Substrato a base de
rejeito de mineração de cobre na produção de ipê-branco
Cooper mining tailings substrate in the production of white ipe
Sustrato alternativo en la producción de ipé-blanco
Anna Gabriela Rocha Arruda1, Denilson da Silva Costa2, Louis
Dostoievsky Gomes Tabosa3,
José Ronaldo Medeiros Costa4, Ângelo Kidelman Dantas de Oliveira5, Fernando Kidelmar Dantas de Oliveira6
1Engenheira de Minas e Meio Ambiente, Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará, Marabá, Pará,
+5594981167385, arruda.annagabriela@gmail.com"
arruda.annagabriela@gmail.com.
2Doutor, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Marabá,
Pará, denilson@unifesspa.edu.br.
3Mestre, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Marabá,
Pará, louis.tabosa@unifesspa.edu.br. 4Doutor, Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Barreiros, Pernambuco, ronaldo.costa@barreiros.ifpe.edu.br. 5Pós-Doutor, Universidade
Federal de Campina Grande, Cuité, Paraíba, kidelman3@hotmail.com.
6Doutor, Universidade Federal de Campina Grande,
Cuité, Paraíba, kidelmar@ufcg.edu.br.
Recebido: 19/05/2020; Aprovado:
08/12/2020
Resumo: Um dos principais metais explorados no mundo é o
cobre (Cu), um elemento nativo, que dificilmente é encontrado puro na natureza.
A lavra e beneficiamento do cobre geram debates ambientais devido à formação de
agentes poluidores nas áreas de concentração, fundição e refino, além dos
impactos negativos na vegetação e topografia da área minerada. Este trabalho
teve como objetivo investigar o desempenho morfométrico
inicial do ipê-branco (Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sandwith) em substrato
composto por rejeito de mineração de cobre e percentuais crescentes de matéria
orgânica, bem como, avaliar seu potencial fitorremediador
e o Índice de Qualidade de Dickson (IQD). O delineamento experimental foi o
inteiramente casualizado, onde se coletou dados morfométricos dos tratamentos referentes à altura, diâmetro
do caule e número de folhas da espécie vegetal que posteriormente foram
submetidos à análise estatística e ao IQD, além dos cálculos relacionados ao
índice e fator de translocação do cobre na planta e sua capacidade fitoextratora. A fitomassa
compartimentalizada em raízes e parte aérea foi coletada, colocada em estufa,
moída e enviada ao laboratório para as devidas avaliações do metal cobre nos
compartimentos da espécie vegetal, além da avaliação química do substrato.
Concluiu-se que o ipê-branco possui potencial fitoestabilizador
do elemento cobre proveniente de rejeito de mineração, bem como atingiu um IQD
satisfatório no tratamento composto por 90% de rejeito de mineração e 10% de
matéria orgânica.
Palavras-chave: Produção de plantas; Fitorremediação;
Fitoestabilização; Metal pesado; Desempenho morfométrico.
Abstract: One of the main metals
explored in the world is copper (Cu), a native element, which is rarely found
pure in nature. The mining and processing of copper generates environmental
debates due to the generation of polluting agents in the areas of
concentration, smelting and refining, in addition to the negative impacts
imposed on the vegetation and topography of the mined area. The study aimed to
investigate the initial morphometric performance of the white ipe (Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sandwith) in a substrate
composed of copper mining tailings and increasing percentages of organic
matter, evaluate its phytoremediator potential and the Dickson’s Quality Index
(IQD). The experimental design was the entirely randomized one. Morphometric
data of the treatment were collected regarding height, stem diameter and number
of leaves of the plant species where they were later submitted to statistical
and IQD analysis, in addition to calculations related to the index and
translocation factor of copper in the plant and its phytoextracting capacity.
The phytomass compartmentalized in roots and aerial
part was collected, placed in a drying oven, ground
and sent to the laboratory for the proper evaluation of the copper metal in the
compartments of the plant species, in addition to the chemical evaluation of
the substrate. It was concluded that white ipe has
the potential to phytostabilize the copper element
coming from mining tailings, as well as achieving a satisfactory IQD in
treatment composed of 90% of mining tailings and 10% of organic matter.
Key words: Plant production; Phytoremediation; Phytostabilization; Heavy metal; Morphometric performance.
Resumen: Uno de los principales metales
explotados en el mundo es el cobre (Cu), un elemento natural, que difícilmente
se encuentra puro en la naturaleza. La labranza y beneficiamiento del cobre
generan debates ambientales debido a la formación de agentes contaminantes en
las áreas de concentración, fundición y refino, además de los impactos
negativos en la vegetación y topografía del área minerada.
El objetivo de este trabajo fue investigar el rendimiento morfométrico inicial
del ipé-blanco (Tabebuia
roseo-alba (Ridl.) Sandwith)
utilizando como sustrato compuesto de relaves de cobre y diferentes
concentraciones de materia orgánica para evaluar su potencial de
fitorremediación, como también su Índice de Calidad Dickson (ICD). El diseño
experimental fue completamente al azar, donde los datos morfométricos de los
tratamientos relacionados con altura, diámetro del tallo y número de hojas de
las plantas fueron tomados y posteriormente sometidos a análisis estadísticos y
al ICD, además de estos, fueron analizados los cálculos relacionados con el
factor de translocación del cobre en la planta y su capacidad fitoextractora. La biomasa compartida entre las raíces y la
parte aérea fue colectada, procesada en el laboratorio (deshidratada y molida),
y enviada para análisis del contenido de cobre en los tejidos vegetales a un
laboratorio especializado, además del análisis químico del sustrato. Se
concluyó que la planta ipé-blanco presenta un
potencial fitoestabilizador respecto al elemento
cobre encontrado en los relaves de mineración, además
de alcanzar un ICD satisfactorio en el tratamiento compuesto por un 90% de
relaves y un 10% de materia orgánica.
Palabras clave: Producción de plantas; Fitorremediación; Fitoestabilización; Metal pesado; Rendimiento morfométrico.
INTRODUÇÃO
De acordo com o Instituto
Brasileiro de Mineração (IBRAM, 2016) a atividade minerária engloba o
aproveitamento de recursos minerais, do solo e subsolo, se diferenciando dos
outros setores produtivos à medida que provem as matérias-primas para as demais
indústrias, além de ocasionar a geração de resíduos sólidos, também denominados
no meio mineral de rejeitos. Após a Revolução Industrial, estes rejeitos
minerais tiveram um aumento significativo devido o avanço tecnológico, o que
proporcionaram uma maior degradação ambiental em função da disposição destes em
barragens.
Um dos principais metais explorados no
mundo é o cobre (Cu), um elemento nativo, que dificilmente é encontrado puro na
natureza, ocorrendo em associações com outros elementos químicos, em diferentes
combinações, estruturas e proporções, gerando diferentes minerais. A lavra e
beneficiamento do cobre geram debates ambientais devido à produção de agentes
poluidores nas áreas de concentração, fundição e refino, além dos impactos
negativos na vegetação e topografia da área minerada segundo a Agência Nacional
de Mineração (ANM, 2020).
A busca de opções de reaproveitamento dos
rejeitos provenientes da mineração gerou e vem gerando diferentes estudos de
reutilização desses materiais. Uma das alternativas de reuso é o emprego do
rejeito como substrato a ser descontaminado por meio da biorremediação,
denominada assim por empregar organismos vivos, microrganismos ou plantas, para
a descontaminação de solos ou água (COUTINHO; BARBOSA, 2007).
Uma vertente da
biorremediação é a fitorremediação. Segundo Anselmo e
Jones (2005) a fitorremediação é uma técnica que
utiliza plantas como o agente de descontaminação do solo e da água, possuindo
relevância essencialmente por apresentar potencial para tratamento in situ e
por ser economicamente viável. Ademais, após a extração de contaminantes e
metais do solo, as plantas os armazenam em seus tecidos, o que concede a
possibilidade de um tratamento posterior, ou permite a metabolização, podendo
transformá-los em produtos de menor toxidade ou inofensivos, ainda de acordo
com os autores supracitados.
O
território brasileiro, além de ser rico no aspecto mineral, também possui uma
vasta riqueza em sua flora, o que torna apto o emprego da fitorremediação
como agente descontaminador de solos e águas, apesar
do fato desta técnica não ser muito conhecida, a fitorremediação
está crescendo no meio científico (SILVA et al., 2015), sendo uma das técnicas usadas para limpeza de áreas degradadas mais viáveis no
quesito econômico em função de sua eficiência, que segundo Lamego e Vidal (2007),
é o uso de vegetais e microrganismos para degradar, extrair, conter ou
imobilizar poluentes em meio solido, líquido ou gasoso a níveis seguros e
compatíveis à saúde humana, ou Andrade et al. (2007), que conceituam de forma
resumida, que a fitorremediação é o uso de plantas e
seus microrganismos associados, ao tratamento de solo, água ou ar contaminados
e, para Oliveira et al. (2006), é o processo que utiliza as plantas como
agentes de purificação de ambientes aquáticos ou terrestres, contaminados ou
poluídos pelo depósito de substâncias inorgânicas como elementos químicos e
rejeitos de minério.
Com isso, o uso da
revegetação, na qual são plantadas determinadas espécies tem por objetivo
remover, transferir, estabilizar ou destruir elementos nocivos que, de acordo
com Estrela et al. (2018), esta é uma tecnologia emergente e de baixo custo que
pode mitigar a contaminação por metais pesados.
O
emprego de espécies vegetais arbóreas na fitorremediação
chama atenção no meio científico. Uma das espécies originárias do
Brasil é o ipê-branco (Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sandwith), com caráter
ornamental e de beleza exuberante é bastante empregada em paisagismos e
arborização de ruas (MACEDO, 2011). É utilizada, também, em reflorestamentos de
terrenos secos e pedregosos, ajudando na recomposição da vegetação (LORENZI,
2002).
O objetivo geral da pesquisa foi
investigar o desempenho morfométrico inicial do
ipê-branco em substrato composto por rejeito de mineração de cobre e
percentuais crescentes de matéria orgânica, e os específicos foram o de
encontrar o Índice de Qualidade de Dickson (IQD) e avaliar o potencial fitorremediador da espécie, por meio do índice e fator
de translocação e capacidade de extração.
MATERIAL E
MÉTODOS
Este
experimento foi realizado no período de setembro de 2018 a janeiro de 2019,
cuja instalação do mesmo foi conduzido na casa de vegetação administrada pela
Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente (FEMMA) na Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Marabá, Pará, na região Sudeste
do estado, localizada na Latitude -5.36997 e Longitude -49.1169 com altitude de
84 m. Segundo Raiol (2010) o clima do município de
Marabá caracteriza-se como toropical, quente e úmido,
apresentando temperaturas médias mensais entre 22,9 ºC e 32 ºC, com média anual
de 26 ºC, a umidade relativa do ar varia de 73% a 93% e a precipitação anual
fica em torno 1.976 mm. O período mais chuvoso se inicia em janeiro e termina
em março, e o mais seco vai de julho a setembro. De acordo com a classificação
climática de Köppen-Geiger a climatologia do
município de Marabá é Afi (clima das florestas
pluviais, com chuvas abundantes e bem distribuídas), segundo Almeida (2007).
Como substrato
foi utilizado rejeito de barragem de cobre e matéria orgânica (esterco bovino).
O rejeito de cobre foi proveniente da empresa Vale S.A., localizada no
município de Canaã dos Carajás-PA. As amostras dos constituintes do substrato apresentaram
a seguinte composição química: rejeito de cobre: pH em H20= 8,6; Cu=190
mg mg dm-3; esterco bovino: pH
em CaCl2= 5,7; EC= 3,3 dS m-1;
CTC= 380 mmol kg-1; Matéria Orgânica Total= 34, 46%; N= 0,62%; P2O5=
0,29%; K= 1,2%; S= 0,37%; Ca= 0,48%; Mg= 0,26%; Fe= 0,17 mg dm-3;
Zn= 38,7 mg dm-3; Cu= 8 mg dm-3; Mn= 103,3 mg dm-3
e B= 5,7 mg dm-3.
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado (DIC), constituído de cinco tratamentos (T) e
cinco repetições, sendo as parcelas experimentais compostas de cinco tubetes
(400 g), distribuídos em 5 bandejas de 25 tubetes cada uma, resultando em 125
amostras, com diferentes proporções de matéria orgânica e rejeito de cobre. Os
tratamentos foram representados por T1= 400 g de rejeito de cobre (100%) + 0 g
de esterco bovino (EB) (0,0%); T2= 390 g de rejeito de cobre (97,5%) + 10 g de
EB (2,5%); T3= 380 g de rejeito de cobre (95,0%) + 20 g de EB (5%); T4= 370 g
de rejeito de cobre (92,5%) + 30 g de EB (7,5%) e T5= 360 g de rejeito de cobre
(90%) + 40 g de EB (10%).
As sementes de ipê-branco
foram provenientes de matrizes localizadas na Unidade II da UNIFESSPA,
Marabá-PA. O substrato foi pesado, depositado nos tubetes e estes foram incubados,
com auxílio de lona plástica, por um período de 15 dias antes do semeio. Passado
o período de incubação, se realizou o semeio e aos 10 dias deste, foi realizado
o desbaste mantendo a planta mais vigorosa. Para garantir a germinação o
experimento foi irrigado diariamente no período da manhã, se mantendo este
procedimento durante todo o ensaio.
Foram realizadas avaliações morfométricas em 20, 40, 60 e 80 dias após o semeio. As
variáveis avaliadas foram altura de planta, diâmetro do caule e número de
folhas, cujas medidas de altura foram realizadas com auxílio de uma régua de 30
cm, o diâmetro do caule foi mensurado com paquímetro digital 6” 150 mm aço inox
01,0004 Zaas e a contagem de folhas foi realizada de
forma direta contabilizando as unidades desenvolvidas durante a experimentação.
Aos 80 dias foi realizada a coleta final e secção das
partes aéreas e radiculares das plantas. Cada compartimento vegetal foi colocado
em sacos de papel de acordo com os seus tratamentos e encaminhados ao
laboratório para análise. Após estes procedimentos, as amostras de fitomassa e substrato foram levados para estufa a 70 ºC por 72 h, após atingirem peso
constante, compondo assim a fitomassa seca, que posteriormente
foi enviada ao laboratório para análises de macro e micronutrientes.
Na avaliação do crescimento das mudas utilizou-se o Índice de Qualidade de Dickson (IQD) (DICKSON
et al., 1960), abaixo na equação 1 (Eq. 1), sendo utilizados os seguintes
parâmetros: peso da fitomassa total (PMST), peso da fitomassa da parte aérea (PMSPA) e da fitomassa
radicular (PMSR) em g, diâmetro do caule (DC) em mm e altura da planta (H).
Equação 1.
Para identificar a capacidade das plantas de translocar metais pesados nos compartimentos aéreos e
radiculares foi utilizado o Índice e
Fator de Translocação e Coeficiente de Extração, cujo Abichequer e Bohnen (1998) sugere
a equação seguinte (Eq. 2), para calcular o Índice de Translocação (IT).
Equação 2.
O cálculo do Fator de Translocação (FT) (Eq. 3) deriva
da equação 2, é um fator importante na fitorremediação,
pois designa a habilidade da planta de translocar o
metal da raiz para a parte aérea (MARCHIOL et al., 2004).
Equação 3.
O Coeficiente de Extração (CE) (Eq. 4) descreve a
capacidade da planta de retirar metal do solo em percentagem e é calculada de
acordo com a equação 4 (KUMAR et al., 1995).
Equação 4.
Após a
análise preliminar em relação à normalidade dos dados, estes foram submetidos à
análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey
a α ≤ 0,05, utilizando o software Sisvar 5.6 Build 90
(FERREIRA, 2014). Foram realizadas análises de regressão.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Durante o crescimento das espécies nos primeiros 20
dias após o semeio (Tabela 1) não foram observadas variações significativas em
relação aos dados morfométricos referentes à altura,
diâmetro e número de folhas, como indica a comparação de médias.
Aos 40 dias do semeio ocorreram variações estatísticas
referentes à altura e número de folhas dos tratamentos, em contrapartida, os
dados de diâmetro do caule mostraram-se estatisticamente semelhantes. Do mesmo
modo, aos 60 dias de cultivo da espécie, tanto a altura como o número de folhas apresentaram diferenças
significativas entre os tratamentos, onde os tratamentos T4 e T5 foram os que
apresentaram melhor crescimento. Enquanto que, o
diâmetro não diferiu estatisticamente. Transcorridos o tempo estimado de
avaliações (80 dias), verificou-se que os tratamentos T4 e T5 possuem dados
estatisticamente semelhantes em relação à altura e diâmetro, porém quanto ao
número de folhas o tratamento T5 possui maior valor desta variável (Tabela 1).
Tabela 1. Dados médios referentes à altura (cm), diâmetro do
caule (mm) e número de folhas (unidade) aos 20, 40, 60 e 80 dias de Tabebuia
roseo-alba cultivadas em substrato com rejeito
de mineração de cobre e percentuais crescentes de matéria orgânica. |
|||
20 dias |
|||
Tratamentos |
Altura (cm) |
Diâmetro (mm) |
Número de Folhas |
T1 |
2,22 a |
1,27 a |
2,00 a |
T2 |
3,01 a |
1,20 a |
2,00 a |
T3 |
2,81 a |
1,16 a |
2,00 a |
T4 |
2,70 a |
1,19 a |
2,00 a |
T5 |
2,98 a |
1,06 a |
2,20 a |
CV (%) |
25,56 |
19,19 |
9,80 |
40 dias |
|||
Tratamentos |
Altura (cm) |
Diâmetro (mm) |
Número de Folhas |
T1 |
3,79 a |
1,59 a |
2,50 a |
T2 |
4,33 ab |
1,67 a |
3,24 ab |
T3 |
4,60 ab |
1,72 a |
3,24 ab |
T4 |
5,19 ab |
1,76 a |
4,00 b |
T5 |
5,30 b |
1,83 a |
4,11 b |
CV (%) |
16,11 |
9,55 |
14,37 |
60 dias |
|||
Tratamentos |
Altura (cm) |
Diâmetro (mm) |
Número de Folhas |
T1 |
4,34 a |
2,03 a |
2,85 a |
T2 |
5,34 a |
2,11 a |
4,19 b |
T3 |
5,77 a |
2,19 a |
4,96 bc |
T4 |
7,31 b |
2,40 a |
5,82 cd |
T5 |
8,14 b |
2,35 a |
6,55 d |
CV (%) |
12,99 |
11,69 |
11,89 |
80 dias |
|||
Tratamentos |
Altura (cm) |
Diâmetro (mm) |
Número de Folhas |
T1 |
4,34 a |
2,04 a |
2,85 a |
T2 |
6,34 ab |
2,18 a |
5,95 b |
T3 |
7,14 ab |
2,41 ab |
6,66 bc |
T4 |
9,64 bc |
2,81 bc |
7,70 c |
T5 |
12,08 c |
3,15 c |
8,78 d |
CV (%) |
27,52 |
13,10 |
10,16 |
T1= 400 g de rejeito de cobre (100%) + 0 g de esterco
bovino (EB) (0,0%); T2= 390 g de rejeito de cobre (97,5%) + 10 g de EB
(2,5%); T3= 380 g de rejeito de cobre (95,0%) + 20 g de EB (5%); T4= 370 g de
rejeito de cobre (92,5%) + 30 g de EB (7,5%) e T5= 360 g de rejeito de cobre
(90%) + 40 g de EB (10%). CV = Coeficiente de variação. Médias seguidas de
mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (α ≤ 0,05). |
Segundo estudos de Silva et al. (2010), o excesso de
cobre no solo reduziu o crescimento das mudas de canafístula
(Peltophorum dubium
(Spreng.) Taub.) uma
árvore de médio a grande porte com diâmetro do caule semelhante aos valores
recorrentes em indivíduos de ipê-branco. Este menor crescimento de espécies em
solo rico em cobre também pode ser observado nos tratamentos T1, T2 e T3, onde,
estatisticamente, os valores de altura, diâmetro do caule e número de folhas
aos 80 dias de cultivo são semelhantes
Segundo a equação e o gráfico de regressão linear
(Figura 1), referentes às médias de altura de plantas de todos os tratamentos e
a quantidade de cobre no substrato, observa-se que quanto maior os valores
quantitativos de cobre menor a altura das mesmas,
visto que as plantas que apresentaram menor altura também continham menores
quantidades de esterco bovino no solo e maiores quantidades de cobre na parte
radicular.
Segundo Zampieri
(2010) que estudou o comportamento morfométrico de
plantas da espécie de Aechmea blanchetiana (Baker) L.B. Smith com diferentes concentrações
de cobre no substrato, observou que ocorreram reduções consideráveis em altura
das plantas após 16 semanas (120 dias) de cultivo, obtendo as menores alturas
as plantas que continham as maiores quantidades de cobre no substrato. Dados
estes que corroboram com os resultados deste trabalho aos 80 dias de cultivo,
final do período de observação do ensaio em questão, onde o comportamento do
ipê-branco na maior concentração de cobre obteve o menor crescimento das
plantas (Figura 1).
Figura 1.
Altura das plantas de Tabebuia roseo-alba aos
80 dias de cultivo em percentuais crescentes de rejeito de cobre no substrato.
Trabalho semelhante
realizado por Silva et al. (2016) observaram que as concentrações crescentes de
cobre (0, 60, 120, 180, 240 e 300 mg dm־3) no solo interferiram negativamente e com maior
intensidade no crescimento e qualidade das mudas de pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link.)
e carne-de-vaca (Pterogyne nitens Tul.) em relação à timbaúva (Enterolobium contortisiliquum Vell.).
Estes resultados reforçam o dito anteriormente que, a maior concentração de
cobre no substrato, menor é o desenvolvimento das plantas de ipê-branco, diminuindo seu crescimento de
maneira significativa com 100% de rejeito de cobre (190 mg dm-3),
cujo as mesmas cresceram apenas 4,34 cm de altura (T1),
aumentando para 12,08 cm quando essa concentração diminuiu para 90% de rejeito
de cobre mais 10% de matéria orgânica (T5). Relacionando os valores em crescimento das plantas do
estudo feito por Silva et al. (2016), referentes aos 80 dias de cultivo das 3
espécies, percebe-se que a espécie Pterogyne nitens apresentou dados semelhantes ao tratamento T1 do
ipê-branco no mesmo período, uma vez que com a concentração de 180 mg.dm-3
aos 80 dias, esta apresentou um valor médio em altura de 5,44 cm, enquanto a Bauhinia forficata e
a Enterolobium contortisiliquum
atingiram valores em altura de 7,58 cm e 8,24 cm, respectivamente.
Mota et al. (2018),
analisaram a capacidade de remediação da planta Talinum
paniculatum (Jacq.) em
solo contaminado com cobre (0; 40; 80; 120 e 160 mg dm-3) onde não foram observadas
diferenças significativas para as variáveis analisadas no período de 63 dias de
cultivo das medidas morfométricas: diâmetro, número
de folhas e altura. No mesmo período de cultivo com o ipê-branco e concentração
de 190 mg dm-3 de cobre no substrato (tratamento T1), e nos demais
tratamentos ensaiados estes não foram responsivos em relação ao diâmetro do
caule, porém em relação à altura e número de folhas apareceram diferenças
significativas, uma vez que os tratamentos T4 e T5 apresentaram os melhores
resultados em relação aos demais. Resultado esse que diverge aos encontrados
pelos autores supracitados, o que nos leva a crer que poderia estar relacionado
com a espécie de planta ensaiada, haja vista, que nem todas as espécies respondem
igualmente a um estresse ou estímulo induzido.
O valor referente ao
diâmetro médio do caule das plantas só passou a apresentar diferenças
significativas com o passar dos dias, onde aos 80 dias de cultivo (Figura 2)
todos os tratamentos mostraram-se mais satisfatórias em relação à equação de
regressão linear, apresentando valores razoáveis em relação ao crescimento das
plantas estudadas, onde quanto maior o percentual de rejeito de cobre no
substrato, como no tratamento T1, menor o diâmetro do caule, este aumentando em
função da diminuição do rejeito no substrato e o aumento da matéria orgânica,
como se pode observar no tratamento T5 que se diferencia dos demais de forma
significativa, ainda que seja semelhante ao T4 (Tabela 1). Esses resultados
diferem dos encontrados por Mota et al. (2018), porém há que levar em
consideração que, como nos referimos anteriormente, pode haver sido em função
do período estudado. O autor supracitado analisou seus dados aos 63 dias e
estes foram aos 80 dias de cultivo.
Figura 2. Diâmetro
das plantas de Tabebuia roseo-alba aos 80 dias de cultivo em
percentuais crescentes de rejeito de cobre no substrato.
O crescimento de folhas (Figura 3) no experimento está
relacionado com a quantidade de cobre no substrato e na planta, visto que as
espécies com maiores números de folhas cresceram em solo com maiores
quantidades de esterco bovino e menores quantidades de cobre nos seguimentos
aéreos e radiculares.
Figura 3. Número
médio de folhas das plantas de Tabebuia roseo-alba
aos 80 dias de cultivo em percentuais crescentes de rejeito de cobre no
substrato.
Os números de folhas que se observou neste ensaio com
o ipê-branco pode ser comparado aos encontrados por Oliveira (2018) que
estudando o comportamento das espécies Schizolobium
amazonicum, Leucaena leucocephala e
Azadirachta indica em substrato
com 200 mg dm-³ de cobre obteve valores de número de folhas próximos
de 4,5, 4,6 e 6 unidades, respectivamente, em 60 dias de cultivo, enquanto que,
neste mesmo período, o número de folhas desenvolvidas pelo ipê-branco variaram
de 2,85 unidades, para o tratamento T1, a 6,55 unidades, para o tratamento T5,
com apenas 10% de matéria orgânica no substrato, confirmando que a mistura de
matéria orgânica com o substrato a base de rejeito de cobre, favorece o
crescimento das plantas, haja vista que o número de folhas triplicou. Essa
resposta positiva pode ser corroborada aos 80 dias de cultivo, onde o número de
folhas em substrato com 10% de matéria orgânica obteve 8,78 unidades de folhas,
resultado que pode ser comparado aos encontrados por Marques et al. (2004), que investigando o desenvolvimento da espécie Schizolobium amazonicum em substrato orgânico, puderam constatar que aos 90 dias de
cultivo, a espécie em questão obteve valor médio para número de folhas igual a
8 unidades, reforçando a ideia de que a utilização de matéria orgânico no
substrato, mesmo composto por rejeito de metais como o ensaiado neste trabalho,
pode ser viável.
Em geral, observou-se
que o crescimento do ipê-branco não apresentou anormalidades durante o período
de 80 dias de cultivo. Os seus dados morfométricos (altura,
diâmetro do caule e número de folhas) aumentaram proporcionalmente ao uso de
matéria orgânica no substrato.
Em relação às características químicas do substrato
com rejeito de mineração de cobre e percentuais crescentes de esterco bovino, os
valores de Cu e Fe foram elevados, além de valores considerados altos em relação
à quantidade de Mn e K (Tabela 2).
Tabela 2. Atributos químicos do substrato composto com rejeito
de cobre e percentuais crescentes de matéria orgânica nos tratamentos com Tabebuia
roseo-alba, aos 80 dias. |
||||||
Atributos |
Unidade |
T1 |
T2 |
T3 |
T4 |
T5 |
K |
mg dm-3 |
280 |
240 |
210 |
210 |
210 |
Fe |
mg dm-3 |
579 |
581 |
528 |
546 |
535 |
Zn |
mg dm-3 |
2,2 |
1,7 |
2,9 |
2,8 |
4,3 |
Cu |
mg dm-3 |
54 |
37,5 |
36 |
33 |
30 |
Mn |
mg dm-3 |
110 |
112 |
117 |
107 |
121 |
pH em H2O |
- |
8,4 |
8,2 |
8,0 |
7,9 |
7,9 |
T1= 400 g de rejeito de cobre (100%) + 0 g de esterco
bovino (EB) (0,0%); T2= 390 g de rejeito de cobre (97,5%) + 10 g de EB
(2,5%); T3= 380 g de rejeito de cobre (95,0%) + 20 g de EB (5%); T4= 370 g de
rejeito de cobre (92,5%) + 30 g de EB (7,5%) e T5= 360 g de rejeito de cobre
(90%) + 40 g de EB (10%). |
Nos compartimentos (parte aérea e radicular) das
plantas referentes a cada tratamento, de acordo com as análises químicas
relacionadas à quantidade de cobre presente (Tabela 3), verifica-se que as
maiores quantidades de cobre se encontram nos tratamentos com menores
quantidades de esterco bovino. Nota-se que os valores encontrados nos
compartimentos radiculares das plantas são maiores que os das partes aéreas.
Segundo Oliveira (2018) espécies de plantas com quantidades superiores de
metais em suas raízes são denominadas espécies fitoestabilizadoras
ou que possam indicar este mecanismo de fitorremediação,
o que foi verificado no ipê-branco nas circunstâncias apresentadas neste
experimento.
Tabela 3. Quantidade de cobre (mg dm-3) nos compartimentos da parte aérea e
radicular da Tabebuia roseo-alba. |
||
Tratamentos |
Parte aérea (mg dm-3) |
Parte radicular (mg dm-3) |
T1 |
48 |
115 |
T2 |
16 |
130 |
T3 |
12 |
103 |
T4 |
11 |
80 |
T5 |
10 |
70 |
T1= 400 g de rejeito de cobre (100%) + 0 g de esterco
bovino (EB) (0,0%); T2= 390 g de rejeito de cobre (97,5%) + 10 g de EB
(2,5%); T3= 380 g de rejeito de cobre (95,0%) + 20 g de EB (5%); T4= 370 g de
rejeito de cobre (92,5%) + 30 g de EB (7,5%) e T5= 360 g de rejeito de cobre
(90%) + 40 g de EB (10%). CV = Coeficiente de variação. Médias seguidas de
mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (α ≤ 0,05). |
Os IQDs que se observa na
Tabela 4 aumentam em função do acréscimo da matéria orgânica no substrato, se
mostrando satisfatórios principalmente nos últimos tratamentos, T4 e T5, onde a
probabilidade das plantas de ipê-branco de crescer em substrato semelhante ao utilizado neste
experimento é um indicativo de que este índice significa, o qual define o momento ideal de levar as mudas para
o plantio definitivo, apresentando assim à capacidade da planta de resistir às
mudanças que acontecerão da fase de muda a fase inicial e adulta no campo. O
quanto mais próximo do valor do índice de 0,2 este traduz a melhor qualidade da
muda que de acordo com Azevedo et al. (2010), estes relataram que o IQD é um
ótimo indicador da qualidade de mudas, porque leva em conta em seu cálculo a
robustez e o equilíbrio da distribuição da biomassa na muda, ponderando os
resultados de parâmetros importantes utilizados na avaliação da qualidade de
mudas, como a altura, o diâmetro, matéria seca parte aérea, raiz e também a total.
Tabela 4. Índice de qualidade de Dickson da espécie de Tabebuia
roseo-alba em substrato rico em rejeito de cobre
e percentagens crescentes de esterco bovino. |
|
Tratamentos |
IQDs |
T1 |
0,0228 |
T2 |
0,0467 |
T3 |
0,0631 |
T4 |
0,1011 |
T5 |
0,1306 |
T1= 400 g de rejeito de cobre (100%) + 0 g de esterco
bovino (EB) (0,0%); T2= 390 g de rejeito de cobre (97,5%) + 10 g de EB
(2,5%); T3= 380 g de rejeito de cobre (95,0%) + 20 g de EB (5%); T4= 370 g de
rejeito de cobre (92,5%) + 30 g de EB (7,5%) e T5= 360 g de rejeito de cobre
(90%) + 40 g de EB (10%). CV = Coeficiente de variação. Médias seguidas de
mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (α ≤ 0,05). |
Segundo Silva et al. (2014),
que estudaram o comportamento do barbatimão (Stryphnodendron
polyphyllum Mart.) e da cássia (Cassia multijuga Rich.), identificaram que a primeira espécie
não sofreu diferenças em seu crescimento, enquanto a segunda espécie manteve a
qualidade de mudas até 300 mg dm-3 de cobre adicionado ao solo, divergindo com os dados
encontrados nesta pesquisa com o ipê-branco, onde o tratamento com maior
percentual de rejeito de cobre no substrato (190 mg dm-3), T1, apresentou o menor IQD.
Na Tabela 5, o ipê-branco
apresentou um índice de translocação (IT) variando de 29,45% (T1) a 12,50% (T5),
ainda que o mais destacado foi para o tratamento sem
matéria orgânica no substrato, apresentando os demais tratamentos um índice de
translocação inferior e semelhantes entre si. Também, a quantidade de cobre no
substrato foi decrescendo com o aumento da matéria orgânica no mesmo, o que
poderia explicar essa tendência da translocação do cobre na planta.
Tabela 5. Índice de translocação (IT) e fator de
translocação (FT) em Tabebuia roseo-alba em doses
decrescentes de cobre e aumento da matéria orgânica no substrato de cultivo. |
|||
Tratamentos |
Cu (mg dm-3) |
IT (%) |
FT (%) |
T1 |
163 |
29,45 |
0,41 |
T2 |
146 |
10,96 |
0,12 |
T3 |
115 |
10,43 |
0,11 |
T4 |
91 |
12,09 |
0,01 |
T5 |
80 |
12,50 |
0,01 |
T1= 400 g de rejeito de cobre (100%) + 0 g de esterco
bovino (EB) (0,0%); T2= 390 g de rejeito de cobre (97,5%) + 10 g de EB
(2,5%); T3= 380 g de rejeito de cobre (95,0%) + 20 g de EB (5%); T4= 370 g de
rejeito de cobre (92,5%) + 30 g de EB (7,5%) e T5= 360 g de rejeito de cobre
(90%) + 40 g de EB (10%). CV = Coeficiente de variação. Médias seguidas de
mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (α ≤ 0,05). Cu
(mg dm-3) representa o somatório das concentrações do metal na
parte aérea e radicular da espécie. |
Em pesquisa realizada por Silva et al. (2007), a baixa
absorção de cobre no cultivo da soja (Glycine
max (L.) Merrill) em solos com diferentes níveis
de contaminação foi consequência da elevada contaminação do solo por Zn, fato
que não pode ser constatado no cultivo do ipê-branco, visto que as quantidades
de Zn encontradas nos substratos de cultivo do ipê-branco são muito
baixas em relação ao cobre existente. Enquanto, em experimento conduzido por
Paiva et al. (2002), que avaliaram o índice de translocação de nutrientes em
mudas de cedro (Cedrela fissilis
Vell.) e de ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl.)
submetidas a doses crescentes de Cd, Ni e Pb foi verificado que a presença de metais pesados em
solução nutritiva faz com que haja resposta diferenciada no índice de
translocação dos diferentes nutrientes, isso de acordo com a espécie.
Conforme Oliveira (2018) a
utilização do índice e fator de translocação ocorre quando se deseja estimar o
potencial fitorremediador de espécies vegetais,
geralmente são as primeiras análises feitas. Após a obtenção do IT e FT ocorre à
avaliação da capacidade da espécie de retirar metal pesado do substrato e
transportar para a parte aérea por meio do cálculo do coeficiente de extração
(CE). Ao se verificar um acúmulo maior de metal na parte radicular em
comparação com o translocado a parte aérea a espécie
vegetal estudada é denominada fitoestabilizadora,
como sugere os estudos realizados por Andreazza e Camargo
(2011) que em áreas contaminadas com cobre e cultivada com plantas de mamona (Ricinus communis L.)
foram encontrados valores de FT baixos (0,01; 0,01 e 0,03%), porém as plantas apresentaram alto potencial de fitoacumulação do metal nas raízes com valores de 1.131 mg dm-3
de cobre contido na parte radicular, caracterizando a planta como fitoestabilizadora. Ademais, mesmo com essa limitação do
solo contaminado por cobre, a mamoneira apresentou capacidade de crescimento considerável
(ANDREAZZA; CAMARGO, 2011).
Entretanto, a
diferença do estudo dos autores supracitados, o FT deste trabalho foi superior
no substrato com maior concentração de cobre, ou seja, que em relação à Ricinus communis o
ipê-branco se apresenta com uma maior capacidade de translocar
o cobre ao se encontrar um FT de 0,41%.
A fitoextração, um dos
mecanismos utilizadas no processo de descontaminação ambiental empregando
variedades de plantas, além de outros organismos onde, nas plantas estes
contaminantes são absorvidos através das raízes e posteriormente translocados às folhas (FUENTES, 2001; ANDRADE et al., 2007),
sendo o objetivo da fitoextração a limpeza in situ do meio contaminado de forma a
retirar o contaminante e, se possível, reaproveitar os elementos que tenham
utilidade nos processos produtivos atuais (TERRY; BAÑUELOS, 2000).
Os dados do coeficiente de extração do ipê-branco em
substrato rico em rejeito de cobre e matéria orgânica apresentaram valores de
acumulação de cobre, tanto na parte aérea como na radicular, porém com uma
maior concentração nesta última (Tabela 6).
Tabela 6. Coeficiente de extração (%) de cobre em
compartimentos de Tabebuia roseo-alba, cultivado em diferentes percentuais de
matéria orgânica. |
||
Tratamentos |
Parte radicular |
Parte aérea |
T1 |
60,52 |
25,26 |
T2 |
68,42 |
8,42 |
T3 |
54,21 |
6,31 |
T4 |
42,10 |
5,78 |
T5 |
36,84 |
5,26 |
T1= 400 g de rejeito de cobre (100%) + 0 g de esterco
bovino (EB) (0,0%); T2= 390 g de rejeito de cobre (97,5%) + 10 g de EB
(2,5%); T3= 380 g de rejeito de cobre (95,0%) + 20 g de EB (5%); T4= 370 g de
rejeito de cobre (92,5%) + 30 g de EB (7,5%) e T5= 360 g de rejeito de cobre
(90%) + 40 g de EB (10%). CV = Coeficiente de variação. Médias seguidas de
mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (α ≤ 0,05). |
Nesse
ensaio, o mecanismo de fitoestabilização, com os
tratamentos com menores quantidades de matéria orgânica (T1 e T2), apresentando
os maiores coeficientes de extração, tanto na parte aérea quanto na parte
radicular, porém foi à raiz o órgão que mais acumulou o metal cobre. Assim mesmo, outros trabalhos
podem corroborar os resultados deste estudo, por exemplo, como os estudos
realizados por Caires (2005) com o ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus), que alcançou
importantes resultados ao encontrar nas raízes o maior acumulo
do metal cobre, indicando dessa maneira o potencial fitorremediador
da espécie em estudo, semelhante ao encontrado com o ipê-branco nesse estudo.
Essas espécies ao concentrar
melhor o cobre em sua parte radicular, as caracterizam como plantas fitoestabilizadoras, pois a fitoestabilização pode ser entendida como a
imobilização de produtos contaminantes pela absorção e acumulação nas raízes,
adsorção por estas ou mesmo a precipitação destes na rizosfera, que segundo
Andrade et al. (2007), este processo pode ou não remover as toxinas do solo,
porém diminui sua mobilidade e impede que as mesmas migrem para as águas
subterrâneas ou o ar, diminuindo o potencial de se introduzirem na cadeia
alimentar.
O
destino do material vegetal produzido dependerá da possibilidade ou não de seu
aproveitamento, sendo decidido de acordo com a espécie vegetal cultivada, sua
capacidade de bioacumulação e o risco ambiental que representa na hora de sua
reutilização. Neste estudo se pensou na reutilização de rejeito de mineração de
cobre como substrato para produção de essências florestais e ao mesmo tempo
descobrir novas espécies que se desenvolvam nesses ambientes contaminados,
ajudando na descontaminação.
CONCLUSÕES
A espécie Tabebuia roseo-alba cultivada em substrato com rejeito de cobre
e 10% de matéria orgânica obteve melhor desempenho em morfométricas
de altura, diâmetro de caule e número de folhas.
O índice de qualidade de
Dickson foi alcançado de maneira satisfatória pela espécie Tabebuia roseo-alba no tratamento com substrato composto de 90%
de rejeito de mineração de cobre e 10% de matéria orgânica.
O potencial fitorremediador da Tabebuia roseo-alba
como espécie fitoestabilizadora em substrato com
rejeito de cobre e matéria orgânica foi confirmado, em razão da capacidade que
a espécie desenvolveu através do coeficiente de extração, mesmo em 100 % no
substrato do referido rejeito.
AGRADECIMENTOS
A Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará -
UNIFESSPA.
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