Moscas-das-frutas
(Diptera: Tephritidae) associadas
com mangueiras no Seridó Oriental da Paraíba
Fruit fly (Diptera: Tephritidae) associated with mango
tree in the eastern Seridó region of Paraíba, Brazil
Moscas de la fruta (Diptera: Tephritidae) asociadas con el cultivo de mango en Seridó Oriental de Paraíba, Brasil
Emanoel da Costa Alves1; Jair
Ferreira Dantas2; José Lucínio de Oliveira Freire3; Elton
Lucio de Araujo4;
Luciano Pacelli Medeiros de Macedo5
Recebido:
05/12/2019; Aprovado: 16/03/2020
Resumo: As
moscas-das-frutas são responsáveis por causarem danos à cultura da mangueira (Mangifera indica L. - Anacardiaceae)
com prejuízos socioeconômicos. Assim, objetivou-se com esse trabalho relatar as
espécies de moscas-das-frutas, seus índices faunísticos e flutuação
populacional em mangueiras das variedades Espada e Maranhão, na região Seridó
Oriental do estado da Paraíba. O trabalho foi desenvolvido em um pomar de
mangueira das variedades Espada e Maranhão, não tecnificado,
na comunidade Várzea Verde, município de Frei Martinho, Paraíba, Brasil. As
moscas-das-frutas foram coletadas com o auxílio de armadilhas McPhail, utilizado proteína hidrolisada à 5%, como atrativo
alimentar. Foram calculados os índices faunísticos (dominância, abundância,
frequência e constância). A flutuação populacional foi estabelecida através do
índice de Mosca/Armadilha/Dia, correlacionando-a com as variáveis climáticas,
temperatura e precipitação pluvial. Foram capturados 1.364 exemplares de
moscas-das-frutas, representados por seis espécies, Anastrepha obliqua (Macquart, 1835), A. dissimilis Stone, 1942, A. sororcula Zucchi, 1979, A. zenildae Zucchi, 1979, A. distincta
Greene, 1934 e Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824), sendo o maior número de espécimes
pertencentes ao gênero Anastrepha.
A temperatura e a precipitação pluvial influenciaram negativamente nas
populações de moscas-das-frutas no período de frutificação.
Palavras-chave: Análise faunística; Anastrepha; Ceratitis capitata; Mangifera indica.
Abstract: The fruit fly responsible for causing serious damage to the culture (Mangifera indica L. – Anacardiaceae) and socioeconomic damage. Thus, the
objective of this work was to report the species of fruit fly, their faunal
indices and populational fluctuation in mango trees varieties Sword and "Maranhão" mangos in the Seridó
Oriental region of the state of Paraíba. The work was
developed in a mango tree orchard with the varieties of Sword and "Maranhão" mango, not technified,
in the Várzea Verde community, municipality of Frei Martinho, Paraíba, Brazil. The
fruit fly were collected with the aid of McPhail
traps. Hydrolyzed protein was used as food bait, 5% diluted in 500 ml solution.
The identification of tephritids was held at the
Entomology Laboratory of the Federal Rural University of Semi-Arid (UFERSA) in
the municipality of Mossoró-RN. The following fauna indexes were calculated
(dominance, abundance, frequency and constancy). For monitoring the adult flies
were calculated Fly/Trap/Day indices, correlating with climatic conditions,
temperature and precipitation. There were 1,364 specimens captured of fruit
fly, represented by six species Anastrepha obliqua (Macquart, 1835), A. dissimilis Stone, 1942, A. sororcula Zucchi, 1979, A. zenildae Zucchi, 1979, A. distincta
Greene, 1934 e Ceratitis capitata (Wiedemann,
1824), the largest number of species were from genus Anastrepha.
Abiotic factors, temperature, and precipitation influenced negatively on fruit
fly of the mango trees in the fruiting period.
Keywords: Faunal analysis; Anastrepha; Ceratitis capitata; Mangifera indica.
Resumen: Las
moscas de la fruta son responsables por los daños en el
cultivo del mango (Mangifera indica L. - Anacardiaceae) con perjuicios socioeconómicos. Así, el objetivo de este trabajo es informar las especies de moscas de la fruta,
sus índices faunísticos y fluctuación poblacional en mango de las variedades Espada y Maranhão, en la región
de Seridó Oriental del estado de Paraíba. El trabajo fue desarrolldo
em una huerta de mango con las variedades Espada y Maranhão,
no tecnificado, em la comunidad Várzea Verde, ciudad de
Frei Martinho, Paraíba, Brasil. La moscas de la fruta
fueron recogidas com ayuda de trampas McPhail, usando proteína hidrolisada al 5%, como alimento atrayente. Se caucularon losíndices faunísticos (domínio, abundancia,
frecuencia y constancia). La
flutuación poblacional fue estabelecida através del indice de Mosca/Trampa/Día, correlacionándolo con las variables
climáticas, temperatura y lluvia. Fueron capturados 1.364 ejenplares de moscas de la fruta,
representado por seis espécies, Anastrepha obliqua
(Macquart, 1835), A.
dissimilis Stone, 1942, A. sororcula Zucchi, 1979, A. zenildae Zucchi, 1979, A. distincta
Greene, 1934 e Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824), siendo el mayor número de especímenes pertenecientes al
género Anastrepha.
La temperatura y la lluvia influenciaron negativamente en las poblaciones de las moscas de la fruta en el período de fructificación.
Palabras clave: Análisis faunístico; Anastrepha; Ceratitis capitata; Mangifera indica.
INTRODUÇÃO
A cultura da mangueira (Mangifera indica L. - Anacardiaceae) está distribuída
por todo o Estado da Paraíba, sendo as mesorregiões da Mata, Agreste e Sertão,
juntas, responsáveis por 80% da produção no Estado. A variedade predominante
nessas regiões é a “Espada”, que é cultivada com uso de poucos insumos
agrícolas. As variedades conhecidas como americanas, que são cultivadas visando
o mercado externo, praticamente não são cultivadas no Estado da Paraíba (LOPES et
al., 2009).
No Seridó Oriental paraibano as variedades
mais cultivadas são “Espada” e “Maranhão”, ambas com boa aceitação dos
consumidores. Segundo Lima et al. (2014), a mangicultura
nessa região é de grande importância socioeconômica, pois gera emprego e
promove renda sazonal aos agricultores familiares. O cultivo da mangueira é
realizado em áreas esparsas, quintais e aluviões dos rios locais, com poucos
tratos culturais.
Como toda cultura, a
mangueira enfrenta diversos problemas fitossanitários, destacando-se o ataque
de artrópodes-praga, sendo as moscas-das-frutas (Diptera:
Tephritidae) responsáveis pelos danos aos frutos da
mangueira, ocasionando prejuízos socioeconômicos.
De acordo com Haji et al. (2001), as moscas-das-frutas
são consideradas umas das principais pragas da fruticultura mundial, pois
causam danos diretos, tornando os frutos infestados impróprios para o consumo in
natura e para o processamento. Além disso, os referidos autores afirmam que
o ataque da praga aos frutos favorece a entrada de pragas secundárias e de
microrganismos, através dos orifícios realizados pelas fêmeas na hora da
postura. Como prejuízos indiretos, as moscas-das-frutas impossibilitam a
exportação de frutos in natura sem tratamento pós-colheita, para países mais
exigentes do ponto de vista fitossanitário (SOUSA et al., 2019).
O
conhecimento das espécies de moscas-das-frutas qualitativamente e
quantitativamente, bem como de seu período crítico em áreas de produção,
permitem ao produtor iniciar as medidas de controle no momento adequado, sendo
essas informações obtidas através do monitoramento populacional (NASCIMENTO et al., 2000).
Na
Paraíba, são escassos os estudos sobre as moscas-das-frutas, destacando os
trabalhos realizados por Araujo et al. (2000), que
realizaram um levantamento de frutos hospedeiros de moscas-das-frutas em Areia
- PB; por Lopes et al. (2007) que
estudaram a diversidade de tefritídeos em frutos de
tangerina (Citrus reticulata
Blanco) nos pomares de Matinhas – PB e por Medeiros et al. (2011), que testaram diferentes substratos na
atratividade de moscas-das-frutas, nas culturas da goiabeira (Psidium guajava L.) e
mangueira, no município de Bananeiras - PB.
O
conhecimento sobre as moscas-das-frutas na microrregião do Seridó Oriental é
inexistente. Portanto, o objetivo desse estudo foi conhecer a diversidade, os
índices faunísticos e a flutuação populacional das moscas-das-frutas em um
pomar de mangueira, situado na região do Seridó Oriental da Paraíba.
MATERIAL E MÉTODOS
O
trabalho foi desenvolvido entre abril de 2013 e dezembro de 2014, em um pomar
de mangueira não tecnificado com as variedades Espada
e Maranhão, no município de Frei Martinho (6° 24’ 10’’ de latitude Sul e 36°
27’ 21’’ de longitude Oeste), microrregião do Seridó Oriental, mesorregião da
Borborema, Paraíba, Brasil. O clima da região é caracterizado, segundo Köppen (BRASIL, 1972), como tropical chuvoso, com verão
seco As’.
As
coletas de moscas-das-frutas ocorreram com o auxílio de seis armadilhas do tipo
McPhail, sendo distribuídas três armadilhas para cada
variedade de manga, instaladas a dois metros de altura do solo, nas copas das
árvores e distanciadas 200 metros entre si. O atrativo utilizado para captura
das moscas foi uma solução de proteína hidrolisada de milho à 5%, utilizando-se
500 mL da solução atrativa por armadilha.
Semanalmente,
o atrativo era renovado, o material capturado era acondicionado em recipientes
plásticos contendo álcool 90% e destinado ao Laboratório de Biologia do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) campus Picuí, onde o material era triado
e novamente acondicionado em recipientes contendo álcool 90%. As
moscas-das-frutas capturadas foram encaminhadas para o Laboratório de
Entomologia Aplicada da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(UFERSA), campus Mossoró, RN, para
identificação. A identificação das espécies de moscas-das-frutas foi realizada
com base nas características da morfologia externa dos espécimes e
principalmente na morfometria do ápice do acúleo das fêmeas, com base em Zucchi
(2000).
A
análise faunística foi realizada através do programa ANAFAU, desenvolvido pelo
Setor de Entomologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Universidade de São Paulo (ESALQ-USP). Os índices calculados foram dominância,
abundância, frequência e constância. A dominância foi baseada no método de Laroca e Mielke (1975),
abundância, frequência e constância segundo Silveira Neto et al. (1976). Os
índices de dominância, abundância e frequência quando discrepantes foram
analisados pela análise gráfica de resíduo (ATKINSON, 1985) e enquadrados em
classes distintas, ou seja, superfrequentes (sf), superabundantes (sa) e superdominantes
(sd).
A
flutuação populacional das moscas-das-frutas foi calculada com base no índice
Mosca/Armadilha/Dia (MAD), de acordo com a seguinte fórmula:
MAD = (Eq.
01)
Em que: M = quantidade de moscas capturadas; A = número de armadilhas no pomar; D = número de dias de exposição das
armadilhas.
Neste
caso, calculou-se o MAD por mês, ou seja, o número de dias de exposição das
armadilhas (D) foi de acordo com a
quantidade de dias de cada mês.
Os
parâmetros climáticos utilizados neste estudo foram obtidos do Climatempo (2014)
através do histórico de uma série de 30 anos das médias de temperaturas mensais
e do acumulado das precipitações mensais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o
período de coletas foram capturados 1.364 exemplares de moscas-das-frutas,
sendo 1.346 pertencentes ao gênero Anastrepha (656 machos e 690 fêmeas), representados por Anastrepha obliqua (Macquart,
1835), Anastrepha dissimilis Stone,
1942, Anastrepha distincta Greene,
1934, Anastrepha sororcula
Zucchi, 1979 e Anastrepha zenildae
Zucchi, 1979. Do gênero Ceratitis
foram capturados dois machos e 16 fêmeas, todas pertencentes à Ceratitis capitata (Wiedemann, 1824) (Tabela 1).
Tabela 1. Espécies e número de moscas-das-frutas coletadas
em duas variedades de manga, Espada e Maranhão, na comunidade Várzea Verde,
município de Frei Martinho, Paraíba. No período de abril de 2013 à maio de 2014. |
|
Espécies |
Total coletado |
A. obliqua |
667 |
A. dissimilis |
17 |
A. distincta |
02 |
A. sororcula |
02 |
A. zenildae |
02 |
Ceratits capitata |
16 |
C. capitata* |
2 |
Anastrepha spp.* |
656 |
Total |
1.364 |
*Exemplares
Machos |
Estes são
os primeiros relatos de espécies de moscas-das-frutas na microrregião do Seridó
Oriental Paraibano. O maior número de espécies capturadas do gênero Anastrepha pode ter relação com o fato das espécies desse gênero atacar plantas
nativas, que ocorrem nas proximidades do pomar de mangueira avaliado. Alguns
estudos realizados com moscas-das-frutas apontam que muitas vezes estes tefritídeos se multiplicam em frutos hospedeiros
alternativos, nas imediações de pomares comerciais, e são atraídos e capturados
pelas armadilhas instaladas nestes pomares (SANTOS et al., 2013).
As
espécies A. obliqua, A. distincta, A.
sororcula e A. zenildae possuem uma forte associação com frutos da família Anacardiaceae,
já a espécie A. dissimilis está mais associada a
hospedeiros da família Passifloraceae (ZUCCHI, 2000).
Dessa maneira, as coletas de exemplares de A.
dissimilis,
provavelmente está relacionada com plantios de maracujá (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa
Degene) presentes na proximidade do pomar avaliado.
A
discrepância da quantidade de A. obliqua coletada em relação as demais
espécies se deve ao fato dessa espécie está diretamente associada a mangueira e
outras anacardiáceas.
A maior ocorrência de A. obliqua também
foi observado por Feitosa et al.
(2008), estudando as espécies de moscas-das-frutas em um pomar comercial de
manga das variedades Tommy Atkins, Keitt, Kent e
Palmer no município de José de Freitas- PI.
Resultado
semelhante ao desta pesquisa foi relatado por Santos et al. (2013), que estudando
um pomar de mangueira no litoral do Rio Grande do Norte capturaram A.
dissimilis, e esses autores atribuíram a
ocorrência dessa espécie a plantas da família Passifloraceae
presentes nas imediações do pomar de mangueira. A elevada frequência de A. dissimilis em pomares de mangueira não é comum, pois M. indica não é
hospedeira desta espécie (ZUCCHI, 2000).
A análise
faunística foi realizada com base no total de fêmeas de moscas-das-frutas
coletadas por mês. Nas duas variedades de manga estudada, A. obliqua foi a espécie
que se destacou, pois foi superdominante, superabundante, superfrequente
e constante (Tabela 2).
Tabela 2. Classes de dominância (D), abundância (A),
frequência (F) e constância (C) das espécies de moscas-das-frutas coletadas
em duas variedades de manga, Espada e Maranhão, no município de Frei
Martinho, PB. No
período de abril de 2013 à maio de 2014. |
|
|||||
Espécies |
Total ⁽¹⁾ |
D⁽²⁾ |
A⁽³⁾ |
F⁽⁴⁾ |
C⁽⁵⁾ |
|
Anastrepha obliqua |
667 |
sd |
sa |
sf |
w |
|
A. dissimilis |
17 |
do |
ma |
mf |
z |
|
A. sororcula |
02 |
nd |
c |
f |
z |
|
A. zenildae |
02 |
nd |
c |
f |
z |
|
A. distincta |
02 |
nd |
c |
f |
z |
|
Ceratitis capitata |
16 |
do |
a |
mf |
y |
|
⁽¹⁾Total de
espécies coletadas; ⁽²⁾Dominância – sd:
superdominante; do: dominante; nd: não dominante;
⁽³⁾Abundância – sa: superabundante; ma: muito abundante; a: abundante; c: comum;
⁽⁴⁾Frequência – sf: superfrequente;
mf: muito frequente; f: frequente; ⁽⁵⁾Constância –
w: constante; y: acessória; z: acidental. |
|
|||||
A superdominância de A. obliqua explica a
baixa diversidade de moscas-das-frutas e o número reduzido dos exemplares das outras
espécies no pomar estudado. A polifagia e a disponibilidade de hospedeiros da família Anacardiaceae
pode ter proporcionado a superdominância de A.
obliqua (URAMOTO et al., 2005).
Segundo Silveira Neto et al. (1976) a diversidade de espécies tende a ser baixa
quando os fatores limitantes e a competição intraespecífica atuam. Dessa forma,
os resultados obtidos neste trabalho corroboram com essa afirmativa, pois A. obliqua
se destaca em relação as demais espécies. Resultados semelhantes foram obtidos
por Santos et al. (2011) e Husch et al. (2012) em que
observaram A.
fraterculus sendo a espécie mais frequente e superfrequente e superdominante, respectivamente,
influenciado a ocorrência de poucas espécies e um grande número de uma única
espécie.
Nas condições do pomar estudado, provavelmente A. obliqua
infestou frutos de manga, porém, será necessário a coleta de frutos para
confirmar tal afirmação.
Estudando a dinâmica populacional das
moscas-das-frutas em um pomar experimental no município de Dourado, Mato Grosso
do Sul, Sanches (2008) observou que A.
obliqua e A. sororcula
foram espécies dominantes em todas as frutíferas. Neste mesmo trabalho, foi
observado que, em mangueiras, A. obliqua apresentou-se como uma espécie acidental.
Constatou-se que o número total de tefritídeos capturados foi superior na área plantada com a variedade
Maranhão. Quanto à análise faunística, foi possível verificar que A. obliqua foi a espécie dominante,
muito abundante, muito frequente e constante nas áreas plantadas com as duas
variedades. A espécie A. dissimilis foi
dominante apenas na área plantada com a variedade Maranhão, sendo ela, muito
abundante frequente e acidental em ambas as variedades estudadas. A espécie A. distincta foi coletada apenas na área plantada com a variedade Espada, já a
espécie A. sororcula ocorreu apenas na variedade Maranhão, sendo essas espécies não
dominantes, muito abundantes, frequentes e acidentais nas suas respectivas
variedades (Tabela 3).
Rossetto et al. (1989) constataram que das
variedades por eles estudadas, a variedade Espada, plantada nas proximidades do
experimento, praticamente não foram infestadas por moscas-das-frutas.
Tabela 3. Classes de dominância (D), abundância (A), frequência (F) e
constância (C) das espécies de moscas-das-frutas coletadas nas variedades de
manga, Espada e Maranhão, no município de Frei Martinho, Paraíba. No período de abril de 2013 à maio de 2014. |
|||||
Espécies |
Total⁽¹⁾ |
D⁽²⁾ |
A⁽³⁾ |
F⁽⁴⁾ |
C⁽⁵⁾ |
Variedade Espada |
|||||
Anastrepha obliqua |
126 |
do |
ma |
mf |
w |
A. dissimilis |
1 |
nd |
ma |
f |
z |
A. zenildae |
1 |
nd |
ma |
f |
z |
A. distincta |
2 |
nd |
ma |
f |
z |
Ceratitis capitata |
7 |
nd |
ma |
f |
z |
Variedade Maranhão |
|||||
A. obliqua |
541 |
do |
ma |
mf |
w |
A. dissimilis |
16 |
do |
ma |
f |
z |
A. sororcula |
2 |
nd |
ma |
f |
z |
A. zenildae |
1 |
nd |
ma |
f |
z |
Ceratitis capitata |
9 |
do |
ma |
f |
y |
⁽¹⁾Total de espécies coletadas; ⁽²⁾Dominância –
do: dominante; nd: não dominante; ⁽³⁾Abundância – ma:
muito abundante; a: abundante; c: comum; ⁽⁴⁾Frequência – mf:
muito frequente; f: frequente; ⁽⁵⁾Constância – w: constante; y: acessória; z:
acidental. |
A flutuação
populacional das moscas-das-frutas demonstrou que os maiores índices de captura
(MAD) ocorreram durante os meses de julho (0,51), agosto (4,31) e setembro
(1,72) do ano de 2013. A partir do mês de outubro houve uma redução
considerável no número de moscas capturadas (Figura 1).
Figura 1. Flutuação populacional de moscas-das-frutas
capturadas em um pomar de mangueira das variedades Espada e Maranhão, no
município de Frei Martinho, Paraíba. No período de abril de 2013 à maio de 2014.
Verificou-se
que no período de frutificação da mangueira, de novembro/2013 ao início de
fevereiro/2014, houve um baixo índice de captura de moscas-das-frutas (Figura
1). Esta informação reforça a ideia de que a maioria das moscas-das-frutas
capturadas foi proveniente de outras frutíferas ou outros pomares, tendo sido
atraídas e capturadas pelas armadilhas instaladas no pomar de mangueira
estudado. Fato semelhante também foi observado por Santos et al. (2013) em um
pomar de mangueira, localizado no litoral do estado do Rio Grande do Norte.
O valor
do índice MAD para áreas livres é 0, áreas de baixa prevalência em produção MAD
< 0,1, área urbana MAD < 0,4 e áreas de alta prevalência MAD > 0,4 (CARVALHO,
2005). No geral, o valor de MAD ≥ 0,5 indica que medias de controle devem ser
tomadas no pomar avaliado.
A temperatura
influenciou a flutuação populacional de moscas-das-frutas, pois durante os
meses com menores temperaturas médias observaram-se maiores índices de capturas
de moscas-das-frutas (Figura 2).
Figura 2. Relação entre a temperatura média e o índice Mosca/Armadilha/Dia
(MAD) em
um pomar de mangueira das variedades Espada e Maranhão, no município de Frei
Martinho, Paraíba. No período de abril de 2013 à maio
de 2014.
Assim, as
temperaturas elevadas influenciaram negativamente a ocorrência de tefritídeos no pomar. A baixa incidência de
moscas-das-frutas nos períodos de elevada temperatura possivelmente ocorre
devido o solo estar aquecido e assim ocorrer
inviabilidade pupal, consequentemente menor número de
adultos na área (ARAUJO, 2002).
Em um pomar
de goiaba no município de Mossoró, RN, região semiárida, Araújo (2002) observou
que nos meses de menor temperatura ocorreram as maiores infestações de
moscas-das-frutas.
A
precipitação pluviométrica também influenciou a incidência de moscas-das-frutas
no pomar estudado, pois no período que se sucede as chuvas foram coletados os
maiores números de espécimes (Figura 3).
Figura 3. Relação da precipitação pluviométrica e o índice Mosca/Armadilha/Dia
(MAD) em
pomar de mangueiras das variedades Espadas e Maranhão, no município de Frei
Martinho, Paraíba. No período de abril de 2013 à maio
de 2014.
De acordo
com Souza et al. (2008), os maiores níveis populacionais de C. capitata em goiaba ocorreram no
período de maior precipitação pluvial ou sucedendo esse período, em Fortaleza -
CE. Para as espécies de Anastrepha,
a maior infestação em frutos ocorreu coincidindo com o final do período
chuvoso. A elevada quantidade de frutos no pomar contribuiu para que ocorresse
o crescimento populacional de moscas-das-frutas no final do período chuvoso. Araujo et al. (2008) relataram correlação negativa da
temperatura e precipitação pluvial com flutuação populacional de
moscas-das-frutas em um pomar de goiaba no município de Russas – CE. Aluja (1994) relatou que os fatores bióticos e abióticos
influenciam as populações de moscas-das-frutas e consequentemente os seus
índices de infestação.
CONCLUSÕES
Seis
espécies de moscas-das-frutas, A. obliqua, A. dissimilis,
A. sororcula, A. zenildae,
A.
distincta e C. capitata estão
presentes no pomar de mangueira.
A espécie
A. obliqua foi predominante, superdominante, superabundante, superfrequente e constante;
Os
maiores índices de MAD foram observados durante a ausência de frutos de
mangueira;
Os fatores
abióticos, temperatura e precipitação pluvial, influenciaram a flutuação
populacional das moscas-das-frutas, no período de frutificação das mangueiras
na região.
AGRADECIMENTOS
Ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica
(PIBICT) da Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e
Pós-Graduação (PRPIPG) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
da Paraíba (IFPB), pela concessão de bolsa de pesquisa do primeiro autor.
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