NOTA CIENTÍFICA
Substratos para propagação
rápida de mandioca tipo mesa
Substrates for
rapid propagation of table cassava
Sustratos para la rápida propagación de la yuca de mesa
Aaron de Sousa Alves1; Khayran
Lopes2; Whéllyson Pereira Araújo3;
Arsenio Pessoa de Melo Júnior4
1Doutor em
Engenharia Agrícola, Irrigação e Drenagem, Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Piauí, Campus Oeiras, Oeiras,
Piauí, +55(99)98415-7100, e-mail: aaron.alves@ifpi.edu.br; 2Discente do Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia do Piauí, Campus Oeiras, Oeiras, Piauí, e-mail: lopezinho04@gmail.com; 3Doutor em Engenharia Agrícola, Irrigação e Drenagem, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Piauí,
Campus Paulistana, Paulistana, Piauí, e-mail: wpacordao@hotmail.com; 4Doutor em Engenharia Agrícola, Irrigação e Drenagem, Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Campus Petrolina
zona rural, Petrolina, Pernambuco, e-mail: arseniopessoa@uol.com.br
Recebido: 19/11/2019; Aprovado: 30/06/2020
Resumo: Presente
em todas as regiões, a mandioca, tem importância fundamental na alimentação
humana e animal, seja como matéria-prima para a obtenção de produtos
industriais e/ou na geração de emprego e renda no campo. Em meio à relevância desta
cultura para o atual cenário econômico nacional, objetivou-se com este estudo avaliar
os efeitos de diferentes composições de substratos sobre o desenvolvimento de
estruturas vegetativas de mandioca do tipo mesa mediante a adaptação da técnica
de propagação rápida, como alternativa à oferta de mudas de melhor qualidade para
comunidades tradicionais inseridas no semiárido piauiense. O experimento foi
desenvolvido em ambiente protegido no Instituto Federal do Piauí, Campus
Oeiras. Obedecendo ao delineamento em blocos casualizados,
sendo testadas 12 composições de substratos formulados a partir da mistura de
areia lavada, solo e esterco bovino. A
mistura de substratos Solo
+ Areia lavada + Esterco bovino (1:1:2) e Areia lavada + Esterco bovino (1:2)
são eficientes para o desenvolvimento vegetativo
das brotações de mandioca do tipo mesa, permitem a obtenção de mudas de melhor qualidade para
estabelecimento em campo e, portanto, são recomendados para produção de mudas da cultura no processo de propagação rápida.
Palavras-chaves:
Manihot esculenta; Arranjos
produtivos; Multiplicação rápida.
Abstract: Present
in all regions, cassava is of fundamental importance in human and animal
nutrition, either as a raw material for obtaining industrial products and for
generating employment and income in the field. In the midst of the relevance of
this culture to the current national economic scenario, the objective of this
study was to evaluate the effects of different substrate compositions on the
development of vegetative structures of cassava of the table type by adapting
the technique of rapid propagation, as an alternative to offering better
quality seedlings to traditional communities in the semi-arid region of Piauí. The experiment was developed in a protected
environment at the Federal Institute of Piauí - IFPI,
Campus Oeiras. Obeying the randomized block design,
12 substrate compositions formulated from the mixture of washed sand, soil and
bovine manure were tested. The Soil + washed sand + bovine manure (1:1:2) and
washed sand + bovine manure (1: 2) substrates are efficient for the vegetative development
of table-type cassava sprouts, allowing better seedling production quality for
establishment in the field and are recommended for the production of crop
seedlings in the rapid propagation process.
Key words: Manihot
esculenta; Productive arrangements;
Fast multiplication
Resumen: Presente en todas las regiones,
la yuca es de importancia fundamental en la nutrición humana y animal, ya sea como materia
prima para obtener productos
industriales y / o para generar
empleo e ingresos en el campo. En
medio de la relevancia de esta cultura para el
escenario económico nacional actual,
el objetivo de este estudio
fue evaluar los efectos de diferentes composiciones de sustrato en el desarrollo
de estructuras vegetativas de yuca
del tipo de tabla mediante la
adaptación de la técnica de
propagación rápida, como alternativa a ofrecer plántulas de mejor calidad a las comunidades tradicionales en la región
semiárida de Piauí. El experimento se realizó en un entorno protegido en el Instituto Federal de Piauí
- IFPI, Campus Oeiras. Obeying the
randomized block design, 12 substrate compositions formulated from the mixture
of washed sand, soil and bovine manure were tested. Los suelo + arena lavada + estiércol
bovino (1:1:2) y arena lavada + sustrato de estiércol bovino (1: 2) es eficiente para el desarrollo vegetativo de los brotes de yuca tipo mesa, permitiendo una mejor producción de plántulas calidad para el establecimiento en el campo y se recomiendan para la producción de plántulas de cultivo en el proceso de propagación
rápida.
Palabras
Clave:
Manihot esculenta; Arreglos
productivos; Multiplicación
rápida
INTRODUÇÃO
A necessidade de culturas com
características de tolerância a condições adversas como presença de pragas e
doenças, restrição hídrica, nutricional ou mesmo adversidades climáticas,
frequentes em muitas áreas inseridas nos domínios do semiárido brasileiro,
requer, constantemente, o aperfeiçoamento de técnicas de cultivo que promovam a
utilização racional dos recursos naturais e agrícolas.
Além de fatores morfológicos e
fisiológicos adequados, os ambientais conferem importância singular para o
desenvolvimento inicial de mudas, em que, o tipo de substrato utilizado pode
conferir plantas com melhor desempenho em campo. A aeração, drenagem,
capacidade de retenção de água e disponibilidade de nutrientes pelos substratos,
variam, segundo (SILVA et al., 2011) de acordo com o tipo de material utilizado
para a sua formulação. E podem influenciar diretamente a formação do sistema
radicular e o desenvolvimento da parte aérea das mudas.
Atributos que promovam rusticidade natural,
elevada adaptação a condições variadas de clima e solo, rendimento satisfatório
sob condições de baixa fertilidade e tolerância a diversos patógenos, proporcionam
à mandioca de mesa - Manihot utilissima, Pohl (Manihot esculenta, Crantz) grande
destaque entre as culturas de interesse econômico, com respaldo em uma ampla
distribuição geográfica. Devido a estas particularidades, a mandioca é
comumente cultivada por pequenos agricultores, em áreas em que os solos são, em
geral, nutricionalmente pobres e sob condições climáticas desfavoráveis à
exploração de culturas mais exigentes em nutrientes.
Embora o estado do Piauí figure como um
produtor em potencial de mandiocas as produtividades registradas em 2018 não
ultrapassaram as 7,4 t ha-1 (IBGE, 2018). Logo, inferior à média
nordestina que é de aproximadamente 9,8 t ha-1 e à média nacional
que corresponde a cerca de 14 t ha-1 (GROXKO, 2017).
Esta baixa produtividade observada no
estado Piauí, pode ser, atribuída à insuficiente disponibilidade de material
vegetal de boa qualidade para o plantio, tendo em vista que no estado, o
cultivo de mandioca é caracterizado pela aplicação de métodos tradicionais,
associado ao baixo nível tecnológico predominante, em pequenas propriedades de
base familiar, o que põe em risco a manutenção da atividade nestas localidades.
Na região noroeste de Minas Gerais, Vieira
et al. (2015) observaram que o cultivo da mandioca de mesa ocorre com baixo
emprego de tecnologias, as variedades utilizadas, normalmente, não passam por
um processo formal de melhoramento genético, sendo suscetíveis à bacteriose e
com baixo potencial de produção de raízes tuberosas.
Acredita-se que elementos associados ao
envelhecimento fisiológico da própria planta decorridos de multiplicações
vegetativas sucessivas, a ocorrência frequente de pragas e doenças, em menor
e/ou maior intensidade, podem restringir significativamente a disponibilidade
de material vegetal tanto em qualidade quanto quantidade para o plantio, devido
a obtenção tradicional das estacas (manivas-sementes).
Uma alternativa ao método tradicional de obtenção
manivas-sementes e propagação de mandiocas que pode efetivamente reduzir as
falhas no estabelecimento da cultura em campo foi proposto por Ceballos et al. (1980), no Centro Internacional de
Agricultura Tropical (CIAT), na Colômbia, que criou uma técnica de propagação
rápida de mandiocas que permite obter plantas vigorosas o suficiente que
possibilita ampliar em até 100 vezes a taxa de multiplicação de
manivas-sementes.
A técnica de propagação rápida da mandioca,
permite reduzir o tempo de estabelecimento da planta quando comparado a
propagação sexuada e tem como maior benefício a manutenção das características
morfológicas e agronômicas originais (FUKUDA; CARVALHO, 2006).
A concepção das condições ótimas à
brotação e enraizamento dessas estruturas, associada à melhor época de plantio,
exige conhecimentos técnicos nem sempre disponíveis, em que, a produção de
mudas de boa qualidade é uma das dificuldades que se enfrenta nesse processo,
exigindo dos pesquisadores estratégias de multiplicação que permita o
desenvolvimento de sistemas produtivos mais eficazes e oportunos. Especialmente,
para culturas com importância singular no contexto cultural, econômico e
social, como a mandioca de mesa. Essa importância aumenta quando a cultura tem
comprovado valor nutritivo, compondo um importante suporte para a
sustentabilidade alimentar, pois, muitas famílias em situações de
vulnerabilidade têm nessa cultura uma significativa fonte de alimento e renda.
Objetivou-se com este estudo avaliar os
efeitos de diferentes composições de substratos sobre o desenvolvimento de
estruturas vegetativas de mandioca do tipo mesa, mediante a adaptação de
técnica de propagação rápida.
MATERIAL E MÉTODOS
Os
estudos foram conduzidos no viveiro de mudas no Instituto Federal do Piauí (IFPI),
Campus Oeiras. O local encontra-se à mesorregião Sudeste do estado do Piauí,
mais precisamente na microrregião de Picos, sob às coordenadas 07° 01' 31"
de Latitude Sul e 42° 07' 52" de Longitude Oeste de Greenwich, a
aproximadamente 180 m de altitude e, cerca de 289 km da capital Teresina e a 86
km da cidade de Picos.
Conforme
classificação de Köppen a região possui clima do tipo
Aw (semiúmido e quente), cuja, precipitação média
anual abrange os 1.100 mm e a temperatura média compreende os 29 °C.
O
delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados,
em que foram testados 12 substratos obtidos a partir da mistura de solo, areia
lavada e esterco bovino (Tabela 1), com quatro repetições contendo 9 miniestacas cada uma, totalizando 36 miniestacas
por substrato.
Tabela 1. Composição dos substratos utilizados para avaliação
do desenvolvimento de estruturas vegetativas proveniente de miniestacas de mandioca de mesa, por meio da aplicação da
técnica de multiplicação rápida. |
||
SUBSTRATOS |
COMPOSIÇÃO |
PROPORÇÕES |
I |
Solo |
100% |
II |
Areia lavada |
100% |
III |
Solo + esterco bovino |
1:1 |
IV |
Areia lavada + esterco bovino |
1:1 |
V |
Solo + esterco bovino |
2:1 |
VI |
Areia lavada + esterco bovino |
2:1 |
VII |
Solo + esterco bovino |
1:2 |
VIII |
Areia lavada + esterco bovino |
1:2 |
IX |
Solo + areia lavada + esterco
bovino |
1:1:1 |
X |
Solo + areia lavada + esterco
bovino |
2:1:1 |
XI |
Solo + areia lavada + esterco
bovino |
1:2:1 |
XII |
Solo + areia lavada + esterco
bovino |
1:1:2 |
O
solo utilizado na composição dos substratos foi proveniente de área agricultável, cultivada com
culturas anuais e perenes no campo agrícola do IFPI, Campus Oeiras. Este, por sua vez, foi coletado à
camada de 20 cm, transportado ao viveiro de mudas da referida Instituição, onde
foi seco ao ar. Após a secagem, retirou-se uma amostra de aproximadamente 500 g
e encaminhada ao Laboratório TERRA Análises para
Agropecuária Ltda, Goiânia
- GO para
caracterização química e granulométrica, Tabela 2.
Tabela 2. Caracterização
química e granulométrica do solo utilizado na composição dos substratos. |
||||||||||||||||||||
................................................................................
Complexo Sortivo
................................................................................. |
||||||||||||||||||||
pH |
MO |
|
P |
Na |
|
K |
Ca |
Mg |
Al3+ |
H+
+ Al3+ |
CTC |
|
S |
B |
Cu |
Fe |
Mn |
Zn |
||
CaCl2 |
g/kg |
|
..... mg/dm³ ..... |
|
......................... cmolc/dm³
......................... |
|
................ mg/dm³ .................. |
|||||||||||||
4,0 |
10,0 |
|
2,0 |
2,0 |
|
0,072 |
0,5 |
0,1 |
0,20 |
2,9 |
3,57 |
|
4,0 |
0,2 |
0,8 |
73,0 |
7,0 |
0,3 |
||
.........................................
Estrato de saturação ......................................... |
|
....................... Granulometria
....................... |
||||||||||||||||||
m |
V |
|
Ca/CTC |
|
Mg/CTC |
(H+Al)/CTC |
|
Argila |
Silte |
Areia |
||||||||||
........................................................
% ........................................................ |
|
............................... g/kg ............................... |
||||||||||||||||||
23,0 |
19,0 |
|
13,9 |
|
2,8 |
80,6 |
|
60,0 |
20,0 |
920,0 |
||||||||||
O esterco bovino
utilizado no experimento foi adquirido de produtores rurais locados no próprio
município de Oeiras - PI.
Para
se preservar a constância genética da cultura no âmbito do semiárido,
realizou-se a coleta de manivas em plantas adultas, previamente selecionadas,
de mandioca do tipo mesa, cultivar Peixe, com 10 a 12 meses de idade,
cultivadas pelo método convencional no campo agrícola do próprio IFPI - Campus
Oeiras.
As
manivas coletadas foram anteriormente limpas mediante lavagem em água corrente.
Em seguida, foi realizada a eliminação das porções basal e apical destas, a
partir da subtração de aproximadamente 30 cm de ambas as extremidades,
preservando-se o terço intermediário, que foi, igualmente, subdividido, com
auxílio de serra circular em segmentos de hastes (miniestacas)
com 5 cm de comprimento contendo três a quatro gemas cada um. Feito isto, as miniestacas foram lavadas em água corrente e submetidas a
tratamento sanitário em solução de hipoclorito de sódio a 5% por 1 minuto. Decorrido
esse tempo, as miniestacas foram dispostas à sombra,
sobre bancadas cobertas com papel toalha para retirar o excesso de umidade.
A
multiplicação da cultura ocorreu em meio artificial, com o arranjo das miniestacas em câmaras de propagação, preservando-se a
umidade dos substratos e temperatura no seu interior, conforme recomenda Ceballos et al. (1980).
Para
este estudo, as câmaras de propagação foram instaladas em ambiente protegido,
do tipo telado, construído nas dimensões 9,0 m de largura, 9,0 m de comprimento
e 2,10 m de altura em estruturas de sustentação em concreto armado, fios de aço
galvanizado 12 mm tencionados por esticadores do tipo catraca. Coberto e
fechado lateralmente com tela de sombreamento do tipo sombrite
cor preta que permite a passagem de 50% da luz solar.
As
câmaras de propagação, com capacidade de 40 L de substrato cada, foram
confeccionadas, em formato quadrado, utilizando-se blocos de preenchimento
composto, com configuração geométrica vazada pré-fabricados com material
cerâmico, nas dimensões de 0,075 m x 0,19 m x 0,34 m, espessura, largura e
comprimento, respectivamente, dispostos lateralmente em pares uns sobre os
outros (Figura 1A).
No
seu interior foi instalado um sistema de drenagem composto por uma camada de
aproximadamente 0,05 m de espessura de brita n°
1 arranjadas na base das respectivas câmaras, tela de nylon posta sobre a
camada de brita e uma camada de cerca de 0,05 m de espessura de areia lavada
depositada após a tela de nylon. O restante das câmaras de propagação foi
preenchido com, aproximadamente 35 L de substrato formulados para realização
deste estudo.
Uma
vez realizado o plantio das miniestacas (Figura 1B),
os substratos foram irrigados manualmente, utilizando-se água de abastecimento
proveniente de poço tubular instalado na área agrícola do IFPI - Campus Oeiras.
A umidade dos substratos foi mantida à capacidade de campo, cujas, irrigações
foram manejadas quinzenalmente aplicando-se cerca de três litros de água no
período.
Figura
1.
Montagem das câmaras de propagação e, instalação e condução do experimento com
multiplicação rápida de mandioca do tipo mesa cv. Peixe.
As
câmaras de propagação foram cobertas com campânulas plásticas (Figura 1C), com
0,60 m de altura e revestida com filme agrícola para manutenção da umidade e
temperatura no seu interior. Foram construídas, em formato retangular, em estrutura
montada em tubos de PVC rígido com 25 mm de diâmetro para formação da base,
barras redondas de aço, com superfície nervurada, medindo 4,2 mm de diâmetro e
1,5 m de comprimento, sendo estas dispostas em posição arqueada e cruzadas
transversalmente umas sobre as outras com as extremidades das barras
posicionadas sobre as tubulações que compõe a base das campânulas.
Por
ocasião a emissão das brotações (Figura 1D) realizou-se contagens diárias do
total emitido para se determinar de acordo com cada substrato testado, o número
de brotações por miniestaca (NBME), a porcentagem de
brotações emitidas por miniestacas (%BME), o índice
de brotações (IB) e o índice de velocidade de brotação (IVB), a partir de adaptação
de fórmula proposta por Maguire (1962) (Equação 1).
(Eq. 1)
Em que: IVB =
índice de velocidade de brotação; N1, N2 ... Ni =
número de brotações emitidas nas primeiras, segunda e ... i-ésima
contagem, respectivamente; D1, D2 ... Di = número de dias na primeira, segunda
e ... i-ésima contagem.
Transcorrido
tempo suficiente para se realizar a transferência das brotações à câmara de
enraizamento, ou seja, quando os brotos atingiram cerca de 10 cm de altura
(Figura 1E) realizou-se as primeiras mensurações de comprimento, diâmetro,
número de folhas e, por conseguinte, a porcentagem de brotações emitidas por
cada segmento de haste (miniestacas).
As
medidas de altura das brotações foram efetuadas com
régua graduada em centímetros, tomando-se a distância entre a base e o ápice das
referidas estruturas vegetativas. As medidas de diâmetro foram tomadas a uma
altura de 1,0 cm do ponto de inserção entre as brotações e as respectivas miniestacas, com o auxílio de paquímetro digital e por
ocasião das avaliações de altura das brotações. O número de folhas foi
determinado pelo cômputo das folhas que se apresentaram fotossinteticamente
ativas, e por ocasião das avaliações de altura e diâmetro das brotações.
Por
ocasião das avaliações do diâmetro, as brotações foram cuidadosamente separadas
por corte a 1,0 cm do solo e, posteriormente, acomodadas em recipientes
plásticos com volume de 100 ml, devidamente identificados conforme cada
tratamento e preenchidos com água potável até 90% do seu volume total,
substituindo-a a cada dois dias. Os recipientes contendo as brotações foram
arranjados no interior da câmara de enraizamento construída a 1,20 m do solo,
nas dimensões de 1,5 m x 0,6 m x 1,2 m (comprimento, largura e altura,
respectivamente) coberto e fechada lateralmente com tela de sombreamento do
tipo Sombrite® (50% de densidade), coberta e fechada
lateralmente com filme agrícola, após a tela de sombreamento e, revestida na
base, por placas de PVC.
Os
dados coletados foram submetidos às análises de variância e, por conseguinte,
as variáveis qualitativas foram submetidas ao teste de Tukey a 5% de significância para comparação das médias. Para estas
análises, utilizou-se o software estatístico
SISVAR (FERREIRA,
2011).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os
valores do coeficiente de variação (CV) oscilaram entre 6,47% e 18,63%, o que
torna perceptível a variabilidade entre os ensaios, mas, com indicativo de boa
precisão experimental. Condição que representa alta e média precisão
experimental, conforme Gomes (2000).
O
número de brotações por miniestaca (NBME), índice de
velocidade de brotações (IVB), porcentagem de brotações por miniestacas
(%BME) e o comprimento médio das brotações emitidas (CMBE) foram significativamente
influenciados (p < 0,01) pelos substratos avaliados. Já o índice de
brotações (IB), diâmetro das brotações (DB) e número de folhas das brotações (NFB),
não foram influenciadas pelos substratos testados (p > 0,05).
A
partir dos resultados obtidos, percebe-se que o tratamento contendo apenas areia
lavada como substrato, externou os melhores resultados para NBME, IVB e %BME
(Tabela 3). Não diferindo estatisticamente dos substratos solo (100%), solo +
esterco bovino (1:2), solo + esterco bovino (1:1), areia lavada + esterco
bovino (2:1), areia lavada + esterco bovino (1:1), areia lavada + esterco
bovino (1:2), solo + areia lavada + esterco bovino (1:1:2), solo + esterco
bovino (2:1), solo + areia lavada + esterco bovino (1:2:1). Por outro lado, as miniestacas de mandioca de mesa cultivadas nos substratos
contento solo + areia lavada + esterco bovino nas proporções de 1:1:1 e 2:1:1
produziram valores pouco satisfatórios para estas mesmas variáveis.
Tabela
3.
Valores médios para número de brotações por miniestaca
(NBME), índice de brotações (IB), índice de velocidade de brotações (IVB),
porcentagem de brotações por miniestacas (%BME),
comprimento médio das brotações emitidas (CMBE), diâmetro médio das brotações
(DMB) e número de folhas das brotações (NFB) de mandioca do tipo mesa cv.
Peixe em meio aos diferentes substratos avaliados. |
|||||||
Substratos |
Variáveis
analisadas |
||||||
NBME |
IB |
IVB |
%BME |
CMBE |
DMB |
NFB |
|
Solo
- 100% |
1,65 ABC |
55,56 A |
25,50 ABC |
47,11 ABC |
7,48 BCD |
1,80 A |
3,50 A |
Areia
lavada - 100% |
1,75 A |
55,55 A |
27,78 A |
49,74 A |
6,60 D |
1,82 A |
2,71 A |
Solo
+ Esterco bovino - 1:1 |
1,68 ABC |
55,56 A |
26,36 AB |
48,07 ABC |
6,79 D |
1,80 A |
2,21 A |
Areia
lavada + Esterco bovino - 1:1 |
1,66 ABC |
56,35 A |
25,66 ABC |
47,36 ABC |
7,44 CD |
1,94 A |
3,33 A |
Solo
+ Esterco bovino - 2:1 |
1,58 ABC |
57,94 A |
23,90 ABC |
45,18 ABC |
7,68 ABCD |
1,95 A |
2,67 A |
Areia
lavada + Esterco bovino - 2:1 |
1,68 ABC |
54,76 A |
26,46 AB |
47,85 ABC |
7,86 ABCD |
1,87 A |
3,00 A |
Solo
+ Esterco bovino - 1:2 |
1,73 AB |
56,35 A |
27,29 A |
49,66 AB |
8,42 ABCD |
1,89 A |
4,08 A |
Areia
lavada + Esterco bovino - 1:2 |
1,66 ABC |
53,18 A |
25,93 AB |
47,28 ABC |
9,86 AB |
1,89 A |
5,66 A |
Solo
+ Areia lavada + Esterco bovino - 1:1:1 |
1,27 C |
46,03 A |
18,56 C |
36,17 C |
9,37 ABC |
1,83 A |
5,02 A |
Solo
+ Areia lavada + Esterco bovino - 2:1:1 |
1,30 BC |
45,24 A |
19,48 BC |
37,02 BC |
7,52 BCD |
1,80 A |
3,48 A |
Solo
+ Areia lavada + Esterco bovino - 1:2:1 |
1,48 ABC |
47,62 A |
20,83 ABC |
39,51 ABC |
9,41 ABC |
1,88 A |
5,53 A |
Solo
+ Areia lavada + Esterco bovino - 1:1:2 |
1,65 ABC |
53,17 A |
25,94 AB |
47,14 ABC |
9,92 A |
1,76 A |
5,44 A |
Médias seguidas
de mesma letra não diferem entre si, de acordo com o teste Tukey (p £ 0,05) |
Os
melhores resultados para NBME, IVB e %BME observados nos substratos 100% areia
ou naqueles substratos que contem areia em sua composição podem estar
relacionados a características físicas conferidas pelo material como drenagem,
que neste caso, confere melhor equilíbrio hídrico ao substrato e à aeração na
base das miniestacas, promovendo melhores condições
para emissão de brotações seguido de posterior enraizamento.
Dutra
e Kersten (1996) mencionam que quantidades equilibradas
de água e ar, conferidos por drenagem adequada e maior espaço poroso favorecem
o desenvolvimento de estacas. Tofanelli et al., (2003),
verificaram em sua pesquisa que o equilíbrio na relação água/ar promovido pela
vermiculita e areia foram favoráveis à brotação de estacas de pessegueiro
‘Okinawa’. Timm et al. (2015) constataram em seus
estudos que a vermiculita média e a vermiculita média + areia demonstraram ser
substratos adequados para a formação de mudas, por miniestaquia,
de porta-enxertos de pessegueiro ‘Okinawa’, ‘Flordaguard’
e ‘Nemared’. Santos et. al (2015), verificaram que
dentre os substratos utilizados para produção de mudas de rosa do deserto, que
aquele contendo 50% areia + 25% solo + 25% substrato comercial + adubo em sua
composição propiciaram a obtenção de plantas mais desenvolvidas.
Quanto
ao desenvolvimento vegetativo das brotações, definido pelo CMBE, conforme
resultados significativos obtidos em função das diferentes composições de
substratos testados (Tabela 3), observa-se que os substratos solo + areia
lavada + esterco bovino (1:1:2) e areia lavada + esterco bovino (1:2) foram mais
eficientes, verificando-se brotações mais desenvolvidas 9,92 cm e 9,86 cm,
respectivamente. Ainda assim, estatisticamente semelhantes aos substratos contendo
solo + areia lavada + esterco bovino nas proporções de 1:1:1 e 1:2:1, Solo + Esterco
bovino nos totais correspondentes a 1:2 e 2:1 e areia lavada + esterco bovino
(2:1). Os demais substratos mostraram-se menos eficientes, visto que, produziram
brotações menos desenvolvidas (Tabela 3).
Em
termos percentuais, a diferença entre o substrato que proporcionou maior CMBE
(solo + areia lavada + esterco bovino - 1:1:2) e aquele que proporcionou a
menor CMBE (areia lavada - 100%) foi de 68,4% (Tabela 3).
Acredita-se
que a adição de areia lavada tenha proporcionado melhores condições de drenagem
e aeração ao substrato, visto que, se observou qualidades como melhor retenção
de umidade e subsequente disponibilidade de água, e o esterco bovino, por
possuir melhores condições químicas, tenha contribuído para o fornecimento de
nutrientes necessários ao desenvolvimento das brotações de mandioca.
Evidenciando-se, assim, que esta combinação contribuiu para um melhor
enraizamento das miniestacas e, por conseguinte, a
emissão de brotações mais vigorosas.
A porosidade, a maior capacidade de
retenção de água, aeração além dos nutrientes que fornecem são condições
peculiares que favorecem o enraizamento de estacas (LIMA et al., 2009; COSTA et
al., 2010), uma vez que, substratos porosos facilitam o crescimento radicular (TAVARES
et al., 2012) e permitem uma drenagem equilibrada com boa homogeneidade (WEISS et al., 2018). Sendo assim,
possibilitam um desenvolvimento adequado da parte aérea das mudas, o que
permite a aplicação dos diferentes manejos aplicados à cultura no campo.
Além
das características adequadas apresentadas pelos substratos, é importante
salientar que o desenvolvimento de brotações em estacas também sofre variações
entre as diferentes concentrações de ácido
indolbutírico, podendo o maior crescimento de
brotações estar relacionado, também, com o enraizamento (LIMA et al., 2016). Neste
sentido, tem-se que pontos de crescimento radicular em formação constituem
locais de síntese de citocininas, que são translocadas aos pontos de crescimento na parte área,
estimulando a multiplicação celular (TAIZ; ZEIGER, 2013). O que permite o
entendimento da relação entre brotações e o desenvolvimento do sistema
radicular em estacas.
CONCLUSÕES
A mistura de substratos Solo + Areia
lavada + Esterco bovino (1:1:2) e Areia lavada + Esterco bovino (1:2) são eficientes para o desenvolvimento vegetativo das brotações
de mandioca do tipo mesa, permitem a obtenção
de mudas
de melhor qualidade para estabelecimento em campo e, portanto, são recomendados
para produção de mudas da cultura no processo de propagação
rápida.
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