Uso de agentes aderentes na peletização de sementes de milho
crioulo com pó de rocha
Use of adhesion agents in the
granulation of seeds of creole corn with rock poder
Uso
de adherentes en la granulación de semillas de maíz criollo con polvo de roca
Luan Danilo Ferreira de Andrade Melo1, João Luciano de Andrade Melo Junior1, Natália Marinho Silva Crisostomo2, Thaíse dos Santos Berto2, Marcus Gabriel de Carvalho Ramos2, Laís Gonzaga da Silva2
1Professores da Universidade Federal de Alagoas, Campus
de Engenharias e Ciências Agrárias, BR-104, Rio Largo, Alagoas. E-mails: luan.danilo@yahoo.com.br; luciiano.andrade@yahoo.com.br; 2Alunos
do Curso de Agroecologia, Universidade Federal de Alagoas, Campus de
Engenharias e Ciências Agrárias, BR-104, Rio Largo, Alagoas. E-mails: natymarinhos@gmail.com, thaiseberto7@gmail.com, marcus_gabriel132@hotmail.com, lais.gonzagga@gmail.com.
Recebido: 08/05/2020; Aprovado: 27/06/2020
Resumo: O milho (Zea mays L.) é um dos grãos mais plantados no mundo, tendo
um papel considerável na economia por expressar elevado valor comercial. A peletização de sementes vem se tornando uma tecnologia
crescente e próspera, pois acrescenta valor às sementes e contribui para um
mercado cada vez mais rigoroso e competitivo. Dessa forma, o trabalho teve como
objetivo avaliar o efeito de diferentes agentes aderentes na peletização e potencial fisiológico de sementes de milho
crioulo. O trabalho foi conduzido no Laboratório de Propagação de Plantas
pertencente ao Campus de Engenhria e Ciências
Agrárias da Universidade Federal de Alagoas. Como agentes aderentes foram
utilizados: água, babosa, cola à base de acetato de polivinila (PVA), extrato
de mandacaru, extrato de palma e goma de mandioca. No revestimento utilizou-se
o pó de rocha (MB-4). Os parâmetros avaliados foram: teor de água, peso de mil
sementes, primeira contagem de germinação, germinação, índice de velocidade de
germinação, tempo médio de germinação, incerteza de
germinação, velocidade média de germinação, comprimento e massa seca da
raiz e parte aérea. A goma de mandioca é o agente aderente mais eficiente na peletização de sementes de milho com pó de rocha.
Palavras-chave: Agricultura familiar; Germinação; Produção; Zea mays
L.
Abstract: Corn (Zea mays L.) is one of the most widely
planted grains in the world, having a considerable role in the economy as it
expresses high commercial value. Seed pelletizing is becoming a growing and
prosperous technology, as it adds value to seeds and contributes to an
increasingly strict and competitive market. Thus, the work aimed to evaluate
the effect of different adherent agents on pelletizing and physiological
potential of Creole corn seeds. The work was conducted at the Plant Propagation
Laboratory belonging to the Engineering and Agricultural Sciences Campus of the
Federal University of Alagoas. As the adhesive material was used: water, aloe
vera, glue based on polyvinyl acetate (PVA), mandacaru
extract, palm extract and manioc gum. No coating used or rock powder (MB-4).
The parameters evaluated were: water content, weight
of a thousand seeds, first germination count, germination, germination speed
index, average germination time, germination uncertainty, average germination
speed, length and dry mass of the root and aerial part. Cassava gum is the most
efficient adherent agent in pelletizing corn seeds with rock powder.
Key words: Family farmin; Germination; Production; Zea mays L.
Resumen: El maíz (Zea mays L.) es
uno de los granos más
plantados en el mundo, y tiene un papel importante en la economía
ya que expresa un alto valor comercial. La peletización
de semillas se está convirtiendo
en una tecnología en crecimiento y próspera, ya que agrega valor a las semillas y contribuye a un mercado cada vez más estricto
y competitivo. Así, el trabajo tuvo como objetivo evaluar el efecto
de diferentes agentes adherentes sobre el granulado y el potencial
fisiológico de las semillas
de maíz criollo. El trabajo se realizó en el Laboratorio
de Propagación Vegetal perteneciente
al Recinto de Ingeniería y Ciencias
Agrícolas de la Universidad
Federal de Alagoas. Se utilizaron agentes adherentes: agua, aloe vera, cola a base de acetato de polivinilo
(PVA), extracto de mandacaru, extracto
de palma y goma de mandioca. Se usó polvo de roca
(MB-4) en el revestimiento. Los parámetros evaluados fueron: contenido de agua, peso de mil semillas, primer conteo de germinación, germinación, índice
de velocidad de germinación,
tiempo promedio de germinación, incertidumbre de germinación, velocidad promedio de germinación, longitud y masa seca de la raíz y parte aérea. La goma de
mandioca es el agente adherente
más eficaz para peletizar semillas
de maíz con polvo de roca.
Palabras llave:
Agricultura familiar; Germinación; Producción; Zea mays L.
INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) é um dos grãos mais plantados
no mundo, tendo um papel considerável na economia por expressar elevado valor
comercial, possuindo alta produtividade devido sua habilidade em adaptar-se a
diversas condições ambientais (SILVEIRA et al., 2015). A agricultura familiar possui
estoques de sementes a partir da produção própria de variedades locais,
conhecidas como sementes crioulas. Estas são resistentes e adaptadas por
guardarem características relevantes deixadas como herança dos seus
antepassados, os quais, gratuitamente, fizeram um serviço ambiental para
preservação e perpetuação desse patrimônio genético (MELO et. al., 2020).
As
variedades crioulas toleram satisfatoriamente as variações ambientais e são
mais resistentes ao ataque de patógenos por serem mais adaptadas às condições
locais. De acordo Crisostomo et al. (2018) são materiais importantes para o
melhoramento genético, pelo elevado potencial de adaptação que apresentam em
condições ambientais específicas e, por constituírem de fonte variabilidade
genética, podem ser exploradas na busca por genes tolerantes e/ou resistentes
aos fatores bióticos e abióticos (BERTO et al., 2018).
Dentre
as tecnologias de tratamento de sementes a peletização das mesmas vem se
tornando crescente e próspera, pois acrescenta valor às sementes e contribui para
um mercado cada vez mais rigoroso e competitivo. Além de tudo, ajuda na solução
de questões relacionadas ao tamanho e à forma de sementes, uma vez que
uniformiza o tamanho e o formato, proporcionando maior precisão no plantio
(SANTOS, 2016).
Segundo
Nascimento et al. (2009) o processo de peletização baseia-se na deposição de um
material seco, inerte, de granulometria fina e, um material cimentante, também
chamado de adesivo ou aderente, à superfície das sementes. Esta técnica proporciona
um formato mais uniforme, ampliando o seu tamanho e, facilitando sua
distribuição, seja esta manual ou mecânica.
Os
agentes utilizados como aderentes devem ter afinidade com os demais
ingredientes; ser prontamente solúveis em água; atuarem em baixa concentração;
se tornarem secos e não pegajosos quando desidratados; formarem solução de
baixa viscosidade ao serem reidratados e; não serem higroscópicos, corrosivos e
nem tóxicos (NASCIMENTO et al., 2009). Normalmente, esses materiais são
polímeros orgânicos, amidos, resinas naturais, açúcares, colas de origem animal
e mucilagens vegetais, os quais são dispersos em água para a produção de um
fluido pulverizável (BAUDET; PERES, 2004).
O
pó de rocha pode ser considerado uma opção não aderente para o tratamento de
sementes, esse material exibe como características a composição multielementar
e solubilização lenta, que são apropriadas para a utilização em sistemas de
produção alternativos e em condições altamente favoráveis à lixiviação de
nutrientes, principalmente em solos tropicais degradados. A maior parte dos pós
de rochas não acometem o agroecossistema e, consequentemente, podem contribuir
na melhoria das qualidades produtivas do solo (VAN STRATEN, 2009).
Desta
forma, objetivou-se com esse trabalho avaliar o efeito de diferentes agentes
aderentes na peletização e potencial fisiológico de sementes de milho crioulo.
MATERIAL
E MÉTODOS
O trabalho
foi desenvolvido no Laboratório de Propagação de Plantas, do Campus de
Engenharias e Ciências Agrárias (CECA), da Universidade Federal de Alagoas
(UFAL), Rio Largo, Alagoas, Brasil. As sementes utilizadas foram da cultivar de
milho crioulo Jabotão (safra 2019).
Antes do processo de peletização foi realizada a
assepsia das sementes através de imersão em álcool 70% por 1 minuto, seguida de
lavagem em água corrente (RIOS et al., 2016).
Como
agentes aderentes foram utilizados: água, babosa, cola à base de acetato de
polivinila (PVA), extrato de mandacaru, extrato de palma e goma de mandioca
(100 mL do agente aderente/ 200 sementes). As sementes foram colocadas dentro
de um frasco plástico (500 mL) onde foi adicionada o agente adesivo, sendo
levemente agitada manualmente durante 3 minutos para recobrimento uniforme das
mesmas.
Para
o revestimento as sementes foram recobertas com o agente adesivo e colocadas em
uma bandeja plástica (0,40 x 0,40 x 0,11 m) com o fundo recoberto com o pó de
rocha (MB-4) (300 g), agitando-se levemente a bandeja até a perfeita cobertura
das mesmas. Ao término do processo foi retirado o excesso do pó de rocha por meio
de peneiramento e realizado o teor de água e o peso de mil sementes (PMS) para quantificar possíveis mudanças após o tratamento.
Para a determinação do teor de água das sementes, foi utilizado o método de
estufa a 105 ± 3 ºC por 24 horas, conforme prescrições das Regras para Análise
de Sementes (BRASIL, 2009). Essa determinação foi realizada, por ocasião da
instalação dos ensaios, utilizando-se quatro amostras por tratamento. Nessa
etapa, também foi determinado o peso de mil sementes através da pesagem de oito
repetições de 100 unidades, conforme as RAS (BRASIL, 2009): PMS = PA x 100/N,
sendo PMS = Peso de mil sementes (g); PA = Peso da amostra(g); N = Número total
de sementes.
Posteriormente as sementes tratadas foram colocadas para
germinar em “germitest” em forma de rolo, umedecidos com água destilada na
quantidade equivalente a 2,5 vezes o seu peso, em seguida, colocados em
germinador a temperatura de 30 °C. Consideraram-se germinadas as sementes que
originaram plântulas normais, com todas as suas estruturas essenciais,
mostrando, dessa maneira, potencial para continuar seu desenvolvimento e
produzir plantas normais, quando desenvolvidas sob condições favoráveis
(BRASIL, 2009). As contagens diárias de sementes germinadas foram efetuadas no
mesmo horário, por setes dias.
Variáveis
analisadas
Germinação: 𝑔𝑖 = (Σ𝑘𝑖=1ni/N) x 100, sendo ni o
número de sementes germinadas/plântulas emergidas no tempo 𝑖 e N o número
total de sementes colocadas para germinar (CARVALHO et al., 2005).
Primeira contagem de germinação: Foi realizada
conjuntamente com o teste de germinação, computando-se a percentagem de
plântulas normais obtidas no quarto dia após a instalação dos testes.
Índice de
Velocidade de Germinação: IVG = G1/N1 + G2/N2 + ... + Gn/Nn, sendo IVG = G1, G2 e Gn =
número de sementes germinadas computadas na primeira, segunda e última contagem
e N1, N2 e Nn = número de dias da semeadura à
primeira, segunda e última contagem (MAGUIRE, 1962).
Tempo médio de germinação: 𝑡 = Σ𝑘𝑖=1(niti)/Σ𝑘𝑖=1ni, sendo ti: tempo do início do experimento até o 𝑖 enésima
observação (dias ou horas); ni: número de sementes
germinadas no tempo 𝑖 (número correspondente o 𝑖 enésima observação); 𝑘: último dia da germinação (CZABATOR, 1962).
Velocidade média de germinação: 𝑣 = 1/𝑡, sendo 𝑡 o tempo médio de germinação (RANAL e SANTANA, 2004).
Índice de incerteza: U = –Σ𝑘𝑖=1Filog2Fi ≍ Fi = ni/Σ𝑘𝑖=1ni, sendo Fi:
frequência relativa da germinação; ni: número de
sementes germinadas no tempo 𝑖 (número correspondente o 𝑖 enésima observação); 𝑘:
último dia da germinação (LABOURIAU, 1983).
Comprimento da raiz e parte aérea das
plântulas: Ao
final do teste de germinação, o hipocótilo e a raiz primária das plântulas
normais de cada subamostras foram medidas com auxílio
de régua graduada e os resultados expressos em centímetro
por plântulas (MELO, 2011).
Massa
seca da raiz e parte aérea das plântulas: Após o término do teste de germinação, as plântulas
normais de cada repetição, foram separadas em parte aérea e raiz e
acondicionadas em sacos de papel, em seguida colocadas em estufa de ventilação
forçada a 80 ºC, por um período de 24 horas. Transcorrido esse tempo, as
amostras foram colocadas em dessecadores com sílica gel ativada e, pesadas em balança
analítica com precisão de 0,0001g, e o resultado expresso em g/plântulas (CRISOSTOMO
et al., 2018).
O delineamento experimental utilizado
foi o inteiramente casualizado (DIC), com quatro repetições de 50 sementes por
tratamento. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as
médias comparadas pelo teste de Tukey e quando necessário Dunnett
a 5% de probabilidade. As análises foram realizadas com o auxílio do software SISVAR 5.6 (FERREIRA, 2014).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir
dos resultados da análise referente ao peso de mil sementes (PMS) (Tabela 1)
observou-se que o recobrimento com os agentes aderentes propostos propiciaram
incrementos no PMS em todos os tratamentos, exceto nas sementes que tiveram a
água como aderente. Xavier (2015) encontrou aumentos significativos no PMS de
soja perene em função da proporção de material utilizado no recobrimento. Para
o teor de água (TA) (Tabela 1) as sementes obtiveram resultados semelhantes,
não diferindo estatisticamente entre si. Isso siginifica que os agentes
aderentes utilizados no recobrimento não retiveram umidade e que a temperatura
de 35 °C (ambiente de laboratório) foi suficiente para a secagem durante o
processo de recobrimento. Diferente do encontrado nesse trabalho Lagôa et al.
(2012) verificaram valores de TA consideravelmente mais baixos em sementes de
milho peletizadas quando comparadas com as não recobertas.
Tabela 1. Peso de mil sementes (PMS) e Teor de
água (TA) de sementes de milho crioulo
(Jabotão) submetidas a agentes aderentes para a peletização com pó de rocha. |
||
Tratamentos |
PMS (g) |
TA (%) |
Água |
299,0 bz |
12,0 az |
Babosa |
324,1 ay |
11,5 az |
Cola (PVA) |
325,2 ay |
11,8 az |
Mandacaru |
328,1 ay |
11,7 az |
Palma |
321,1
ay |
11,9
az |
Goma de Mandioca |
328,1
ay |
12,1
az |
|
PMS = 298 z |
TA
= 12 z |
CV (%) |
12,00 |
8,89 |
Médias seguidas de mesma letra minúscula
na coluna não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Médias seguidas pela mesma letra (z, y), entre a PMS e TA (controle – sem agentes
aderentes + pó de rocha), não diferem significativamente a 5 % de
probabilidade pelo teste de Dunnett |
Quanto às
características fisiológicas observou-se que na primeira contagem de germinação
(PCG), germinação (GER) e índice de velocidade de germinação (IVG) não houve
diferença estatística entre os tratamentos (Tabela 2). Esses resultados estão
de acordo com Conceição e Vieira (2008), os quais também verificaram que a
porcentagem de germinação de sementes não são reduzidas pela peletização
independentemente do material utilizado, sendo assim um bom indicativo na
execução do processo. O mesmo foi observado por Peske e Novembre (2011) para
sementes de milheto recobertas com diferentes materiais aderentes e poliacetato
de vinila (PVA). O emprego da cola à base de acetato de polivinila (PVA), neste
trabalho, não demonstrou ser um problema à germinação das sementes,
corroborando o encontrado por Xavier (2015) trabalhando com soja perene. Moreira
et al. (2007) estudando sementes de milho super doce relataram que o revestimento proporciona homogeneidade de forma
e tamanho as mesmas, não comprometendo a germinação, fato ocorrido na presente pesquisa.
Tabela 2. Primeira contagem de germinação (PCG),
germinação (GER) e índice de velocidade de
germinação (IVG) de sementes de milho crioulo (Jabotão) submetidas a agentes
aderentes para a peletização com pó de rocha. |
|||
Tratamentos |
PCG (%) |
GER (%) |
IVG |
Água |
99 a |
99 a |
6,187 a |
Babosa |
98 a |
99 a |
6,175 a |
Cola (PVA) |
96 a |
99 a |
6,100 a |
Mandacaru |
96 a |
98 a |
6,025 a |
Palma |
98
a |
99
a |
6,125
a |
Goma de Mandioca |
100
a |
100
a |
6,250
a |
CV (%) |
1,91 |
1,97 |
1,87 |
Médias seguidas de mesma letra minúscula
na coluna não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. |
A análise
dos resultados de tempo médio (Tm), incerteza (I) e velocidade média de
germinação (VMG) de sementes de milho crioulo (Jabotão) (Tabela 3) permitiu
confirmar que que goma de mandioca foi significativamente superior aos demais
tratamentos. Algum atraso na emissão da radícula pode ocorrer em função do
material utilizado no processo de recobrimento, o qual impõe uma barreira
física que deve ser vencida pela semente. No entanto, alguns materiais permitem
uma melhor difusão de gases e água entre a semente e o meio externo (NASCIMENTO
et al., 2009), como foi o caso da goma de mandioca que obteve o menor TM. Ao
contrário do que se espera na interpretação dos dados de IVG, o melhor TM está
relacionado aos menores valores encontrados para esta variável.
Durante a
condução do experimento foi possível verificar que o recobrimento com água
(material aderente) + pó de rocha se desmanchava facilmente, quando em contato
com o papel germitest. Sendo assim, a barreira imposta pelo recobrimento com
esse material desfeita rapidamente e, com isso, as trocas gasosas e a absorção
de água por essas sementes eram mais facilitadas em comparação às sementes
recobertas com o auxílio de outros agentes adesivos. Na interpretação da
incerteza de germinação (I), quanto menor for o valor, mais sincronizada será a
germinação, independente do número total de sementes que germinam (SANTANA; RANAL,
2004), fato também observado no tratamento goma de mandioca + pó de rocha.
Pôde-se verificar também a influência exercida pelos tratamentos na velocidade
de germinação (Tabela 3). De modo geral, o recobrimento de sementes provoca um
atraso na velocidade de germinação, como foi relatado por alguns autores (MENDONÇA
et al., 2007; CONCEIÇÃO; VIEIRA, 2008). Este comportamento, foi notado para os
tratamentos avaliados neste trabalho, uma vez que a goma de mandioca foi
superior e diferiu estatisticamente dos demais agentes aderentes.
Tabela 3. Tempo médio (TM), incerteza (I) e velocidade média de germinação (VMG) de sementes de milho crioulo (Jabotão) submetidas a agentes
aderentes para a peletização com pó de rocha. |
|||
Tratamentos |
TM (dias) |
I (bit) |
VMG |
Água |
4,34 b |
0,162 b |
0,204 b |
Babosa |
4,20 b |
0,786 d |
0,145 d |
Cola (PVA) |
5,12 c |
0,329 c |
0,142 d |
Mandacaru |
5,00 c |
0,259 c |
0,195 bc |
Palma |
4,10
b |
0,274 c |
0,147
c |
Goma de Mandioca |
3,38
a |
0,010
a |
0,237
a |
CV (%) |
4,85 |
19,12 |
11,76 |
Médias seguidas de mesma letra minúscula
na coluna não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. |
Quanto ao desenvolvimento inicial das
plântulas, avaliado pelo comprimento da raiz primária e da parte aérea (Tabela
4), observou-se que as maiores médias foram alcançadas quando empregada à goma
de mandioca, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos. Provavelmente com
o uso do referido agente aderente para peletização tenha favorecido no processo
germinativo com a degradação mais eficiente das reservas presentes nas
sementes, o que acabou favorecendo o desenvolvimento das radículas e da parte
aérea, uma vez que nessa fase todo o desenvolvimento das plântulas se deve à
composição química das sementes (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012). No referido
trabalho, o comprimento da raiz primária de plântulas de milho crioulo foi
bastante influenciada pelos tratamentos estudados,
apresentando os menores comprimentos de raízes primárias quando expostas a água
e cola, não diferindo estatisticamente entre si. Com relação à parte aérea o
menor comprimento foi obtido quando utilizada a cola, diferindo
estatisticamente dos demais (Tabela 4), a determinação do comprimento de
plântula é importante, conjuntamente com o teste de germinação, pois podem
ocorrer sementes que apresentam alta porcentagem de germinação e baixo
comprimento médio de plântulas, assim como baixa porcentagem de germinação, mas
com alto comprimento médio de plântulas (MELO, 2017).
Tabela 4. Comprimento da raiz (COMR) e parte
aérea (COMPA) de plântulas oriundas de sementes de milho crioulo (Jabotão) submetidas a agentes
aderentes para a peletização com pó de rocha. |
||||
Tratamentos |
COMR (cm) |
COMPA (cm) |
MSR (g) |
MSPA (g) |
Água |
9,60 e |
8,37 c |
0,817 c |
1,048 cd |
Babosa |
10,67 d |
8,80 bc |
0,831 c |
0,969 d |
Cola (PVA) |
8,75 e |
7,30 d |
0,837 c |
0,919 d |
Mandacaru |
14,40 b |
9,05 bc |
0,136 b |
1,190 c |
Palma |
11,85
c |
9,62
b |
0,875
c |
1,343
b |
Goma de Mandioca |
14,77
a |
9,85
a |
1,343
a |
1,593
a |
CV (%) |
7,50 |
5,32 |
4,60 |
4,19 |
Médias seguidas de mesma letra minúscula
na coluna não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. |
Ao avaliar a massa seca da raiz e parte
aérea (Tabela 4), o maior valor foi obtido quando se utilizou a goma de
mandioca como agente aderente, diferindo estatisticamente dos demais
tratamentos. Oliveira et al. (2014) relatam que as avaliações da massa seca da parte
aérea e radicular são de grande importância na análise do desenvolvimento das
plantas, assegurando o estabelecimento das plântulas no campo.
CONCLUSÃO
A
goma de mandioca é o agente aderente mais eficiente na peletização de sementes
de milho com pó de rocha.
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