Análise
agroeconômica do arranjo de plantas no cultivo de melão em Nova Mutum, Mato
Grosso
Agroeconomic analysis of plant
arrangement in melon cultivation in Nova Mutum, Mato Grosso,
Brazil
Análisis agroeconómico del regimen vegetal en el cultivo de melones en Nova Mutum, Mato Grosso, Brasil
Rafael Rosa Rocha1, Renata Lunardi Begnini2, Claudia
Aparecida de Lima Toledo3, Fernanda
Lourenço Dipple4, Daiane
Andreia Trento5, Santino
Seabra Junior4
1Engenheiro Agrônomo, Mestrando do Programa de
Pós-Graduação em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola, Universidade
Estadual do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes Maldonado, Tangará da
Serra, Mato Grosso, (65) 99265-4578. E-mail: rafaelrochaagro@outlook.com; 2Graduanda
em Agronomia, Universidade Estadual do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto
Reyes Maldonado, Nova Mutum, Mato Grosso. E-mail: renatanovamutum@hotmail.com;
3Engenheira Agrônoma, Mestranda em Horticultura, Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu, São Paulo. E-mail: claudia.lima.toledo@gmail.com; 4Professores
da Universidade Estadual do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes
Maldonado, Nova Mutum, E-mails: fernanda.dipple@gmail.com;
santinoseabra@hotmail.com;
5Mestre em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola. Universidade
Estadual do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes Maldonado, Tangará da
Serra. E-mail: daiatrento@gmail.com.
Recebido:
04/06/2020; Aprovado: 20/12/2020
Resumo: O espaçamento é uma estratégia que pode ser utilizada para aumentar a
produção e a rentabilidade do meloeiro (Cucumis melo L.), sem interferir
negativamente na qualidade dos frutos. Porém, são escassos os trabalhos
publicados avaliando espaçamentos na rentabilidade da cultura na região Centro-Oeste, principalmente em Mato
Grosso. Desse modo, o objetivo do trabalho foi determinar as respostas da
produção, qualidade e estimar os custos de produção e rentabilidade do meloeiro
em diferentes densidades de plantio em Nova Mutum, MT. Foram avaliados cinco
espaçamentos (0,2, 0,3, 0,4, 0,5 e 0,6 m) entre plantas e 3 m entre linhas,
cultivado sob mulching
em delineamento em blocos ao acaso. Realizaram-se avaliações para determinação
de produtividade total e comercial, massa de frutos comerciais, largura e
comprimento de frutos, teor de sólidos solúveis totais, pH, acidez titulavel total, índice de maturação de fruto e indicadores
econômicos. As plantas cultivadas no espaçamento 0,2 m obtiveram maior produtividade
total (36.782,50 t ha-1) e comercial (29.310,00 t ha-1)
de frutos de melão. A população de plantas não afetou o formato do fruto,
sólidos solúveis, pH, acidez total e índice de maturação. A análise de
viabilidade econômica revelou que a exploração do melão em diferentes
espaçamentos apresenta resultados economicamente satisfatórios em diversos
índices de eficiência econômica. O maior índice de lucratividade (51,08 %) foi
encontrado na maior população de plantas (0,2 m).
Palavras-chave: Cucumis
melo L; Densidade de
plantas; Atributos de qualidade de frutos; Custo de produção.
Resumen:
El espaciado es una estrategia que puede utilizarse para aumentar la producción y la rentabilidad del melón (Cucumis melo L.), sin interferir negativamente en la calidad de los
frutos. Sin embargo, hay pocos estudios publicados que evalúen los espaciamientos
en la rentabilidad
de la cultura en la región del
Medio Oeste, especialmente en
Mato Grosso. Así pues, el objetivo de este estudio era
determinar las respuestas
de la producción, la calidad y estimar los costes de producción
y la rentabilidad del melón a diferentes densidades
de plantación en Nova
Mutum, MT. Se evaluaron cinco espaciados
(0.2, 0.3, 0,4, 0.5 y 0,6 m) entre plantas y 3 m entre filas, cultivados bajo un diseño de bloques aleatorios. Se realizaron evaluaciones para determinar la productividad total y comercial, la
masa comercial de los
frutos, el ancho y la longitud de la fruta, el contenido total de sólidos solubles, el pH, la acidez titulable total, el índice de maduración de la fruta y los indicadores
económicos. Las plantas cultivadas a 0,2 m de separación obtuvieron una mayor productividad total
(36,782,50 t ha-1) y comercial (29,310,00 t ha-1) de los frutos de melón. La población vegetal no afectó a la forma del fruto, los sólidos solubles, el pH, la acidez total y el índice de maduración. El análisis de viabilidad económica reveló que la explotación
del melón en diferentes espaciados presenta
resultados económicamente satisfactorios
en varios índices de eficiencia económica. La tasa de rentabilidad más alta (51,08 %) se
encontró en la mayor población
vegetal (0,2 m).
Palabras
Clave: Cucumis melo L; Densidad de la
plantas; Los atributos de la calidad
de la fruta; Coste de producción.
INTRODUÇÃO
O meloeiro (Cucumis melo L.) é um dos vegetais mais cultivados no mundo, possuindo
grande importância econômica e social.
Quase 32 milhões de toneladas de melões são produzidos a cada ano, destacando a
China com 53,7% de toda a produção (FAOSTAT, 2017). No Brasil, mais de 581 mil
toneladas de melões são produzidas anualmente, principalmente na região
semiárida (Nordeste brasileiro), com destaque para os estados do Rio Grande do
Norte e Ceará. Enquanto que na região Centro-Oeste, o Mato
Grosso, obteve em 2018 uma produção de 1.925 toneladas de melão, ocupando a 9º colocação
no ranking de produção dos Estados que produzem, porém, com um valor de mercado
muito inferior aos demais produtores do Brasil (IBGE, 2018). Corroborando,
Bonetti et al. (2011) também afirmam, que o cultivo de melão no Estado de Mato
Groso é pouco explorado e depende de estudos para definir parâmetros que
potencializarão o sistema de produção.
Esta espécie é de ciclo anual e
tem ampla adaptação climática (CÂMARA et al., 2007; MAIA et al., 2013), mas
ainda se faz necessário o conhecimento do nível de aptidão agrícola para seu
cultivo em cada região específica, o que exige um levantamento, organização e
análise de dados climáticos, e também a
necessidade de estudos que visam dimensionar o melhor arranjo espacial das
plantas no campo, pois esses fatores induzem uma série de modificações em todo o
crescimento e desenvolvimento da planta (GOES, 2015). A densidade de plantio é um
fator importante e decisivo que pode ser utilizado como estratégia para
otimizar o uso da terra e obter frutos com características apreciadas em
diferentes mercados consumidores (VENDRUSCOLO et al., 2017).
O espaçamento ideal da cultura depende de
alguns fatores como a característica genética da cultivar, o padrão de
tecnológico empregado pelo produtor e principalmente, a exigência do mercado em
relação ao tamanho dos frutos (RESENDE; COSTA, 2003; COSTA; GRANGEIRO, 2010).
Normalmente, para o cultivo do melão, os produtores adotam o espaçamento de 2,0
m entre linhas de plantio e em relação ao espaçamento entre plantas, ainda não
há um consenso, pois até alguns anos atrás o espaçamento mais utilizado entre
plantas era entre 0,4 e 0,5 m, porém tem sido adotado espaçamento de até 0,2 m
(COSTA et al., 2014).
A variação
na densidade de plantio pode proporcionar maiores rendimentos de frutos de meloeiro,
principalmente quanto a produtividade (RESENDE; COSTA, 2003; BEZERRA et al.,
2009; YURI et al., 2014), porém, fatores ambientais e genéticos podem
influenciar nas variáveis produtivas, de qualidade e lucratividade.
A região centro norte do estado de Mato
Grosso se destaca pela produção de grãos, caracterizando-se por ser constituída
por propriedades rurais que exploram o cultivo de soja, milho e algodão.
Entretanto, muitos pequenos produtores têm desenvolvido atividades relacionadas
ao cultivo de hortaliças, plantas extrativas e frutíferas, tais como melão,
tomate, mandioca e laranja (DEEPASK, 2014). Destas, o cultivo de melão tem-se
tornado opção interessante para os produtores locais, entretanto, verifica-se
baixa produtividade que se deve principalmente pelo reduzido conhecimento
técnico do cultivo e oneroso custo de produção. Sendo assim, no mercado local a
demanda é suprida pela importação deste fruto de outros estados, elevando
significativamente o preço do produto para o consumidor.
Assim, para uma atividade ser considerada lucrativa do ponto de vista
econômico, é necessário proporcionar alta rentabilidade econômica e produtiva
(SANDRI et al., 2014), sendo de suma importância na tomada de decisão do que cultivar, o
conhecimento dos custos de produção e rentabilidade que permeiam todas as
etapas de exploração econômica da cultura (ARAÚJO et al., 2007) e em relação a
essas características são poucos os trabalhos com análise econômica na cultura
do meloeiro (PAULA et al., 2017; PAULINO et al., 1994; VENDRUSCULO et al., 2017);
mostrando a importância de estudos nessa perspectiva, pois a obtenção de
indicadores econômicos para a cultura é outra ação essencial, para a qual é
possível repassar ao produtor informações relacionadas aos investimentos e
retornos associados ao cultivo do melão, através de um conjunto de informações
(VENDRUSCULO et al., 2017); porém não foram verificados trabalhos relacionados
a análise econômica para o melão amarelo em diferentes espaçamentos e muito
menos para o estado do Mato Grosso.
Nesta perspectiva, objetivou-se avaliar a
produtividade, qualidade e estimar os custos de produção e rentabilidade do
meloeiro em diferentes densidades de plantio em Nova Mutum, MT.
MATERIAL E
MÉTODOS
O estudo foi conduzido na área experimental da Universidade do Estado
de Mato Grosso – UNEMAT em Nova Mutum, MT, no período de setembro a novembro de
2018. O município está situado no médio-norte Mato-grossense, com altitude de
460 metros, latitude Sul 13º 05’ 04” e longitude Oeste 56º 05’ 16”. O clima da
região é classificado como do tipo Aw (Koppen), tropical, com chuvas concentradas
no verão (outubro a abril) (NOGUEIRA et al., 2010).
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com
quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos por cinco diferentes
espaçamentos de plantio, sendo: 0,2, 0,3, 0,4, 0,5 e 0,6 m. Sendo avaliado nove
plantas por parcela e duas plantas das extremidades de cada espaçamento foram
consideradas bordaduras. O espaçamento entre linhas foi de 3,0 m para todos os
tratamentos.
O solo da área experimental é do tipo Latossolo Vermelho Distrófico, com
os seguintes valores de análise química do solo: SB de 3,7 cmolc dm-3;
CTC T de 5,7 cmolc dm-3, V% de 65, pH (CaCl2)
de 6,4, M.O. de 13,64 g dm-3, P mehlich de 181 mg dm-³; K
de 40 mg dm-3; Ca de 2,7 cmolc dm-3; Mg de 0,9
cmolc dm-3 e H+Al de 2,0 cmolc dm-3.
A adubação foi realizada sob fertirrigação, com base na análise de solo,
parceladas em 10 aplicações durante o ciclo da cultura, utilizou-se 272,5 kg ha-1
de MAP, 333,33 kg ha-1 de sulfato de amônio e 833,33 kg ha-1
de P2O5.
As mudas de meloeiro, cultivar Gold Mine (melão amarelo), foram
produzidos em copos descartáveis de plástico de polietileno de 250 ml,
preenchidas com substrato comercial VIVATO®, com uma semente por
copo, em ambiente protegido (pé direito de 3 m com lanternim e cobertura
plástica transparente de 150 μm, nas laterais telas de sombreamento de 50%). O transplantio
para o campo aberto ocorreu aos quando as mudas já possuíam entre três a
quatros folhas definitivas.
As plantas foram cultivadas sobre canteiros 0,2 m de altura, 1,2 m de
largura e 20 m de comprimento, cobertos com filme plástico agrícola
preto/branco (mulching), com a face
branca para cima. Foram realizados tratos fitossanitários
pertinentes à cultura, visando à prevenção semanalmente até o início da maturação
dos frutos, realizados sempre que se fizeram necessários durante todo o ciclo.
A irrigação foi realizada com mangueiras gotejadoras autocompensantes,
com emissor de 0,2 m localizado a 0,10 m do colo da planta. Os turnos e vazões hídricas
foram realizadas com auxílio de tensiômetros de vacuômetro metálico,
distribuídos ao longo dos canteiros (MAROUELLI, 2007). As plantas foram
conduzidas sem poda ou raleio de frutos.
As condições climáticas foram monitoradas diariamente às 14 h, com
auxílio de termohigrômetro digital parede (HM-01 HigMed), instalado a 1 m do
chão, na parte central da área do experimento, para o monitoramento da
temperatura e umidade do ar. A
pluviosidade foi obtida na estação meteorológica (Campbell Scientific, data
logger modelo CR1000). As temperaturas mínima, média e máxima foram de 22°C,
31°C e 36°C, respectivamente. Para o período de cultivo, a precipitação foi de 762
mm durante o ciclo (Figura 1).
Figura 1. Precipitação e temperatura média, máxima e mínima
durante o cultivo do meloeiro em Nova Mutum, Mato Grosso.
Foram colhidos os frutos de melão e avaliados as seguintes
características produtivas: produtividade total (PT) (t ha-1),
quantidade total de frutos por hectare, produtividade comercial (PC) (t ha-1),
quantidade de frutos sem defeitos por hectare, massa fresca de frutos
comerciais (MFC) (kg), massa média dos frutos comerciais, comprimento (cm) e
largura (cm) de frutos.
Foram realizadas análises físico-químicas: teor de sólidos solúveis
(SS), determinado pela leitura direta em refratômetro digital (refratômetro
portátil ITREFD 45/65/92); utilizou-se suco de parte do fruto, obtendo-se os
valores em % (º Brix); acidez total titulável (AT) (INSTITUTO ADOLFO LUTZ,
2008); pH foram determinados por leitura direta em peagâmetro digital, e índice
de maturação, calculado através da relação entre SS/AT.
Para a análise econômica foram realizados a avaliação dos custos de
produção e da viabilidade econômica da cultura utilizou-se o modelo
desenvolvido pelo Instituto de Economia Agrícola de São Paulo e utilizado por Matsunaga
et al. (1976).
Os custos e operações foram separados em categorias: COE - custos
operacionais efetivos (insumos e mão de obra) e os CI - custos indiretos (CI)
formando o COT - custo operacional total e CTP – custo total de produção.
Para análise econômica considerou-se as seguintes avaliações: Receita
Bruta (RB) - receita esperada para a atividade e o rendimento por hectare por
um preço de venda pré-definido (produtividade do melão em t ha-1 x
preço de venda da tonelada pelo produtor).
Na região o melão é comercializado por Kg comercial ou R$ 2.500,00 t
ha-1 no ano de 2019, assim calculou-se o valor de comercialização
dos frutos conforme informações dos mercados locais, sendo pago por quilo de
melão com padrão comercial. Lucro Operacional (LO): é a diferença entre receita
bruta (RB) e o custo operacional total (COT) por hectare de melão. Índice de
Lucratividade (IL): relação entre LO e a RB, em porcentagem (IL= (LO/RB) x 100)
sendo uma medida que demonstra a taxa disponível. Margem Bruta (MB): relação da
RB o COT (MB= (RB-COT)/COTx100)), disponibilidade (%)
para cobrir os demais custos fixos e o risco. Ponto de Nivelamento (Produção):
relação da quantidade de produto necessária para pagar os custos operacionais totais
(Produção= COT/valor de comercialização). Ponto de Nivelamento (Preço):
determina qual preço de comercialização dos melões para pagar os custos de
produção (Preço=COT/produção).
Os resultados da análise produtiva e de qualidade de frutos foram
submetidos à análise de variância (ANAVA) e as médias comparadas pelo teste de
Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade de erro para as características
qualitativas e para as quantitativas foi feito análise de regressão, com
auxílio do programa SISVAR 5.6 (FERREIRA, 2014).
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Análise
agronômica
O aumento do espaçamento de plantio proporcionou redução linear da produção
total e comercial de frutos de meloeiro, ou seja, as plantas cultivadas no
menor espaçamento (0,2 m entre plantas) apresentaram produtividade total de
36.782,50 t ha-1 e comercial de 29.310,00 t ha-1, cerca
de 4 vezes maior que as plantas cultivadas no maior espaçamento (0,6 m entre
plantas), que apresentaram produtividades total e comercial de 9.237,50 e
7.872,50 t ha-1, respectivamente (Figura 1).
O aumento da produtividade total e comercial está diretamente
relacionado com a adequação do espaçamento entre plantas, pois aumenta a
população destas em um hectare, assim espaçamentos menores agregaram a
produtividade do meloeiro. Estes resultados corroboram aos obtidos por Bezerra
et al. (2009), que verificaram maior produtividade tanto comercial como total
com o aumento da densidade de plantas. Também Yuri et al. (2014) e Costa et al.
(2014) constataram que a produtividade diminuiu significativamente, quando as densidades
de plantio foram diminuídas em melão amarelo, ou seja, o aumento do espaçamento
diminui a produtividade por hectare.
A produtividade total encontrada neste estudo foi superior à média
nacional (23.109,40 t ha-1) e que a do maior produtor mundial, que é
a China (33.730,00 t ha-1) (FAOSTAT, 2017). Espaçamento entre
plantas de 0,2 m obteve acréscimo de mais de 13 t ha-1 de
produtividade por hectare, comparando-se a média nacional brasileira.
Figura
1. Produtividade total (PT) e comercial (PC) de melão amarelo em função
dos espaçamentos entre plantas em Mato Grasso
As maiores massas de frutos foram obtidas quando as plantas de meloeiro
foram cultivadas no espaçamento de 0,6 m (1,49 kg fruto-1),
ocorrendo uma redução no tamanho do fruto quando as plantas foram cultivadas
mais adensadas, mas, a redução da massa foi pequena quando as plantas foram
cultivadas no espaçamento de 0,5, 0,4 e 0,3 m, com massa de fruto atingindo
1,47, 1,43, e 1,38 kg fruto-1, respectivamente (Figura 2). Porém, no
cultivo mais adensado (0,2 m) os frutos apresentaram uma redução de massa de
18,8 % (1,21 kg fruto-1). E cada vez mais o mercado consumidor
tendem a buscar alimentos em porções menores (RODRIGUES; PROENÇA, 2011), assim
também para os melões.
Figura 2. Massa
de frutos comerciais de melão amarelo
em função dos espaçamentos entre plantas em Mato Grosso
Resultados semelhantes foram observados por Costa et al. (2014) onde os
frutos com as maiores massas médias foram obtidos com 0,5m (2,06 kg por fruto)
e 0,4 m (1,93 kg por fruto), já nos espaçamentos de 0,3 m e 0,2 m, as massas
médias observadas foram de 1,67 e 1,47 kg por fruto, respectivamente. O
adensamento do espaçamento entre plantas é responsável pela redução na massa
dos frutos, porém há aumento da produtividade por área, porém, essa redução de
massa não pode comprometer a aceitação do fruto pelo consumidor. O aumento do
número de plantas por unidade de área pode proporcionar competição das plantas
por nutrientes, luz e água, fatores essenciais de crescimento (HARMS et al.,
2015).
O espaçamento de plantio não
influenciou no diâmetro e comprimento de fruto de meloeiro, e nas
características físico-químicas dos frutos (Tabela 1).
Tabela
1. Valores médios de largura,
comprimento de frutos, teor de sólidos solúveis totais, pH, acidez titulavel
total e índice de maturação de fruto de melão amarelo cultivados em função
dos espaçamentos entre plantas. Nova Mutum, Mato Grosso. |
||||||||
Espaçamento entre planta (m) |
Largura/ Diâmetro de fruto (cm) |
Comprimento/ Altura de fruto (cm) |
Sólidos solúveis (%) |
pH |
ATT
(%
ác. cít.) |
Índice de maturação de fruto |
||
0,2 |
12,25 a |
14,85 a |
8,87 a |
5,83 a |
0,063 a |
146,28 a |
||
0,3 0,4 |
12,41 a 12,58 a |
15,62 a 15,60 a |
8,83 a 9,48 a |
5,88 a 5,85 a |
0,065 a 0,061 a |
141,79 a 163,41 a |
||
0,5 |
12,57 a |
15,15 a |
9,41 a |
5,99 a |
0,058 a |
163,21 a |
||
0,6 |
12,41 a |
14,33 a |
8,47 a |
5,83 a |
0,058 a |
151,00 a |
||
CV (%) |
4,07 |
8,65 |
5,83 |
1,45 |
7,24 |
9,27 |
||
*As médias com a mesma letra na coluna
não diferem entre si, a 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. |
||||||||
A largura e o comprimento dos frutos cultivados nos diferentes
espaçamentos não apresentaram diferença (Tabela 1), apesar de ter reduzido a
massa do fruto com o aumento do adensamento (Figura 1), isso ocorreu devido a
maior competição entre as plantas por luz, água e nutrientes que limitaram o acumulo de massa, porém não refletiram em tamanho do fruto
(largura e comprimento). A tendência de não observar diferenças quanto ao
tamanho dos frutos ao cultivar plantas de meloeiro em diferentes espaçamentos
também foi observado por Casaroli et al. (2004) e Bezerra et al. (2009) estudando
espaçamentos de 0,3 e
0,6 m e 0,3 e 0,5 m respectivamente.
Com relação aos teores de sólidos solúveis totais, variaram de 8,47 a
9,48 º Brix, esses valores estão próximos ou superiores ao exigido para
comercialização que a partir de 9 º Brix (COSTA et al., 2010). Não houve
influência dos diferentes espaçamentos entre plantas na translocação de
açúcares solúveis para o fruto, mesmo com o aumento na competição entre plantas
por recursos do meio. Estes resultados concordam com os obtidos Resende e Costa
(2003) e Dantas et al. (2013), que relataram não haver diferenças para esta
característica em relação à densidade de plantio.
O teor de sólidos solúveis totais próximo a 9, apesar desses frutos
terem potencial de alcançar maiores valores em regiões de altas temperaturas e
intensidade luminosa, pode ter ocorrido devido ao excesso de precipitação que
totalizou 762 mm durante o ciclo de cultivo do meloeiro (Figura 1). A maior
concentração de chuvas no período da colheita, que torna o período restrito
para o cultivo (QUEIROZ et al., 2016), pois reduz a qualidade dos frutos e
principalmente o teor de sólidos solúveis (COSTA et al., 2003). Valores de
precipitação acima de 551 mm é inapta para o cultivo do meloeiro em condições
de alta pressão de patógenos (MACHADO et al., 2017), como a Didymella
bryoniae que causa o crestamento gomoso do caule.
Os diferentes espaçamentos não influenciaram no pH da polpa do melão,
obtendo valores superiores a 5,80, estando aptos para comercialização, já que
os valores acima de pH > 4,5 são consideradas ideais para melão (AZEREDO et
al., 2004). O pH é importante para as determinações de deterioração do
alimento, verificação de estado de maturação
e conservação dos frutos (CECCHI, 2003). Em estudo com melão rendilhado, Charlo
et al. (2009) avaliaram três espaçamentos entre plantas e com dois tipos de
poda e verificaram-se que não houve diferenças entre os tratamentos para (pH), semelhantes aos resultados
obtidos nesse trabalho.
A acidez total titulável variou de 0,058 a 0,065 % de ácido cítrico. Valores
estes dentro dos citados por Mendlinger e Pastenak (1992) para melões em geral
cujas quantidades variam de 0,05 a 0,35%.
Para os diferentes espaçamentos de plantio, a ratio não
foi influenciada. O índice de maturação
(ratio) é uma das melhores formas de
avaliação do sabor e interessante para uma boa qualidade de frutos, a fim de
que se tenha boa palatabilidade do fruto (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Ramos
et al. (2009) em cultivo de melancia sob diferentes espaçamentos e, não se
obteve diferenças na relação ao índice de maturação, corroborando com o
prescrito no trabalho.
Análise
econômica
A relação entre a produtivamente e o desempenho econômico auxilia na
tomada de decisão do sistema de cultivo de meloeiro mais indicado à região.
Desta forma, as maiores produtividades obtidas nos menores espaçamentos (0,2 m
entre plantas) proporcionaram as maiores receitas (Tabela 2). Resultado semelhante
ao de Vendrusculo et al. (2017) onde obteve maior receita bruta nos menores
espaçamentos em melão Cantaloupe. Analisando-se o cenário de rentabilidade,
pouco esforço tem sido dedicado ao desenvolvimento de resultados em relação
rentabilidade versus espaçamento de plantio do meloeiro. Onde há necessidade de
fazer uma análise complexa dos sistemas de cultivo e dos fatores que afetam o
sucesso do negócio, capazes de promoverem ganhos econômicos, identificando os
fatores positivos e negativos dos espaçamentos a serem utilizados para a
produção de meloeiro (CARVALHO et al., 2014; CEARÁ, 2000).
Quanto aos resultados econômicos
(Tabela 2), ao subtrair a receita bruta e do custo total, o lucro operacional foi
observado que somente as plantas de meloeiro cultivadas em espaçamentos
inferiores (< 0,3 m entre plantas) apresentaram valores positivos e que o
maior índice de lucratividade (51,08 %) foi obtido nas plantas cultivadas no
espaçamento de 0,2 m.
Tabela 2. Indicadores econômicos da produção de melão amarelo em
função dos espaçamentos entre plantas. Nova Mutum, Mato Grosso |
|||||
Espaçamento (m) |
COT (R$ ha-1) |
RB (R$ ha-1) |
LO (R$ ha-1) |
IL (%) |
PE (R$) |
0,2 |
35.843,15 |
73.275,00 |
37.431,85 |
51,08 |
1.222,90 |
0,3 0,4 |
28.457,36 26.818,47 |
42.712,50 38.137,50 |
14.255,14 11.319,03 |
33,37 29,68 |
1.665,63 1.758,01 |
0,5 |
25.835,13 |
29.130,00 |
3.294,87 |
11,31 |
2.217,23 |
0,6 |
25.179,58 |
19.680,00 |
-5.499,58 |
-27,94 |
3.198,62 |
COT:
custo operacional total; RB: receita bruta; LO: lucro operacional; IL: índice
de lucratividade; PE: preço de equilíbrio. |
No Mato Grosso, as hortaliças comercializadas cerca de 39% são oriundas
de outras regiões (DALLEMOLLE; FARIA, 2011) aumentando os custos do produto e
criando oportunidades de negócio para a cultura. Em Nova Mutum e outros
municípios da região, o melão é comercializado a granel, misturando frutos tipo
6 a 8, desde que não apresentem danos graves, e são comercializados por
quilograma de produto fresco (conforme informações dos supermercados da
região).
Quanto aos lucros, os meloeiros cultivados nos espaçamentos 0,2 m
apresentaram a maior lucratividade, ultrapassando os 37 mil reais (Tabela 2),
retorno da produtividade elevada por ser mais adensado
ou seja, a produtividade maior versus preço de venda e custo de produção inferior
proporcionou melhores resultados econômicos. Este resultado se deve
principalmente pela elevada produtividade proporcionada pelo aumento da
população de plantas, assim a densidade de plantio está relacionada com a
eficiência produtiva do meloeiro (SILVA et al., 2003; RESENDE; COSTA 2003; BEZERRA
et al., 2009; YURI et al., 2014; COSTA et al., 2014).
O índice de lucratividade mostra a rentabilidade da atividade de
produção, o valor em percentagem de receita após pagamento de todos os custos e
encargos (MARTIN et al., 1998), os espaçamentos avaliados obtiveram
percentagens que variaram de 51, 08 a – 27,94 % (Tabela 2). Os maiores índices
de lucratividade foram observados no espaçamento 0,2 m, acima de 50%.
Os menores preços e produção de equilíbrio foram identificados nos
espaçamentos menos adensados, os quais têm uma baixa produtividade atrelada a
altos preços de comercialização, o preço equilíbrio nos espaçamentos 0,5 e 0,6
m ficaram superior a R$ 2.200 a tonelada do melão, muito elevado, aumentando a
insegurança do produtor, principalmente no período do experimento.
Os preços de equilíbrio dos espaçamentos 0,2 m ficaram abaixo dos R$
1.300 a tonelada de melão, resultado muito satisfatório para aumentar a
segurança da cultura do melão, pois seu custo elevado pode ser suprimido com
alta produtividade, cobrindo integralmente os custos fixos e obtendo lucro.
Os preços de comercialização do melão tiveram declínio na temporada
2018/19, variando queda de 2% tipo 6 e 7 a venda a caixa e a 13% a granel, isso
ocorreu por produção elevada no período e principalmente precipitação excessiva
em algumas regiões, onde afetam diretamente a oferta e valor de comercialização
conforme dados do HF Brasil (2018). Assim, maiores lucratividades podem ser
interessantes, precavendo em situações de baixa no preço, principalmente no
período de seca.
O cultivo do melão apresenta indicadores econômicos positivos, favorecendo
a introdução da cultura, porém a falta de assistência ou de resultados
acessíveis aos produtores rurais de forma satisfatórias refletem na baixa produção
na região. Nesse contexto, insere-se a importância do estudo de viabilidade
econômica, que determina a sustentabilidade operacional e a rentabilidade do
trabalhador rural, onde consequentemente, traga soluções para aumentar a
produtividade, combinadas com custos operacionais mais baixos na agricultura e
reduzir os riscos de perda monetária diante das oscilações do mercado.
CONCLUSÕES
O cultivo adensado do meloeiro no espaçamento 0,2 m entre plantas
proporcionou maior produtividade, sem influenciar nos atributos de qualidade
dos frutos e apresentou maior rentabilidade econômica, com maior eficiência
produtiva e maior lucratividade.
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