Irrigação com
água salina e uso de biofertilizante bovino no crescimento
e nas trocas gasosas de feijão-de-corda
Irrigation with saline water
and use of bovine biofertilizer in the growth and gas exchange of cowpea
Riego con agua
salina y uso de biofertilizante bovino en el crecimiento e intercambio de gases
del caupí
Clarissa Lima Magalhães1,
Geocleber Gomes de Sousa2,
Andreza Silva Barbosa3, Rute Maria Rocha Ribeiro3, Max
Ferreira dos Santos4,
Elizeu Matos da Cruz Filho3
1Engenheira Agrônoma, Mestranda em Engenharia Agrícola,
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, +558599253-0409, E-mail: clarissamagalhaes.19@gmail.com; 2Professor Dr., Instituto
de desenvolvimento Rural, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia
Afro-Brasileira, Redenção-Ceará, E-mail:sousagg@unilab.edu.br; 3Graduandos
em Agronomia, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia
Afro-Brasileira, Redenção-Ceará, E-mails: andrezabarbosaunilab@gmail.com;
tutemaryrocha@gmail.com; elizeu.unilab@gmail.com; 4Doutorando em Ciência do
Solo, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-Ceará, E-mail: maxsantosferreira@gmail.com
Recebido:
12/02/2020; Aprovado: 13/02/2021
Resumo: O biofertilizante pode atenuar o efeito do estresse salino no
crescimento inicial e na fisiologia do feijão-caupi (Vigna unguiculata). O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito
do biofertilizante bovino no crescimento inicial e trocas gasosas de plantas de
feijão-caupi irrigadas com água salina. O experimento foi conduzido em condição
de campo na Horta Didática do campus da Liberdade na Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Redenção, Ceará. A cultivar “BRS
Tumucumaque” foi utilizada no experimento, sendo semeada em vasos plásticos de
8 litros, em delineamento de blocos ao acaso sob esquema fatorial 5x2, com
quatro repetições, sendo o primeiro fator composto por cinco concentrações de
biofertilizantes (5, 10, 15, 20 e 25% do volume do vaso e o segundo fator
composto pela condutividade elétrica da água de irrigação (CEa: 0,5 e 5,0 dS m-1).
A área foliar, número de folhas, diâmetro do caule, altura das plantas,
condutância estomática, taxa de fotossíntese e transpiração foram avaliadas. O
estresse salino reduziu a altura de plantas, transpiração e fotossíntese. A
concentração de 15% de biofertilizante bovino foi a
mais eficiente para atenuar o uso da água de alta salinidade para o número de
folhas, diâmetro do caule, área foliar e a condutância estomática.
Palavras-chave: Insumo orgânico; Salinidade; Vigna
unguiculata (L.) Walp.
Key
words: Input organic; Salinity; Vigna
unguiculata (L.) Walp.
Palabras Clave: Insumos orgânicos; Salinidad; Vigna unguiculata (L.) Walp.
INTRODUÇÃO
O feijão-caupi (Vigna unguiculata
(L.) Walp.), é uma leguminosa de grande importância socioeconômica para as
regiões Norte e Nordeste do Brasil, sendo fonte direta de emprego e um alimento
importante devido ao seu alto valor nutricional (FREIRE FILHO et al., 2011).
Diante da escassez de alimentos e o aumento populacional, tem-se uma
necessidade no aumento da produção de alimentos, por esse motivo as
perspectivas para a safra são boas, pois suas características incluem robustez,
adaptabilidade e precocidade, com boa capacidade de produção em ambientes
desfavoráveis (SOUSA et al., 2013).
No entanto, um dos maiores entraves no cultivo do
feijão em sistema de produção agrícola sustentável é o manejo do solo, que
envolve a estrutura física, a conservação através de cobertura morta e o uso de
fonte orgânica. Essas práticas buscam um maior desempenho produtivo em
distintos sistemas de produção visando também a preservação do meio ambiente
(Pereira et al., 2015; Fernandes; Guerra; Araújo, 2015).
Em muitos cenários de clima quente e seco, como é caso do semiárido
brasileiro, o déficit hídrico em certos períodos do ano, torna a prática da
irrigação essencial para assegurar a produção agrícola. Entretanto, existem limitações
como a disponibilidade de água de baixa qualidade (RIBEIRO et al., 2016).
A salinidade é um dos principais estresses ambientais que afeta
negativamente o crescimento das plantas e seu metabolismo, reduzindo o
potencial osmótico da solução do solo (SÁ et at., 2016). O excesso de sais
também pode comprometer as condições fisiológicas das plantas, causando
fechamento parcial dos estômatos, limitando o CO2 interno (GOMES et
al., 2015) e diminuindo a quantidade de taxas de fotossíntese e transpiração
(SOUSA et al., 2018).
O feijão-caupi é classificado como uma cultura moderadamente tolerante
à salinidade, com salinidade limiar de 3,3 dS m-1, a partir da qual
pode se verificar queda na produtividade (AYERS; WESTCOT, 1999). Avaliando a
cultura do feijão-corda irrigado com água salinas, Pereira Filho et al. (2017),
constaram redução no crescimento inicial em altura de plantas e área foliar na
condutividade elétrica de 6,95 dS m-1.
Logo, alternativas que minimizem as perdas de crescimento e produção das
plantas irrigadas com águas salinizadas são primordiais.
Dentre as alternativas que desmontam ter efeito atenuador sobre o
estresse salino, tem destaque o uso de insumos orgânicos, principalmente biofertilizante bovino, pois além possuir baixo custo de
produção ele promove o ajustamento osmótico no solo, garantindo o suprimento de
água e nutrientes às plantas, mesmo sob estresse (CAVALCANTE et al., 2011). Também
libera substâncias húmicas no solo, facilitando a absorção de elementos
essenciais para as plantas e, portanto, favorecendo um maior crescimento
inicial em condições de salinidade (SOUSA et al., 2018).
Logo, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do biofertilizante
bovino no crescimento inicial e trocas gasosas de plantas de feijão-caupi
irrigadas com água salina.
MATERIAL E
MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido entre
outubro e dezembro de 2018, em condição de campo na Horta Didática Luís Antônio
da Silva, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia
Afro-Brasileira (UNILAB), Campus da Liberdade, Redenção, Ceará. O clima da
região segundo Köppen (1923) é do tipo Aw’, sendo caracterizado como tropical chuvoso, muito
quente, com chuvas predominantes nas estações do verão e outono.
O substrato utilizado foi uma mistura de
areia, arisco e esterco bovino na proporção 4:2:1. Uma amostra do substrato foi
coletada antes da aplicação dos tratamentos e avaliada no Laboratório de Solo e
Água do Departamento de Ciências do Solo/UFC (Tabela 1). Sendo substrato
acondicionado em vasos plásticos de 8 dm3.
Tabela 1. Características químicas do substrato composto uma mistura de areia, arisco e esterco
bovino na proporção 4:2:1, utilizado antes da
aplicação dos tratamentos |
|||||||||||
MO |
N |
Ca2+ |
K+ |
Mg2+ |
Na+ |
H+ + Al3+ |
Al |
SB |
(P) |
(CTC |
V) |
-- g kg-1 -- |
---------------------- cmolc kg-1
--------------------- |
(mg kg-1) |
(%) |
||||||||
9,15 |
0,54 |
2,0 |
3,31 |
2,0 |
1,31 |
0,83 |
0,0 |
9,43 |
59 |
6,7 |
91 |
MO – Matéria Orgânica; SB – Soma de Bases (Ca2 + Mg2+
+ Na+ + K +); CTC – Capacidade de Troca de Cátions – [Ca2+ Mg2+
+ Na+ + K+ + (H+ + Al3+)]; V – Saturação por
bases – (Ca2+ Mg2+ + Na+ + K+/
CTC) x 100. |
A cultivar de feijão-caupi utilizada no experimento foi a “BRS
Tumucumaque”, semeada em vasos plásticos com capacidade de 10 litros, com cinco
sementes por vaso, numa profundidade de 2 cm. Aos 10 dias após a semeadura foi
realizado o desbaste deixando duas plantas por vaso.
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso em esquema fatorial
5x2, com quatro repetições, sendo o primeiro fator as concentrações de biofertilizante (5, 10, 15, 20 e 25% do volume do vaso) e o
segundo fator a condutividade elétrica da água de irrigação (CEa: 0,5 e 5,0 dS
m-1).
Os sais de NaCl, CaCl2.2H2O e MgCl2.6H2O,
na proporção de 7:2:1 (MEDEIROS, 1992) foram utilizados para a preparação da
água salina. A água para irrigação foi obtida do sistema de abastecimento da
Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE) que possui CE de 0,5 dS m-1
e a partir dela foi feito o preparo da água com CE de 5,0 dS m-1. A
irrigação foi iniciada aos 08 dias após a semeadura (DAS), com frequência
diária, usando o método do lisímetro de drenagem
(BERNARDO et al., 2019), fornecendo um volume de água a cada 24 horas para
manter o substrato na capacidade de campo e uma fração de lixiviação de 15%.
No preparo do biofertilizante, utilizou-se esterco bovino e água (1:1
v/v), sob fermentação aeróbia durante 30 dias foi aplicado de uma única vez aos
20 dias após a semeadura. Os teores de elementos minerais do biofertilizante
(Tabela 2), foram analisados conforme metodologia sugerida por Malavolta et al.
(1997).
Tabela 2. Composição de macro e micronutrientes na matéria
seca de biofertilizante bovino |
||||||||||
Biofertilizante |
N |
P |
K |
Ca |
Mg |
Na |
Fe |
Cu |
Zn |
Mn |
--------------- (g L-1)
----------- |
------------- (mg L-1) ---------- |
|||||||||
Bovino |
2,73 |
3 |
2,3 |
3,1 |
0,6 |
0,92 |
42,6 |
0,2 |
6,1 |
6,1 |
As variáveis de crescimento foram determinadas aos 45 dias após a
semeadura (DAS), conforme segue a descrição. O diâmetro do caule (DC - mensurado
a dois centímetros acima do colo da planta), área foliar (AF) determinada pela razão
entre o comprimento da folha (CF), largura da folha (LF) e o fator de correção
de 0,68, para o cálculo foram utilizadas as folhas totalmente expandidas do
superior das plantas, altura de planta (AP - cm, considerando a distância entre
o colo e o ápice da planta) e o número de folhas (NF - determinado a partir de
contagem manual).
As trocas gasosas foram realizadas aos 45 DAS utilizando-se um
analisador de gás no infravermelho - IRGA (LCi System, ADC, Hoddesdon, UK), em
sistema aberto, com fluxo de ar de 300 mL min-1, em folhas
completamente expandidas. Sendo avaliadas condutância estomática (gs), taxa de fotossíntese líquida (A) e transpiração (E).
Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste ‘F’ ao
nível 5% e 1% de probabilidade e nos casos de significância, realizou-se
análise de regressão polinomial linear e quadrática para o fator doses de
biofertilizante bovino, utilizando-se o Software Assistat®,
versão 7.7 (SILVA; AZEVEDO, 2016).
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
A partir da análise de variância (Tabela3), foi
constatado que houve interação significativa entre os fatores salinidade e
biofertilizante para o diâmetro do caule (DC), número de folhas (NF), área
foliar (AF) e condutância estomática (gs), enquanto que
para altura de planta (AP), fotossíntese líquida (A) e transpiração (E), houve
isolado para o fator salinidade.
O modelo que melhor se ajustou para a
variável diâmetro do caule (DC) foi o polinomial (Figura 1), em que, na água de
baixa salinidade (0,5 dS m-1) obteve-se um DC de 5,66 mm numa
concentração de 18,87% de biofertilizante, enquanto que
para a água de alta salinidade (5,0 dS m-1) os valores chegaram a
4,88 mm na concentração de 13,77% de biofertilizante. A inibição do crescimento
em diâmetro do caule foi devido à presença dos sais se deve a efeitos osmóticos
causados no solo que reduzem a absorção de água pela planta e pelo acúmulo de
íons no protoplasma das células (TAIZ et al., 2017).
Figura 1.
Diâmetro do caule em plantas de feijão-caupi irrigadas com água de baixa () e alta () salinidade sob diferentes concentrações
de biofertilizante bovino.
Similaridade foi obtida por Souza et al. (2019),
em que, a salinidade da água de irrigação reduziu o diâmetro do caule em
plantas de fava (Vigna unguiculata),
mas em menor proporção nos tratamentos com biofertilizante caprino e bovino. Sousa
et al. (2014a) também constataram redução no diâmetro do caule quando usada
água de alta salinidade, no entanto, com menor severidade nas plantas que
receberam biofertilizante bovino. Os autores atribuíram este fato a um maior
aporte de material orgânico ao solo das plantas que receberam o biofertilizante.
O material orgânico, após sua mineralização, é fonte de nutrientes para as
plantas, tais nutrientes são requeridos para o processo de desenvolvimento
vegetal. O maior aporte de biofertilizante (material orgânico) ao solo resulta
em plantas mais desenvolvidas, do ponto de vista morfológico, devido a maior
quantidade de nutrientes disponíveis para a planta investir em seu crescimento (SOUSA et al., 2013).
O número de folhas (Figura 2) foi elevado
linearmente à medida que as concentrações de biofertilizante eram incrementadas
e irrigadas com água de baixa salinidade (0,5 dS m-1), expressando superioridade
de até 27,9% equivalente à concentração de 25% de biofertilizante em relação
aos demais tratamentos. Já para a irrigação com água de alta salinidade (5,0 dS
m-1), houve efeito polinomial dos tratamentos, em que, o valor
máximo encontrado foi de 5,06 folhas para uma concentração de biofertilizante
de 13,8%.
Figura 2. Número de folhas em plantas de
feijão-caupi irrigadas com de baixa () e alta () salinidade sob diferentes concentrações
de biofertilizante bovino.
Este resultado, possivelmente está relacionado
com os efeitos positivos do biofertilizante, resultando em uma maior eficiência
das plantas nos processos fotossintéticos e no transporte de solutos orgânicos
nos tecidos vegetais (SOUSA et al., 2013). Resultados semelhantes em que o
fertilizante bovino atenuou parcialmente o estresse salino no número de folhas
foram relatados por (SOUZA et al., 2019) e (SOUSA et al., 2018) durante o
crescimento inicial da cultura da fava (Phaseolus lunatus) e do
feijão-caupi, sob irrigação com água salina.
A área foliar das plantas (Figura 3), obteve
um comportamento linear crescente com o aumento das concentrações de
biofertilizante bovino quando utilizada a água de baixa salinidade, tendo acréscimo
de 62,77% quando utilizada a concentração máxima do insumo bovino. Já quando
utilizada a água de alta salinidade, o aumento crescente das doses de
biofertilizante reduziram a área foliar da cultura, atingindo numa concentração
de 15,01% de biofertilizante, uma área foliar de 22,76 cm2.
Figura 3. Área foliar em plantas de feijão-caupi
irrigadas com água de baixa () e alta () salinidade sob diferentes concentrações
de biofertilizante bovino.
Essa superioridade supostamente está
relacionada com a capacidade dos biofertilizantes estimularem a proliferação de
micro-organismos e solubilizadores de nutrientes essenciais no solo, aumentando
a sua disponibilidade às plantas (SOUSA et al., 2013). Da mesma forma, (SOUSA
et al., 2014a) verificaram redução da área foliar da cultura do feijão-caupi
quando submetido ao estresse salino na presença e ausência de fertilizantes
orgânicos. Resultado semelhante foi observado por (SOUZA et al., 2019), onde
com o aumento da salinidade da água, houve uma diminuição no número de folhas
emitidas em plantas de fava, consequentemente ocasionando a redução da área
foliar.
A altura das plantas (Figura 4) foi
reduzida quando utilizada água de alta salinidade em comparação com a água de
baixa salinidade, obtendo um decréscimo de 39,8%. É comum plantas sob estresse
salino limitar o seu crescimento, pois, a pressão osmótica da solução do solo
fica mais negativa com o aumento da concentração dos sais, o que dificulta a
absorção de água pela planta devido à redução da água disponível, afetando a
divisão celular e o alongamento celular (OLIVEIRA et al., 2014).
Figura 4. Altura de plantas de feijão-caupi
irrigadas com água de baixa (0,5) e alta (5) salinidade.
Em estudo com a cultura do feijão-caupi (SOUSA
et al., 2014), demonstram que a irrigação com água salinas reduz a altura de
plantas de feijão. Resultados similares também foram observados por (SOUSA et
al., 2018) em plantas de soja (Glycine max), através do aumento da
salinidade do solo houve redução na altura da planta.
O modelo que melhor se ajustou para a avaliação da
condutância estomática da cultura do feijão-caupi (Figura 5) foi o polinomial
quadrático para as duas águas utilizadas. Quando
irrigada com a água de 0,5 dS m-1, a taxa de condutância
estomática alcançou um valor máximo de 0,56 mol H2O m-2 s-1
correspondente a uma concentração de 1676,7 mL de biofertilizante. Já
quando as plantas foram irrigadas com a água de 5,0 dS m-1, obteve-se
um valor de 0,21 mol H2O m-2 s-1 em uma
concentração de 1019,2 mL de biofertilizante, tendo esta, valores bem abaixo em
comparação com a água de menor salinidade.
Figura 5. Valores de condutância estomática (gs) em plantas de
feijão-caupi irrigadas com água de baixa () e alta () salinidade sob diferentes concentrações de
biofertilizante bovino.
Tais resultados podem estar relacionados
aos altos teores de presente na (Tabela 1), de forma que o aumento das
concentrações de biofertilizante proporcionou uma redução do potencial osmótico
do solo e, desta forma, dificultando a absorção de água pelas plantas e,
consequentemente, diminuindo a condutância estomática para evitar a perda de
água (PEREIRA FILHO et al., 2019), sendo este efeito mais acentuado quando
utilizada a água de alta salinidade.
Sousa et al. (2014) irrigando a cultura do
feijão-caupi com águas salinas em solo com biofertilizante
bovino e Souza et al. (2019) na cultura da fava, observaram redução da
condutância estomática com o aumento da salinidade da água de irrigação,
entretanto, esses autores descreveram que, quando os biofertilizantes bovino e
caprino foram aplicados, as plantas resistiram mais ao estresse salino e,
consequentemente, tiveram maior condutância estomática.
A taxa transpiratória do feijão-caupi foi maior quando
utilizada a água de baixa salinidade com 3,90 mmol H2O m-2
s-1, obtendo um valor de 2,94 mmolH2O m-2 s-1
para a água de alta salinidade (Figura 6A). A influência dos sais na taxa
fotossintética da cultura do feijão-caupi, a água de maior salinidade
contribuiu para uma redução da fotossíntese na cultura (9,77 µmol CO2
m-2 s-1) quando comparada com a água de menor salinidade
(12,75 µmol CO2 m-2 s-1) (Figura 6B). Tais
comportamentos podem estar relacionados à redução de absorção de CO2
pelo fechamento parcial dos estômatos, causando uma limitação do fluxo de sais
às raízes da cultura devido a menor taxa de transpiração, refletindo
diretamente na fotossíntese da cultura (PRAZERES et al., 2015).
Figura 6. Taxa de transpiração (A) e fotossíntese (B) em
plantas de feijão-caupi irrigadas com água de baixa
(0,5) e alta (5,0) salinidade.
Em estudos semelhantes, irrigando-se a cultura do
feijão-de-corda com águas salinas e aplicando-se biofertilizante via foliar,
(SILVA et al., 2013) verificaram que a transpiração da cultura foi reduzida com
o aumento dos sais na água de irrigação. Da mesma forma, (ANDRADE et al., 2018)
estudando a aplicação de águas salinas em diferentes genótipos de feijão-caupi,
constataram um decréscimo na taxa fotossintética da cultura.
CONCLUSÕES
O estresse salino reduz a altura de
plantas, transpiração e fotossíntese em feijão-caupi. A concentração de 15% de
biofertilizante bovino foi a mais eficiente para atenuar o uso da água de alta
salinidade para o número de folhas, diâmetro do caule, área foliar e a
condutância estomática em feijão-caupi.
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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