ARTIGO CIENTÍFICO
Trabalho Premiado no II
Encontro Regional de Estudos Agroambientais, realizado em Rio Largo, Alagoas,
Brasil
Genótipos
de alface folha lisa para a região Agreste de Sergipe
Loose-Leaf
Lettuce genotypes for the Agreste region in Sergipe,
Brazil
Genotipos de lechuga de hoja plana para la región Agreste de Sergipe,
Brasil
Juliana Lopes Souza¹; Susi
Alves da Silva²; Renata Silva-Mann²; Gláucia Barretto
Gonçalves²; Luiz Antônio Augusto Gomes³; José Luiz Sandes de Carvalho Filho4
¹Programa
de Pós-graduação em Agricultura e Biodiversidade, Universidade Federal de
Sergipe, Av. Marechal Rondon, s/n, Jardim Rosa Elze,
CEP 49100-000, São Cristóvão, Sergipe, Brasil. E-mail: juliana_lopes_souza@live.com. ²Departamento de
Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Sergipe. E-mail:
susi_agro@yahoo.com.br; renatamann@gmail.com; glauciabarretto@yahoo.com.br. ³Departamento de
Agricultura, Universidade Federal de Lavras, Campus Universitário, Aquenta Sol,
Lavras, Minas Gerais, E-mail: laagomes@dag.ufla.br. 4Universidade
Federal Rural de Pernambuco, Recife, Pernambuco. E-mail: joseluiz.ufrpe@yahoo.com.br.
Recebido:
15/12/2019; Aprovado: 22/12/2019
Resumo: Dentre as hortaliças
folhosas, a alface é uma hortaliça folhosa bastante consumida no Brasil, sendo
recomendado o uso de cultivares adaptadas às diferentes condições climáticas.
Com isso, este trabalho teve como objetivo selecionar genótipos de alface de
folhas lisas e tolerantes ao florescimento precoce. O experimento foi
implantado no município de Itabaiana, Estado de Sergipe em blocos casualizados com três repetições, sendo testados 12
genótipos, os quais foram avaliados quanto à massa fresca e seca da parte aérea,
massa fresca e seca da raiz, massa de folhas comerciais e não comerciais,
número de folhas comerciais e não comerciais, diâmetro da cabeça e comprimento
do caule. O genótipo AFX005B-121-02, que possui folhas lisas e é tolerante ao
florescimento precoce, apresentou melhor desempenho comercial e agronômico,
sendo promissor para plantio nas condições do Agreste.
Palavras-chave: Lactuca sativa L.; Melhoramento vegetal; Pendoamento precoce.
Abstract: Among the leafy vegetables, lettuce is one of the
most consumed in Brazil, being recommended the use of cultivars adapted to
different climatic conditions. Therefore, this work had the objective to select
lettuce genotypes of smooth leaves and tolerant to the early flowering. The
experiment was carried out in the city of Itabaiana,
State of Sergipe in experimental design of randomized blocks with three
replications. Twelve genotypes were evaluated for fresh and dry weight of
shoot, fresh and dry mass of root, mass and number of commercial and
non-commercial leaves, head diameter and stem length. The genotype
AFX005B-121-02, which has smooth leaves and is bolting tolerant, presented
better agronomical and commercial performance, being promising for cultivation
conditions in the Agreste region.
Keywords: Lactuca sativa L., Plant breeding, Bolting.
Resumen: Entre las verduras de hoja, la lechuga es una
verdura ampliamente consumida en Brasil, y se recomienda el uso de cultivares
adaptados a diferentes condiciones climáticas. Por lo tanto, este trabajo tuvo
como objetivo seleccionar genotipos de lechuga con hojas lisas y tolerantes a
la floración precoz. El experimento se implementó en el municipio de Itabaiana, estado de Sergipe, en bloques aleatorizados con
tres repeticiones, probándose 12 genotipos, que se evaluaron para determinar la
masa fresca y seca de la parte aérea, la masa fresca y seca de la raíz, la masa
de hojas comerciales y no comercial, número de hojas comerciales y no
comerciales, diámetro de la cabeza y longitud del tallo. El genotipo
AFX005B-121-02, que tiene hojas lisas y es tolerante a la floración precoz,
mostró un mejor rendimiento comercial y agronómico, siendo prometedor para
cultivo en condiciones de Agreste.
Palabras-clave: Lactuca sativa L.;
Fitomejoramiento; Pesaje temprano.
INTRODUÇÃO
A alface (Lactuca sativa L.) é um dos vegetais mais consumidos em todo o mundo,
sendo uma boa fonte de fibra, ferro e vitamina C e de vários outros compostos
bioativos benéficos para a saúde, com atividades anti-inflamatórias, de redução
do colesterol e antibióticas. No entanto, a composição nutricional e os
compostos bioativos variam entre os tipos e cultivares de alface (KIM et al.,
2016).
A alface caracteriza-se pela considerável
variação morfológica e genética e são compostas por sete grupos principais de
cultivares que divergem fenotipicamente. O melhoramento de alface é focado em
várias características morfológicas e de resistência contra doenças e pragas.
Estes descritores são muito eficientes para o estudo da variabilidade
morfológica entre as espécies (KŘÍSTKOVÁ et al., 2008).
As cultivares de alface são hospedeiras de
diversos patógenos vegetais, causadores de doenças como podridão parda, mancha
bacterina, míldio, vírus do mosaico da alface entre outras, resultando na perda
de milhões de dólares por ano (KRISNKI; PELISSARI, 2012; SHIM et al., 2014),
sendo necessária a avaliação de variações fenotípicas de variedades e
cultivares resistentes à diferentes doenças (DEN BOER et al., 2014; SIMKO et
al., 2015) e pragas (WALLEY et al., 2017), por meio de programas de
melhoramento vegetal desta espécie.
A alface é a hortaliça folhosa de maior relevância econômica no Brasil,
tendo seu consumo e sua produção aumentada nos últimos anos. Em Sergipe, o
município de Itabaiana, também conhecido como cinturão verde do estado, aparece
como o principal produtor desta hortaliça, sendo que sua localização geográfica
central e a grande frota de caminhões, facilitam a distribuição da produção
para cidades e até para estados vizinhos.
Porém, a
temperatura elevada em Itabaiana favorece a emissão do pendão floral na cultura
da alface, resultando, muitas vezes, em produto com sabor amargo indesejável
para comercialização. Para o município, não existem relatos de seleção de
genótipos de alface tolerantes ao pendoamento precoce
e que possuam características comerciais de acordo com as exigências do
mercado.
Na cultura da alface, após atingir o ponto máximo da fase vegetativa, inicia-se
a fase reprodutiva, assim como a produção de látex, que proporciona sabor
amargo às folhas, característica indesejável para o mercado in natura, tornando a hortaliça
imprópria para o consumo (MICHALSKA et al., 2009).
Assim, visando contribuir para a produção
de alface de melhor qualidade e que possa se valer de qualidades que corroborem
para a redução na utilização de defensivos, este trabalho objetivou selecionar
genótipos F4 de alface, oriundos do cruzamento entre as cultivares
Regina 71 e Salinas 88, que sejam de folhas lisas e tolerantes ao florescimento
precoce, resistentes ao LMV e ao Meloidogyne incognita, sob as condições edafoclimáticas de
Itabaiana, Sergipe. Desta forma, a avaliação de cultivares de alface em
produzidas na região do agreste sergipano representa uma ferramenta
extremamente importante na obtenção de informações para futuros programas de
melhoramento genético desta espécie. Objetivou-se,
por meio deste trabalho, selecionar genótipos F4 de alface, oriundos
do cruzamento entre as cultivares Regina 71 e Salinas 88, que sejam de folhas
lisas, resistentes aos nematoides e tolerantes ao pendoamento
precoce, sob as condições edafoclimáticas de Itabaiana, Sergipe.
MATERIAL E
MÉTODOS
A avaliação do
desempenho agronômico foi realizada na área experimental do projeto “Pequeno
Produtor, Grande Empreendedor”, no município de Itabaiana-SE,
cujo solo foi classificado como Podzólico
Vermelho-Amarelo, de textura arenosa, sendo 80% areia, 13% silte
e 7% argila (NUNES et al., 2002; SILVA et al., 2013). A cidade situa-se na meso região do agreste sergipano, com
pluviosidade média anual de 861,9 mm e
temperatura média anual de 24,7°C. Localiza-se a uma latitude 10° 41’ e
longitude 37° 25’ e altitude média de 186 m (EMBRAPA, 2011). A área do
experimento está localizada na Região Hidrográfica Atlântico Norte, bacia
hidrográfica do Rio Sergipe. Encontra-se em área sócio-econômica
da agropecuária denominada como cinturão agrícola (Souza et al., 2009). E tem
um histórico de infestação por nematóides das galhas.
Devido às temperaturas elevadas, a alface produzida nessa região apresenta
sabor amargo ocasionado pela emissão precoce do pendão floral.
Para a produção das mudas foram utilizadas
as cultivares de alface parentais Salinas 88 (americana de folhas crespas,
resistente ao nematóide das galhas e suscetível ao pendoamento precoce) e Regina 71 (folhas lisas, suscetível
ao nematóide das galhas e resistentes ao pendoamento precoce) e oito genótipos da geração F4:
AFX005B–273-02, AFX005B-121-02, AFX005B-124-06, AFX005B-72-02, AFX005B-114-01,
AFX005B-16-03, AFX005B-183-01, AFX005B-43-02 classificados quanto à
suscetibilidade aos nematóides das galhas M. incognita
raça 1, às características comerciais e à tolerância ao pendoamento
precoce (CARVALHO FILHO et al., 2007; CARVALHO FILHO et al., 2009). Além
destas, foi utilizada como testemunha a cultivar Saia Véia,
muito cultivada na região (Tabela 1).
A semeadura foi realizada em julho de
2010, em bandejas de plástico com 162 células utilizando o substrato comercial Plantmax®, sendo semeada uma semente por célula.
As plântulas foram mantidas em casa de vegetação, irrigadas com turno de rega
de uma hora por dois minutos diariamente, de acordo com a necessidade.
Tabela 1. Classificação
dos genótipos de alface utilizados em experimento quanto à resistência aos nematóides das galhas, à tolerância ao pendoamento precoce e quanto aos tipos de folhas. |
|||||
Genótipos |
Classificação quanto à |
Tipos de folhas |
|||
Resistência* |
Tolerância** |
Limbo |
Borda |
||
AFX005B–273-02 |
R |
T |
I |
L |
|
AFX005B-121-02 |
R |
T |
L |
L |
|
AFX005B-124-06 |
R |
AT |
L |
E |
|
AFX005B-72-02 |
R |
AT |
L |
E |
|
AFX005B-114-01 |
R |
NT |
I |
L |
|
AFX005B-16-03 |
S |
NT |
L |
E |
|
AFX005B-183-01 |
S |
NT |
I |
E |
|
AFX005B-43-02 |
S |
T |
I |
L |
|
*Resistência
a nematóides das galha (CARVALHO FILHO et al.,
2007); **Tolerância pendoamento precoce (CARVALHO
FILHO et al., 2009), R=
Resistente, S = Suscetível, T= Tolerante, AT = Altamente Tolerante, NT = Não
Tolerante, I= Intermediário, L = Liso(a), E = Enrugada |
|||||
O transplantio foi realizado em agosto de 2010, após o
surgimento da quinta folha definitiva. O delineamento experimental adotado foi
em blocos casualizados, com 12 tratamentos e três
repetições, em parcelas com dimensões de 6 x 1 m, totalizando 72 x 1 m por
bloco, com espaçamento de 0,3 x 0,3 m entre plantas. A parcela útil de cada
tratamento foi constituída de oito plantas, as demais plantas, na porção mais
externa dos canteiros foi utilizada como bordadura.
Na área onde foi
implantado o experimento, foi realizada uma adubação de fundação de acordo com
a análise do solo da área (Tabela 2). A adubação foi constituída de esterco
bovino, superfosfato simples e cloreto de potássio (Tabela 3).
Tabela 2. Análise de solo na área experimental do projeto
“Pequeno Produtor, Grande Empreendedor”, no município de Itabaiana, Sergipe |
||
Ensaio |
Resultado |
Unidade |
Matéria orgânica |
7,62 |
g dm-3 |
Cálcio + Magnésio |
4,75 |
cmolc dm-3 |
Potássio |
45,2 |
ppm |
Fósforo |
148 |
ppm |
Índice de saturação de
bases (V) |
100 |
% |
Tabela 3. Recomendação de adubação para a cultura de alface.
Fonte: Nunes, 2007. |
|
Época |
Recomendação |
Plantio |
3 kg m-2 de
esterco bovino |
27,78 g m-2 de
superfosfato simples |
|
8,62 g m-2 de
cloreto de potássio |
|
15 DAT* |
20 g m-2 de
sulfato de amônio |
30 DAT |
20 g m-2 de
sulfato de amônio |
*Dias após plantio |
Após 21 dias do transplantio foi feita adubação de acordo com a análise do
solo. Foram realizadas capinas manuais durante o período de condução do
experimento e as plantas foram irrigadas diariamente, de acordo com a
necessidade da cultura e as condições de precipitação local, sendo observados o
Kc para a cultura e a evapotranspiração diária.
Ao atingir o
ponto de colheita para a testemunha, de acordo com as características exigidas
pelo mercado, isto é, quando atingiu o máximo de desenvolvimento, com folhas
ainda tenras e sem sinal de pendoamento, foi
realizada a colheita aos 35 dias após o transplantio,
e a seguir realizada avaliação das características: massa fresca da
parte aérea (MFPA) (g), massa fresca da raiz (MFR) (g), massa seca da parte
aérea (MSPA) (g), massa seca da raiz (MSR) (g), massa de folhas não comerciais
(MFNC) (g), massa de folhas comerciais (MFC) (g), número de folhas não
comerciais (NFNC), número de folhas comerciais (NFC), diâmetro da cabeça (DC)
(cm) e comprimento do caule (CC) (cm).
A avaliação das
variáveis MFPA, MFR, MFNC, MFC foi realizada por pesagem em balança digital de
precisão 0,005 g. As variáveis DC e CC foram estimadas com uma régua graduada
(cm). O NFNC e NFC foram determinados pela contagem de folhas maiores de 3 cm
de comprimento, aproximadamente. Para
as variáveis MSPA e MSR, foi coletada uma planta de cada tratamento por parcela
sendo o material coletado acondicionado em sacos de papel e colocado em estufa
de circulação de ar, a 65 ºC, até atingir massa em equilíbrio (OLIVEIRA et al.,
2004).
Os dados foram submetidos à análise de
variância pelo teste F a 5% de probabilidade e o agrupamento de médias
realizado pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade, com o auxílio do software estatístico SISVAR® (FERREIRA,
2014).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio da análise para a MFPA,
observou-se que os genótipos de alface, AFX005B-183-01, AFX005B-72-02 e Salinas
88, apresentaram as maiores médias, sendo superiores à testemunha Saia Véia, o que corrobora para o melhor desempenho dos
genótipos melhorados da geração F4 em relação à testemunha (Tabela
4).
Tabela 4. Valores médios para massa fresca da
parte aérea (MFPA), massa de folhas não comerciais (MFNC), massa de folhas
comerciais (MFC), massa fresca da raiz (MFR) e comprimento do caule (CC) para
os diferentes genótipos de alface (Lactuca sativa
L.) produzidos no município de Itabaiana, Sergipe |
|||||
Genótipos |
MFPA (g) |
MFNC (g) |
MFC (g) |
MFR (g) |
CC (cm) |
Salinas 88 |
0,40 a* |
0,03 b |
0,33 a |
0,02 b |
5,67c |
Regina 71 |
0,15 b |
0,02 b |
0,12 b |
0,02 b |
4,04 c |
AFX005B–273-02 |
0,17 b |
0,01 b |
0,14 b |
0,01 b |
3,75 c |
AFX005B-121-02 |
0,31 b |
0,03 b |
0,25 a |
0,01 b |
5,88 c |
AFX005B-124-06 |
0,27 b |
0,04 b |
0,21 b |
0,01 b |
4,82 c |
AFX005B-72-02 |
0,41 a |
0,07 a |
0,30 a |
0,02 b |
7,60 b |
AFX005B-114-01 |
0,29 b |
0,03 b |
0,23 b |
0,02 b |
6,02 c |
AFX005B-16-03 |
0,24 b |
0,02 b |
0,18 b |
0,02 b |
7,82 b |
AFX005B-183-01 |
0,45 a |
0,07 a |
0,30 a |
0,05 a |
10,42 a |
AFX005B-43-02 |
0,22 b |
0,02 b |
0,17 b |
0,02 b |
4,48 c |
Saia Véia |
0,30 b |
0,05 a |
0,21 b |
0,03 b |
5,10 c |
CV (%) |
28,43 |
35,66 |
28,22 |
34,65 |
10,11 |
*Médias seguidas por letras iguais não
diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. |
Para as variáveis
de importância econômica dos genótipos AFX005B-183-01, AFX005B-72-02, da
geração F4, ocorreram as maiores perdas de MFNC (0,071 e 0,065 g). O
genótipo AFX005B-121-02 (0,029 g) apresentou pequena perda de matéria fresca
para a comercialização. Para a variável MFC, observou-se que os genótipos
AFX005B-483-01, AFX005B-72-02 e AFX005B-121-02 apresentaram as maiores médias
(40,303; 0,297; 0,251 e 0,326 g, respectivamente).
Ao se avaliar o pendoamento em genótipos de alface, verificou-se que em 13
progênies F7, dos genitores Verdinha, Regina e Tinto, e nas cultivares Luisa e Babá de Verão, houve correlação positiva entre
características agronômicas comerciais e o índice de pendoamento
(SOUZA et al., 2008).
Por ser uma cultura típica de climas
amenos, o pendoamento precoce é um problema que tem
afetado a cultura da alface e dificultado o cultivo em regiões com temperaturas
elevadas, como as encontradas no nordeste do Brasil. O desenvolvimento de
cultivares tolerantes ao pendoamento precoce tem
grande importância, principalmente em regiões tropicais, como o Brasil, especialmente
no Nordeste.
As cultivares com
caules mais longos é um indicativo do início do pendoamento,
e, portanto, da suscetibilidade ao calor, sendo, portanto, o comprimento do
caule um fator a ser avaliado na seleção da tolerância ao pendoamento
precoce (OLIVEIRA et al., 2004). Com isso, os genótipos AFX005B-114-01,
AFX005B-121-02, AFX005B-124-06, AFX005B-43-02 e AFX005B-273-02 (6,03; 5,88;
4,83; 4,48 e 3,75 cm, respectivamente), com menor comprimento de caule, são de
interesse neste estudo.
Observou-se que
para os genótipos F4 obteve-se um desempenho superior à cultivar
comercial utilizada na região, Saia Véia, sendo que
esta possui uma MFC inferior aos genótipos F4: AFX005B-183-01,
AFX005B-72-02 e AFX005B-121-02; e apresentou média elevada para MFNC, assim
como os genótipos F4 AFX005B-183-01 e AFX005B-72-02, o que demonstra
a elevada perda de folhas na ocasião da colheita. Além disso, a cultivar em
questão não é resistente aos nematóides das galhas e
é suscetível ao pendoamento precoce. Para as
variáveis DC, NFNC, NFC, MSPA e MSR não houve diferença significativa ao nível
de 5% de probabilidade.
No estudo
realizado com 22 progênies F4 de alface, dentre as quais inclui-se
as utilizadas no presente estudo, verificou-se que as progênies AFX005B-043-02,
AFX005B-121-01 e AFX005B-121-02 foram promissoras para dar continuidade a
programas de melhoramento (CARVALHO FILHO et al., 2009).
As restrições
sobre a capacidade de fenotipagem de cultivares no
campo de produção limitam a capacidade de obtenção das características
genéticas quantitativas, particularmente aquelas relacionadas com a tolerância
ao estresse (potencial de produção, restrição hídrica, calor e absorção de
nutrientes) (ARAUS E CAIRNS, 2014).
Os cruzamentos
devem preferencialmente ser efetuados entre genótipos do mesmo tipo varietal,
pois como não se conhece com exatidão a herança e o número de genes para as
diferentes características morfológicas, a recuperação do tipo recorrente pode
ser dificultada (AZEVEDO et al., 2013).
Para a variável
MFR e CC, o genótipo AFX005B-183-01 diferiu significativamente dos demais
genótipos, apresentando a maior média (0,048 g e 10,425 cm), sendo este
classificado como suscetível aos nematóides por
Carvalho Filho et al (2007) e de folhas crespas (CARVALHO FILHO et al., 2009), com menor similaridade por
meio de marcadores moleculares com os demais genótipos (SILVA et al., 2010), e, portanto, não sendo de
interesse para a seleção neste estudo. Ainda para a variável CC, os genótipos
AFX005B-16-03 e AFX005B-72-02 não diferiram entre si e diferiram dos demais
genótipos, com valores intermediários (7,82 e 7,60 cm).
Em estudo sobre
populações segregantes de alface, envolvendo 11
linhagens avançadas [('Regina 71' x 'Grand Rapids') x 'Elisa'] com as
testemunhas resistente ('Grand Rapids') e suscetível ('Regina 71') observou-se
a resistência à Meloidogine javanica,
sendo que seis linhagens foram consideradas homozigotas resistentes, podendo
ser utilizadas como novas fontes de resistência em programas de melhoramento de
alface (FERREIRA et al., 2011).
O genótipo
AFX005B-121-02 apresentou média de MFC dentre as superiores, sendo que este
genótipo é considerado resistente aos nematóides M.
incognita,
com limbo e borda lisas (CARVALHO FILHO et al., 2009). Este resultado confirmado pela análise de similaridade por
marcadores moleculares, onde este genótipo foi um dos que apresentou maior
similaridade com a cultivar Salinas 88, resistente aos nematóides
das galhas (SILVA et al., 2010). Este mesmo genótipo, AFX005B-121-02,
apresentou média de CC significativamente inferior.
O melhoramento
genético de plantas têm sido um objetivo básico e essencial. Estresses
abióticos como um todo são considerados como os fatores cruciais que restringem
o desenvolvimento, o potencial genético e a produtividade das espécies de
plantas (GILL et al., 2014). Na sua forma convencional, o melhoramento vegetal
se baseia na seleção fenotípica de plantas superiores dentro de populações segregantes oriundas de cruzamentos. Nesta prática, existem
inúmeras dificuldades, especialmente em relação às interações genótipo x
ambiente (SCHUSTER, 2011).
A domesticação de
variedades selvagens de alface levou à perda de espinhos nas folhas e hastes,
redução de látex e amargor nos tecidos vegetais, baixo pendoamento
e incremento do aumentado da semente. A seleção antrópica e os esforços
posteriores de reprodução também resultaram em mudanças no tamanho, forma, cor,
textura e sabor de folhas e plantas, hábitos de rumo, resistência a doenças e
insetos, rendimento e adaptação a diferentes áreas geográficas e ambientes (MOU,
2011).
Para que os alelos
das culturas se estabeleçam permanentemente na população selvagem após os
eventos de hibridação única, os genótipos híbridos devem conferir uma vantagem
seletiva em um determinado ambiente. A introgressão
de genes de culturas em uma população começa com híbridos F1, com contribuições
iguais de genomas entre variedades cultivadas e silvestres, heterozigosidade
genômica e forte desequilíbrio de ligação. Nas gerações subsequentes, uma série
de novos genótipos será formada como resultado da recombinação e segregação na
meiose e a criação de novos indivíduos por cruzamento (HARTMAN et al., 2013).
A identificação de
variedades e cultivares é um dos aspectos mais importantes nos sistemas
agrícolas. Tradicionalmente, são utilizados descritores morfológicos básicos
adequados para grupos de plantas com parâmetros morfológicos distintos (KORIR
et al., 2012). Porém, a identificação e caracterização com base nas
características morfológicas de um grande número de
variedades cultivadas ou locais tornou-se difícil devido a sua não estabilidade
e influências das condições ambientais e climáticas, e consequentemente a
plasticidade fenotípica (MARCHI et al., 2015; LAFTA et al., 2017).
Desta forma, as
características relacionadas às folhas de alface são muito importantes para a
avaliação do desempenho de cultivares no campo, pois estão relacionadas à
adaptação do material genético ao ambiente e à qualidade para a comercialização
(DIAMANTE et al., 2013).
CONCLUSÕES
A cultivar Saia Véia,
utilizada na região Agreste de Sergipe,
apresenta um desempenho comercial e agronômico inferior aos genótipos em
estudo, o que indica a necessidade premente de sua substituição.
O genótipo AFX005B-121-02 previamente
caracterizado como resistente ao M. incognita raça 1 e ao florescimento precoce, com folhas
lisas tanto na borda quanto no limbo é promissor para continuidade aos
programas de melhoramento.
AGRADECIMENTOS
Os autores
agradecem à CAPES pela concessão da bolsa de pós-graduação, à Universidade
Federal de Lavras pela cessão do material genético e ao Instituto GBarbosa -
Projeto Pequeno Produtor, Jovem Empreendedor pelo apoio financeiro
REFERÊNCIAS
ARAUS, J. L., CAIRNS, J. E. Field
high-throughput phenotyping: the new crop breeding frontier. Trends in plant
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CASTRO, B. M. C. Seleção de genótipos de alface para
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GOMES, L. A. A.; WESTERICH, J. N. ; MALUF, W. R.; CAMPOS, V. P. Caracterização de famílias F4 de
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