá’s leaves and height and diameter of paricá. From the results obtained, it is possible to
observe that there was a positive effect of soil fertilization when the curauá’s vegetal extract was used in the concentration of
25% over the number and length of curauá’s leaves, as
well as it is possible to infer that positive results occurred in the
concentration of 75% over growth in height and diameter of paricá.
The curauá’s vegetal extract can be used as organic
fertilizer in consortium plantings, however studies in
more detail are necessary to permit indications of more efficient
concentrations for the growth of individuals of curauá
and paricá.
Key words: Biomass;
Organic fertilizer; Waste management.
INTRODUÇÃO
Nos países em
desenvolvimento têm sido construídas muitas alternativas de uso da terra que
atendam tanto a necessidades de produção como a princípios agroecológicos, o
que vem impulsionando a demanda por sistemas de cultivo mais sustentáveis
(CORDEIRO et al., 2009). Nesse sentido, os sistemas
agroflorestais com base agroecológica aparecem como uma importante alternativa
de preservação de florestas nativas e de uso racional do solo (JOSE, 2009).
Na Região
Amazônica, dentre as espécies nativas potencias para plantios em sistemas
agroflorestais encontram-se o curauá (Ananas. erectifolius (L.B.Sm.) Coppens
& F.Leal – Bromeliaceae)
e o paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby
– Fabaceae) (CORDEIRO et al., 2016). De modo que, o
cultivo com as espécies citadas vem assumindo papel de destaque na economia do
estado do Pará, não somente por apresentarem diversos usos e boa adaptabilidade a diferentes
condições ambientais, mas por criar
oportunidade de emprego e renda com benefícios
socioeconômicos e ecológicos (CORDEIRO et al., 2016).
O curauá é uma planta fibrosa, monocotiledônea, herbácea e
pouco exigente quanto à fertilidade do solo (LEDO, 1967).
Seu principal produto, a fibra, de excelente qualidade e resistência, é
utilizado na fabricação de papel, confecção de cordas, barbantes, produtos artesanais, na indústria geotêxtil e automobilística para produção de componentes
para bancos e revestimento de automóveis (MONTEIRO et
al., 2010). Além da fibra, as folhas do curauá produzem
durante o processo de desfibramento os subprodutos (resíduos) como: mucilagem e
extrato vegetal (soro). Esses resíduos juntos respondem por 90% de tudo o que é
produzido no processamento, porém essa matéria prima é abandonada no campo,
pois ainda não se dispõem de uma destinação econômica (CORDEIRO et al., 2016).
Cabe destacar
que, o extrato vegetal de curauá apresenta
propriedades que potencializam o seu uso como um herbicida natural. Além disso,
a mucilagem do curauá pode ser utilizada na
fabricação de papel e como adubo orgânico. Partindo dessa perspectiva, o uso de
adubos orgânicos ou adubos verdes na agricultura atualmente tem sido
recomendada para manter ou incrementar os teores de matéria orgânica no solo
(FERNANDES et al., 1998), bem como inibir o
crescimento de ervas daninhas, o que pode levar a um aumento na eficiência de
utilização da água e dos nutrientes pelas plantas (RAVEN et al., 2001).
O paricá é uma árvore nativa
da região Amazônica, podendo ser encontrada em floresta primária e secundária,
tanto em solos de terra firme como em várzea alta (DUCKE, 1939). Esta pode
alcançar altura de até 30 m, sendo razoavelmente imune ao ataque de pragas e
doenças (CORDEIRO et al., 2015). A madeira do paricá tem sido usada para a fabricação de laminados e
compensados e, além disso, é indicada para o emprego
em vigas de madeira laminada colada-MLC (TEREZO e SZÜCS, 2010). Por possuir rápido
crescimento e boa adaptabilidade, a espécie vem sendo bastante cultivada em
plantações homogêneas, consórcios e em sistemas agroflorestais (RUIVO et al., 2007; CORDEIRO et al., 2009). Esta espécie também
pode ser utilizada como uma alternativa de uso para
recuperação de florestas alteradas e/ou degradadas na região amazônica
(SCHWARTZ et al., 2017).
Estudos desenvolvidos em um sistema de cultivo com as
espécies curauá e paricá, Cordeiro
et al. (2009) observaram que os indivíduos de ambas as
espécies são mutuamente beneficiados, de forma quantitativa e qualitativa,
demonstrando haver interação positiva entre as especies.
Nesse contexto, informações sobre o desenvolvimento do
consórcio curauá-paricá assim como a sua capacidade
de reabilitar a fertilidade do solo são de grande relevância para o
desenvolvimento de sistemas agroflorestais com bases agroecológicas. Desta
forma, o objetivo da presente
pesquisa foi avaliar o efeito de diferentes concentrações de extrato vegetal de
curauá no crescimento de indivíduos de curauá e paricá em consórcio.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento
foi implantado em janeiro de 2009 no campo experimental da empresa Tramontina
Belém, localizado no km 60 da BR 010 (2º10’00’’S e 47°34’00’’W),
no município de Aurora do Pará, mesorregião do
Nordeste Paraense, Pará, Brasil, a 210 km da
capital do estado, Belém. Este foi realizado em parceria com a empresa
Tramontina Belém, Embrapa Amazônia Oriental e Universidade Federal Rural da
Amazônia no projeto “Potencialidade e uso de curauá
em plantio florestal”, financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado
do Pará (FAPESPA).
O clima da área
de estudo é do tipo Am3 pela classificação de Köppen
(ANDRADE et al., 2017), com estação chuvosa entre os
meses de janeiro a junho. A partir de dados obtidos pela estação meteorológica
localizada a 2.000 m do experimento, obteve-se as
seguintes informações para o intervalo de 2000 a 2014: a) precipitação = 2.900
mm, b) temperatura = 26 a 35 ºC e c) umidade média do
ar = 74%. Esta apresenta relevo de plano a suavemente
ondulado. O solo da área é do tipo Latossolo
Amarelo, de textura areno-argiloso, ácido, com baixa fertilidade química, porém, com boas
propriedades físicas e média concentração de matéria orgânica (CORDEIRO, 2007; TRINDADE et al.,
2009). Para melhor caracterização do solo, foi realizada uma análise na
ocasião da instalação do experimento, cujos resultados mostraram um solo
franco-arenoso levemente ácido (pH = 6,20) e baixo N,
solo arenoso ácido (pH 5,0) com valores de N = 0,22 mg/dm³ e valores de P, K,
Ca e Mg abaixo do nível crítico (P = 1 mg/dm³ e K = 31 mg/dm³) segundo o Centro
Internacional de Agricultura Tropical–CIAT (2010). Os valores das frações
granulométricas (g/kg) de areia grossa (138,75), areia fina (552,5), silte (142) e argila total (190) na camada de 0–20 cm de
profundidade também foram considerados baixos pelos critérios indicados por
Vieira e Santos (1987) e Embrapa (1999).
O extrato de curauá foi obtido com o desfibramento das folhas com
auxílio de uma máquina desfibradora volante do tipo embrap
com duas lâminas. Vale ressaltar que, em média, a cada 100 kg de folhas
desfibradas são gerados 26 litros de extrato. Em seguida foi acondicionado em
recipientes plásticos e diluído em água constituindo os tratamentos nas
seguintes concentrações: (1) 100% extrato; (2) 75% extrato e 25% água; (3) 50%
extrato e 50% água; (4) 25% extrato e 75% água e (5) uma testemunha com 100%
água. O extrato vegetal de curauá foi aplicado uma
vez ao mês, por um período de seis meses. As variáveis levantadas foram número
e comprimento de folhas de curauá e altura e diâmetro
de paricá.
O experimento
foi implantado em delineamento inteiramente casualizado
com cinco tratamentos e quatro repetições cada, perfazendo um total de 20
parcelas experimentais. Mudas de paricá e curauá foram plantadas em consórcio. As mudas de paricá tinham em média 30 cm de altura e foram plantadas em
espaçamento de 4,0 m x 3,0 m. Os indivíduos plantados de curauá
apresentavam folhas com comprimento médio de 10 cm, os quais foram plantados em
espaçamento de 0,80 m x 0,80 m, onde se avaliou número e comprimento de folhas,
enquanto que no paricá avaliou-se altura e diâmetro a
1,30 m do solo (DAP), nos intervalos de 60 e 180 dias. Os contrastes entre os
tratamentos empregados foram comparados por meio de um modelo linear geral (GLM),
e quando significante na ANOVA (P<0,05) analisado pelo teste de comparação
de médias de Scott-Knott (P<0,05). Os valores médios dos tratamentos foram
aplicados a modelos polinomiais de natureza quadrática. As funções polinomiais
obtidas foram diferenciadas para obter os pontos de maximização das funções. As
análises foram conduzidas com auxílio da planilha eletrônica Excel e com o
pacote estatístico SAS System 5.6.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Crescimento do curauá
Houve efeito positivo para a concentração do extrato
sobre o número e comprimento das folhas aos 60 e 180 dias, porem sem haver
diferenças significativas a 95% de probabilidade (Tabela 1). Aos 60 dias após a
implantação do experimento as plantas submetidas à aplicação das concentrações
do extrato de curauá não apresentaram diferenças
significativas, porém, se comparadas numericamente, plantas cultivadas nas concentrações
de 25% e 50% apresentaram maior número de folhas, do que aquelas na
concentração de 75% e de 100%.
Tabela 1. Número de folhas de curauá aos 60 e 180
dias após o plantio e incremento mensal do número de folhas em função das
concentrações de extrato vegetal de curauá
utilizadas na fertilização do solo. |
|||
|
Número de folhas |
Incremento |
|
Extrato vegetal1 (%) |
60 dias |
180 dias |
Mensal |
02 |
14,11±5,47b |
17,87±6,40b |
1,88±3,81b |
25 |
14,91±4,64ab |
23,95±6,69a |
4,52±3,53a |
50 |
17,50±5,78a |
24,29±5,51a |
3,40±4,05ab |
75 |
16,63±5,07ab |
22,81±6,16a |
3,09±4,02ab |
100 |
15,27±6,07ab |
18,98±5,89b |
1,86±4,88b |
CV (%) |
35,29 |
30,86 |
43,49 |
1Médias
seguidas pela mesma letra na coluna, para cada concentração e tempo, não
diferem entre si pelo modelo linear geral (GLM), ANOVA pelo teste Scott-Knott (P<0,05).
2A concentração zero se refere à
testemunha água. CV: Coeficiente de Variação geral. |
Aos 180 dias os
resultados sugerem que a aplicação do extrato vegetal até a concentração de 75%
age positivamente no número de folhas (Tabela 1). Aos 16 meses, devido à influencia positiva no número e comprimento das folhas de curauá, a concentração de 75% extrato vegetal é indicada
como adubação orgânica. O extrato vegetal colabora significativamente no
crescimento das folhas da espécie, com a aplicação do extrato de curauá nas concentrações de 25% e 50%.
Após a aplicação do ajuste polinomial, de natureza
quadrática, foi observado que em todos os casos o modelo quadrático apresentou aderência.
De modo que, por meio da diferenciação, foi possível estabelecer pontos de
máximo aos 60 dias (x = 59,05%; y = 16,87 folhas), aos 180 dias (x = 50,85%; y
= 24,67 folhas) e de incremento mensal de folhas (x = 46,25%; y = 3,95
folhas/mês). Os resultados mostraram que os limiares ótimos estão entre 50 e
60% na concentração de extrato. Com esse indicador é possível optar pelo valor
cumulativo aos 180 dias e recomendar a aplicação de 50% de concentração do
extrato para a obtenção maximizada de crescimento das folhas de curauá.
Em relação ao comprimento de folhas de curauá os valores encontrados apresentaram diferenças, tanto 60 dias quanto em 180 dias. Aos 60 dias, indivíduos cultivados com a aplicação do extrato vegetal na concentração de 25% diferiram estatisticamente (P<0,05) daqueles cultivados na concentração de 100% e da testemunha, porém não diferindo das demais concentrações (Tabela 2).
Tabela 2. Comprimento de folhas curauá aos 60 e 180 dias após o plantio e incremento mensal do comprimento das folhas em função das concentrações de extrato vegetal de curauá usadas na fertilização do solo. |
|||
Tratamentos1 |
Comprimento de folhas (cm) |
Incremento |
|
Conc de extrato de curauá (%) |
60 |
180 |
Mensal |
Dias |
|||
02 |
56,65±13,68b |
103,27±19,51a |
23,31±11,69a |
25 |
64,02±18,86a |
108,24±21,25ab |
22,11±13,20a |
50 |
61,25±12,35ab |
114,32±14,9a |
26,54±8,51a |
75 |
58,35±11,26ab |
108,17±16,98ab |
24,82±8,26a |
100 |
55,68±16,62b |
101,70±22,56b |
23,01±15,98a |
CV (%) |
25,39 |
18,31 |
49,67 |
1Médias seguidas pela mesma letra na coluna, para cada concentração e tempo, não diferem entre si pelo modelo linear geral (GLM), ANOVA pelo teste Scott-Knott (P<0,05). 2A concentração zero se refere à testemunha água. CV: Coeficiente de Variação geral. |
Prabhu et al. (2010), empregando
três diferentes substâncias (Panchakavya, ácido
húmico e produtos orgânicos) com diferentes combinações de concentração
encontraram que 2% Panchakavya + 0,2% de ácido húmico
+ 2% de extrato de folhas de moringa aos 30 e 60 dias após o plantio
influenciou positivamente no crescimento e produção de manjericão sagrado (Ocimum sanctum).
O tratamento com
concentração de 25% de extrato vegetal de curauá teve
um efeito estatisticamente significativo no incremento mensal do número de
folhas de curauá (Tabela 2). Um ajuste polinomial
quadrático foi aplicado e, em todos os casos, a exceção do incremento mensal do
comprimento de folhas, o modelo mostrou a melhor aderência. Através da
diferenciação, foi possível estabelecer pontos de máximo, aos 60 dias (x =
43,45%; y = 62,16 cm) e aos 180 dias (x = 48,45%; y = 112,20 cm). Considerando
os valores de maximização da função quadrática, a concentração de 50% de
extrato de curauá aparece como a melhor aplicação de
adubo orgânico.
Crescimento do paricá
Não houve efeito
estatisticamente significativo dos diferentes tratamentos de extrato de curauá sobre o crescimento em altura e DAP do paricá (Tabela 3).
Tabela 3. DAP e altura aos 60 e 180 dias após o plantio e
incremento diário de altura e DAP de paricá em
função das concentrações de extrato vegetal de curauá
usadas na fertilização do solo. |
||||||
|
60 dias |
180 dias |
Incremento
Diário |
|||
Extrato
Vegetal1 (%) |
DAP (cm) |
Alt (m) |
DAP (cm) |
Alt (m) |
DAP (cm) |
Alt (m) |
0 |
15,58±2,14 |
2,88±0,52 |
32,14±4,33 |
8,75±1,24 |
0,24±0,15 |
0,09±0,04 |
25 |
14,62±3,33 |
2,54±0,77 |
29,94±6,30 |
8,50±1,80 |
0,26±0,14 |
0,10±0,04 |
50 |
15,68±2,90 |
2,77±0,59 |
31,47±3,86 |
8,75±1,28 |
0,26±0,09 |
0,10±0,02 |
75 |
18,85±3,76 |
3,21±0,72 |
33,00±4,94 |
10,22±1,80 |
0,24±0,09 |
0,12±0,04 |
100 |
14,60±2,68 |
2,59±0,72 |
27,94±4,28 |
8,03±1,72 |
0,22±0,10 |
0,09±0,04 |
CV (%) |
21,05 |
25,00 |
16,33 |
19,43 |
45,83 |
40,00 |
DAP: diametro a altura do peito; Alt:
altura; 1Médias seguidas pela mesma letra
na coluna, para cada concentração e tempo, não diferem entre si pelo modelo
linear geral (GLM), ANOVA pelo teste Scott-Knott
(P<0,05). 2A
concentração zero se refere à testemunha água. CV: Coeficiente de Variação
geral. |
O crescimento
dos indivíduos de paricá pode ser explicado pelo
papel que o extrato vegetal desempenha no solo, favorecendo o incremento da
matéria orgânica e, consequentemente, melhor liberação de nutrientes essenciais
para a cultura. Nesse sentido Ruivo et al., (2007) observaram que o paricá,
quando cultivado em solo submetido à aplicação de adubação orgânica, as árvores
apresentam maior diâmetro. Do mesmo modo Monteiro et
al. (2010) estudando o crescimento de paricá com e
sem adição de resíduos de madeira verificaram que as árvores que receberam
cobertura no solo mostraram os maiores valores em DAP, entre 15 e 27 cm.
A produtividade das espécies arbóreas com alto
potencial de crescimento como o paricá é
frequentemente limitada pela baixa fertilidade do solo e restrições
nutricionais e hídricas. Assim, pelos resultados obtidos, a adição de extrato
vegetal de curauá pode complementar os nutrientes
necessários a indivíduos de paricá para maior
crescimento e rendimento. No entanto estudos de mais longo prazo se fazem
necessários.
CONCLUSÕES
O extrato vegetal do curauá nas concentração de 25% e 75% pode ser utilizado
como adubo orgânico no cultivo de paricá, pois beneficia o crescimento
das plantas consorciadas.
AGRADECIMENTOS
Os autores
agradecem à empresa Tramontina Belém por disponibilizar a área de estudo e à
Fundação de Aparo a Pesquisa do Estado do Pará – FAPESPA pelo financiamento do
projeto PPAPE-017/2008.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, V. M. S. de; CORDEIRO, I. M. C. C.; SCHWARTZ,
G.; RANGEL-VASCONCELOS, L. G. T.; OLIVEIRA, F. de A. Considerações sobre o
clima e aspectos edafoclimáticos da mesorregião
nordeste paraense. In: CORDEIRO, I. M. C. C.; RANGEL-VASCONCELOS, L. G. T.;
SCHWARTZ, G.; OLIVEIRA, F. de A. (eds.) Nordeste
Paraense: Panorama Geral e Uso Sustentável das Florestas Secundárias. Belém:
EDUFRA, 2017. p.59-86.
CIAT (CENTRO INTERNACIONAL DE AGRICULTURA
TROPICAL). Restoring Amazonia: promoting
Eco-Efficient land use alternatives = Restauración de la Amazonia:
fomento de alternativas Eco-Eficientes para uso del suelo. Turrialba,
2016.
CORDEIRO, I. M. C. C.; SANTANA, A. C.;
LAMEIRA, O. A.; SILVA, I. M. Análise econômica dos sistemas de cultivo com Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby (Paricá) e Ananas comosus var. erectifolius (L.
B. Smith) Coppus & Leal (Curauá)
no município de Aurora do Pará (Pa), Brasil. Revista
da Faculdade de Agronomia, v. 26, n.2, p. 243-265, 2009.
CORDEIRO, I. M. C. C.; OLIVEIRA JR. M. C.; GAZEL FILHO
A. B.; BARROS, P. L. C. de; LAMEIRA, O. A.; OLIVEIRA
F. DE A. Crecimiento del Schizolobium parahyba var. amazonicum
cultivado en presencia de Ananas comosus var. erectifolius en
Pará, Brasil. Agrociencia v.50, n.1, p.79-88,
2016
CORDEIRO I. M. C. C.; BARROS, P. L.C. de; LAMEIRA O.A.; GAZEL FILHO, A. B. Avaliação de plantios
de paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (huber ex Ducke) Barneby
de diferentes idades e sistemas de cultivo no município de Aurora do Pará - Pa (Brasil). Ciência Florestal, v.
25, n.3. p.679-687, 2015. 10.5902/1980509819618
CORDEIRO, I. M. C. C.; LAMEIRA O. A.; BARROS P. L. C.
DE; MALHEIROS, M. A. da M. Comportamento do curauá sob diferentes níveis de radiação fotossinteticamente
ativa em condições de cultivo. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.5,
n.1, p.49-53, 2010. 10.5039/agraria.v5i1a609
DUCKE, A. As Leguminosas da Amazônia
Brasileira. Serviço florestal, Ministério da Agricultura, Serviço de
Publicidade Agrícola. Rio de Janeiro, 1939. 88p.
EMBRAPA (CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE SOLOS). Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos. Embrapa Solos, Embrapa Produção de Informação, Rio de
Janeiro, 412p, 1999.
FERNANDES, M.
F.; BARRETO, A. C.; FILHO, J. E. Densidade de semeadura a lanço de sete
leguminosas utilizadas como adubo verde em solos
de tabuleiros costeiros. Embrapa-CPATC (Comunicado técnico), Aracaju, 1998.
JOSE,
S. Agroforestry for ecosystem
services and environmental benefits: An overview. Agroforestry Systems,
v.76, n.1, p.1-10, 2009. 10.1007/s10457-009-9229-7
LEDO, I. A. DE
M. O cultivo do curauá
no lago grande de Franca. Belém:
Banco da Amazônia S/A, 1967. 23 p.
MONTEIRO, K. F. G.; KERN, D. C.; RUIVO, M. DE L. P.;
RODRIGUES, T. E; COMETTI, J. L. S. Uso de resíduos de madeira como alternativa
de melhorar as condições ambientais em sistema de reflorestamento. Acta Amazonica, v.40, n.3, p. 409-414, 2010. 10.1590/S0044-59672010000300001
PRABHU, M.; KUMAR, A.; RAJAMANI, K. Influence of different organic
substances on growth and herb yield of sacred basil (Ocimum sanctum L.). Indian Journal
of Agricultural Research, v.44, n.1, p.48-52, 2010.
RAVEN, P.
H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 906p.
RUIVO, M. DE L. P.; MONTEIRO, K. F. G.; SILVA R. M.
DA; SILVEIRA, I. M. DA, QUARESMA, H. D. DE A. B.; SÁ, L. D. A.; PROST, M. T. R.
DA C. Gestão florestal e implicações sócio-ambientais
na Amazônia Oriental. Oecologia Brasiliensis, v.11, n.4, p.481-492, 2007. 10.4257/oeco.2007.1104.02
SCHWARTZ, G.; PEREIRA, P. C. G.;
SIVIERO, M. A.; PEREIRA, J. F.; RUSCHEL, A. R.; YARED, J. A. G. Enrichment
planting in logging gaps with Schizolobium
parahyba var. amazonicum (Huber
ex Ducke) Barneby: A financially profitable alternative for degraded tropical
forests in the Amazon. Forest Ecology and Management, v.390, p.
166–172, 2017. 10.1016/j.foreco.2017.01.031
TEREZO, R. F; SZÜCS, C. A. Análise de desempenho de
vigas em madeira laminada colada de paricá (Schizolobium amazonicum
Huber ex. Ducke). Scientia Forestalis, v.38, n.87, p.471-480, 2010.
TRINDADE, E. F. DA S.; RODRIGUES, T. E.; CARVALHO, E. J. M.; CORRÊA, P. C. S. Matéria orgânica e
atributos físicos de argilosso amarelo distrófico no
Nordeste paraense. Amazônia: Ciência e Desenvolvimento, v.5, n.9, p.187-198,
2009.
VIEIRA, L. S.;
SANTOS, P. C. T. C. dos. Amazônia: seus solos e outros recursos naturais. São
Paulo: Ceres (Agricultural Research Communication Centre), 1987.