Girassol suplementado com
percolado de aterro sanitário e submetido à salinidade
Sunflower supplemented with landfill percolate and
submitted to salinity
Julyanne Fonteles de Arruda1; Larissa Morais Sena1; Paulo Ovídio
Batista de Brito2; Francisco Holanda
Nunes Júnior3; Roberto
Albuquerque Pontes Filho4; Franklin Aragão
Gondim4
1Graduandas em Engenharia Ambiental e Sanitária, Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará, Maracanaú, Ceará, julyannefarruda@yahoo.com.br; larissasenaoi54@gmail.com; 2Mestrando
do Programa de Pós-Graduação em Energias Renováveis, Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia do Ceará, Maracanaú, Ceará, paulobatistaengenharia@gmail.com,
3Professor do Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Ceará, Iguatu, Ceará; 4Professores do Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará, Maracanaú, Ceará, roberto@ifce.edu.br; aragaofg@yahoo.com.br.
Recebido: 19/08/2019; Aprovado:
20/09/2019
Resumo: O percolado de aterro sanitário é um líquido produzido
a partir de processos físicos, químicos e biológicos aos quais os resíduos
sólidos urbanos são submetidos nos aterros sanitários. Apresenta uma composição
físico-química variável e pode conter altos teores de nutrientes, sendo assim
empregado na fertilização de plantas. Por isso, objetivou-se avaliar o
crescimento de plantas de girassol irrigadas com água de moderada salinidade e
com suplementação nutricional com percolado de aterro sanitário. O experimento
foi conduzido em área experimental com cobertura de nylon (sombrite),
sob delineamento inteiramente casualizado em um
fatorial 4 x 2, sendo [1: 100% de areia de
granulometria fina - NBR 6502; 2: areia + adubo/fertilizante orgânico misto
(mistura de bagaço de cana, esterco bovino, esterco de galinha, serragem de
madeira e gesso agrícola) e 80 kg de N ha-1, 3: areia + percolado de aterro sanitário e 80 kg
de N ha-1; e 4: areia + percolado de aterro sanitário e 160 kg de N
ha-1] e duas concentrações salinas da água de irrigação [irrigação
com água destilada ou solução de NaCl a 60 mM], com 10 repetições, em vasos de 12 L. Foram realizadas
análises de crescimento (altura, diâmetro do coleto, número de folhas), teores
relativos de clorofila e diâmetro dos capítulos. Nas condições experimentais
empregadas, substrato arenoso, as concentrações de percolado de aterro
sanitário utilizadas promoveram incrementos em todas as variáveis de
crescimento analisadas nas plântulas de girassol, especialmente a 80 Kg N ha-1.
A irrigação com solução de NaCl
a 60 mM não ocasionou efeitos negativos nas variáveis
de crescimento, demonstrando assim a tolerância moderada das plantas de
girassol à salinidade em substrato arenoso.
Palavras-chave: Concentração Salina; Helianthus annuus L.; Fertilização; Análises de Crescimento
Abstract: Landfill percolate is a liquid produced from physical, chemical and
biological processes to which municipal solid waste is subjected to landfills.
It has a variable physicochemical composition and may contain high levels of
nutrients, thus being used in plant fertilization. Therefore, the aim of this
work was to evaluate the growth of sunflower plants irrigated with water of
moderate salinity and with nutritional supplementation with landfill percolate. The experiment was
carried out in experimental area under a completely randomized design in a 4 x
2 factorial design (1: 100% fine grained sand - NBR 6502; 2: sand + mixed
organic fertilizer (sugarcane bagasse mix, cattle manure, chicken manure, wood
sawdust and agricultural plaster) and fertilizer 80 kg N ha-1, 3:
sand + landfill percolate 80 kg N ha-1, and 4: sand + landfill
percolate 160 kg N ha-1) and two saline concentrations of irrigation
(distilled water or 60 mM NaCl
solution), with 10 repetitions in 12 L pots. Growth analyzes (height, stem
diameter, leaf number), relative chlorophyll content
and chapter diameter were performed. Under the experimental conditions employed,
sandy substrate, landfill percolate concentrations used promoted increases in
all growth variables analyzed in sunflower seedlings, especially at 80 Kg N ha-1.
Irrigation with 60 mM NaCl
solution did not cause negative effects on growth variables, thus demonstrating
the moderate tolerance of sunflower plants to salinity in sandy substrate.
Key words: Saline concentration; Fertilization; Helianthus annuus
L.; Growth Analyzes
INTRODUÇÃO
O girassol (Helianthus annuus L.) é
uma dicotiledônea anual da família Asteraceae com grande potencial agrícola,
podendo ser largamente utilizada como alternativa agrícola no semiárido
brasileiro (SILVA et al., 2017). A cultura está
aclimatada às condições edafoclimáticas da região e apresenta curto ciclo de
vida (SILVA et al., 2016).
A sua produção é destinada para a produção melífera, ornamental,
forragem alternativa, óleo para alimentação humana e, principalmente, a
produção de biocombustíveis, sendo uma das melhores alternativas vegetais
(SANTOS JÚNIOR et al., 2011). A cultura é
moderadamente tolerante à salinidade, contudo, é possível observar efeitos
deletérios, tais como alterações no metabolismo, na anatomia, na morfologia e
no crescimento das plantas (DA SILVA et al., 2015).
As regiões áridas e semiáridas são conhecidas por
apresentarem precipitações concentradas em curto período ao longo do ano, além
de elevada evapotranspiração, contribuindo para o acúmulo de sais nos solos. Essas intempéries dificultam a agricultura, devido à
maioria das culturas agrícolas serem intolerantes ao excesso de sais no solo
(SILVA et al., 2017). Outro problema encontrado pelos
agricultores é o tipo de água disponível nessas regiões, a qual muitas vezes
também possui alto teor salino (RIBEIRO et al., 2016).
A salinidade é um dos fatores que mais atinge a produção e a qualidade das
espécies agrícolas, podendo inibir o crescimento das plantas e até causar a
morte.
Além da salinidade dos solos, outra condição existente nessas regiões
são os solos com baixa fertilidade natural. Isso se constitui em um fator
limitante da produtividade das culturas devido à carência de nutrientes
essenciais ao seu crescimento e desenvolvimento (SOARES et
al., 2015).
O percolado de aterro sanitário é uma substância
líquida produzida a partir de processos físicos, químicos e biológicos aos
quais os resíduos sólidos urbanos são submetidos nos aterros. Esse líquido apresenta
uma composição físico-química variável e pode conter altos teores de nutrientes
presentes neste biocomposto. Entre esses
componentes, é possível encontrar o nitrogênio, macronutriente importante no
cultivo de plantas, tornando assim a utilização possível e uma solução
ambientalmente correta para a disposição final desse produto (NUNES JÚNIOR et al., 2016).
Na literatura atual, não há relatos sobre os efeitos da suplementação
com percolado de aterro sanitário no crescimento de plantas de girassol
crescendo sob condições de salinidade. Dada a importância econômica do girassol, a existência de áreas
que enfrentam problemas de salinidade na região e a necessidade de uma
destinação adequada do percolado gerado em aterros sanitários, os estudos contextualizados
nas condições de salinidade mostram-se relevantes. Portanto, a hipótese do
trabalho é que o percolado de aterro sanitário ocasiona melhoria no crescimento
desta cultura, mesmo irrigado com moderada concentração salina (60 mM de NaCl).
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a
utilização do percolado de aterro sanitário sobre o crescimento de plantas de
girassol irrigadas com água com moderada concentração salina, estudando-se os
efeitos em variáveis vegetativas e reprodutivas.
MATERIAL E
MÉTODOS
O experimento foi conduzido em área experimental localizada no
Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Ceará campus Maracanaú,
Ceará, Brasil, cidade que possui um clima Tropical quente subúmido,
durante os meses de janeiro a abril de 2018. A área experimental utilizada
possui uma cobertura com tela de plástico do tipo nylon, possibilitando
um sombreamento de 50%. No entanto, as precipitações pluviométricas caem no
ambiente de cultivo das plantas.
O experimento foi disposto em delineamento
inteiramente casualizado (DIC), em esquema
fatorial 4 x 2, sendo quatro fertilizações dos substratos
(1: 100% em volume de areia de granulometria fina - NBR 6502 peneirada em malha
de 5 mm e lavada com água destilada; 2: areia + adubo/fertilizante orgânico
misto com 80 kg de N ha-1, 3: areia + percolado de aterro sanitário a 80 kg
de N ha-1; e 4: areia + percolado de aterro sanitário a 160 kg de N
ha-1) e dois níveis de salinidade da água de irrigação (irrigação com
água destilada ou solução de NaCl a 60 mM), com 10 repetições e espaçamento de 50 cm entre os
vasos. Em vasos de 12 L (medidas aproximadas: 25 cm de
altura e 30 cm de diâmetro) contendo 5 perfurações no fundo com 1 cm de
diâmetro para a drenagem da água excedente, foram semeadas 5 sementes. Aos 7 dias após a semeadura (DAS) foi realizado um desbaste,
deixando-se apenas duas plantas por vaso. A irrigação foi realizada a 80% da
capacidade de campo. A reposição de água aconteceu diariamente levando-se em
consideração a água evapotranspirada por meio de
pesagem dos vasos.
O fertilizante orgânico misto utilizado foi de origem
comercial, tendo em sua composição esterco bovino e de galinha, serragem de
madeira, bagaço de cana e gesso agrícola e concentração de N-t de 120 g. kg-1.
O percolado de aterro sanitário possuía em sua composição em mg.L-1: N-t 364; P-t 7,9; Fe+2 16,1; Zn 22,3; Mn 24,5; Cu
1,5; P2O5 18,1; K2O 2,19; K+ 1,8; Na+ 235; Ca2+ 54; Mg2+ 58,5; Cl− 96.
Para ambos, fertilizante orgânico misto e percolado de
aterro sanitário, as quantidades adicionadas aos vasos foram calculadas de
acordo com as concentrações de N-t. Foram realizados cálculos para a
extrapolação das condições de campo (adição em kg de N ha-1) para
vasos individuais. O percolado foi acrescido nas 4 semanas
iniciais, 1 vez por semana até alcançar as concentrações finais desejadas (80 e
160 kg de N ha-1). O fertilizante orgânico misto foi acrescido uma
única vez no início do experimento. Durante o período experimental não houve a
necessidade da aplicação de novos nutrientes aos vasos, bem como não foram
aplicados defensivos agrícolas.
As avaliações de crescimento foram realizadas durante
todo o ciclo da cultura, aos 14, 29, 36, 42 e 62 DAS. Para altura, foram medidas as plantas desde o solo até
a gema apical com uma régua graduada em centímetros. Ao mensurar o diâmetro do
coleto, foi utilizado um de paquímetro digital 150 mm – Aço Inox Lee Tools Mod.
684132.
As sementes de girassol (H. annus), cultivar BRS 323 foram fornecidas pela Embrapa
Produtos e Mercado, escritório Dourados-MS. O percolado de aterro sanitário foi
coletado no Aterro Metropolitano Oeste de Caucaia – ASMOC nos dias 09 de
novembro de 2017 e 17 de janeiro de 2018.
Os teores relativos de clorofila (índices SPAD) foram obtidos com um
medidor portátil específico (modelo Minolta SPAD –
502, Osaka, Japão), na primeira folha completamente expandida, e o número de
folhas por contagem direta daquelas que estivessem completamente expandidas.
Logo que as inflorescências (capítulos) se abriram
(aproximadamente aos 50 dias), em seu estádio R5 (GAZZOLA et. al., 2012), realizou-se a cada 3 dias a
polinização de forma mecânica com o auxílio de um pincel. Avaliaram-se também os diâmetros dos capítulos no
momento de maturação fisiológica (em média aos 55 dias) com a utilização de uma
régua graduada em cm. O experimento foi conduzido durante a quadra chuvosa do
município de Maracanaú-CE (Figura 1).
Figura 1.
Precipitações médias no município de Maracanaú-CE nos meses janeiro a abril de
2018 (FUNCEME, 2018).
Ao final do período experimental, retiraram-se amostras dos substratos
para determinação do pH e condutividade elétrica. Após
secagem, os substratos foram misturados com água destilada (2:1 em massa) e
deixados em repouso por 24h para posterior medição.
Para o número de folhas, diâmetro dos coletos
e altura da parte aérea, os dados foram submetidos à análise de variância
(ANOVA) e regressão polinomial. Para os teores relativos de clorofila e
diâmetro dos capítulos, realizou-se ANOVA e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05).
Utilizou-se o programa estatístico Sisvar ®
5.6 (FERREIRA, 2014).
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Na Tabela 1 observa-se os valores das condutividades elétricas e dos pH dos substratos ao final do período experimental.
Verificou-se que a adição de percolado ocasionou acréscimo na condutividade
elétrica dos substratos, sendo ainda mais elevada em substratos irrigados com
solução de NaCl a 60mM. Contudo, as condutividades elétricas mantiveram-se
inferiores a 3,53 DS/m, quando o extrato de saturação de um solo é considerado
salino (MORAIS et. al., 2011; RICHARDS, 1954;). Esse fato poderia ser
atribuído à eficiente drenagem do substrato arenoso. Os pHs
mantiveram-se em faixas adequadas para nutrição vegetal, entre 5,85 e 7,11, já
que segundo Lepsch (2016), um solo que prejudica o
desenvolvimento das plantas possui pH abaixo de 5,5, podendo causar reduções no
crescimento das plantas.
Na Figura 2 é possível observar as curvas de resposta para as variáveis
altura da parte aérea (Figuras 2A e 2B), diâmetro do coleto (Figuras 2C e 2D) e número de folhas (Figuras 2E e 2F) das plântulas de
girassol irrigadas com água destilada e solução de NaCl
a 60 mM e suplementadas com percolado de aterro
sanitário. De modo geral, verificou-se que as plantas do tratamento que recebeu
80 Kg N ha-1 se destacaram tanto em condições controle como salinas,
seguidas do tratamento de 160 Kg N ha-1,
que também se apresentou mais elevado em relação ao adubo e areia.
Tabela
1. Condutividades elétricas (CE) e pH dos substratos ao final do período experimental. |
||||||||
Variável |
Controle |
Salino |
||||||
Areia |
Fertilizante Orgânico misto |
Percolado 80 Kg N ha-1 |
Percolado 160 Kg N ha-1 |
Areia |
Fertilizante Orgânico misto |
Percolado 80 Kg N ha-1 |
Percolado 160 Kg N ha-1 |
|
C.E.
(DS/m) |
0,025 |
0,040 |
0,028 |
0,029 |
0,086 |
0,282 |
0,353 |
0,504 |
pH |
7,11 |
6,61 |
6,41 |
6,13 |
6,37 |
5,83 |
5,95 |
5,85 |
Segundo Nunes
Junior et al. (2016), a aplicação de
percolado em etapas pode proporcionar respostas metabólicas nas plantas através
do fornecimento de N e outros macronutrientes. Na literatura, o nitrogênio é
associado facilmente ao crescimento das plantas e sua deficiência causa
alterações nas três variáveis analisadas (altura da parte aérea, diâmetro do
coleto e número de folhas). Assim, os valores obtidos dos tratamentos que
utilizaram percolado como nutriente se sobressaíram dos demais, mostrando-se
como uma boa fonte de nutrientes como o nitrogênio.
De modo geral, as curvas de resposta para altura da
planta (Figuras 2A e 2B) se comportaram de maneira quadrática. Ao avaliar as
plantas em condições controle (Figura 2A), observou-se que, no grupo
suplementado com percolado a 80 Kg N ha-1, os resultados foram mais
elevados, porém, diferindo dos demais após a terceira coleta de dados. As
plantas que menos se desenvolveram foram as do grupo areia, pois esta não
recebeu nenhuma suplementação. Não houve drásticas diferenças entre plantas
irrigadas com água destilada ou solução salina (Figura 2B), podendo ser
explicado pela ocorrência de grande pluviosidade, lixiviando a salinidade
aplicada em parte das plantas.
Figura 2. Altura da
parte aérea condições controle (A) e salinas (B), diâmetro do coleto - condições
controle (C) e salinas (D), número de folhas - condições controle (E) e salinas
(F) de plântulas de girassol em substratos com percolado de
aterro sanitário e submetidas à salinidade. Valores
médio ± os erros padrão. *Significativo a 0.01 de probabilidade;
**Significativo a 0.05 de probabilidade; ns Não
significativo.
Diferentemente do presente trabalho, Oliveira et
al. (2010), quando analisaram diferentes suplementações de nitrogênio atreladas
à salinidade, observaram que o crescimento em altura das plantas de girassol
foi afetado negativamente pelo aumento da pressão osmótica, o que desencadeia
uma plasmólise celular. Ribeiro et al. (2016), também
em girassol, ao analisar salinidades da água de irrigação de 0,5 a 4,5 dSm-1
com porcentagens crescentes de nitrogênio, concluíram que, após 30 dias da
semeadura, surgiram efeitos negativos no crescimento das plantas.
A Figura 2C mostra o diâmetro do coleto de plantas sob
condições controle. Observaram-se curvas de resposta cúbica (areia),
quadrática (adubo e percolado 80 Kg N ha-1) e linear (percolado 160
Kg N ha-1). No entanto, quando analisadas as plantas sob irrigação salina, foi possível observar que a sua
maioria se encaixou no modelo linear crescente, exceto as plantas que foram
suplementadas com adubo.
Assim como na altura, as plantas suplementadas com a dose 80 kg N ha-1
de percolado obtiveram um maior diâmetro do coleto em relação aos demais
tratamentos. Na condição controle, esse resultado chegou a ser 129% maior do
que as plantas cultivadas somente com areia, na última avaliação.
Adicionalmente, comparando-se às plantas suplementadas com percolado a 80 kg N
ha-1 sob condições salinas àquelas sob
condições controle, verificou-se que os valores foram 11,4% maiores na condição
salina.
Por outro lado, Santos Júnior et al. (2014),
cultivando plantas de girassol em diferentes concentrações de sal em sistema
hidropônico, observaram que houve decréscimo no diâmetro do coleto, sendo
acentuado quando a água de irrigação apresentava valores a partir de 6,0 dS m-1.
Ao avaliar diâmetro das plantas de girassol fertirrigadas
com porcentagens crescentes de percolado + água de abastecimento, Coelho et al. (2018) constataram que as plantas obtiveram
crescimento satisfatório deste parâmetro quando utilizadas baixas porcentagens
de percolado (até 60% percolado + 40% água de abastecimento).
Para o número de folhas (Figuras 2E e 2F), as equações ajustaram-se ao
modelo quadrático. Adicionalmente, sob condições
controle, não houve diferença entre os tratamentos contendo percolado e adubo.
Além disso, as médias desses tratamentos foram 31% (adubo), 33% (percolado 80
Kg N ha-1) e 28% (percolado 160 Kg N ha-1) superiores ao
de areia. Sob salinidade, os maiores valores foram
detectados no tratamento contendo percolado a 80 kg N ha-1.
Adicionalmente, os valores não diferiram das plantas irrigadas com água não
salina. Nunes Júnior et al. (2016), observaram
reduções no número de folhas quando submeteram plantas de girassol ao percolado
a 100 Kg N ha-1.
Para os teores relativos de clorofila (Figura 3), verificou-se tanto em
condições controle como salinas uma tendência de acréscimo nos valores dos
tratamentos contendo percolado. Sob condições
controle, a média nas plantas do tratamento com percolado a 80 kg de N foi 15%
maior que a do tratamento areia. Sob salinidade, esses
valores foram 18% maiores que o adubo.
Figura 3. Teores relativos de
clorofila (índice SPAD) de plântulas de girassol em substratos com percolado
de aterro sanitário e submetidas a irrigação com água
destilada (A) ou solução de NaCl a 60 mM (B) aos 42 dias após a
semeadura (DAS). Diferentes letras indicam diferenças significativas em relação
às diferentes suplementações de N em cada condição de irrigação (controle ou NaCl a 60mM) de acordo com o teste
de Tukey (p
≤ 0,05). Valores médios ± os erros padrão.
A aplicação de percolado de aterro sanitário ocasionou incremento dos
diâmetros dos capítulos (Figura 4), principalmente sob
condições salinas não havendo diferença significativa entre os
tratamentos a 80 e 160 kg de N, sendo a média desses tratamentos foram 194% e
177% superiores à média do substrato areia.
Ao avaliar diferentes doses de nitrogênio, Guedes Filho et al. (2015), também encontraram maior diâmetro do capítulo
de acordo com as doses adotadas e com as diferentes concentrações salinas
utilizadas, presumindo que o nitrogênio é responsável por atenuar os efeitos
deletérios do sal.
Figura 4. Diâmetro
do capítulo de plantas de girassol em substratos com percolado de aterro sanitário e
submetidas a irrigação com água destilada (barras
brancas) ou solução de NaCl a 60 mM
(barras cinzas). Conforme o teste de Tukey (p ≤ 0,05),
as diferentes letras maiúsculas indicam diferenças significativas devido ao
tipo de irrigação (controle e salino), enquanto diferentes letras minúsculas
diferenças significativas devido aos substratos empregados.
Diante de tais resultados, observou-se que as plantas
suplementadas com percolado de aterro sanitário a 80 kg N ha-1
apresentaram os melhores resultados, possibilitando uma maior suplementação nutricional
às plantas de girassol e favorecendo o seu crescimento. No entanto, a irrigação
com água de moderada concentração salina (60 mM de NaCl), não ocasionou alterações nas
variáveis de crescimento analisadas. Acredita-se que o uso de substrato arenoso
e vasos dotados de furos para drenagem, associados ao período chuvoso sejam
responsáveis pela ausência de diferenças drásticas entre plantas sob condições controle e salinas.
CONCLUSÕES
A aplicação de percolado de aterro sanitário na
concentração de 80 Kg N ha-1 promove incrementos em todas as
variáveis de crescimento vegetativo e reprodutivos nas plantas de girassol. A
irrigação com solução de NaCl
a 60 mM em substratos arenosos não ocasiona efeitos
negativos sobre as variáveis de crescimento em girassol.
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Ambiental, v. 19, n. 4, p. 336-342, 2015. 10.1590/1807-1929/agriambi.v19n4p336-342