NOTA
CIENTÍFICA
Superação
de dormência em sementes da Cassia grandis L. f. (Fabaceae)
Overcoming seed
dormancy of Cassia grandis L. f. (Fabaceae)
Superación de la latencia
de semillas de Cassia grandis
L. f. (Fabaceae)
Ednaldo
Vieira do Nascimento¹*, Oriel Herrera Bonilla², Eliseu Marlônio Pereira de Lucena³, Sandro
Ferreira do Nascimento4, Ivina Beatriz Menezes Farias4, Letícia
Holanda de Sousa5
¹Mestre em Ciências
Naturais pela Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, Ceará. ednaldo.vieira@aluno.uece.br.
² Pós-Doutor em Engenharia Agrícola pela
Universidade Federal do Ceará. Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza,
Ceará. oriel.herrera@uece.br.
³Pós-Doutor em Botânica Aplicada pela Texas A&M University.
Universidade Estadual do Ceará. eliseu.lucena@uece.br. 4 Graduando do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas pela
Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, Ceará. sandro.ferreira@aluno.uece.br,
ivina.menezes@aluno.uece.br. 5 Graduanda em Química pela Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza,
Ceará. leticiaholanda7@gmail.com.
Recebido:
13/12/2019; Aprovado: 18/11/2020
Resumo: Estudos sobre tecnologia de sementes
fundamentam-se na análise de temperaturas e métodos pré-germinativos;
é preciso aprimorar os que se mostram mais eficientes, otimizando tempo e
recursos. A dormência é um processo de distribuição da germinação das sementes
no tempo e no espaço. A Cassia grandis L. f., espécie arbórea,
pertencente à família Fabaceae, possui importância ambiental e socioeconômica.
O objetivo deste trabalho foi superar a dormência de sementes de C. grandis, através de diferentes métodos. As sementes foram submetidas aos
tratamentos de escarificação mecânica, química e testemunha; germinadas nas
temperaturas de 25 e de 30 °C. O delineamento experimental adotado, foi do tipo
inteiramente casualizado, com quatro repetições,
fatorial 3x2 e 24 parcelas. Avaliou-se: porcentagem e índice de velocidade de
germinação, comprimento e massa fresca e seca de radícula, hipocótilo e
plântula. As sementes de C. grandis possuem dormência física, sendo os métodos mais
eficientes de superação a escarificação mecânica, com lixa para madeira número
100, na região oposta à
micrópila; e a escarificação química, com ácido
sulfúrico concentrado, com tempo de duração de 30 min. de imersão, independente
da temperatura testada.
Palavras-chave: Germinação; Semente florestal; Espécie
melífera; Restauração florestal.
Abstract: Studies on seed technology are based; on the analysis
of temperatures and pre-germination methods. It is necessary to improve those that
are most efficient, optimizing time and resources. Dormancy is a process of
distributing seed germination over time and space. Cassia grandis L. f., is a native tree species, belonging to the
Fabaceae family, has environmental and socioeconomic importance. The objective
of this work was to overcome dormancy of C.
grandis seeds, using different methods. The seeds were submitted to
mechanical chemical scarification and control
treatments, germinated at temperatures of 25 and 30 °C. The adopted experimental
design was of the type completely randomized, with 4 replicates, a 3x2
factorial and 24 plots. It was evaluated: percentage and index of germination
speed, length and fresh and dry mass of radicle, hypocotyl
and seedling. C. grandis seeds have
physical dormancy, the most efficient methods of overcoming mechanical
scarification, with sandpaper number 100, in the region opposite the micropyle;
and chemical scarification, with concentrated sulfuric acid, lasting 30 min.
immersion, regardless of the temperature tested.
Keywords: Germination; Forest
seed; Meliferous species; Forest restoration.
Resumen: Los estudios de tecnología de semillas se basan en
análisis de temperatura y métodos pre-germinativos;
por eso es necesario mejorar aquellos que son más eficientes, optimizando el
tiempo y los recursos. La latencia es un proceso de distribución de la
germinación de semillas en el tiempo y espacio.
La Cassia grandis L.
f., es una especie arbórea, pertenece a la familia Fabaceae,
con importancia ambiental y socioeconómica. El objetivo de este trabajo fue
superar la latencia en las semillas de C.
grandis por diferentes métodos. Las semillas
fueron sometidas a tratamientos de escarificación mecánica, química y de
control; germinadas a temperaturas de 25 y 30°C. El diseño
experimental adoptado fue un experimento completamente al azar con
cuatro repeticiones, un factorial 3x2 y 24 parcelas.
Se evaluó el porcentaje y el índice de velocidad de germinación, longitud y
masa seca de radícula, hipocótilo y plántulas. Las semillas de C. grandis
tienen latencia física, siendo los mejores métodos para superar la latencia, la
escarificación mecánica hecha con papel de lija de madera número 100 en la
región opuesta a la micrópila; y la escarificación
química con ácido sulfúrico concentrado, con una duración de 30 minutos de
inmersión, independientemente de la temperatura probada.
Palabras clave: Germinación; Semilla forestal; Especie melífera;
Restauración forestal.
INTRODUÇÃO
Cassia
grandis L.f., pertence à Família Fabaceae e
à subfamília Caesalpinioideae, quanto à descrição
botânica e forma de vida, é uma árvore nativa, não endêmica do Brasil, com distribuição
geográfica em todas as regiões do país sem ocorrências confirmadas apenas em
quatro estados da Federação: Rio Grande do Norte, Tocantins, Espírito Santo e Santa
Catarina. Sua ocorrência dá-se nos domínios fitogeográficos da Amazônia,
Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal (CARVALHO, 2006; THE PLANT LIST,
2018; SCHEIDEGGER; RANDO, 2018).
Estudos sobre o potencial na produção de fármacos da C. grandis,
registram atividades: citotóxica, antioxidante, antianêmica,
antifúngica, antidiabética, anti-inflamatória, analgésica e uso na medicina
popular em doenças gástricas e da pele (PRADA et al.,
2014; TRINH et al., 2017; PRADA et al., 2019). É destaque no estudo da C. grandis: a
natureza melífera e a recomendação no uso da restauração florestal, na agricultura
da conservação e no alto teor de proteínas dos seus frutos que, por isto, são
usados como recurso forrageiro complementar (ZEBADÚA et al., 2010;
SANTOS et al., 2011; STAGNARI et al., 2017).
Retirar esta espécie e suas utilidades da invisibilidade é uma das
contribuições deste estudo, fomentando outras pesquisas.
Estudos comprovaram tanto a eficiência, quanto a ineficácia de uma série
de métodos pré-germinativos e indicaram temperaturas
adequadas e inadequadas, apontando a escarificação química e a escarificação
mecânica, na temperatura de 30 ºC, como os mais eficientes para a superação de
dormência e germinação de sementes da C. grandis (FOWLER;
BIANCHETTI, 2000; MELO; RODOLFO JÚNIOR, 2006; SANTOS et al., 2011; COSTA et
al., 2018). Nas temperaturas consideradas adequadas
para a germinação das sementes florestais, autores as correlacionam até aos ecossistemas
e ao bioma de origem (BRANCALION et al., 2010).
Contudo, a literatura especializada ainda apresenta divergências e
controvérsias quanto ao tempo ideal de imersão em ácidos durante a realização
da escarificação química das sementes, bem como o local e intensidade mais
indicados para a incisão da semente por ocasião da realização da escarificação
mecânica. Estas questões do tempo de imersão e intensidade e local para a
realização da escarificação necessitam mais pesquisas para esclarecimentos. Este
estudo pretende contribuir para uma melhor compreensão do desenvolvimento sadio
das plântulas desta espécie de fabaceae, estimulando
sua produção e efetivação de planos de arborização, restauração florestal e
recuperação de áreas degradadas.
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi superar a dormência em
sementes de C. grandis, através de diferentes
métodos.
MATERIAL E
MÉTODOS
As sementes de C. grandis foram
coletadas no período de setembro a outubro de 2017, obtidas de dez plantas matrizes
identificadas no município de Pacoti, Ceará, localizada na latitude (S): 4º 13'
30" e a Longitude (WGr) 38º 55' 24", na
altitude de 736,13 m do nível do mar, em floresta ombrófila densa (LIMA; MANSANO, 2011; LIMA-VERDE et al., 2014; FLORA
DO BRASIL, 2018).
De acordo com a classificação de Köppen, registra-se na área de coleta das sementes, na
Serra de Baturité, o clima tropical sub-quente úmido
e tropical quente úmido; com pluviosidade de 1.558,1 mm e temperatura média 24
a 26 ºC e apresenta o período chuvoso de janeiro a maio e período seco de
setembro a dezembro (IPECE, 2018). Da coleta até a instalação do experimento, que aconteceu em
fevereiro de 2018, as sementes foram beneficiadas e armazenadas em sacos plásticos com zíper, em câmara refrigerada fria (10 ±1,3ºC) e seca (umidade relativa
30-35%).
O teste de germinação, com duração de onze
dias, foi realizado utilizando 100 sementes, em quatro repetições de 25
sementes, esterilizadas com hipoclorito de sódio (NaCIO)
com 3% da solução comercial (2,5% de NaCIO), por 10
minutos e submetidas a três métodos
pré-germinativos: testemunha (sementes intactas);
escarificação mecânica com lixa para madeira número 100, na região oposta à micrópila das sementes;
e escarificação química com ácido
sulfúrico concentrado (PA ACS 95-97%), com tempo de duração de 30 (trinta) min.
de imersão.
Essas sementes, depois da escarificação química, tiveram o ácido
sulfúrico recuperado e foram lavadas em água corrente por dez minutos para
eliminação da presença do ácido. Nas sementes testemunha, apenas foi realizada
a assepsia. Em seguida todas as sementes foram semeadas sobre dois papéis-filtro
em placas de Petri, com 14 cm de diâmetro, previamente autoclavadas (Autoclave Prismatec, Modelo CS), sendo umedecidas e monitoradas de
acordo com as regras e instruções para análise de sementes (BRASIL, 2009; BRASIL, 2013).
Nos testes de temperatura, o fotoperíodo
utilizado no germinador do tipo BOD (Biochemical Oxigen Demand), foi de 12 horas
(dia/noite), com temperaturas constantes de 30 ± 2ºC (dia e noite) e 25 ± 2ºC
(dia e noite), aplicados a todos os tratamentos. Foram consideradas sementes germinadas as que
deram origem a plântulas normais, apresentando radícula, hipocótilo,
cotilédones, epicótilo e primeiro par de folhas, conforme proposto em Oliveira et al., (2018).
Para análise da eficiência dos tratamentos
de superação de dormência, foram avaliados: teste de germinação (BRASIL, 2009; BRASIL, 2013), índice de velocidade de germinação (IVG). O índice
de velocidade de germinação foi dado pela fórmula proposta por Maguire (1962):
IVG = G1/N1 + G2/N2 + ... + Gn/Nn
Em que: G1, G2, Gn
= número de plântulas germinadas e computadas na primeira, na segunda e na
última contagem; e N1, N2, Nn = número de dias de
semeadura à primeira, segunda e última contagem. Também foram analisados o comprimento e a massa fresca e seca
de radícula, do hipocótilo e da plântula
(POPINIGIS, 1985).
O delineamento experimental adotado foi
inteiramente casualizado, com quatro repetições de 25 sementes, em fatorial 3x2
(métodos versus temperaturas), totalizando 24 parcelas. Os dados foram
submetidos à Análise de Variância, sendo observada a significância pelo teste F
e quando significativos, realizou-se o teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade, para comparação de médias; sendo utilizado o software Sistema
para Análise Estatística versão 1.0 (ESTAT, 2006).
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
O teste de germinação evidenciou que a C. grandis
não sofreu influência das temperaturas testadas em nenhum dos tratamentos testados
(Figura 1A). A não influência da
temperatura no presente estudo pode estar associada ao fato
de ambas as temperaturas utilizadas no teste de germinação, estarem dentro da
faixa ótima de temperaturas para germinação de sementes florestais, conforme estudo
de Brancalion et
al. (2010).
O percentual de germinação das sementes de C. grandis
submetidas aos tratamentos de superação de dormência aumentou significativamente
quando comparada ao tratamento testemunha (Figura 1B), confirmando a dormência
física das sementes desta espécie (MELO; RODOLFO JÚNIOR, 2006). O teste de germinação da C. grandis teve influência dos métodos de
escarificação, em comparação com as sementes da
testemunha sem, entretanto, diferirem entre si.
Os métodos mais eficientes na superação de dormência, foram a escarificação
mecânica com lixa para madeira número 100, na região oposta à micrópila; e a escarificação
química com ácido sulfúrico concentrado, com tempo de duração de imersão de 30
minutos (Figura 1B), pois proporcionaram o maior número de plântulas normais e
menor número de sementes duras. Para Lopes et al. (2010), a
escarificação mecânica permite que se obtenha germinação mais homogênea e
sincrônica, o que é desejável na produção de mudas,
além de que não incorre em danos ao meio ambiente.
Figura 1. Teste de germinação das
sementes de cássia rósea (C. grandis), submetido às temperaturas de 25
e 30 °C (Figura 1A) e aplicados aos diferentes métodos de superação de
dormência (Figura 1B). (Coeficiente de variação=14,12)
*Médias seguidas por uma mesma letra não diferem entre si pelo Teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
No presente estudo, observa-se que o índice de velocidade de germinação
(IVG) da C. grandis
não sofreu influência da temperatura, pois que não houve diferença
significativa entre as médias das temperaturas testadas, em todos os métodos
avaliados (Figura 2A); Em termos fisiológicos, observa-se que os métodos da
escarificação mecânica e química promoveram maior vigor das sementes, conforme
demonstrado pelo maior IVG obtido nestes tratamentos, em comparação com a média
das sementes da testemunha (Figura 2B). O melhor vigor das sementes foi
confirmado também pelo percentual de germinação que foi superior nas sementes
escarificadas, em relação ao das sementes da testemunha (Figura 1B)
Figura 2. Índice de velocidade de germinação
(IVG) das sementes de cássia
rósea (C. grandis), submetido
às temperaturas de 25 e 30 °C (Figura 2A) e aplicados aos diferentes métodos de
superação de dormência (Figura 2B). (Coeficiente de variação=16,34)
*Médias seguidas por uma mesma letra não diferem entre si pelo Teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Estudo de Costa
et al. (2018), sobre diferentes métodos pré-germinativos
em três espécies de fabaceae, incluindo C.
grandis, afirmam que para o índice de velocidade de
germinação o tratamento com ácido sulfúrico 45 minutos, obteve o melhor índice,
com média de 5,66 para essa espécie.
Durante os onze dias de acompanhamento do teste de germinação da C. grandis, do
presente estudo, a espécie apresentou bom nível de desenvolvimento de suas
estruturas, onde foi possível verificar a evolução das plúmulas, com
apresentação do primeiro par de folhas, epicótilo, cotilédones, hipocótilo e
radícula, estas, inclusive, já com surgimento de raízes secundárias.
No teste de germinação da C. grandis, o
comprimento de radícula sofreu influência da temperatura testada (Figura 3A),
apresentando melhor média na temperatura de 30 °C, com valor de 3,0167 cm,
contra o valor de 2,1083 cm na temperatura de 25 ºC, corroborando com estudo de
Ataíde et al. (2016) que, ao avaliar as alterações
biométricas e germinação das sementes de Melanoxylon brauna Schott (Fabaceae) em diferentes
temperaturas, verificou que os comprimentos dos eixos embrionários aumentaram
com a elevação da temperatura. Os referidos autores correlacionam este fenômeno
ao tempo de embebição das sementes.
No teste de germinação da C. grandis, no
comprimento de radícula, os melhores
métodos foram os da escarificação química e mecânica, com diferença
significativa quando comparados ao método das sementes da testemunha, contudo
sem diferirem entre si (Figura 3B). Costa et al. (2017), em estudo que avaliou
diferentes métodos de escarificação de sementes de Hymenaea courbaril L. (Fabaceae), concluíram que, quanto ao comprimento da
radícula, os tratamentos não apresentaram diferenças
estatísticas significativas entre si. Para Andrade et al. (2010), o efeito da
interação dos tratamentos e da pré-imersão das
sementes em água por 24h apresentou significância para as variáveis de
comprimento de raiz.
Figura 3. Comprimento de radícula da cássia rósea (C. grandis), submetido às temperaturas de 25
e 30 °C (Figura 3A) e aplicados aos diferentes métodos de superação de dormência
(Figura 3B). (Coeficiente de variação=30,30)
*Médias seguidas por uma mesma letra não diferem entre si pelo Teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade
Para os dados de comprimento de hipocótilo, as melhores médias foram
apresentadas pelos métodos da escarificação química e mecânica, com influência
da temperatura testada, contudo sem diferirem entre si e as médias mais baixas
foram das sementes da testemunha (Figura 4). Os comprimentos de hipocótilo de
todos os métodos avaliados foram superiores na temperatura de 30 ºC. Estudo de
Silva e Cesarino (2016), sobre germinação de Hymenaea parvifolia
Huber (Fabaceae), associa a evolução do hipocótilo à profundidade da disposição
da semente no substrato e afirma que o desenvolvimento e crescimento do
hipocótilo foi mais expressivo quando as sementes foram dispostas em maiores
profundidades, pois houve a necessidade de superação das camadas mais espessa
de areia. Contudo, segundo os autores, a profundidade de semeadura não deve ser
igual ou superior a 4 cm, pois que se mostraram inadequadas para a emergência
da espécie.
Figura 4. Comprimento do hipocótilo da cássia rósea (C. grandis) e suas interações com as
temperaturas (25 e 30 °C) e os métodos de superação de dormência. (Coeficiente
de variação=21,74)
*Médias seguidas por uma mesma letra minúscula na mesma temperatura e
maiúscula no mesmo método de superação, não diferem entre si, pelo Teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Para o comprimento de plântula, no teste de germinação da C. grandis, os
melhores métodos foram da escarificação química e mecânica e o pior foi o das sementes da testemunha, com influência das temperaturas
testadas, contudo sem diferirem entre si. Já as médias das sementes da
testemunha não sofreram influência das temperaturas testadas (Figura 5). Santos et al. (2015), em análise da
importância da luz na germinação de sementes de Swartzia recurva Poepp. (Fabaceae), afirmam que
em relação ao comprimento de radícula, da parte aérea e da plântula da espécie,
verifica-se que na presença de luz os valores são estatisticamente superiores
aos observados na condição de escuro contínuo. Para Guedes et al. (2013), o comprimento da
plântula tem relação proporcional ao vigor da planta.
Figura 5. Comprimento da plântula da cássia rósea (C. grandis) e suas interações com as
temperaturas (25 e 30 °C) e os métodos de superação de dormência. (Coeficiente
de variação=24,18)
*Médias seguidas por uma mesma letra minúscula na mesma temperatura e
maiúscula no mesmo método de superação, não diferem entre si, pelo teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Nos dados das massas
frescas de radícula, hipocótilo e plântula, no teste de germinação da C. grandis,
relacionadas às temperaturas testadas, de todos os métodos avaliados,
observa-se que as maiores médias foram apresentadas pela massa fresca do
hipocótilo (Figura 6C) e massa fresca da plântula (Figura 6E) e que a massa
fresca da radícula apresentou as menores médias (Figura 6A), enquanto que, nas duas
temperaturas testadas, contudo a massa fresca da plântula e do hipocótilo
apresentaram influência da temperatura testada e diferiram entre si. As médias
da massa fresca da radícula não
apresentaram influência da temperatura testada, nem diferiram entre si. Todas
as massas frescas da radícula, hipocótilo e plântula,
a 30 ºC, foram superiores às da temperatura de 25 ºC, corroborado com estudo de Ataíde et al. (2016), que ao
estudar as alterações biométricas e a germinação das sementes de Melanoxylon brauna Schott
(Fabaceae) em diferentes temperaturas, constatou que as maiores médias da massa
de matéria fresca ao final do período analisado foram verificadas na
temperatura de 30 ºC, com valores de 12,1.
Nas massas frescas de radícula, hipocótilo
e plântula, no teste de germinação da C. grandis, relacionadas aos métodos de superação, observa-se que a escarificação mecânica foi o melhor método para as
massas frescas da radícula (Figura 6B), do hipocótilo (Figura 6D) e da plântula
(Figura 6F) e o pior foi o método das sementes da testemunha, com diferenças
significativas, sem diferirem entre si. As massas frescas da plântula e do hipocótilo apresentaram influência da temperatura, já a
massa fresca da plântula não sofreu influência da temperatura testada.
Estudo de Costa et al. (2017), ao avaliar os
métodos de superação de dormência no Hymenaea courbaril L. (Fabaceae), afirma que a massa fresca da radícula não apresentou
diferença significativa entre os tratamentos testados, contudo o parâmetro da
massa fresca do hipocótilo apresentou diferenças significativas, sendo o melhor
tratamento a escarificação mecânica, com lixa.
Figura 6. Massa fresca da radícula da cássia rósea (C. grandis), submetida às temperaturas de 25
e 30 °C (Figura 6A) e aplicada aos diferentes métodos de superação de dormência
(Figura 6B), (CV= 85,64). Massa fresca do hipocótilo da cássia rósea, submetida às temperaturas de 25 e 30 °C (Figura 6C) e aplicada aos
diferentes métodos de superação de dormência (Figura 6D), (CV= 54,37). Massa fresca
de plântula da cássia rósea, submetida às temperaturas de 25 e 30 °C (Figura 6E) e aplicada aos
diferentes métodos de superação de dormência (Figura 6F) (CV=59,30). (CV=Coeficiente
de variação)
*Médias seguidas por uma mesma letra não diferem entre si pelo Teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Para os dados das massas secas de radícula, hipocótilo e plântula,
no teste de germinação da C. grandis, relacionados às temperaturas testadas, de
todos os métodos avaliados, observa-se que as melhores médias foram
apresentadas pelas massas secas da plântula (Figura 7E) e do hipocótilo (Figura
7C), e as menores médias foram apresentadas pela massa fresca da radícula
(Figura 7A), nas duas temperaturas testadas, contudo a massa fresca da plântula
e do hipocótilo apresentaram influência da temperatura testada e diferiram
entre si. Já as médias da massa seca da radícula não apresentaram influência da
temperatura testada, nem diferiram entre si. Todos os valores apresentados
pelas massas secas da radícula, do hipocótilo e da
plântula, na temperatura de 30 ºC foram superiores aos valores apresentados na
temperatura de 25 ºC.
Para as massas secas de radícula, do
hipocótilo e da plântula, no teste de germinação da C. grandis, relacionadas aos métodos de
superação, observa-se que a escarificação mecânica foi o melhor
método para as massas secas da radícula (Figura 7B), do
hipocótilo (Figura 7D) e da plântula (Figura 7F) e o método que
apresentou as menores médias foi o das sementes da testemunha, com diferenças
significativas para a massa seca da plântula e sem diferirem entre si para as
massas secas do hipocótilo e da radícula. Para Rosseto et al.
(2009), a
análise da massa seca das plântulas é uma das maneiras de avaliar o seu
crescimento, pois que, conforme evidencia estudos de Pastorini
et al. (2016), relacionando a massa seca da parte aérea com a massa seca
da raiz da Machaerium brasiliense Vogel
(espécie de Fabaceae), observou-se que os valores mais significativos apresentados,
garantiram maior qualidade às mudas e maior possibilidade de sucesso no
estabelecimento destas no campo.
Figura 7. Massa seca da radícula da cássia rósea (C. grandis), submetida às temperaturas de 25 e 30 °C (Figura 7A) e
aplicadas aos diferentes métodos de superação de dormência (Figura 7B), (CV= 142,03).
Massa seca do hipocótilo da cássia rósea,
submetida às temperaturas de 25 e 30 °C
(Figura 7C) e aplicadas aos diferentes métodos de
superação de dormência (Figura 7D), (CV= 86,05). Massa seca de plântula da cássia rósea, submetida
às temperaturas de 25 e 30 °C (Figura 7E) e aplicadas aos diferentes
métodos de superação de dormência (Figura 7F) (CV= 58,24). (CV=Coeficiente de variação)
*Médias seguidas por uma mesma letra não diferem entre si pelo teste de
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
CONCLUSÕES
As sementes de Cassia grandis possuem dormência física, sendo os métodos mais
eficientes de superação a escarificação mecânica com lixa para madeira número
100, na região oposta à micrópila;
e a escarificação química com ácido
sulfúrico concentrado, com tempo de duração de imersão de 30 minutos,
independente da temperatura testada.
AGRADECIMENTOS
Ao Centro de Ciências e Tecnologia, aos
Laboratórios de Ecologia e de Ecofisiologia da Universidade Estadual do Ceará,
seus funcionários, coordenadores, monitores e voluntários por todo o apoio
recebido para a realização deste estudo e a CAPES pela cessão da bolsa de
estudo, no período de realização do mestrado.
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