ARTIGO CIENTÍFICO
Potencial
energético da microalga Oedogonium sp. na produção de
biocombustível sólido
Energy potential of the microalgae Oedogonium sp. in production of solid biofuels
Hívila
Maria Pontes Marreiro1; Andressa
Sales de Oliveira2; Riuzuani
Michelle Bezerra Pedrosa Lopes3
1Engenheira de Energias Renováveis. Mestranda em Energias Renováveis na
Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa. Fone: (83) 3216-7200, hivila.marreiro@gmail.com; 2Graduanda em Engenharia de Energias Renováveis
na Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, andressa.oliveira@cear.ufpb.br; 3Professora Doutora, do
Departamento de Engenharia de Energias Renováveis da Universidade Federal da
Paraíba. João Pessoa, riuzuani@cear.ufpb.br.
Recebido: 12/07/2019; Aprovado: 06/09/2019
Resumo: As energias
renováveis surgem como uma maneira de mitigar os prejuízos ambientais causados
pelas tradicionais fontes de energia, propondo também, uma diversificação da
matriz energética. Dentre os diversos vetores energéticos possíveis, as
microalgas surgem como uma boa opção para geração de energia por possuírem uma
alta capacidade de conversão de energia solar em energia química, tornando
amplas as possibilidades para obtenção de biomassa algal
em aplicações energéticas. Por meio delas é possível produzir biodiesel, bioetanol, gás metano e gás hidrogênio como combustível. O
presente trabalho, avalia o potencial energético da microalga Oedogonium sp. por meio de
sua análise físico-química e de poder calorífico, assim como a viabilidade da
sua densificação em forma de pellets, a fim de
aproveitá-la como matéria sólida para combustão. Para isso, foram realizadas
análises calorimétrica, termogravimétrica e imediata, onde nessa última foi
possível obter os teores de umidade, cinza, carbono fixo e voláteis presentes
na biomassa. Os resultados foram satisfatórios, nos quais o poder calorífico
superior foi igual a 16,13 MJ/kg, valor superior ao encontrado para lenha
comercial e dentro dos padrões impostos pelas normas europeia, sueca e
intencional de padronização de pellets.
Palavras-chave: Biomassa; Biocombustível; Pellets
Abstract:
Renewable energies arise as a way of mitigating the environmental damages
caused by traditional of energy sources, as well as offering a diversification
of the energy matrix. Among the many energetic vectors possible, microalgae are
a good choice for power generation due to their high conversion capacity of
solar energy into chemical energy, broadening the possibilities of obtaining
algal biomass in energetic applications. Through them, it's possible to produce
biodiesel, bioethanol, methane gas and hydrogen gas as fuel. The present work
evaluates the energy potential of the microalga Oedogonium sp. through its
physical-chemical analysis and the calorific value, as well as the viability of
its densification in the form of pellets, to be used as a solid combustion
material. For this, calorimetric, thermogravimetric
and immediate analyzes were performed, where in the latter it was possible to
obtain the moisture, ash, fixed carbon and volatile contents present in the
biomass. The results found in the analyzes were satisfactory, in which the
higher calorific value was 16,13 MJ/kg, higher than
that found for firewood, and in the standards imposed by European, Swedish and
international standards for pellets.
Key words: Biomass; Biofuel; Pellets
INTRODUÇÃO
Com o avanço tecnológico e o aumento da população e do poder de consumo
é notável o crescimento da demanda energética para atender aos padrões de vida
da sociedade (PEREIRA; HORN, 2010). Sabe-se também, que em nome de tais
avanços, os recursos naturais vêm sendo explorados em uma velocidade maior que
sua capacidade de reposição, podendo causar danos irreversíveis ao meio
ambiente (MARTINE et al., 2012).
Diante dos problemas ambientais e energéticos, resultado
do consumo desenfreado dos recursos naturais em nome do desenvolvimento, surgem as energias
renováveis. Elas apresentam-se como uma alternativa
sustentável de produção de energia, que graças às políticas ambientais e
avanços tecnológicos, estão se tornando cada vez mais atrativas a
investimentos, traçando um futuro otimista para produção energética dessa
natureza. Suas principais representantes são a biomassa, energia eólica e
energia solar.
A biomassa pode ser obtida a partir da
matéria orgânica de animais, fungos e vegetais, sendo este último dividido em
vegetais lenhosos e não lenhosos, que por sua vez acomoda a subclassificação
das algas (CORTEZ et al., 2008). Estes insumos podem ser transformados em gás, líquido
ou sólido para gerar energia térmica, elétrica ou combustível por meio de
diferentes rotas (DO AMARAL; TAVARES, 2013).
As algas e cianobactérias, por exemplo, produzem
proteínas, carboidratos e lipídios que podem ser convertidos em biodiesel e gás
hidrogênio (SINGH et al., 2016). Dentre elas, existem mais de 100 mil espécies diferentes
classificadas como algas: organismos aquáticos fotossintéticos que
necessitam de luz, carboidratos, N, P, K e CO2 para crescerem, e variam em tamanho, forma e cor (SCOTT et al.,
2010). Elas se dividem em dois grandes grupos, as macroalgas e as microalgas.
Estas últimas são organismos mensurados em micrômetros, compostos por
proteínas, lipídios e ácidos graxos, podendo ter outros componentes dependendo
da espécie e do local onde se encontram. Com uma estrutura unicelular, estes
microrganismos possuem uma simplicidade que lhes permitem a fácil conversão de
energia solar em energia química (CARDOSO et al.,
2011).
Diante dessa fácil conversão energética, um leque de
possibilidades se abre para o aproveitamento da biomassa algal
em aplicações comerciais. Muitas microalgas possuem a capacidade de produzir
gás hidrogênio por meio da energia solar, e por meio da fermentação da biomassa
produzem gás metano (ANDRADE; FILHO, 2014). Algumas delas, como a Botryococcus braunii, Chlorella, Crypthecodinium, Cylindrotheca, Dunaliella e a Isochrysis
possuem uma alta capacidade de síntese de lipídeos e alta produção de óleo que
se sobressaem em comparação a outras fontes permitindo
a geração de diferentes tipos de biocombustíveis como biodiesel e bioetanol (CARDOSO et al., 2011).
O biodiesel produzido por meio de microalgas possui
propriedades similares as do diesel fóssil, e do biodiesel a partir de
oleaginosas, podendo ser utilizado nos carros de motor a diesel já existente. A
produção de óleo varia de acordo com a espécie e com o tipo de cultivo, na qual
todas elas são compostas de triglicerídeos, que podem ser convertidos em
ésteres metálicos de ácidos graxos. As microalgas que mais se destacam quanto
ao conteúdo de triglicerídeos são: Botryococcus
braunii, Chlorella vulgaris, Dunaliella tertiolecta, Nannochloropsis sp, Schizochytrium sp
e Scenedesmus
obliquus (PEREIRA et al., 2012;
MENEZES et al., 2013).
As algas se enquadram na 3º geração da
biomassa e são uma forma promissora de produção de biocombustível
principalmente por não fazer uso de terras agricultáveis, como é o caso das
culturas agrícolas para fins energéticos (CARRIJO et al., 2015). Seu desenvolvimento não requer grandes volumes de água, podendo-se utilizar
água salgada, salobra ou mesmo águas residuais, diferentemente dos
biocombustíveis de 1º geração, etanol de caldo de cana e biodiesel de óleo de
soja, ou de 2º geração, etanol de celulose. (BRASIL,
B., 2014).
Nos oceanos ocorre cerca de
50% da absorção de CO2 na Terra, onde muitas vezes sua fixação é
maior do que a liberação. Esse processo ocorre na zona eufótica,
onde se encontram as microalgas, que são as principais responsáveis pela
absorção biológica de CO2
atmosférico (OHSE et al., 2007). Parte do CO2
absorvido é transferido para o fundo do oceano, onde
esse fenômeno associado à difusão do dióxido de carbono na água atenua o
acúmulo de gases de efeito estufa (HOMIAK; MORESCO, 2014).
Além disso, sua alta capacidade de absorção de CO2
pode ser associada a plantas industriais responsáveis por emitir grandes
volumes de CO2 na atmosfera, que pode ser recuperado em processos de
fotobiorreatores e lagoas de canais para
potencializar a produção de microalga. Essa biomitigação
do dióxido de carbono através de microalgas lhes permite uma alta taxa de
crescimento e aproveitamento de CO2, tornando-se possível graças à
existência de microalgas tolerantes a gases como NOX e SOX,
que estão presentes nos gases de combustão (BRENNAN; OWENDE, 2010).
Diante da versatilidade desta biomassa, é importante
inteirar-se das suas propriedades visando obter uma resposta do potencial
energético que ela tem a oferecer. Para isso, a sua caracterização é uma boa
forma de entender o comportamento e a capacidade energética do material.
Este trabalho, por sua vez, visa realizar um estudo
sobre o potencial energético da microalga Oedogonium sp. por meio da
análise física e química, e do seu poder calorífico, comparando-a com outras
biomassas tradicionais. Além disso, decidiu-se avaliar a densificação
da matéria em forma de pastilhas, como forma de analisar a viabilidade da
produção de pellets.
MATERIAL E
MÉTODOS
A amostra utilizada para
realização do estudo foi retirada de tanques localizados num criadouro de
peixes ornamentais da espécie Betta splends, situada no
bairro do Altiplano em João Pessoa, capital da Paraíba, na região nordeste do
Brasil (Figura 1). A microalga em
questão é utilizada como agente fitorremediador para
purificar a água dos tanques (melhorando a sua qualidade) que contêm os peixes,
e este trabalho, por sua vez, vem avaliar o seu potencial energético.
Figura 1: Localização Fixa do Viveiro de peixes no bairro do Altiplano em João Pessoa, Paraíba.
Fonte: Autoras,
2019
A coleta das amostras foi feita
manualmente, no período da tarde, auxiliada por um dos funcionários do
criadouro e retiradas diretamente dos tanques continentes dos peixes, que foram
escolhidos de maneira aleatória. As microalgas encontravam-se dispostas na
superfície da água e na presença de algumas folhas que foram retiradas durante
uma limpeza posterior. Assim que coletadas, as algas foram reservadas em
recipientes plásticos, sendo mantidas a temperatura ambiente até o momento que foram levadas ao laboratório.
Após a coleta, a amostra da microalga in natura foi levada ao LARBIM (Laboratório
de Ambientes Recifais e Biotecnologia com Microalgas)
da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, na cidade de João Pessoa, Brasil,
para confirmação da sua espécie. Diante da análise laboratorial, na qual foi
feita a micrografia da alga, constatou-se que a amostra em questão se tratava
da microalga de gênero Oedogonium sp,
pertencente ao filo Chlorophyta (Figura 2A), que caracteriza-se por
seus filamentos cilíndricos não ramificados, com apenas uma célula de espessura
e de cor esverdeada, como pode ser melhor observado na micrografia usando a
análise de Microscopia Eletrônica (ME) da Figuras 2 B. É normalmente encontrada em corpos de água doce, podendo estar
livre e flutuante, ou ligada a outras plantas existentes no ambiente
(OEDOGONIUM, 2019).
O gênero acomoda algas de porte grande e
microscópicas, podendo ser encontradas em diversas partes do planeta. Cassol et al. (2013) as estudou na Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM) no estado do Rio Grande do Sul no Brasil. Por sua vez, Szymańska et al. (2015) tiveram contato com as microalgas na bacia do Lago
Luknajno, pertencente à Reserva da Biosfera da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Estas eram comumente
encontradas junto a outras algas filamentosas, formando esteiras flutuantes
margeando os corpos d’água ou cobrindo substratos submersos de materiais
vegetais vivos ou mortos.
Figura 2: Micrografia da microalga Oedogonium sp.
Fonte: Laboratório de Ambientes Recifais
e Biotecnologia com Microalgas da Universidade Federal da Paraíba.
Após a identificação, a alga foi levada para o
Laboratório de Materiais e Química Ambiental (LABMAQ) da UFPB para realização
das análises necessárias. Inicialmente
a biomassa in natura (Figura 3)
passou por um processo de limpeza dos materiais sólidos como pequenas folhas e
pequenos caramujos, para então ser submetida à análise de umidade.
As amostras foram secas em uma estufa de
circulação de ar forçada por 24h distribuídas em 3
dias, a 110ºC para então serem realizadas as análises em base seca. O processo
de secar a amostra é muito importante para evitar a decomposição da matéria,
que por conter muita umidade se degrada rapidamente. É aconselhável encontrar
medidas que promovam a secagem da biomassa economizando o máximo de energia
possível, de modo que, submeter à amostra a luz solar é uma boa opção.
Depois de seca, a biomassa foi separada
manualmente, de modo a encontrar-se como exposto na Figura 4, para então ser
submetida às análises imediata e de poder calorífico. Para cada análise foram
feitas duas amostras, cada uma com 1g da biomassa, pesadas na balança de
precisão, onde o resultado final de cada é tido pela média da duplicata das
amostras analisadas.
Figura 3: Biomassa in
natura da microalga Oedogonium sp.
Fonte: Autoras, 2018
Figura 4: Biomassa seca de microalga Oedogonium sp.
Fonte: Autoras, 2018
O teor de umidade foi obtido pela balança de umidade
digital mediante duas amostras, cada qual com 1g da biomassa in natura. O processo é simples,
fazendo-se necessário apenas o correto manuseio do equipamento e aguardar o seu
tempo de funcionamento.
Para determinação do teor de voláteis seguiu-se a
norma ASTM E872, na qual as amostras foram secas na balança de umidade,
separadas em dois cadinhos diferentes, cada qual com 1g de amostra em ensaios
separados.
O processo de queima da biomassa acontece de forma
rápida, onde a amostra é aquecida por um total de 7 minutos com o forno a
temperatura de 950ºC. Nos primeiros 2 minutos o cadinho é colocado na porta do
forno mufla e nos 5 minutos seguintes ele é aquecido
dentro do forno.
Passado o tempo de aquecimento na mufla,
o cadinho é retirado para esfriar até perder a cor avermelhada devido ao
excesso de calor, para em seguida esfriar no dessecador até a temperatura
ambiente. Por fim o teor de umidade pode ser determinado pelas Equações 1, 2 e
3:
Mresidual = Mf(am+cad) – Mcad [1]
X= (Mresidual / Mi(am)).100 [2]
%TV = 100 - X
[3]
Em que: TV, teor de voláteis (%); Mresidual,
massa da amostra após a queima (g); Mcad, massa do
cadinho com a tampa (g); Mf(am+cad), soma das massas do cadinho com a tampa e da
amostra(g); Mi(am), massa inicial da amostra (g).
A determinação do teor de cinzas foi segundo a norma
ASTM E1755, cujo processo envolve secar as duas amostras de biomassa cada qual
com 1g, na balança de umidade, dispor o cadinho a temperatura ambiente na Mufla e aguardar o aquecimento do forno até 575 º C.
Esse
aquecimento ocorre de forma controlado a uma taxa de 10ºC/min, no qual a Mufla deve atingir 250ºC e manter-se nessa temperatura por
30 min, e em seguida é programada para chegar a 575ºC permanecendo assim por
mais 2 horas, até que todo o carbono tenha queimado.
Em sequência a amostra é colocada no dessecador até
atingir a temperatura ambiente, permitindo que seja feita a sua pesagem após a
queima, concluindo com os cálculos do teor de cinzas propriamente dito nas
Equações 4 e 5.
Mcinzas = Mf(am+cad) – Mcad [4]
%TC = (Mcinzas / Mi(am)).100 [5]
Em que: TC, teor de cinzas (%); Mcinzas,
massa de cinzas após a queima (g); Mf(am+cad), massa do cadinho com a amostra (g); Mcad, massa do cadinho(g); Mi(am),
massa inicial da amostra (g).
A determinação do teor de carbono fixo foi realizado
de acordo com a equação 6, sendo uma relação entre o
teor de cinzas e o teor de material volátil para cada amostra realizada.
CF = 100 – (TC + TV) [6]
Em que: CF, carbono fíxo;
TC, teor de cinzas; TV, teor de voláteis.
O PCS foi
determinado a partir da bomba calorimétrica, modelo IKA C200, segundo a norma
ASTM D5865-13. Para realizar a análise de Termogravimetria
(TG) e Termogravimetria Derivada (DTG), a biomassa
que antes tinha sido fragmentada manualmente, foi processada no liquidificador
MOD. BR 3,5 L da marca COLOMBO e em seguida peneirada na peneira com furos de
250 μm (60 mesh), mantendo
um padrão de granulometria das partículas.
As análises
foram realizadas no equipamento TGA Q50 V6.7 da TA Instruments. O experimento foi realizado em atmosfera de
nitrogênio com uma vazão de 50 ml/min, cadinho de platina, peso da amostra em
torno de 10 mg e temperatura programada partindo da
temperatura ambiente até 900 °C a uma taxa de aquecimento de 10°C/min.
Para realizar a densificação da biomassa foram feitas três amostras, das
quais a primeira (amostra 1) foi peneirada em uma
malha 60 mesh e as duas restantes (amostra 2 e 3)
foram processadas no liquidificador industrial, de modo a deixar as partículas
mais semelhantes as da análise imediata.
A biomassa foi densificada em forma de pastilha para avaliar a viabilidade
da produção de pellets com as amostras utilizadas. Não foi necessário utilizar
nenhum aglutinante junto à biomassa para realizar sua compactação, fazendo-se o
uso apenas da prensa hidráulica, Marcon, que é
operada manualmente e possui capacidade de operação de 30 toneladas.
O molde
utilizado para produção das pastilhas densificadas
possui 5 cm de diâmetro, é feito de aço, o qual foi
submetido a uma carga de 10 toneladas para cada amostra que foi colocada em seu
interior. Para a produção de cada pastilha foram utilizados aproximadamente 6g
da biomassa seca da microalga (Figura 5).
Figura 5: Prensa hidráulica, Marcon,
com amostra de biomassa no recipiente de aço.
Fonte: Autoras, 2018
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio da análise imediata foi possível observar o
teor de umidade, teor de material volátil, teor de cinzas e teor de carbono
fixo. Além disso, foi determinado o poder calorífico superior. Os resultados
médios para estas análises podem ser observados na Tabela 1, em que, observa-se
o alto teor de umidade em base úmida da amostra in natura, 88,37 %, fato que do ponto de
vista energético configura-se como um problema à queima da biomassa, uma vez
que, parte do calor gerado será utilizada para evaporar a água presente na
amostra e não para gerar energia. Sendo assim, faz-se necessário algum
procedimento para retirada do excesso de umidade, que por sua vez deve ser
viável economicamente e tecnologicamente.
Tabela 1: Análise imediata (teor de umidade, teor de material
volátil, teor de cinzas e teor de carbono fixo) e poder calorífico da
microalga Oedogonium sp. |
|
Valores Médios |
|
Teor de Umidade
(%) |
88,37 ± 1,13 |
Teor de
Voláteis (%) |
71,68 ± 1,96 |
Teor de Cinzas
(%) |
18,09 ± 1,79 |
Teor de carbono
fixo (%) |
10,23 |
PCS (MJ/Kg) |
16,13 ± 0,87 |
A umidade da amostra foi retirada através
da estufa de circulação de ar. No entanto, outros métodos podem ser utilizados,
como a secagem natural ao sol e utilização de secadores que aproveitam energia
solar. Ainda é possível realizar a associação da produção de energia a partir
das microalgas a plantas industriais, como usinas de cana-de-açúcar, onde é
possível reaproveitar o calor gerado por algum processo na secagem das
microalgas.
O teor de material volátil da microalga Oedogonium sp. foi igual a 71,68 %, um valor alto e muito próximo aos
75,33% encontrados por Hansted et al. (2016) para biomassa sólida da espécie
arbórea Leucaena leucocephala
(leucena). Este valor expressivo caracteriza a alga
em estudo, como um combustível mais inflamável e consequentemente de queima
rápida. Conhecer essa propriedade do combustível possibilita seu correto
emprego e manipulação, uma vez que para queima direta um alto teor de material
volátil é satisfatório devido a sua fácil ignição. No entanto, Vieira et al. (2013), chama atenção para o fato de que um processo
de combustão rápido é mais difícil de controlar, além de afetar o processo como
o todo.
O teor de cinzas
foi de 18,09 % também se apresentou um pouco elevado, principalmente ao ser
comparado com o teor de 5,68 % dos briquetes da cana-de-açúcar (PADILLA et al., 2016). O
teor de carbono fixo por sua vez, foi 10,23 %, valor que condiz com os obtidos
nas análises anteriores de teor de umidade, teor de cinzas e material volátil,
uma vez que ele diz respeito à porcentagem da amostra que resta após subtrair
essas parcelas citadas. É desejável que o teor de carbono fixo seja elevado,
pois ele representa a quantidade de carbono que vai ser efetivamente convertido
em energia.
O poder calorífico superior obtido foi de
16,13 MJ/kg, mostrando-se satisfatório, indicando o bom potencial para
conversão energética da microalga. O PCS encontrado foi superior ao de
biomassas tradicionais apresentadas por Brasil (2013), como o a lenha catada e
a lenha comercial com valores energéticos de 13,819 MJ/kg (ou 3.300,00 kcal/kg)
cada, que além de possuírem um menor PCS, emitem CO2 atmosférico. De
acordo com Müzel et al.
(2014), a madeira Florestal de espécie Hevea brasiliensis
apresentou um PCS igual a 17,87 MJ/kg (ou 4.157,80 kcal/kg), valor um pouco
mais elevado, mas muito próximo ao da microalga em estudo.
A densificação
da biomassa foi feita em forma de pastilhas (Figura 7) para avaliar a
viabilidade da produção de pellets com a microalga Oedogonium sp, bem como
seu poder energético. Para isso as análises foram comparadas
com as normas europeia, CEN/TS 14961-2, a SS 18 71
20, sueca, e a ISO 17225-6.
As pastilhas possuem 5
cm de diâmetro, pesam em torno de 6g, com 3 mm de espessura para primeira
amostra, 3,4 mm para a segunda e 3,6 mm para a terceira. O processo de densificação não altera a maioria das características já
analisadas, no entanto a umidade foi novamente medida após a biomassa ter
secado na estufa por 24 horas aproximadamente e ter sido submetida à prensa.
Figura 6: Biomassa densificada
em forma de pastilhas da microalga Oedogonium sp.
Fonte: Autoras, 2018.
A umidade em base seca foi de 7,85 % para
a amostra 1; 7,45 % amostra 2 e 7,35 % para a amostra
3, resultando numa média de 7,55 % ±
0,26. A densidade aparente que foi medida por meio do método do picnômetro apresentou uma média de 1271,50 kg/m³. Os teores
de cinza, material volátil e carbono fixo mantiveram-se iguais a 18,09 %, 71,68
% e 10,23 % respectivamente, uma vez que essas parcelas não se alteram após
serem submetidos a secagem e a densificação,
motivo pelo qual não foi necessário repetir essas análises. O mesmo acontece
com o PCS, que se manteve igual a 16,13 MJ/kg.
Dentre as normas disponíveis para pellets
de madeira observou-se que, de acordo com a norma sueca SS 18 71 20, para
pellets, da classe G3, a biomassa densificada Oedogonium sp
atende as especificações técnicas para os valores de densidade aparente (≥ 500
kg/m³), teor de umidade (≤ 12%) e poder calorífico (≥15,0 MJ/Kg) (SS187180,
1999). O mesmo aconteceu para a norma europeia CEN/TS 14961-2 da classe B, que
requer densidade aparente maior que 600 kg/m³, teor de umidade inferior a 10% e
poder calorífico superior a 16MJ/Kg (DIN, 2011).
Muitos países normatizaram seus próprios
padrões de qualidade para pellets, no entanto, o Brasil ainda não implementou os seus (SPANHOL et al.,2015). No intuito de unir a
certificação dessas normas, surgiu a International Organization for Standardization-ISO 17225
(2014), na qual, os pellets classificam-se em comerciais, industriais e não
lenhosos (GARCIA et al., 2018).
Diante da norma ISO 17225-6, em sua classe
A, para pellets não lenhosos, as pastilhas densificadas de Oedogonium sp
atenderam bem as especificações para densidade aparente, teor de umidade e
poder calorífico, cujos seus respectivos valores normatizados a serem atingidos
são de ≥ 600 kg/m³, ≤ 12% e ≥14,1 MJ/Kg,
configurando-se como a melhor classificação normatizada para as pastilhas (ISO
17225, 2014).
Diante dos valores totalmente
satisfatórios para a densidade aparente e teor de umidade em comparação com as
normas de padronização e qualidade para pellets e com o poder calorífico acima
dos padrões, entende-se que a microalga Oedogonium sp apresenta um bom potencial
energético e boas condições para produção da biomassa densificada
em forma de pellets.
As curvas da TG e DTG são resultado da
combustão e pirólise de uma determinada amostra, sob uma variação de
temperatura controlada. A análise iniciou-se com uma massa igual a 10,551 mg e sofreu uma perda de 9,212 mg, representando uma
degradação de cerca de 87% de sua massa inicial. Na Figura 7 é possível
observar a curva de degradação térmica da microalga Oedogonium sp em atmosfera
inerte.
Figura 7: Curvas de Termogravimetria
(TG) e Termogravimetria Derivada (DTG), ao longo da
variação de temperatura (T), da microalga Oedogonium sp.
Pela curva da TG
nota-se que a perda de massa ocorre em três etapas, que segundo Rambo et al. (2015), corresponde a
uma característica típica da degradação térmica da biomassa lignocelulósica,
a primeira delas comumente associada a perda de umidade, ocorre entre 50° C e
100° C, seguida da decomposição da hemicelulose e
celulose (carboidratos) entre 250º C e 400° C, finalizando com uma etapa lenta
e contínua correspondente a degradação da lignina a temperaturas acima de 400°
C.
Analisando a Figura 7, é notável a
ocorrência da etapa correspondente a perda de umidade residual da amostra, no
intervalo de 23°C a 117°C, isso se dá com um decréscimo de 10,13% da massa
inicial ou 1,069 mg. Ainda nesta etapa existe um pico
máximo em 63,75 °C na curva da DTG, referente à perda de umidade.
A segunda etapa acontece entre 117° C e
418º C, com uma perda de 46,39% da massa inicial ou 4,895 mg,
que de acordo com Carrier et al. (2011), corresponde a degradação da hemicelulose
e celulose. Desse modo, os dois picos existentes na DTG zoneados de 256,59 °C a 302 °C, e de 308,58°C a 406,89 °C, correspondem à formação dos produtos da degradação da hemicelulose e celulose.
Por último, a terceira etapa acontece
entre 418º C e 900°C, com uma perda 31,50% da massa inicial ou 3,324mg. Na curva da DTG é possível observar alguns picos, com
destaque para aquele cujo pico de máxima temperatura ocorre em 732,83°C, entre 701°C e 775,15°C, e ao último pico com
temperatura máxima de 852,20°C, localizado entre 791,62°C e 885,21°C.
Segundo Singh et al. (2016), a
presença dos picos na última etapa de degradação da biomassa se dá
devido a pirólise da lignina, sendo esta dividida em reações que ocorrem em uma
ampla faixa de temperaturas, indicando a presença de mais de um pseudo componente (álcool sinapílico,
álcool coniferílico e álcool guaiacila).
O último pico desta etapa apresenta-se de forma
atípica no fim da decomposição, sendo um indicativo de que ainda existe matéria
a ser degrada, como por exemplo, voláteis pesados. As temperaturas e perdas de
massa para cada etapa citada acima podem ser observadas na Tabela 2.
Tabela 2: Temperaturas e perda de massa das etapas da
degradação da microalga Oedogonium sp. |
|||||
Intervalos de temperatura |
Temperatura de pico (°C) |
Perda de massa (%) |
Perda de massa (mg) |
Componente degradado |
|
23°C – 117°C |
63,75 |
10,13 |
1,069 |
Umidade |
|
117 °C – 418°C |
266,85 |
46,39 |
4,895 |
- |
|
418 °C – 900°C |
852,20 |
31,50 |
3,324 |
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CONCLUSÕES
A microalga Oedogonium sp. apresenta um bom potencial
energético, pelo elevado poder calorífico superior,
podendo ser um bom substituto a biomassas sólidas tradicionais e emissoras de
CO2.
As pastilhas densificadas
atendem às normas técnicas para pellets.
A biomassa da microalga Oedogonium sp. tem boa
viabilidade na produção de pellets, oportunizando seu transporte e
comercialização como produto para combustão.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal da Paraíba pelo apoio nesta pesquisa através do Laboratório de Materiais e Química Ambiental e do Laboratório de Ambientes Recifais e Biotecnologia com Microalgas.
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