Diversidade genética
entre acessos de feijão-guandu por meio de caracteres
morfoagronômicos em região do cariri paraibano
Genetic divergence among pigeonpea acessions based on morfhoagronomic traits in the region in cariri
of Paraíba, Brazil
Lucyelly Dâmela Araújo Borborema1; Esdras da Oliveira
França Junior2; Ranoel José de Sousa
Gonçalves3; Joelma Sales dos Santos3; Ana Paula Medeiros
dos Santos Rodrigues4; Antonio Francisco
de Mendonça Júnior4
1Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: lucyellyd@gmail.com. 2Empresa
de Planejamento, Produção, Agropecuária e Irrigação Ltda. E-mail: esdrasjr_esam@yahoo.com.br.
3Universidade Federal de Campina Grande. E-mails: ranoelgoncalves@hotmail.com; joelma_salles@yahoo.com.br. 4Universidade
Federal Rural de Pernambuco. E-mails: paula.medeiros@ufrpe.br; antonio.mendoncajunior@ufrpe.br.
Recebido: 11/11/2019; Aprovado: 18/03/2020
Resumo: Com objetivo de quantificar a divergência
genética entre 22 acessos de feijão-guandu por meio
da análise de agrupamentos com base em caracteres morfoagronômicos,
além de indicar cruzamentos mais promissores para dar continuidade ao programa
de melhoramento da espécie de feijão- guandu foi realizado a presente pesquisa.
O delineamento experimental empregado foi o delineamento inteiramente casualizado. Foi realizado o teste de agrupamento de
médias, segundo Scott e Knott a 5% de probabilidade. Os dados de médias dos caracteres desses acessos foram
submetidos à análise de divergência genética. Foi aplicado o método de
agrupamento pela ligação média entre grupos, utilizando a distância
generalizada de Mahalanobis (D2) e método
de agrupamento de Tocher. A importância relativa dos
caracteres, também foram avaliadas. Existe ampla
variabilidade genética entre os acessos de feijão-guandu,
presentes no banco de germoplasma, e facilmente identificada por meio de
caracteres morfoagronômicos. Quatro grupos distintos
de acessos de feijão-guandu foram detectados,
evidenciando a existência de diversidade entre os acessos. Os
cruzamentos mais promissores são aqueles envolvendo como parentais os acessos
dos grupos distintos e mais divergentes: Grupos IV e I, IV e II, IV e III, III
e II, e II e I. O número de dias para o florescimento
foi o caractere que mais contribuiu para divergência genética.
Palavras-chave: Cajanus cajan;
Melhoramento vegetal; Genótipos.
Key
words: Cajanus cajan;
Plant breeding; Genotype.
INTRODUÇÃO
Originária da
índia e introduzida no Brasil
desde os períodos da escravatura, o feijão-guandu (Cajanus cajan (L.) Millspaugh), é uma leguminosa autógama diploide (2n = 2x =
22), e que dependendo da região onde é cultivado, tanto a campo quanto em
quintais, pode também, ser conhecido por “andu”, “guandu” e “guando. Em direta
relação ao aumento do interesse por leguminosas no Brasil a partir da última
década, tem crescido o uso em larga escala do feijão-guandu
como adubo verde, alimentação humana, alimento para ruminantes, tanto em
pastagens exclusivas e consorciadas como em forma de forragem verde, feno e
componente de mistura de silagem, além de sua utilização em sistemas de recuperação
de solos e/ou pastagens degradados (SOUZA et al., 2007).
O grande
número de ovinos e caprinos observados em regiões como o cariri paraibano,
sendo esta, por exemplo, a região responsável pela maior produção de leite de
caprinos no Brasil, proporciona uma demanda maior de alimentos que venha a
suprir as necessidades alimentícias destes animais. Neste tocante, frente às
limitações edafoclimáticas destas regiões, além das características próprias
dos agricultores e ou produtores, é cada vez maior a procura por espécies
vegetais que venham a produzir satisfatoriamente nessas regiões. Assim, o feijão-guandu, pode ser uma ótima alternativa para atender
tal demanda, além de possibilitar o atendimento do crescente consumo humano
desta leguminosa que vem ocorrendo nas regiões semiáridas do nordeste
brasileiro.
Poucas
informações são disponíveis acerca de genótipos de feijão-guandu
mais adaptados às condições particulares dos produtores de determinada região,
face à escassez de pesquisas inerentes, fato este, também observado para região
do cariri paraibano. No entanto, atualmente é possível inferir que se tenha
considerável diversidade genômica desta espécie, nas diversas regiões
produtoras do Brasil, oriunda principalmente de introduções de plantas provenientes
de outras localidades.
Em etapas iniciais dos
programas de melhoramento de qualquer espécie vegetal, a caracterização de cada
genótipo é de fundamental importância para que a possível variabilidade
existente possa ser utilizada de forma eficiente no desenvolvimento de novas
cultivares, e de acordo com as características das regiões para as quais serão
destinadas. E ainda, em programas de melhoramento
envolvendo a seleção de genótipos superiores, é necessário, além de dispor de
informações a respeito do germoplasma a ser utilizado, saber também de suas
potencialidades genéticas e de parâmetros genéticos intrínsecos às
características que serão melhoradas.
Segundo Rodrigues
et al. (2010), a divergência genética é um dos mais importantes parâmetros
avaliados por melhoristas de plantas na fase inicial de um programa de
melhoramento genético. Em programas que envolvem hibridações, estes estudos
fornecem parâmetros para a identificação de genitores que, quando cruzados,
possibilitem maior efeito heterótico na progênie (CARVALHO
et al, 2003). A quantificação da diversidade genética pode ser realizada por
meio de caracteres agronômicos, morfológicos e moleculares entre outros (AMORIM
et al., 2007).
Segundo
Miranda et al. (1988), um dos parâmetros para a escolha de genitores a serem
utilizados em programas de melhoramento, é a divergência genética,
quantificada, em geral, por estatísticas multivariadas como a distância
generalizada de Mahalanobis. O estudo da diversidade
genética entre acessos de uma espécie, além de possibilitar a identificação de
materiais genéticos muito próximos ou duplicados, indica aqueles genótipos mais
distantes geneticamente, os quais poderão ser recomendados para futuros
programas de policruzamentos no desenvolvimento de
cultivares melhoradas (SCAPIM et al., 1999).
Com
intuito de escolher genitores que possibilitem a formação de população
segregante para a seleção de genótipos favoráveis à obtenção de novos
cultivares, assim, objetivou-se quantificar a divergência genética entre 22
acessos de feijão-guandu por meio da análise de
agrupamentos com base em caracteres morfoagronômicos,
além de indicar cruzamentos mais promissores para dar continuidade ao programa
de melhoramento da espécie.
MATERIAL E
MÉTODOS
O trabalho foi
conduzido em área experimental pertencente ao Centro de Desenvolvimento
Sustentável do Semiárido – CDSA, da Universidade de Federal de Campina Grande -
UFCG, no município de Sumé - PB, cujas coordenadas geográficas são: 7° 40’ 18” Latitude
Sul e 36° 52’ 54” Longitude Oeste e a altitude média é de 518 m. Possui precipitação média anual de 538 mm, temperatura média de 22,9 °C e segundo a
classificação de Köppen o clima da região é do tipo Bsh (Semiárido quente com chuvas de verão). Foi utilizada um telado pertencente ao CDSA.
No total foram submetidos à avaliação todos 22 acessos de feijão-guandu pertencentes ao banco de germoplasma da
espécie, em delineamento inteiramente casualizado
(DIC) com três repetições, sendo a parcela constituída de uma planta por vaso.
A semeadura foi efetuada manualmente com três sementes por vaso cuja capacidade
é de 15 litros, foi realizado o desbaste em cada vaso deixando apenas uma única
semente. A irrigação foi realizada duas vezes ao dia, uma pela manhã logo cedo
e outra ao final da tarde, sendo a umidade no solo presente nos vasos
monitorada com o auxílio de tensiômetro digital
modelo AMT – 300.
O substrato utilizado
para preenchimento dos vasos foi resultado da mistura de solo e esterco de
ovino/caprino adquiridos de criadores da região. O solo foi coletado da camada
0 – 20 cm no Campus de Sumé da UFCG, em seguida esse solo foi destorroado,
peneirado e posteriormente homogeneizado juntamente com o esterco curtido com
auxílio de uma betoneira. A homogeneização foi no sentido de deixar em cada
vaso a proporção de 2 (duas) partes de solo para 1(uma) parte de esterco
curtido.
Os
acessos pertencentes ao banco de germoplasma, foram coletados em diferentes
cidades localizadas no cariri paraibano. Sendo estes obtidas em feiras livres
e/ou em propriedades de agricultores/produtores da região (Tabela 1).
Tabela 1. Número do tratamento no experimento (Trat.),
acessos de feijão-guandu e respectivos locais de
coleta (todas cidades localizadas no cariri do estado da Paraíba). |
|||||
Trat. |
Acesso |
Procedência |
Trat. |
Acesso |
Procedência |
1 |
G-SU/01-J18 |
SUMÉ |
12 |
G-COX/12-F18 |
COXIXOLA |
2 |
G-SU/02-J18 |
SUMÉ |
13 |
G-SB/13-F18 |
SERRA BRANCA |
3 |
G-MO/03-J18 |
MONTEIRO |
14 |
G-SB/14-F18 |
SERRA BRANCA |
4 |
G-MO/04-J18 |
MONTEIRO |
15 |
G-SJC/15-F18 |
SÃO JOÃO DO CARIRI |
5 |
G-ZA/05-J18 |
ZABELÊ |
16 |
G-PA/16-M18 |
PARARI |
6 |
G-PR /06-J18 |
PRATA |
17 |
G-SA/17-M18 |
SANTO ANDRÉ |
7 |
G-TA/07-F18 |
TAPEROÁ |
18 |
G-CA/18-M18 |
CAMALAÚ |
8 |
G-TA/08-F18 |
TAPEROÁ |
19 |
G-AM/19-M18 |
AMPARO |
9 |
G-SJ/09-F18 |
SÃO JOSÉ DOS CORDEIROS |
20 |
G-GU/20-M18 |
GURJÃO |
10 |
G-LI/10-F18 |
LIVRAMENTO |
21 |
G-OV/21-M18 |
OURO VELHO |
11 |
G-CON/11-F18 |
CONGO |
22 |
G-OV/22-M18 |
OURO VELHO |
Os dados foram submetidos a análise de variância para
avaliação da existência de variabilidade genética entre os acessos. Foi
realizado o teste de agrupamento de médias, segundo Scott e Knott
(1974) a 5% de probabilidade. Essas análises foram processadas mediante o
programa computacional GENES (CRUZ, 2008).
Os dados de médias dos caracteres desses
acessos foram submetidos à análise de divergência genética. Foi aplicado o método de agrupamento pela ligação
média entre grupos (UPGMA), utilizando a distância generalizada de Mahalanobis (D2) e método de agrupamento de Tocher. A importância relativa dos caracteres avaliados
quanto à dissimilaridade genética observada entre os acessos foi realizada
seguindo a metodologia empregada MORAIS et al. (1998) e por meio da
participação dos componentes de D2, relativos a cada característica,
no total de dissimilaridade observada. Todas as
análises foram realizadas conforme descrito por Cruz et al. (2012).
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Foi observado efeito
altamente significativo pelo teste F a 1% de probabilidade, para a fonte de
variação “acessos”, em todos caracteres, indicando assim, haver variabilidade
genética entre eles (Tabela 2). As estimativas dos coeficientes de variação
ambiental (CV) foram de 7,89%, 10,41%, 8,50 e 25,55%, para número de dias para
o florescimento (NDF), altura de plantas (AP), diâmetro de caule (DC) e altura
do primeiro ramo (APR), respectivamente. Os valores da razão b= CVg/CVe só superou 2,0 para o NDF (3,02),
sendo neste caso, possível inferir que não somente há alta variabilidade entre
os acessos de feijão-guandu, mas também uma situação
bastante favorável para a seleção de clones resistentes (GONÇALVES et al., 2019).
As estimativas de
herdabilidade no sentido amplo () foram altas (superiores a 80%) para todas variáveis
analisadas (Tabela 2), possibilitando inferir que a maior parte da
variabilidade fenotípica foi de natureza genética, indicando que a seleção
baseada nessas características poder ser realizada com eficiência.
Pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade foi possível observar a
formação de 4 grupos distintos para as variáveis número de dias para o
florescimento – NDF e para o diâmetro do caule - DC, 3 para a altura de plantas
- AP e 2 grupos distintos para altura do 1º ramo – APR.
Para o NDF, foi
observado que 11 acessos ficaram presentes em um agrupamento mais tardio, com
uma variação de 169,33 a 190,00 dias para o florescimento, outro grupo composto
por G-ZA/05-J18 e G-OV/21-M18 tiveram variação de
146,67 a 160,00 dias, 4 acessos ficaram agrupados naqueles que tiveram uma
variação de 118,00 a 140,67 dias e um último grupo, também composto por 4
acessos, que ficaram num agrupamento mais precoce com relação aos dias para o
florescimento (81,33 a 99,67 dias) (Tabela 2). Na variável altura de planta -
AP, verificou-se a formação do grupo de menor altura, tendo este uma variação
de 1,72 a 1,98 m (G-SU/01-J18, G-COX/12-F18,N G-CA/18-M18 e G-OV/20-M18), a
formação de um grupo de altura intermediária, com variação de 2,10 a 2,28 m
(G-TA/08-F18, G-SB/14-F18, G-PA/16-M18, G-SA/17-M18 E G-OV/22-M18) e os 13 acessos
restantes ficaram agrupados naquele com maior variação de AP (2,33 a 2,88
metros) (Tabela 2).
Com
relação ao DC, foi observado que 10 acessos
ficaram presentes num agrupamento com maior DC (1,55 a 1,77 cm), outro grupo
composto pelos acessos G-ZA/05-J18, G-TA/08-F18,
G-SB/13-F1, G-AM/19-M18 e G-OV/21-M18 tiveram presente no agrupamento com variação
de 1,39 a 1,50 cm, 2 acessos ficaram agrupados em um terceiro grupo, composto
pelos acessos G-PA/16-M18 e G-AS/17-M18, com diâmetro de caule de 1,27 e 1,34
cm, respectivamente. Por fim, para a variável APR, foi possível observar que
houve a formação de um agrupamento composto por aqueles acessos com menor
altura, variando de 0,29 e a 0,55 cm (10 acessos) e aqueles que ficaram
presente no agrupamento de maiores APR, com variação entre 0,77 a 1,20 cm (12 acessos)
(Tabela 2).
Guedes et
al. (2017) comenta que a percepção da variabilidade existente para caracteres pode contribuir
para definir a aptidão agrícola do genótipo de feijão-guandu.
Neste aspecto, para a
utilização do guandu como planta forrageira anual, é desejável que as plantas
fossem relativamente baixas, entre 90 a 130 cm, florescimento precoce, entre 70
a 90 dias e colmo menos espesso, uma vez que esse ideótipo
facilita os tratos culturais mecanizados, além da possibilidade consorciação
com outras culturas anuais como milho, sorgo e milheto, para produção de feno
ou silagem.
Tabela 2. Resumo das
análises de variância para caracteres quantitativos e agrupamento de médias
de 22 acessos de feijão-guandu coletados no cariri
paraibano. |
||||||||||||||||
Acessos |
Caracteres Quantitativos-1 |
|||||||||||||||
NDF |
AP |
DC |
APR |
|
||||||||||||
G-SU/01-J18 |
95,67 |
d-2 |
1,76 |
c |
1,08 |
d |
0,35 |
b |
|
|||||||
G-SU/02-J18 |
177,33 |
a |
2,33 |
a |
1,69 |
a |
0,84 |
a |
|
|||||||
G-MO/03-J18 |
172,33 |
a |
2,33 |
a |
1,55 |
a |
1,02 |
a |
|
|||||||
G-MO/04-J18 |
190,00 |
a |
2,74 |
a |
1,65 |
a |
1,20 |
a |
|
|||||||
G-ZA/05-J18 |
146,67 |
b |
2,53 |
a |
1,42 |
b |
0,55 |
b |
|
|||||||
G-PR /06-J18 |
181,00 |
a |
2,52 |
a |
1,77 |
a |
1,00 |
a |
|
|||||||
G-TA/07-F18 |
179,67 |
a |
2,46 |
a |
1,64 |
a |
1,00 |
a |
|
|||||||
G-TA/08-F18 |
140,67 |
c |
2,17 |
b |
1,39 |
b |
0,50 |
b |
|
|||||||
G-SJ/09-F18 |
179,67 |
a |
2,61 |
a |
1,67 |
a |
0,93 |
a |
|
|||||||
G-LI/10-F18 |
169,33 |
a |
2,73 |
a |
1,62 |
a |
0,77 |
a |
|
|||||||
G-CON/11-F18 |
170,00 |
a |
2,71 |
a |
1,61 |
a |
0,79 |
a |
|
|||||||
G-COX/12-F18 |
98,33 |
d |
1,92 |
c |
1,07 |
d |
0,37 |
b |
|
|||||||
G-SB/13-F18 |
122,67 |
c |
2,41 |
a |
1,39 |
b |
0,45 |
b |
|
|||||||
G-SB/14-F18 |
99,00 |
d |
2,14 |
b |
1,10 |
d |
0,33 |
b |
|
|||||||
G-SJC/15-F18 |
183,67 |
a |
2,74 |
a |
1,66 |
a |
1,00 |
a |
|
|||||||
G-PA/16-M18 |
118,00 |
c |
2,10 |
b |
1,27 |
c |
0,41 |
b |
|
|||||||
G-SA/17-M18 |
134,67 |
c |
2,28 |
b |
1,34 |
c |
0,48 |
b |
|
|||||||
G-CA/18-M18 |
81,33 |
d |
1,88 |
c |
1,00 |
d |
0,29 |
b |
|
|||||||
G-AM/19-M18 |
176,33 |
a |
2,43 |
a |
1,50 |
b |
0,85 |
a |
|
|||||||
G-GU/20-M18 |
99,67 |
d |
1,72 |
c |
1,16 |
d |
0,36 |
b |
|
|||||||
G-OV/21-M18 |
160,00 |
b |
2,25 |
b |
1,44 |
b |
0,79 |
a |
|
|||||||
G-OV/22-M18 |
188,00 |
a |
2,88 |
a |
1,67 |
a |
1,06 |
a |
|
|||||||
F (acessos) |
136,36** |
|
0,0597** |
|
0,0150** |
0,0318** |
|
|
|
|||||||
MÉDIA |
148,36 |
|
2,35 |
|
1,44 |
0,70 |
|
|
|
|||||||
CV (%) |
7,89 |
|
10,41 |
|
8,50 |
25,55 |
|
|
|
|||||||
b = CVg/CVe |
3,02 |
|
1,23 |
|
1,86 |
1,53 |
|
|
|
|||||||
(%) |
97 |
|
82 |
|
91 |
88 |
|
|
|
|||||||
1AP: Altura de
plantas (m); DC: Diâmetro do caule (cm); APR: Altura do 1º ramo (cm); NDF:
número de dias para florescimento. 2Médias seguidas pelas mesmas
letras nas colunas pertencem ao mesmo grupo pelo teste Scott-Knott (P < 0,05); **Significativo a 1% de
probabilidade pelo teste F; nsNão-significativo a 1% de probabilidade
pelo teste F. |
||||||||||||||||
Assim, nenhum
dos acessos avaliados apresentou essas três qualidades simultaneamente para
serem classificadas como aptidão de forrageira anual, principalmente pelo fato
de não ter sido possível verificar acessos com alturas menor que 1,76 metros.
Destacam-se os acessos G-SU/01-J18, G-COX/12-F18, G-CA/18-M18 e G-GU/20-M18 que
não diferiram, pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade, ficando presentes no agrupamento de menor porte, ou seja, menor
altura de planta - AP, estes, também, foram os que ficaram presentes no
agrupamento referente aos acessos com florescimento precoce (81,33 a 99,00 dias
para o florescimento), e os mesmos, juntamente com o acesso G-SB/14-F18, estão
presentes no agrupamento com caule menos espesso (Tabela 2). Por outro lado, plantas
de porte alto, caule espesso, maior número de ramos, florescimento contínuo,
grãos claros e perenicidade, são desejáveis para
implementação como bancos de proteínas forrageiro, além de fornecimento de grão
para alimentação humana. Nesse sentido, para a seleção destes ideótipos de planta para cada tipo de aptidão, será
necessário recombinar os acessos promissores para reunir as características de
interesse em um único genótipo.
Em relação ao agrupamento de pelo método UPGMA, baseado na distância
generalizada de Mahalanobis (D2) (Figura
1), é possível observar certa semelhança na capacidade discriminante dos
acessos em relação ao método de Tocher (Tabela 3),
sendo bem verdade, que o primeiro método evidencia a formação de mais
subgrupos.
É possível destacar que 54,54% dos 22 acessos
avaliados estariam presentes no primeiro grupo (I). Se for considerando a
porcentagem próxima aos 40% para a dissimilaridade genética de acordo com o
UPGMA (Figura 1), verifica-se a formação de três grupos distintos, um a menos
que observado pelo método de Tocher. Onde o grupo I é
representado pelos acessos G-LI/10-F18, G-CON/11-F18,
G-SJ/09-F18, G-SJC/15-F18, G-MO/03-J18, G-TA/07-F18, G-AM/19-M18, G-SU/02-J18,
G-MO/04-J18, G-OV/22-M18, G-PR/06-J18; o grupo II pelo acesso G- OV/21-M18, o grupo III com os acessos G-TA/08-F18,
G-SA/17-M18, G-ZA/05-J18, G-PA/16-M18, G-SB/13-F18 e finalizando com o grupo IV
onde estão incluídos os acessos G-SU/01-J18,
G-GU/20-M18, G-COX/12-F18, G-CA/18-M18, G-SB/14-F183. A inconsistência
dos dois métodos, especificamente, ficou relacionado ao acesso G- OV/21-M18, onde no método de dissimilaridade genética de
acordo com o UPGMA enquadrou este acesso juntamente com todos os
presentes no grupo I, entretanto é importante evidenciar que entres esses
acessos, o G- OV/21-M18 foi o que não se apresentou no
mesmo grupo que os demais para todos os 4 (quatro) caracteres avaliados pelo
teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade (Tabela 2).
Assim, são fortes os indícios que esse acesso pode ser uma boa escolha parental
para etapas de hibridações, pois apresenta divergência com demais.
Figura 1. Dendrograma obtido por meio da distância de Mahalanobis e pelo método de agrupamento UPGMA de
dissimilaridade genética, dos 22 (vinte e dois) acessos de feijão-guandu.
Nos métodos hierárquicos, os genótipos são agrupados
por um processo que se repete em vários níveis, sendo estabelecido um dendrograma, sem preocupação com o número ótimo de grupos
(RODRIGUEZ et al., 2010). Já nos métodos de otimização, os grupos são estabelecidos
aperfeiçoando determinado critério de agrupamento, diferindo dos métodos
hierárquicos pelo fato de os grupos formados serem mutuamente exclusivos (CRUZ
et al., 2012).
Tabela 3. Agrupamento estabelecido pelo método de Tocher entre 22 (vintes e dois) acessos de feijão-guandu (Cajanus cajan). |
||
Grupos |
Acessos |
|
I |
G-LI/10-F18, G-CON/11-F18, G-SJ/09-F18, G-SJC/15-F18,
G-MO/03-J18, G-TA/07-F18, G-AM/19-M18, G-SU/02-J18, G-MO/04-J18, G-OV/22-M18,
G-PR/06-J18 |
|
II |
G- OV/21-M18 |
|
III |
G-TA/08-F18, G-SA/17-M18, G-ZA/05-J18, G-PA/16-M18, G-SB/13-F18 |
|
IV |
G-SU/01-J18, G-GU/20-M18, G-COX/12-F18, G-CA/18-M18, G-SB/14-F18 |
|
Em relação a importância relativa (S.j)
de cada caractere morfoagronômico para o estudo da
diversidade genética entre os 22 acessos de feijão-guandu.
Os caracteres que mais contribuíram para diversidade genética foi o NDF
(75,17%), seguida por APR (14,10 %) e DC
(6,00%). A variável que menos contribuiu para a divergência foi a altura da
planta - AP, que apresentou uma variação de 4,73% (Tabela 4).
Tabela 4. Importância relativa (S,j) de caracteres para o estudo da diversidade
genética entre 22 (vinte e dois) acessos de feijão-guandu (Cajanus cajan). |
||
Caracteres |
S,j |
Valor (%) |
NDF |
8333,16 |
75,17 |
AP |
524,46 |
4,73 |
DC |
664,64 |
6,00 |
APR |
1563,20 |
14,10 |
AP: Altura de plantas (cm); DC: Diâmetro do caule; APR: Altura
do 1º ramo; NDF: número de dias para florescimento. |
Diante do exposto, alguns cruzamentos podem ser sugeridos, seguindo-se
o princípio de se cruzar os acessos mais distantes e com melhores características
agronômicas (SUDRÉ et al., 2005), como por exemplo os acessos presentes no
grupo I com os presentes no grupo IV.
Por fim, é preciso deixar evidente que outros caracteres devem ser
empregados para uma recomendação mais precisa dos parentais os quais devem ser
empregados na etapa de hibridação entre parentais. Entretanto, o estudo
realizado evidencia a importância de caracteres morfoagronômicos
para avaliar a divergência genética, possibilitando assim uma opção viável como
ferramenta na avaliação da divergência genética na cultura do feijão-guandu.
CONCLUSÕES
Existe ampla variabilidade genética entre
os acessos de feijão-guandu, presentes no banco de
germoplasma, e facilmente identificada por meio de caracteres morfoagronômicos.
Quatro grupos distintos de acessos de feijão-guandu foram detectados, evidenciando a existência
de diversidade entre os acessos.
Os cruzamentos mais promissores são aqueles envolvendo
como parentais os acessos dos grupos distintos e mais divergentes: Grupos IV e
I, IV e II, IV e III, III e II, e II e I.
O número de dias para o florescimento é o caractere que
mais contribuiu para divergência genética.
AGRADECIMENTO(S)
Ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil – CNPq
pelo apoio na realização do presente trabalho, inclusive por disponibilizar
bolsa, pois o projeto foi desenvolvido pelo programa PIBIC/CNPq-UFCG. Aos
agricultores que cederam as sementes do feijão-guandu
e a Universidade Federal de Campina Grande pela estrutura e disponibilizada.
REFERÊNCIAS
AMORIM, E. P.; RAMOS, N. P.; UNGARO, M. R. G.; KIIHL,
T. A. M.; Divergência genética em genótipos de girassol. Ciência e Agrotecnologia, v. 31, p.1637-1644, 2007.
CRUZ,
C. D., Programa Genes - versão Windows. Editora UFV. Viçosa, MG. 2008. 278p.
CRUZ, C. D.; REGAZZI, A. J.; CARNEIRO, P. C. S.
Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. 4. ed. Viçosa, MG: UFV,
2012. 514p.
GODOY,
R.; BATISTA, L. A. R.; SOUZA, F. H. D. de.; PRIMAVESI, A. C. Caracterização de
linhagens puras selecionadas de guandu (Cajanus
cajan (L.) Millsp). Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, n. 3, p.
546-555, 2003.
GONÇALVES,
R. J. de S.; CARVALHO, R. de C.; MALUF, W. R.; ANDRADE, M. A.; GONÇALVES NETO,
A. C.; ALVES, M. Z. Resistance to
Meloidogyne enterolobii
in sweet potatoes. Revista
de la Faculdad de Ciencias Agrarias. v.51, n.1, p. 318-332, 2019.
GUEDES, F. L.; SOUZA, I. M.
de; ALMEIDA, B. K. da S.; SOUZA, H. A. de; POMPEU, R.
C. F. F.; PONTE FILHO, F. A. M. da; GAMA, L. B. dos
S. Variabilidade genética de feijão guandu adaptado para regiões de fotoperíodo
neutro. Comunicado Técnico 166. Sobral – CE: Embrapa Caprinos e Ovinos, 2017.
Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/172153/1/CNPC-2017-COT-166.pdf>.
Acesso em: 10 maio. 2018.
MORAIS, O. P.; SILVA, J. C.;
CRUZ, C. D.; REGAZZI, A. J.; NEVES, P. de C. F. Divergência genética entre os
genitores da população de arroz irrigado CNA-IRAT 4. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, v.28, p. 150-158, 1998.
MIRANDA, J. E. C.; CRUZ, C.
D.; PEREIRA, A. S. Análise de trilha e divergência genética de cultivares e
clones de batata-doce. Revista Brasileira Genética., v.11, n.4, p. 881-892,
1988.
RODRIGUES, H. C. de A.; CARVALHO,
S. P. de; CARVALHO, A. A. de; CARVALHO FILHO, J. L. S. de; CUSTÓDIO, T. N.
Avaliação da diversidade genética entre acessos de mamoneira (Ricinus communis L.)
por meio de caracteres morfoagronômicos. Revista
Ceres, v. 57, p. 773-777, 2010.
SCAPIM, C. A.; PIRES, I. E.;
CRUZ, C. D.; AMARAL JÚNIOR, A. T.; BRACCINI, A. L.; OLIVEIRA, V. R. Avaliação
da diversidade genética em Eucalyptus camaldulensis
Dehnh, por meio da análise multivariada. Revista Ceres, v. 46, n. 266,
p. 347-356, 1999.
SCOTT, A. J.; KNOTT, M. A. A. Cluster analyses method for grouping means
in the analyses of variance. Biometrics, Raleigh, v.
30, n. 3, p. 507-512, 1974.
SOUZA, F. H. D.; FRIGERI,
F.; MOREIRA, A.; GODOY, R. Produção de sementes de guandu. Documentos 69. 1ª
Edição. São Carlos - SP: Embrapa Pecuária Sudeste, 2007. Disponível em: <http://www.cppse.embrapa.br/servicos/publicacaogratuita/documentos/Documentos69pdf/view>.
Acesso em: 22 mar. 2018.