Diagnóstico ambiental em trechos do alto
Rio Pajeú, Itapetim, Pernambuco: contribuições educativas ao desenvolvimento
sustentável
Environmental diagnosis in Rio Pajeú,
Itapetim, Pernambuco: educational
contributions to
sustainable development
Diagnóstico ambiental en tramos de la
parte alta del río Pajeú, Itapetim, Pernambuco: contribuciones
educativas para desenvolvimiento sustentable
Severina Valéria Gonçalves de Almeida1;
Davi Argemiro Henrique Cardoso de Oliveira2; Veneziano Guedes de Sousa
Rêgo3; Felipe Silva de Medeiros4; Soahd
Arruda Rached Farias5; Joedla
Rodrigues de Lima6.
1Especialista em
Ecologia e Educação Ambiental, Licenciada em Ciências Biológicas, Universidade
Federal de Campina Grande, Patos, Paraíba, +5587999466105, valeria.biologicas@gmail.com. 2Especialista
em Ecologia e Educação Ambiental, Licenciado em Ciências Biológicas, Universidade
Federal de Campina Grande, Patos, Paraíba, davicardosod@gmail.com. 3Doutor
em Recursos Naturais, Professor da Unidade Acadêmica de Ciências Biológicas,
Universidade Federal de Campina Grande, Patos, Paraíba, veneziano.g.rego@ufcg.edu.br. 4Mestre
em Ciências Florestais, Bacharel em Engenharia Florestal, Universidade Federal
de Campina Grande, Patos, Paraíba, fsmedeiros.eng@gmail.com. 5Doutora
em Engenharia Agrícola, Professora da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola,
Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, Paraíba, soahd.ufcg@gmail.com.
6Doutora em Planejamento de
Sistemas Energéticos, Professora da Unidade Acadêmica de Engenharia
Florestal, Universidade Federal de Campina Grande, Patos, Paraíba, joedlalima@yahoo.com.br.
Recebido: 13/04/2019; Aprovado: 20/03/2020
Resumo: A deterioração ambiental ameaça à biodiversidade, os recursos
naturais, o bem-estar populacional e consequentemente os serviços que os
ecossistemas podem oferecer. O presente trabalho teve por objetivo avaliar o
grau de deterioração ambiental em trechos do alto Rio Pajeú no município de Itapetim, Pernambuco, sugerindo
medidas corretivas à ambiência deteriorada. A coleta de dados foi realizada por
meio de visitas “in loco” e entrevistas aos produtores rurais utilizando-se o
questionário do Diagnóstico Ambiental (Fator ambiental + Fator prioridade). A deterioração ambiental foi de 13% devido o
uso ecologicamente inadequado dos recursos naturais. As principais prioridades
relatadas foram baixa produtividade, falta de assistência médica e odontológica
e problemas relacionados à disponibilidade de água. Como prognóstico geral é
sugerido o incentivo de políticas públicas voltadas para as associações rurais
como forma de inserir práticas adequadas de manejo de bacia hidrográfica e
ações de educação ambiental que visem à valorização dos recursos naturais
existentes. Conclui-se que existem práticas de subsistência rural
e crescimento urbano ecologicamente inadequados que ameaçam à manutenção dos
serviços ecossistêmicos em Itapetim, Pernambuco.
Palavras-chave: Meio Ambiente; Manejo Integrado; Bacias
Hidrográficas; Serviços ecossistêmicos; Semiárido.
Key
words: Environment; Integrated Management; Watersheds; Ecosystem Services; Semiarid.
Resumen: El deterioro ambiental amenaza
la biodiversidad, los recursos naturales, el bienestar de la población y, en consecuencia, los servicios que los ecosistemas pueden ofrecer. Este estudio tuvo como objetivo evaluar el grado de deterioro
ambiental en tramos del alto río Pajeú en el municipio
de Itapetim, Pernambuco sugiriendo
medidas correctivas para el
medio ambiente deteriorado. La recolección
de datos se realizó a través
de visitas in situ y entrevistas con productores rurales utilizando el cuestionario de Diagnóstico
Ambiental (Factor ambiental + Factor de prioridad).
El deterioro ambiental fue del
13% debido al uso ecológicamente
inapropiado de los recursos
naturales. Las principales prioridades informadas fueron
la baja productividad, la falta de asistencia médica y odontológica
y los problemas relacionados con
la disponibilidad de agua. Como pronóstico general, se sugiere fomentar las políticas
públicas dirigidas a las asociaciones
rurales como una forma de insertar prácticas apropiadas de gestión de cuencas y acciones de educación ambiental
que tengan como objetivo la
valorización de los
recursos naturales existentes..
Se concluye que existen prácticas de subsistencia rural y
crecimiento urbano ecológicamente
inadecuado que amenazan el mantenimiento de los servicios del
ecosistema en Itapetim, Pernambuco.
Palabras clave: Medio ambiente; Gestión integrada; Cuencas
hidrográficas; Servicios de ecosistemas;
Semiárido.
INTRODUÇÃO
A deterioração ambiental está relacionada ao grau de
poluição de qualquer recurso natural (ROCHA, 1997) e nas bacias hidrográficas
pode ser provocada por ações antrópicas locais e inserção de elementos poluentes
(DEMANBORO et al., 2013).
Em microbacias do nordeste brasileiro são
confirmadas essas concepções ao ser diagnosticado que o elevado índice de
deterioração ambiental esteve relacionado a ações humanas que agridem e poluem
o meio ambiente (BARACUHY, 2001; ALVES et al., 2011).
Os processos de deterioração também
estão relacionados ao uso de práticas agrícolas inadequadas (OLIVEIRA et al., 2019),
a ausência de políticas públicas que dificultam a preservação do meio ambiente (SOUZA
RÊGO, 2010) e até mesmo pela falta da aplicabilidade da legislação ambiental e
urbanística que impulsionam o uso desordenado dos recursos naturais provocando
intensos impactos ambientais (CRISPIM; SOUZA, 2016).
Conforme Alho (2012) a exploração de recursos e a
elevação de agentes tóxicos no ambiente afetam negativamente os ecossistemas. Para
Ferreira et al. (2018) os ecossistemas podem ser impactados ainda pelo
crescente processo de urbanização que diminui as áreas de vegetação e provocam
a perda de importantes serviços ecossistêmicos.
De acordo com Buhring e
Silveira (2018) os serviços ecossistêmicos estão relacionados aos benefícios
que os ecossistemas podem oferecer e quando esses serviços estão ameaçados por diversos
impactos negativos, acabam afetando também no bem-estar da população envolvida
(LONGO; RODRIGUES, 2017).
Considerando-se que nas bacias
hidrográficas se desenvolvem as atividades humanas (PORTO; PORTO, 2008) justifica-se
a importância da realização de diagnósticos que visem avaliar o grau de deterioração
para sugerir medidas atenuantes aos problemas detectados como forma de garantir
o uso adequado dos recursos naturais e o bem estar
populacional.
No município de Itapetim,
Estado de Pernambuco, Brasil, as águas são drenadas pela bacia hidrográfica do
Rio Pajeú (APAC, 2019). Apesar de o Rio
Pajeú margear o município e ser de imensurável importância como afluente do Rio
São Francisco, é questionável a falta de planejamento físico da ambiência rural
e urbana do seu entorno, pois, se observa a presença intensiva de atividades de
subsistência rural e o crescimento da cidade ao longo de sua extensão. Essa
realidade demanda estratégias para equilibrar o desenvolvimento local junto à
sustentabilidade.
Diante disso questionou-se: “Estaria à disponibilidade
dos serviços ecossistêmicos nos trechos do alto Rio Pajeú em Itapetim (PE) ameaçada pelas práticas locais de
subsistência rural e crescimento urbano?” Se existir práticas de subsistência
rural e crescimento urbano ecologicamente inadequados, então haverá ameaça a
manutenção dos serviços ecossistêmicos nos trechos do alto Rio Pajeú.
Neste contexto, o
presente trabalho teve como objetivo avaliar o grau de deterioração ambiental e
as prioridades dos moradores nos trechos do alto Rio Pajeú no município de Itapetim (PE) sugerindo medidas para melhorar a
ambiência deteriorada, rumo ao desenvolvimento sustentável.
MATERIAL E
MÉTODOS
Localização e caracterização da área
de estudo
A área de estudo está localizada no município de
Itapetim (PE) compreendendo áreas da zona rural e associadas ao centro urbano
(Figura 1).
Figura 1. Vista parcial do município de Itapetim, Pernambuco, Brasil.
Fonte: Autores (2018).
O município localiza-se ao Norte do Sertão
Pernambucano na Microrregião do Pajeú, a 424 km da capital do Estado, Recife
(COSTA, 2007). Compreende uma área territorial de 408,0 km2, está a
637 metros de altitude e apresenta população estimada de 13.638 habitantes
(IBGE, 2017).
A vegetação da localidade é composta
predominantemente por Caatinga hiperxerófila e relevo irregular fortemente
ondulado e montanhoso (BELTRÃO et al., 2005).
A classificação climática municipal é o
semiárido quente com temperatura média e taxa pluviométrica anuais de 27° C e
762 mm, com período de 07 meses secos e maiores valores anuais de pluviometria
ocorrendo nos meses de março e abril (BELTRÃO et al., 2005).
O território municipal é drenado pela
Bacia Hidrográfica do Rio Pajeú que é considerada a maior bacia do estado de Pernambuco
ocupando uma área de 16.685,63 km2, que corresponde a 16,97% da área
do estado (APAC, 2019).
De acordo com dados históricos levantados por Costa (2007),
o nome do Rio Pajeú está relacionado às antigas tribos indígenas dos Cariris
que habitavam as localidades, que o denominavam de Rio dos Feiticeiros ou Rio
Pajahu que depois passou à “tradução” de Pajeú.
Segundo os dados da Agência de Águas e Clima do estado
de Pernambuco, o rio apresenta regime fluvial intermitente e inicia seu
percurso no município de Brejinho percorrendo extensão em torno de 353 km até desaguar no
lago de Itaparica, no Rio São Francisco (APAC, 2019).
Os principais riachos municipais são: da Cacimba
Salgada, do Belém, do Mocambo, das Baixas, de Cacimba, da Esperança, do Santo
Antônio, das Araras, do Sossego, das Melancias e da Serra da Bicha (BELTRÃO et
al., 2005).
Reconhecimento e delimitação da área de estudo
Foram realizadas pesquisas bibliográficas para o
embasamento das informações relacionadas à área de estudo e posteriormente
trabalhadas imagens de satélite Google Earth 2018 da localidade para
identificar as propriedades, estradas e aspectos da rede hídrica principal.
Foram feitas visitas “in loco” e registros
fotográficos da paisagem e paralelamente anotadas as informações em caderneta
de campo para facilitar o detalhamento dos resultados. Nas primeiras visitas
buscou-se conhecer as principais lideranças (moradores/produtores rurais).
Posteriormente a cada visita a campo, foram construídos relatórios sobre a
realidade mais imediata observada.
Para a delimitação da área de estudo foram utilizadas imagens
do Modelo Digital do Terreno (MDE) baseando-se na fonte de dados “Shuttle Radar Topography Mission” (SRTM)
e softwares livres (QGIS versão 18.2.28 com complementos do GRASSGIS e o Google
Earth 6.0.2.2014). Foi estabelecido o exutório na parte mais baixa do centro
urbano de onde se delimitou de forma automática a área de estudo a partir das cotas
máximas de altitude (Figura 2).
Figura 2 - Fluxograma das etapas para
reconhecimento e delimitação da área
Fonte: Autores (2020).
Metodologia aplicada nos trechos do
alto Rio Pajeú
Amostra estatística para aplicação
do diagnóstico ambiental
A partir do
reconhecimento e da delimitação da área de estudo (centro urbano, periurbano e
rural) foi estabelecido o número de propriedades a serem visitadas utilizando a
equação 1 sugerida por Rocha (1997).
n = 3,841 x N x 0,25/ (0,1)2 x (N-1) +
3,841 x 0,25 (Eq. 1)
Em que: N é o
número de visitas a serem feitas pelo pesquisador; 3,841 é o valor tabelado
proveniente do Qui-Quadrado; 0,25 é a variância
máxima para o desvio padrão de 0,5; 0,1 é o erro (10%) escolhido pelo pesquisador;
N é o número total de casas (moradias) na unidade considerada.
Através das visitas
“in loco” ponderaram-se 85 moradias (propriedades) no trecho em estudo, determinando
a amostra de 45 visitas para aplicação do questionário ambiental com base em
Rocha (1997). Foram entrevistados 46 moradores em 46 propriedades diferentes,
atendendo a margem amostral, sendo trinta na zona rural do município (próximo
aos principais corpos hídricos), e dezesseis na área de transição urbano-rural
(onde há maior desproteção dos elementos limnológicos do rio).
As propriedades visitadas abrangeram os sítios: Cacimba Salgada, Caramucuqui, Boa Vista,
Cacimba de Roça, Cacimbinha, Gameleira, Goiânia, Limpo, Flores, Prazeres,
Clarinha, Goiabeira I e Goiabeira II.
Diagnóstico ambiental
O plano metodológico esteve
divido em duas etapas principais de análise: Diagnóstico Ambiental (fator
ambiental + fator prioridade) e prognósticos com sugestões para melhoria da
ambiência deteriorada.
Para diagnosticar
o grau de deterioração ambiental e conhecer as prioridades dos moradores foi
utilizado o questionário do diagnóstico ambiental (fator ambiental) conforme
Sousa Rêgo (2010) e das prioridades (fator prioritário) do diagnóstico
socioeconômico (FARIAS et al., 2012).
No fator ambiental
foram considerados 35 indicadores de poluição direta e ações antrópicas, em
cada indicador se atribuiu determinado valor (valor 1 = não existe a atividade
no ambiente; valor 2 = existe com orientação técnico-científica; valor 3 =
existe sem orientação técnico-científica). O valor mínimo 01 indicou a melhor
situação e os valores 2 e máximo 3 a situação mais indesejável, respectivamente.
O fator prioridade foi
composto por quinze sugestões de problemas prioritários onde os moradores
puderam escolher quatro existentes no local por ordem de prioridade.
Outras sugestões
poderiam ser citadas caso as alternativas apresentadas não correspondessem à
realidade dos problemas locais. As maiores prioridades direcionaram para a
resolução dos problemas mais emergentes de suas propriedades e da comunidade do
entorno dos trechos do alto Rio Pajeú circunscritos no município de Itapetim, Pernambuco.
Após a confirmação da
aprovação do projeto pelo Comitê de Ética (Hospital Universitário Alcides
Carneiro da Universidade Federal de Campina Grande - CAAE: 94984918.6.0000.5182) foram realizadas as entrevistas com
os moradores que se dispuseram a participar da pesquisa de forma voluntária,
mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Após
a coleta das informações, os dados foram tabulados em planilhas eletrônicas e
para cada indicador (código) do fator ambiental foi considerado o valor mais freqüente.
Para a determinação do percentual de deterioração (Y),
usou-se a equação da reta (Equação 2).
Y = ax + b (Eq.
2)
Em
que: Y = Unidade crítica de deterioração ambiental (%); a e b = São
coeficientes; x = Resultado da soma das modas obtidas.
O
valor de Y (%) pôde variar de 0 a 100% de deterioração. Segundo Rocha (1997)
para valores acima de 10%, intervenções humanas necessitam ser realizadas para
favorecer a integridade dos processos ecológicos comprometidos.
O
Diagnóstico Ambiental (fator ambiental + fator prioridade), por sua vez,
consistiu em levantar e analisar os principais elementos da poluição direta e
as ações antrópicas além de buscar conhecer as prioridades dos moradores.
A partir dos dados
coletados, para os principais diagnósticos detectados foram gerados os seus
respectivos prognósticos como sugestões de medidas corretivas para a
recuperação da ambiência deteriorada.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Diagnóstico ambiental
Os trechos percorridos na zona rural se localizam
próximos as Barragens de Caramucuqui e Barragem da Boa Vista, situadas a partir
de 645m de altitude. As áreas de transição urbano-rural margeiam a extensão do
Rio Pajeú.
Na paisagem foi observado que a
Barragem da Boa Vista recebe suas águas do tributário Riacho do Belém
igualmente conhecido como Riacho e/ou Rio da Boa Vista. Observou-se que a
Barragem de Caramucuqui possui, da mesma forma que a Barragem da Boa Vista,
enorme rede hídrica drenada pelo Riacho Caramucuqui. Verificou-se que ambas as
barragens se posicionam lado a lado a alturas semelhantes no relevo.
Interpretando as imagens de satélite da
rede hídrica do alto Pajeú pôde-se inferir que o município de Brejinho detém as
nascentes de cota máxima de altitude, contudo, é possível visualizar que o Rio
Pajeú só se forma no município de Itapetim pela confluência dos riachos Boa
Vista e Caramucuqui. Outra leitura importante desta perspectiva teve base no
etnoconhecimento local que reconhece a formação do rio a partir da referida
confluência:
“o rio dá início
aqui da emenda do rio que vem da Boa Vista e Caramucuqui, aí aqui eles se
formam os dois e dá origem ao Rio Pajeú no caso” (transcrição da fala de
residente rural - Sítio Boa Vista).
Considerando-se os fatos conclusivos
por meio das imagens de satélite e do saber popular é possível defender que é
em Itapetim que se forma o Rio Pajeú e não em Brejinho, como está por muitos
defendido.
Em relação à fauna pôde-se inferir que é rica e
cientificamente desconhecida. Proprietários relataram haver na localidade
presença de animais de médio porte como veado, felinos (com destaque para o
gato do mato, gato vermelho e o gato pintado) e aves
(a exemplo do cancão, concriz),
demonstrando a importância de serem feitos levantamentos mais detalhados da
biodiversidade.
As diferentes
fitofisionomias vegetacionais que foram observadas compreenderam
predominantemente espécies xerófilas que variam de arbóreas a arbustivas,
típico da Caatinga sendo comum a presença de bromeliáceas e cactáceas, principalmente
em lajedos.
Durante as visitas a área de estudo foi
constatado ainda a presença de vários poços, açudes e o olho d’água do Sítio
Gameleira, como é popularmente conhecido, localizado a aproximadamente 688
metros de altitude, entre as coordenadas UTM 692122.28 m E e 9186157.27 m S,
zona 24M. Além de sua extrema importância para a
comunidade local nos períodos prolongados de seca, os olhos d’água estão
protegidos pela Lei n° 12.651/2012 do novo código florestal brasileiro que
estabelece no Art. 4° inciso IV o entorno dessas áreas no raio mínimo de 50
metros, independente da situação topográfica, como área de preservação permanente
(BRASIL, 2012).
No contexto geral foi visível a
vulnerabilidade socioeconômica dos produtores rurais e a insegurança,
principalmente nos trechos de transição urbano-rural ao longo da extensão do
Rio Pajeú. Verificou-se que a mata ciliar
foi subtraída em detrimento de roçados de policultivos que modificaram a
paisagem. Outro fato observado foi a presença de esgotos
domésticos que escoam suas águas diretamente para o leito do rio. Nesses locais,
a urbanização têm se tornado uma realidade assim como
a falta de fiscalização do Poder Público e a efetividade do direito ambiental.
A área total delimitada a partir do exutório
localiza-se entre as coordenadas UTM 681286.28 m E 9193 3680.44 m S e
704026.07 m E 91799 96.75 m S, zona 24S medindo em torno de 108 km2, integrando parte dos municípios de
Brejinho (PE) e Itapetim (PE) (Figura 3).
Figura 3. Delimitação
da área de estudo baseando-se na rede hídrica do alto trecho do Rio Pajeú, com ênfase
no município de Itapetim, Pernambuco, Brasil.
A área delimitada demonstrou que as nascentes de cotas
máximas do Rio Pajeú encontram-se a mais de 800 metros de altitude na fronteira
entre os Estados de Pernambuco e Paraíba. A localidade limita-se ao Norte com o
Estado da Paraíba especificamente com a cidade de Teixeira onde se encontra a
Serra do Teixeira que é de extrema importância para a região diante de suas
riquezas naturais e do seu potencial para o ecoturismo.
Fator ambiental
Durante as visitas “in loco” foram
identificados focos de queimadas e 4,3% dos moradores confirmaram essa prática
em suas propriedades. Como é sabido, o novo código florestal em seu Art. 38
menciona a proibição do uso do fogo na vegetação e, as respectivas exceções
para determinadas situações, dependem da prévia aprovação de órgão competente
(BRASIL, 2012).
No âmbito da análise das respostas do
questionário, observou-se a possibilidade de ter havido ocultação de dados
entre os moradores, que possivelmente encobriram “realidades locais mais
imediatas” a exemplo da aplicação de agrotóxicos sem orientação
técnico-científica para se precaver de possíveis responsabilidades.
Verificou-se que 28,3% dos moradores
fazem uso de agrotóxico e 63% utilizam bombas de recalques de água para uso
agrícola. Esse resultado difere do estudo realizado por Santos et al. (2009) na
Microbacia do Oiti no município de Lagoa Seca-PB, em que se constatou ser comum
o uso de agrotóxico durante os períodos de maiores infestações de pragas e
doenças, e a porcentagem de 74,86% encontrada contribuiu para a elevação do índice
total de deterioração ambiental.
Em
relação à eutrofização de corpos hídricos lênticos, 37% dos moradores afirmaram
que existe esse problema em suas propriedades. Esse fator merece atenção diante
da escassez de água provocada pelos longos períodos de estiagem, típico do
Semiárido nordestino. Segundo Junior et al. (2018) a redução do volume de água de
corpos hídricos provocado provavelmente por altas taxas de evaporação e baixos
índices de precipitação, faz aumentar o risco de eutrofização.
Outro
fator de extrema importância diagnosticado foi a redução associada de habitats
e da diversidade biológica. Apesar de o maior percentual 60,9% dos moradores ter
mencionado a não existência dessa redução, “in loco”, constatou-se ao longo das
margens do Rio Pajeú, principalmente nas áreas de transição urbano-rural, a
perda da mata ciliar devido o processo de urbanização (Figura 4A) e às práticas
agrícolas (Figura 4B).
Figura
4. Vista parcial do processo de urbanização próximo às margens
do Rio Pajeú (A) e substituição de mata ciliar por roçados agrícolas (B) em Itapetim,
Pernambuco, Brasil.
Fonte: Autores (2018).
Em estudo realizado na
Microbacia do Riacho das Piabas o processo de urbanização reduziu em mais de
80% a cobertura vegetal levando a uma perda no valor de dezoito dos dezenove
serviços ecossistêmicos analisados, como regulação do clima, ciclagem de
nutrientes, regulação no fluxo de água, entre outros (FERREIRA et al., 2018). Segundo
Júnior e Pereira (2017) a perda da diversidade biológica está estritamente ligada
à degradação ambiental em função da exploração dos recursos naturais, como o
desflorestamento e contaminações dos corpos hídricos.
De acordo com a Lei nº 12.651/12 as
margens de qualquer curso d’água natural perene e intermitente constituem áreas
de preservação permanente (APP) que devem ser protegidas com a finalidade de
preservar os recursos hídricos, a fauna, a flora, entre outros, além de
garantir o bem-estar populacional humano (BRASIL, 2012).
Diante disso, pode-se entender que as
práticas de acesso e uso dos recursos naturais no curso periurbano
do Rio Pajeú em Itapetim está em desacordo com a legislação ambiental vigente e
para com a manutenção do equilíbrio ecológico, uma vez que nem a população e
nem o Poder Público são capazes de proteger a natureza enquanto bem difuso. A
ausência de aplicabilidade da legislação ambiental e urbanística também foi evidenciada
em estudo realizado na bacia hidrográfica do Rio Pacoti no Ceará, onde os
impactos negativos gerados aos recursos naturais na área foram resultantes das
diversas atividades antrópicas (CRISPIM; SOUZA, 2016).
No contexto geral, dos 35 indicadores de
ações antrópicas e elementos poluentes que compõe o fator ambiental, destacaram-se
a presença de cocheiras ou curral (60,9%), a utilização de bombas de recalques
de água (50%), a agricultura sem práticas de conservação (78,3%) e o
revolvimento expressivo do solo (76,1%) sem orientação técnica-científica.
Resultados diferentes foram encontrados
por Alves et al. (2011) em estudo realizado na Microbacia Hidrográfica do Rio
do Saco, município de Santa Luzia, onde os itens mais representativos para o
processo de deterioração foram a presença de lixo, esgotos a céu aberto,
problemas relacionados à exploração de madeira, caça, estradas deterioradas,
erosões e aviários/currais.
Os 35 indicadores foram
sistematizados a partir do cálculo da
reta Y = aX + b para determinar a unidade crítica de deterioração ambiental. A
soma dos valores mínimo e máximo desses 35 indicadores ambientais correspondeu
a 35 (Y = 0%) e 105 (X = 100%), respectivamente, obtendo-se os coeficientes a =
1,429 e b = - 50,00. O somatório de todas as modas obtidas a partir das
respostas foi de X = 44, que gerou a deterioração ambiental total de Y = 13%
para os trechos do alto Rio Pajeú analisados (Figura 5).
Compreende-se que a deterioração de 13% registrada
para o trecho em estudo é inferior a de diversos trabalhos semelhantes realizados
na região Semiárida do Nordeste do Brasil, conforme Baracuhy
(2001), Sousa Rêgo (2010), Alves et al. (2011), Silva e Mattos (2013), Costa e
Silva et al. (2017), respectivamente, que obtiveram índices de deterioração
acima dos 20%.
Figura 5. Reta
da deterioração ambiental do alto trecho do Rio Pajeú, Itapetim,
Pernambuco, Brasil.
Dentre as pesquisas citadas a que obteve
maior porcentagem de deterioração foi a do estudo realizado por Sousa Rêgo
(2010) na Microbacia do Riacho das Piabas (42,86%) onde se constatou “in loco”
forte artificialização do meio natural voltada para a fragmentação dos
ecossistemas contínuos. Para Crispim e Souza (2016) a fragilidade das condições
ambientais e o uso intenso dos recursos naturais são fatores que contribuem para
a degradação ambiental intensa e contínua.
Diante dos resultados obtidos, apesar do
valor próximo ao aceitável de 10% proposto por Rocha (1997), não se deve ser
retirada a responsabilidade em busca de manejo ecológico adequado para evitar
perda dos serviços ecossistêmicos na ambiência. Há necessidade de intervenções
e trabalhos educativos para garantir a manutenção do sistema hidrográfico e
socioeconômico da localidade.
Fator Prioridade
Por meio das 15 prioridades base sugeridas no fator
prioridade, foi oportunizado pelos moradores o registro de 25 novas,
totalizando 40 sugestões (problemas prioritários) que solucionados e/ou
amenizados ajudariam na melhoria de vida da comunidade local (Tabela 1).
Tabela 1. Problemas prioritários citados pelos moradores nos
trechos do alto Rio Pajeú, Itapetim, Pernambuco,
Brasil. |
||
1 - Posse de terra (4) |
1 15 - Insumos (3) |
28
– Cata-vento em poço (1) |
2 - Pouca terra (6) |
16
- Aumentar/construir açude (9) |
29
– Hortas (1) |
3 - Baixa
produção/produtividade (12) |
17
- Construção de cisterna (8) |
30
- Retirar pedras (1) |
4 - Falta de água (7) |
18
- Reservatório de água (8) |
31
- Plantar fruteiras
(1) |
5 - Falta de eletricidade (5) |
19
– Reflorestamento (2) |
32
- Cercar terreno de tijolo (1) |
6 - Falta de tratamento de esgoto (3) |
20
- Construção de poço (8) |
33
- Fazer galpão para alugar (1) |
7 - Falta de assist. médica e odontológica (11) |
21
- Criatório de peixe (2) |
34
- Colocar vigia (1) |
8 - Falta de boa habitação (6) |
22
- Pastagem/Ração (2) |
35
- Construção de guarita (1) |
9 - Falta de crédito (5) |
23
– Irrigação (2) |
36
- Tirar poluição do Rio (1) |
10 - Falta de mercado (6) |
24
- Encanamento de água (3) |
37
- Construção de barragem (1) |
11 - Rendas baixas (3) |
25
- Passagem molhada (2) |
38
– Pocilga (1) |
12 - Estradas ruins (7) |
26
- Trazer a família (1) |
39
- Melhoramento de curral (1) |
13 - Assistência técnica (8) |
27
- Construção de armazém (1) |
40
– Falta de internet (1) |
14 – Escolas (5) |
|
|
PRIORIDADES - sugeridas (de 1 a 15) e
acrescentadas pelos moradores (de 16 a 40) * Em ( ) quantidade de vezes que cada
prioridade foi citada. * * Das prioridades mencionadas, as vinte e cinco
primeiras foram citadas mais de uma vez. |
Verificou-se que os problemas que obtiveram maior
frequência nas respostas foram baixa produção e/ou produtividade (26,1%), falta
de assistência médica e odontológica (24%) e a necessidade de aumento e/ou
construção de açude (19,6%) (Tabela 2). Constatou-se da mesma forma, que as
menores frequências vincularam as prioridades reflorestamento, criatório de
peixes, pastagens/ração, irrigação e passagem molhada, todas correspondendo a
4,3%.
Vale ressaltar que segundo os moradores 24%, especificamente
os da área rural, a questão médica e odontológica não esteve relacionada
diretamente a sua ausência, mas predominantemente à distância dos postos de
saúde das propriedades, o que dificulta o deslocamento, principalmente em
períodos de chuvas quando as estradas se apresentam “intransitáveis”. Em estudo
realizado por Sousa Rêgo (2010) na Microbacia do Riacho das Piabas na Paraíba,
a insegurança e estradas ruins corresponderam as prioridades primeira e
segunda, respectivamente, e a ausência de assistência médica e odontológica
compreendeu ao terceiro problema mais citado.
No presente estudo a questão da disponibilidade de água
por ordem de prioridade foi o fator mais preocupante entre os moradores
entrevistados. Resultado semelhante foi encontrado por Baracuhy
(2001) na Microbacia do povoado Paus Brancos no município de Campina Grande-PB
onde a falta de água também foi o item mais citado por ordem de prioridade.
A
escassez de água no município de Itapetim foi
constatada por Almeida e Lima (2017) durante a análise sobre a percepção de
discentes do ensino médio, perante o período de estiagem que atingiu a região,
confirmando a insuficiência de reservatórios de água que atendesse a demanda da
população nos períodos prolongados de seca.
Tabela 2. Lista das prioridades do alto trecho do Rio Pajeú (Itapetim/PE) com frequência maior ou igual a 7 e ordem de
1 a 4 correspondendo a maior moda das respostas, respectivamente. |
|||||
Frequência de respostas |
Problemas prioritários
citados pelos entrevistados |
Ordem 1 |
Ordem 2 |
Ordem 3 |
Ordem 4 |
12 |
3
- Baixa produção/produtividade |
4 |
4 |
3 |
1 |
11 |
7
- Falta de assistência médica e odontológica |
2 |
4 |
2 |
3 |
9 |
16
- Aumento/construção de açudes |
3 |
3 |
1 |
2 |
8 |
13
- Assistência técnica |
0 |
2 |
5 |
1 |
8 |
17
- Construção de cisternas |
3 |
3 |
0 |
2 |
8 |
18
- Reservatório de água |
6 |
1 |
0 |
1 |
8 |
20
- Construção de poço |
6 |
2 |
0 |
0 |
7 |
4
- Falta de água |
3 |
2 |
1 |
1 |
7 |
12
- Estradas ruins |
3 |
0 |
2 |
2 |
Diante
do levantamento das prioridades citadas, urge a necessidade de parcerias entre
o governo municipal, estadual e federal, para fortalecerem processos educativos
voltados ao “desenvolvimento
sustentável” da região, de forma a trazer melhores
condições aos trabalhadores rurais, auxílios em assistência técnica para
melhoramento da produção de forma sustentável, construção de postos de saúde em
locais mais acessíveis à população rural e, sobretudo, a gestão da água com
enfoque para a captação e a construções de reservatórios de água.
Bombas
de recalque de água
A utilização de bombas de recalque de água é frequente
na localidade devido à escassez d’água. Assim, é importante ser estabelecido
parceria do governo municipal com órgãos que façam o controle e fiscalização da
utilização dessas bombas (instruindo os agricultores sobre o uso racional dos
recursos hídricos), por razão dos agravos ao lençol freático e/ou aquíferos
fósseis que afeta negativamente à produção agropecuária.
Segundo Alves et al. (2011) o uso das bombas de
recalque de água traz sérios impactos, pois acaba gerando problemas relacionados
à gestão da água enquanto recurso natural.
Agricultura
sem práticas de conservação e revolvimento do solo
A agricultura sem práticas de
conservação afeta o solo podendo provocar entre outros problemas, erosões,
infertilidade e salinização o que compromete o desenvolvimento das plantações.
Neste aspecto, Guerra e Júnior (2011) sugere que é necessário inicialmente
analisar os perfis, tipos e condições do solo, como também o relevo da
localidade para adequar as práticas de preparo e manejo.
Existe a necessidade do
Poder Público fortalecer as associações rurais possibilitando projetos que valorizem
técnicas ecológicas de manejo do solo e conservação. Evitar a degradação do
solo, erosões, infertilidade e salinização que compromete o desenvolvimento das
plantações são fundamentais para manutenção do homem no campo.
Segundo Araújo Filho (2013) para manter a
sustentabilidade da produção agrícola é importante o fortalecimento da
agricultura familiar que utiliza formas de produções diversas e mais
resistentes. A agroecologia é uma importante estratégia possibilitando equilibrar
as práticas produtivas agropecuárias às particularidades locais, melhorando as
condições socioeconômicas dos agricultores familiares, a partir da
diversificação produtiva e de renda (SILVA et al., 2018).
Eutrofização da água
Há
a necessidade de destinar políticas públicas de saneamento ambiental
alternativo e medidas educativas junto à população para reconhecer e conservar
a cobertura verde nativa e evitar que a matéria orgânica como os nutrientes
fósforo e nitrogênio chegue aos corpos hídricos. Apoiar o consumo de produtos
orgânicos na região e nas escolas é outra medida que evita o uso de agroquímicos
tóxicos na agricultura.
A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH),
instituída pela Lei Nº 9.433/97 estabelece como um dos seus fundamentos no Art.
1º parágrafo II a água sendo recurso natural limitado possuidor de valor econômico
(BRASIL, 1997).
De acordo com Dellamatrice e Monteiro (2014) diversas
medidas como terraceamento, curvas de nível, plantio direto e rotação de culturas,
podem ser adotadas pelos agricultores como forma de reduzir a compactação, o
escoamento superficial e a erosão que são fatores que podem transportar
pesticidas fixados às partículas.
Redução
associada de habitats e da diversidade biológica
Faz-se necessário promover a Educação Ambiental em
escolas e associações em busca da valorização cultural dos saberes da flora e
fauna da região. Valorizar palestras, exposições, feiras de ciência e as
atitudes de preservação dos habitats e da diversidade biológica. A parceria de
universidades com as escolas e associações por meio de projetos de extensão
podem promover discussões sobre a temática buscando a sensibilização sobre a
importância da conservação dos ecossistemas. O cadastro ambiental rural (CAR) é
outra possibilidade que disciplina o produtor a preservar os remanescentes
naturais.
A Constituição Federal de 1988 menciona a
responsabilidade do Poder Público e da coletividade de defender e preservar o
meio ambiente para as gerações presentes e futuras (BRASIL, 1988).
Diante da grave crise ambiental que se encontra o
planeta todos os ecossistemas tornam-se ameaçados e sujeitos a reduções de
habitat. Houve diminuição de 60% da população mundial de vertebrados desde a
década de 70, o que confirma a emergência de se cuidar do meio ambiente (WWF,
2018).
Baixa
produção/produtividade e ausência de assistência técnica
A necessidade de políticas públicas de cunho
sustentável que tragam a assistência técnica aos produtores rurais auxiliaria
no problema sobre a baixa produtividade. O incentivo a produção agrícola de
base agroecológica é outra forma de garantir produtividade livre de
agrotóxicos.
Parcerias com a Embrapa (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária) e Emater-PE (Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural de Pernambuco) promovendo cursos, palestras voltadas para as necessidades
da localidade poderiam servir de suporte para minimizar os efeitos dessas
problemáticas.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, a assistência técnica juntamente com a extensão rural são meios
de melhorar
o planejamento em relação à produção de forma que os sistemas agrícolas ocorram
sustentavelmente (BRASIL, 2016).
Ausência de
assistência médica e odontológica
Para
a realidade local “consultórios móveis” podem auxiliar na melhoria dos
atendimentos da população rural. Além disso, demanda-se a construção de novos
postos de saúde próximo das comunidades. A Constituição Federal de 1988 em seu
Art. 6º assegura que a saúde é um direito social (BRASIL, 1988), devendo ser
garantido a toda população.
Ausência
de reservatórios de água
A construção de cisternas rurais (para captar água dos
telhados) e novos poços é uma necessidade básica para garantir a permanência do
homem no campo. Os açudes podem ser alternativas ao plantio de roçados de
policultivo, verduras, pastagens para o gado e pequenas árvores frutíferas. As
barragens subterrâneas, caldeirões ou tanque de pedra (face à presença de
lajedos na localidade), barraginhas sucessivas e pequenos barreiros, podem ser
ótimas alternativas e auxiliar na captação de águas das chuvas (FARIAS et al.,
2012).
Em seu Art. 2º é objetivo da Política Nacional dos
Recursos Hídricos o incentivo para captação, preservação e aproveitamento de
águas das chuvas (BRASIL, 1997).
Pondera-se que se faz necessário a voz da população
para articular as parcerias entre o governo municipal, estadual e federal que
possibilite políticas públicas em prol de tais construções.
Diante da perda de água por evaporação faz-se
necessário o manejo de componentes ambientais para garantir a manutenção da
água no solo (BARACUHY, 2001).
CONCLUSÃO
A presença de cocheiras ou curral, a utilização
de bombas de recalques de água, a agricultura sem práticas de conservação e o
revolvimento expressivo do solo sem orientação técnica-científica são os principais
elementos contribuintes para a deterioração ambiental em trechos do alto Rio
Pajeú, Itapetim, Pernambuco.
As práticas de subsistência rural e o crescimento
urbano ecologicamente inadequados constatados “in loco” são fatores que reduzem
a mata ciliar colocando em risco a diversidade biológica e a manutenção dos serviços
ecossistêmicos da localidade.
A fraca produção e/ou produtividade,
falta de assistência médica e odontológica e disponibilidade de água são as
maiores prioridades dos moradores.
Assim, há demanda de políticas públicas
e ações voltadas à Educação Ambiental e “desenvolvimento sustentável” que
incentive e empondere a população na preservação da diversidade biológica para melhoria
do meio ambiente e manutenção do homem no campo.
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