Superação
da dormência de sementes de Passiflora elegans
Mast. (Passifloraceae)
Overcoming dormancy of Passiflora
elegans Mast. (Passifloraceae) seeds
Aparecida Leonir da Silva1; Paulo César Hilst2;
Denise Cunha Fernandes dos Santos Dias3; Marcelo Rogalski4
1Doutora em
Fisiologia e Bioquímica de Plantas, Universidade de São Paulo, Avenida
Pádua
Dias, n. 11, CEP 13418-900, Piracicaba, São Paulo, e-mail: aparecidaleonir@gmail.com; 2Doutor em Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, e-mail:
pchilst@yahoo.com.br; 3Professora do programa de Fisiologia Vegetal,
Universidade Federal de Viçosa, Minas
Gerais, e-mail: dcdias@ufv.br; 4Professor do programa de Fisiologia Vegetal,
Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, e-mail: rogalski@ufv.br.
Recebido: 29/05/2019; Aprovado: 28/06/2019
Resumo: As sementes de Passiflora
apresentam germinação baixa e desuniforme, devida a
presença de dormência das sementes, sendo assim, esta dormência deve ser
superada por um método eficiente que aumente as taxas de germinação. O objetivo
deste estudo foi avaliar a eficiência de métodos para superação da
dormência das sementes de Passiflora
elegans. Foram coletados 35 frutos maduros
no município de Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul em dezembro de 2013. O
experimento foi conduzido na Universidade Federal de Viçosa. Foram utilizados
os seguintes métodos para superação da dormência: T1: sementes com tegumento;
T2: sementes sem tegumento; T3- escarificação
mecânica; T4: escarificação química em ácido
sulfúrico concentrado por 10 min; T5: estratificação por 5
dias a 4 ˚C; T6: sementes sem o tegumento, seguido de imersão em ácido giberélico
GA3 (50 µM); T7: sementes sem o tegumento, seguido de imersão em
solução de paclobutrazol (0,1 mM).
As sementes foram submetidas a teste de germinação, utilizando cinco repetições
de 40 sementes, mantidas em B.O.D. à 25 ˚C. A
germinação foi avaliada diariamente por 80 dias. Foram
avaliadas a porcentagem de germinação, índice de velocidade de germinação (IVG)
e velocidade de germinação (VG). No teste do tetrazólio
as sementes receberam um picote e foram embebidas por 16 h e cortadas
longitudinalmente e imersas em solução de tetrazólio
0,05% e mantidas no escuro em banho-maria a 36 ˚C, por 24 h. Conclui-se que a
imersão em GA3 (50 µM) é o melhor método para a superação de
dormência de P. elegans.
Palavras-chave: Escarificação; Maracujá; Germinação;
GA3
Abstract: The
seeds of Passiflora
present low and ununiform germination, due to the presence of seed dormancy, so this dormancy
must be overcome by an efficient method that increases germination rates. This
study was conducted to evaluate the efficiency of methods for overcoming
dormancy of Passiflora elegans seeds.
Thirty-five ripe fruits were collected in the municipality of Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul
in December 2013. The experiment was conducted at the Universidade
Federal de Viçosa. The following methods were used to overcome dormancy: T1: seeds with tegument; T2: seeds without tegument;
T3- mechanical scarification; T4: chemical scarification in concentrated
sulfuric acid for 10 min; T5: stratification for 5 days at 4 °C; T6: seeds
without the integument, followed by immersion in gibberellic
acid GA3 (50 μM); T7: seeds without the
integument, followed by immersion in paclobutrazol solution (0.1 mM). The seeds were submitted to germination test, using
five replicates of 40 seeds, kept in B.O.D. at 25 °C. Germination was evaluated
daily for 80 days. Were evaluated the germination percentage, speed of
germination index (IVG) and speed of
germination (VG). In the tetrazolium test
the seeds received a pickle and were placed to soak for 16 h and cut lengthwise
and immersed in 0.05% tetrazolium solution and kept
in the dark in a water bath at 36 °C for 24 h. It was concluded that immersion
of the seeds in GA3 (50 μM) is the best
method to overcome the dormancy of P. elegans.
Key words: Escarification; Passion fruit; Germination; GA3
INTRODUÇÃO
Passiflora elegans é uma
espécie pertencente à família Passifloraceae, sua
distribuição é pantropical, incluindo cerca de 20
gêneros e 600 espécies, no Brasil ocorrem 4 gêneros e
aproximadamente 160 espécies (LOPES et al., 2010; SOUZA; LORENZI, 2012). Passiflora
elegans é popularmente conhecida como
maracujá-cinza ou maracujá-de-estalo, com ocorrência no sul do Brasil, Uruguai
e no norte da Argentina, seus frutos são pequenos, amadurecem em março, de cor
amarela, medindo de 2,5 a 3 cm de diâmetro (SOUSA; MELETTI, 1997).
Muitas espécies dessa
família são cultivadas como ornamentais (conferido pelas belas flores),
alimentícias e medicinais (possui propriedades calmantes da Passiflorina,
vermífugo, febrífugo, possui efeitos diuréticos, antiblenorrágicos, hipnóticos
e é considerado abortivo para o gado), apresentam várias funções
biológicas, como a biossíntese de colágeno, L-carnitina, neurotransmissores,
metabolismo de certas proteínas, e demonstrou regenerar outros antioxidantes no
corpo, incluindo α-tocoferol (vitamina E)
(SOUSA; MELETTI, 1997; LI; SCHELLHORN, 2007).
A propagação de Passiflora é feita por sementes,
no entanto, essas sementes apresentam como características baixa
germinação e desuniforme, dificultando a produção de mudas (JOSÉ et al., 2019). A maioria das espécies é propagada por
sementes e o sucesso na formação das mudas depende do conhecimento sobre o
processo germinativo de cada uma (REGO et al., 2009). Assim,
é importante conhecer os aspectos que afetam a germinação das sementes. Dentre
estes, destacam-se os de origem genética (variação entre espécies e
cultivares), o manejo (injúrias mecânicas durante a colheita, problemas
fitossanitários, variações climáticas, secagem, armazenamento), morfológicos e
fisiológicos (dormência, maturidade, vigor), dentre outros.
As sementes de Passiflora
apresentam dormência (FALEIRO et al., 2018), necessitando
de tratamento especial antes da semeadura para propiciar ou aumentar sua
germinação. A dormência de sementes impede a germinação durante períodos adversos,
mesmo em condições favoráveis, sendo um mecanismo importante de adaptação de
espécies que garante uma distribuição de germinação ao longo do tempo (SANTOS et al., 2015). Para superar a dormência, as sementes podem ser escarificadas, mecânica, física
ou quimicamente, para enfraquecer seu tegumento e assim permitir a absorção de
água. Outras são fisiologicamente imaturas logo após a colheita, ou contêm
substâncias inibidoras da germinação que precisam ser removidas para poder
germinar (OSIPI et al., 2011).
Algumas
espécies de Passiflora apresentam sementes semipermeáveis, que permitem
a captação de água, mas apresentam inibidores de germinação como o
maracujazeiro amarelo (MARTINS et al., 2010). No extrato do embrião de sementes
de P. alata
também existem compostos capazes de inibir a germinação de sementes de alface
(FREITAS et al., 2016). Delanoy et al. (2006) demonstraram que embriões excisados de Passiflora
spp. germinaram rapidamente, evidenciando a
existência de dormência. Diversos
tratamentos são aplicados nas sementes com intuito de superar essa dormência,
dentre eles as giberelinas bioativas,
como o GA3, uma vez que sua aplicação
exógena promove a expressão dos genes que controlam a síntese das enzimas
envolvidas na degradação de paredes celulares do endosperma, levando ao
crescimento do embrião e estimulando o processo germinativo (CARVALHO et al., 2012).
Outras espécies de Passiflora também tem sido
constatada a presença de dormência, dentre elas, P. caerulea (MENDIONDO;
AMELA GARCÍA, 2009), P. alata (LIMA et al., 2009; MAROSTEGA, et al., 2017),
P. edulis (LIMA et al., 2009; BALAGUERA et al., 2010; MABUNDZA et al., 2010; WELTER et al., 2011; GUTIÉRREZ et al., 2011; GURUNG et al., 2014; REGO et al., 2014; POSADA; OCAMPO; SANTOS, 2014; AGUACÍA; MIRANDA;
CARRANZA, 2015; RAMÍREZ GIL et al., 2015; ZANINI
et al., 2015; SIMONETTI et al., 2017; REZAZADEH; STAFNE, 2018;
TORRES-G, 2018), P. cincinnata (ZUCARELI et al., 2009b; OLIVEIRA JÚNIOR
et al., 2010; MOURA et al., 2018), P. gibertii (JUNGHANS;
VIANA; JUNGHANS, 2010), P. mucronata (MELETTI
et al. 2011; SANTOS et al., 2012), P. nitida (ANDRADE
et al., 2010; MAROSTEGA, et al., 2017),
P. setacea (COSTA; SIMÕES; COSTA, 2010, PÁDUA
et al., 2011), P. ligularis, P. maliformis
(GUTIÉRREZ et al.,
2011), P. ligularis (POSADA; OCAMPO; SANTOS, 2014), P. incarnata
(ZUCARELI; HENRIQUE; ONO, 2015), P. suberosa
(MAROSTEGA
et al., 2015), P. quadrangularis, P.
foetida, P. eichleriana,
P. cincinnata, P. mucronata,
P. micropetala, P. suberosa, P. morifolia e P. tenuifila (MAROSTEGA, et al., 2017), P. ligularis ( AGUACÍA; MIRANDA; CARRANZA, 2015; CADORIN et
al., 2017), P. maliformis (TORRES-G, 2018) e P.tripartita var. mollisima, P. maliformis,
P. ligularis, P. quadrangularis,
e P. laurifólia ( REZAZADEH;
STAFNE, 2018).
Visando a produção de mudas, esta
dormência deve ser superada por um método eficiente que aumente as taxas de
germinação e possibilite maior disponibilidade de mudas. Este estudo foi
realizado para contribuir com a produção de mudas de Passiflora elegans e avaliar a eficiência de métodos para
superação da dormência das sementes.
MATERIAL E
MÉTODOS
Foram coletados
35 frutos maduros de Passiflora elegans, no
município de Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul em dezembro de 2013. O
experimento foi conduzido a partir de janeiro de 2014 na Universidade Federal
de Viçosa. Os frutos foram desinfestados em solução de hipoclorito a 10% por 30
min com posterior lavagem em água destilada por 10 min. Após a desinfecção, os
frutos foram abertos para retirada e contagem visual das sementes por fruto.
A remoção do
arilo foi realizada com fricção das sementes com areia lavada seguida de
lavagem em água corrente para retirada do material e postas para secar durante
24 h em laboratório. Posteriormente foram
realizados ensaios para superação da dormência das sementes de P. elegans.
Para o estudo de
métodos para superação da dormência foram utilizadas cinco repetições de 40
sementes de P. elegans por tratamento. Os seguintes tratamentos foram testados:
Tratamento 1: sementes com tegumento; Tratamento 2: sementes
sem o tegumento; Tratamento 3: escarificação mecânica
das sementes, no lado oposto ao hilo, com lixa para madeira no 100;
Tratamento 4: escarificação química em ácido
sulfúrico (H2SO4) por 10 min, seguida de lavagem em água
corrente por 5 min; Tratamento 5:
estratificação por 5 dias a 4 ˚C; Tratamento 6: sementes sem o
tegumento, seguido de imersão em ácido giberélico GA3 (50 µM);
Tratamento 7: sementes sem o tegumento, seguido de imersão em Paclobutrazol ou PBZ (C15H20OCIN3O)
(0,1 mM) um Inibidor de GA3.
Após escarificação, as sementes foram submetidas a teste de
germinação, onde as mesmas foram dispostas em caixas do tipo Gerbox sob duas folhas de papel tipo Germitest®
umedecidas com água destilada, mantidas em B.O.D. à 25
˚C (ALVES et al., 2011) sob luz constante e
adição de água quando necessário. A germinação foi avaliada diariamente por 80
dias, sendo considerada germinada a semente cuja raiz primária apresentava-se
com no mínimo 2 mm de comprimento. A partir dos dados
foram obtidos os resultados de porcentagem de germinação, velocidade de
germinação (VG) e índice de velocidade de germinação (IVG). Foi considerado o
método mais eficiente àquele que proporcionou maior porcentagem de germinação
em menor tempo.
A velocidade de germinação foi calculada de acordo com
a fórmula de Edmond e Drapala
(1958) e o índice de velocidade de germinação foi calculado pelo somatório do número de sementes germinadas a cada
dia, dividido pelo número de dias decorridos entre a semeadura e a germinação,
de acordo com a fórmula de Maguire (1962). Quanto maior o índice, utilizado por
Maguire, maior será a velocidade de germinação das sementes.
Com base em
ensaios prévios, o teste do tetrazólio foi realizado
utilizando duas repetições de 50 sementes, nas quais foram realizados picotes
nas sementes no lado oposto do hilo e colocadas para embeber por 16 h em caixa gerbox a 25 ˚C, posteriormente foram cortadas
longitudinalmente com auxílio de um bisturi, e avaliado os embriões das
sementes com auxílio de uma lupa. Posteriormente foram imersas em solução de tetrazólio (cloreto de 2, 3, 5 trifenil
tetrazólio) 0,05% e mantidas no escuro em banho-maria
a uma temperatura de 36 ˚C, por 24 h. Após esse
período, as sementes foram lavadas em água corrente e deixadas submersas
em água até o momento da avaliação.
As sementes
foram examinadas e, de acordo com a extensão, intensidade dos tons
avermelhados, presença de áreas brancas e localização destas colorações, foram
categorizadas como viáveis e inviáveis. As sementes foram consideradas viáveis
quando o embrião apresentava coloração avermelhada. As sementes que
apresentavam coloração branca foram consideradas como inviáveis. Os resultados
da viabilidade pelo teste de tetrazólio foram
comparados com os resultados dos testes de germinação.
O delineamento experimental foi o
inteiramente casualizado, com cinco repetições, e os
dados obtidos em cada tratamento foram analisados pela análise da variância
(ANOVA). Os dados de germinação foram previamente transformados utilizando-se a
função
Para a comparação das médias dos
tratamentos utilizou-se o teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Para as analises, utilizou-se o SIGMAPLOT.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Os frutos de Passiflora
elegans apresentaram em média 58 sementes por
fruto, com uma variação de 11 a 91 sementes por fruto, com um desvio padrão de
17,4. Enquanto que Medeiros et al. (2009), para
maracujá azedo e roxo, observaram em média 218 e 160 sementes por fruto em cada
progênie, respectivamente.
De acordo com
Fontenele et al. (2007), as diferenças entre valores
mínimos e máximos das sementes permitem explorar a variabilidade genética de
caracteres visando a manutenção de áreas com populações representativas da
espécie e de sua variabilidade genética.
Entre os
tratamentos utilizados para superação de dormência P. elegans
a maior porcentagem de germinação foi no tratamento com retirada do tegumento e
imersão em ácido giberélico (T6) (Tabela1), obtendo-se 28% de germinação,
diferindo de T1 e T5. O tratamento com ácido giberélico também apresentou o
melhor índice de velocidade de germinação, diferindo de T1, enquanto que a
velocidade de germinação não apresentou diferença entre os tratamentos.
Tabela 1. Valores médios para a porcentagem de
germinação, velocidade de germinação (VG) e índice de velocidade de
germinação (IVG) em sementes de P. elegans sob diferentes
métodos de superação de dormência. |
|||||
Tratamento |
Germinação (%) |
VG (dias) |
|
IVG |
|
T1 |
7 b |
9,76 a |
5,77 b |
||
T2 |
14 ab |
13,14 a |
7,14 ab |
||
T3 |
8 ab |
18,00 a |
5,77 ab |
||
T4 |
11 ab |
16,50 a |
5,97 ab |
||
T5 |
7 b |
9,61 a |
5,77 ab |
||
T6 |
28 a |
18,30 a |
9,06 a |
||
T7 |
10 ab |
12,71 a |
5,96 ab |
||
CV (%) |
54,42 |
76,80 |
17,88 |
||
Médias
seguidas pelas mesmas letras, não diferem entre si no teste de Tukey a 5% de probabilidade. T1: sementes com tegumento;
T2: sementes sem tegumento; T3- escarificação
mecânica; T4: escarificação química em ácido
sulfúrico concentrado por 10 min; T5: estratificação por 5
dias a 4 ˚C; T6: sementes sem o tegumento, seguido de imersão em ácido
giberélico GA3 (50 µM); T7: sementes sem o tegumento, seguido de
imersão em solução de paclobutrazol (0,1 mM). |
|||||
Esse resultado corrobora
com diversos autores que observaram esse aumento na germinação de sementes de Passifloraceae com o uso de ácido giberélico. Amaro et al. (2009) com o uso de GA 4+7 + N-(fenilmetil)-aminopurina observaram um incremento no percentual e na
velocidade de germinação das sementes de P. cincinnata
Mast., o que segundo os autores seria o efeito da
redução da dormência. Zucareli et
al. (2009a) também obtiveram resultado semelhante para P. cincinnata Mast. Para Santos et al. (2013) a pré-embebição das
sementes de maracujá amarelo em GA3 na concentração de 100,0 mg. L-1
por 6 h também estimulou a germinação das sementes. Cárdenas
et al. (2013) observaram redução no tempo médio de
germinação com a embebição de sementes de P.
ligularis em 100 mg. L-1 de GA3, quando comparado a utilização de 400 mg.
L-1 de GA3.
O aumento na germinação
causada pela giberelina ocorre devido ao estímulo, da
síntese de enzimas como α-amilase e β-amilase que degradam as reservas
armazenadas no endosperma, formando açúcares, aminoácidos e ácidos nucléicos,
que são absorvidos e transportados para as regiões de crescimento do embrião,
estimulando o alongamento celular, fazendo com que a raiz rompa o tegumento da
semente, acelerando a germinação (SILVA et al., 2002).
Nos controles
com tegumento e sem tegumento (T1 e T2) a germinação foi baixa (7 e 14%, respectivamente), evidenciando que a dormência não
está relacionada somente com o tegumento da semente. Segundo Delanoy et al. (2006), para P. molíssima,
o controle apresentou 0% de germinação após 90 dias de avaliação, constatando
também a presença de dormência para esta espécie.
Essas baixas
germinações nessas espécies estão relacionadas a
dormência das sementes, o que é uma característica indesejável na agricultura,
na qual rápida germinação, uniformidade e crescimento são requeridos, no
entanto, a dormência é uma adaptação evolutiva de fundamental importância na
perpetuação de muitas espécies.
Nos demais tratamentos com escarificação mecânica (T3), imersão em ácido sulfúrico
(T4) e estratificação (T5) a germinação também foi baixa (8, 11 e 7%,
respectivamente), isso poderia ser um indício que para esta espécie a dormência
que estaria relacionada com outros fatores fisiológicos da semente.
Segundo Morley-Bunker (1974) as Passifloráceas são incluídas na
família das plantas cujas sementes apresentam dormência tegumentar, mecanismos
de controle da entrada de água para o interior da semente. Rossetto et al. (2000) constataram que sementes de P. alata Dryand quando pré embebidas em soluções de zero, 150 e 300 mg. L-1 de ácido giberélico,
apresentaram uma baixa germinação, obtendo no máximo 38% de germinação.
Quando as sementes eram submetidas à escarificação
com lixa e imersão em 300 mg. L-1 de ácido
giberélico, observaram que a porcentagem de germinação
aumentou (51%). Delanoy et
al. (2006) em seus estudos de germinação com P. mollissima
(Kunth) L. H. Bailey, P.
tricuspis Mast. e P. nov sp. constataram que os tratamentos que proporcionaram a maior
porcentagem de germinação foram: picote na região apical (57%) e pré-imersão em 400 ppm GA3 durante 24 h
(42%); picote na região da micrópila das sementes (27%), respectivamente.
Nogueira Filho et al. (2005), trabalhando com sementes de P. cincinnata Mast., observaram
uma baixa porcentagem de germinação, o que os autores acreditam que possa estar
associado a dormência das sementes e a pouca viabilidade. Entretanto essa
característica de baixa viabilidade não foi constatada para P. elegans neste estudo, pois o teste de tetrazólio realizado com 100 sementes, foi
possível constatar que as sementes apresentaram 90% de viabilidade (Figura 1) e
apenas 10% de sementes inviáveis (4% das sementes não continham embrião).
Quando comparada a alta viabilidade das sementes com a germinação, observa-se
uma baixa germinação, fato esse que evidência que a dormência não foi
totalmente rompida.
Figura 1.
Classes
de sementes de Passiflora elegans obtidos
no teste de tetrazólio. A: sementes viáveis
apresentando coloração avermelhada no embrião e B: sementes inviáveis
apresentando lesões no eixo embrionário. Escala = 5 mm.
CONCLUSÕES
A retirada do tegumento seguida de
imersão em GA3 (50µM) é o procedimento mais adequado para a
superação de dormência nas sementes de
Passiflora elegans.
AGRADECIMENTOS:
Agradecemos a CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior) por apoiar e
outorgar uma bolsa de estudos.
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