Revista Verde (1981-8203) Pombal, Brasil
v. 18, n. 4, out-dez, p. 115-121, 2023.
doi: https://doi.org/10.18378/rvads.v18i4.9380
Sistema de cultivo sobre o solo para
palmas forrageiras resistentes a cochonilha-do-carmim
Soil cultivation system of forage
palms resistant to carmine cochineal
Sistema de cultivo en
suelo de palmas forrajeras
resistentes a la cochinilla
carmín
Zulmira Dayana Santos Nascimento1;
Letícia Nunes Rezende2; Jailyne Costa
Pontes3; Geovani José Machado Neto4; Ângelo Kidelman Dantas de Oliveira5; Fernando Kidelmar Dantas de Oliveira6*
1Graduada em Ciências Biológicas,
Universidade Federal de Campina Grande, Cuité, e-mail: zulmiradayana@gmail.com; 2Graduanda em Ciências Biológicas,
Universidade Federal de Campina Grande, Cuité, e-mail:leticiaarezende97@gmail.com; 3Graduanda em
Ciências Biológicas, Universidade Federal de Campina Grande, Cuité, e-mail: costajailyne71@gmail.com; 4Graduado em
Ciências Biológicas, Universidade Federal de Campina Grande, Cuité, e-mail: geovanimachado64@gmail.com; 5Pós-Doutor, Programa de
Pós-Graduação em Ciências Naturais e Biotecnologia, Universidade Federal de
Campina Grande, Cuité, e-mail: kidelman3@hotmail.com; 6Doutor Unidade
Acadêmica de Biologia e Química, Universidade Federal de Campina Grande, Cuité,
e-mail: kidelmar@ufcg.edu.br. *Autor
correspondente.
Resumo: A palma forrageira é uma das plantas mais cultivadas no
semiárido brasileiro. Apesar de sua alta capacidade de adaptação em áreas com
escassez de chuvas é vulnerável a doenças e pragas, sendo a mais importante à
cochonilha-do-carmim (Dactylopius opuntiae Cockerell) que destrói
os palmais no semiárido nordestino, tornando-se o principal impasse no cultivo
da palma. Em
razão disto, esta pesquisa teve como objetivo avaliar o desempenho das espécies
de palma forrageira Opuntia sp., Opuntia stricta, Nopalea cochenillifera, consideradas resistentes à
referida praga, implantadas de maneira convencional comparando-as ao sistema de
cultivo sobre o solo em período de déficit hídrico. O experimento foi conduzido
no município de Jaçanã, Rio Grande do Norte. Foi adotado delineamento
experimental em blocos casualizados, em esquema
fatorial com seis tratamentos cognominados de cultivo convencional e sistema de
cultivo sobre o solo com as três espécies com duração de 12 meses. Os resultados mostraram que o
desempenho dos sistemas de cultivo das variedades com recorte temporal no
período de estiagem foi semelhante em ambos os sistemas de cultivo, em relação
às variáveis: emissão e fixação de raízes, emissão de novos cladódios. Os dois
sistemas de cultivo proporcionam desempenho semelhante em relação ao cultivo
das variedades investigadas.
Palavras-chave: Opuntia sp., Opuntia stricta,
Nopalea cochenillifera,
Semiárido.
Abstract: Cactus pear is one
of the most cultivated plants in the Brazilian semi-arid region since its
implantation. Despite its high adaptability in areas with scarce rainfall, it
is vulnerable to diseases and pests, the most important being the carmine
cochineal (Dactylopius opuntiae
Cockerell) which significantly destroyed palm groves in the northeastern
semi-arid region, making it the main stalemate in oil palm cultivation. For
this reason, this research aimed to evaluate the performance of forage cactus
species Opuntia sp., Opuntia stricta, Nopalea cochenillifera, considered resistant to
the referred pest, implanted in a conventional way, comparing them to the new
cultivation system over the soil in a period water deficit. The experiment was
conducted in the municipality of Jaçanã, Rio Grande
do Norte. An experimental design was adopted in randomized blocks, in a
factorial scheme with six treatments named Palma baiana
conventional cultivation; Bahia palm cultivation system on soil; Conventional
cultivation Mexican palm; Mexican palm cultivation system on the ground; Sweet
palm conventional cultivation and Sweet palm
cultivation system on the ground and duration of 12 months. The results showed
that the performance of the varieties during the dry season was similar in both
cropping systems, indicating that plant development is more related to their
morphology than to the cropping system. The two cultivation systems provide
similar performance, but the soil cultivation system is recommendable and
innovative due to cost savings and ease of implantation of the crop.
Keywords: Opuntia sp., Opuntia stricta,
Nopalea cochenillifera, Semiarid.
Resumen: El nopal es una de las plantas más cultivadas en el semiárido brasileño desde su implantación. A pesar de su alta adaptabilidad en zonas con escasas precipitaciones,
es vulnerable a enfermedades
y plagas, siendo la más
importante la cochinilla carmín (Dactylopius opuntiae Cockerell) que destruyó significativamente los palmerales del semiárido nororiental, convirtiéndose en el principal estancamiento de la producción petrolera. cultivo de palma Por ello, esta investigación tuvo como objetivo evaluar el comportamiento de las especies de cactáceas forrajeras Opuntia sp., Opuntia stricta, Nopalea cochenillifera,
consideradas resistentes a la
referida plaga, implantadas de forma convencional, comparándolas
con el nuevo
sistema de cultivo sobre suelo en
un período de déficit hídrico. El experimento fue realizado en el municipio de Jaçanã, Rio
Grande do Norte. Se adoptó un
diseño experimental en
bloques al azar, en esquema factorial
con seis tratamientos
denominados Cultivo convencional Palma baiana; Sistema de cultivo de palma de
Bahia en suelo; Palma
mexicana de cultivo convencional; Sistema de cultivo de palma mexicana en suelo; Cultivo convencional de
palmito y Sistema de cultivo de palmito en suelo y duración de 12 meses. Los
resultados mostraron que el
comportamiento de las
variedades durante la época seca fue
similar en ambos sistemas de
cultivo, lo que indica que el
desarrollo de las plantas
está más relacionado con su
morfología que con el sistema de cultivo. Los dos sistemas de cultivo ofrecen un rendimiento
similar, pero el sistema de cultivo en suelo es recomendable
e innovador por el ahorro de costes y la facilidad de implantación del cultivo.
Palabras clave: Opuntia sp., Opuntia stricta, Nopalea cochenillifera, Semiárido.
A palma
forrageira é importância na alimentação animal em regiões áridas e semiáridas
do planeta, sendo considerada pela Organização das Nações Unidas (2019) uma das
espécies para minimizar a fome humana e de animais domésticos no planeta.
Segundo Lopes
et al. (2009) desde o início de sua implantação a palma forrageira mostrou alto
desempenho produtivo no Nordeste do Brasil, condições ambientais inerentes ao
semiárido brasileiro contribuíram para o maior interesse e expansão das áreas
de cultivo da palma forrageira, considerando a maior adaptabilidade da planta e
a necessidade do fortalecimento e sustentabilidade da atividade agropecuária da
região (GOMES et al., 2018; MATOS et al., 2021).
Características
da palma forrageira relacionadas a sua acessibilidade e fácil multiplicação,
associadas aos mecanismos fisiológicos de eficiência fotossintética eficiência
no uso da água, rendimento, resiliência e qualidade nutricional demostraram-se fundamentais
para os produtores (BLANCO-MACÍAS et al., 2010; LOPES et al., 2019; TEIXEIRA et
al., 2019). Sendo essas características consequências das inter-relações entre
as características edafoclimáticas do ambiente de cultivo, das técnicas e
práticas de manejo adotadas pelo produtor e do potencial genético da planta
(RESENDE et al., 2002; PIMIENTA-BARRIOS et al., 2012; DONATO et al., 2017;
MATOS et al., 2020).
A palma forrageira
é um alimento volumoso de suma importância durante o período de estiagem nas
regiões do semiárido nordestino, sendo rica em mucilagem, elevado coeficiente
de digestibilidade da matéria seca e altos teores minerais (Ca, K e Mg) (TEIXEIRA
et al., 1999). Além de fornecer um alimento verde, a palma supre grande parte
das necessidades de água dos animais na época de escassez deste recurso (SANTOS
et al., 2006).
Entretanto, os
insetos pragas, mais especificamente a cochonilha-do-carmim [Dactylopius opuntiae
Cockerell (Hemiptera: Dactylopiidae)], tem se tornado o principal entrave para a
exploração da palma forrageira nos estados produtores do Nordeste brasileiro
(LIRA, 2017). A ocorrência desta praga tem dizimado
grandes extensões de cultivo de palma, prejudicando diretamente os pequenos
pecuaristas, no entanto, como manejo dessa praga, tem-se adotado o uso de
variedades resistentes e assim diminuindo os danos causados nos cultivos.
Conforme Leite et al. (2014) o estudo dos sistemas de
produção desta cultura consegue revelar consideráveis contribuições na
compreensão do manejo utilizada pelos produtores rurais. O sistema de cultivo
convencional traz um custo razoável de implantação da cultura devido às etapas
de coveamento, colocação dos cladódios e cobertura
com solo. No sistema de cultivo sobre o solo essas práticas são suprimidas
diminuindo os gastos financeiros e tempo de implantação dos cultivos.
Em razão disto propõe-se o sistema de cultivo sobre o
solo, utilizando as espécies descritas como resistentes a cochonilha-do-carmim,
com o intuito de facilitar a implantação de áreas que foram comprometidas pelo
ataque dessa praga e que causaram danos como o apodrecimento dos cladódios,
provocando prejuízos à pecuária regional.
Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo avaliar
o desempenho de três variedades de palmas forrageiras no sistema de cultivo
sobre o solo e no sistema convencional implantadas em período de déficit
hídrico, além de acompanhar a emissão e fixação dos cladódios-semente ao solo e
identificar a ocorrência de insetos-praga.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi implantado em período de déficit
hídrico, que teve duração de 12 meses, com início em 08 de outubro de 2019 e
término em 08 de outubro de 2020, no estabelecimento rural denominado Chã da
Bolandeira, Jaçanã, Rio Grande do Norte, no entanto, para o primeiro semestre
da pesquisa, os dados referentes à emissão e fixação de raízes e novas
brotações de cladódios e, para o segundo semestre, além das emissões de novos
cladódios foram considerados as emissões do primeiro semestre. Esta área
apresenta uma fitofisionomia típica do bioma Caatinga. O clima característico é
semiárido do tipo BS’h (Köppen-Gaiger),
com temperatura média anual próxima dos 25,6 °C (CPRM, 2005). As atividades
econômicas predominantes desenvolvidas na região são a agropecuária, o
extrativismo e o comércio (CPRM, 2005; MARIO, 2016).
Para a pesquisa foi realizada a implantação dos
sistemas de cultivo sobre o solo e cultivo convencional utilizando as
variedades de palma forrageira: orelha mexicana de elefante (Opuntia stricta), palma doce (Nopalea
cochenillifera) e palma baiana (Nopalea sp.), variedades resistentes a cochonilha-do-carmim. Os
cladódios utilizados foram provenientes de matrizes existentes no mesmo
estabelecimento rural no qual se realizou a pesquisa.
Para registrar a precipitação pluviométrica foi instalado
pluviômetro de leitura direta, que não registrou precipitações pluviométricas
nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2019, mas também coletou os dados
de precipitação pluviométrica ocorrida no período de janeiro a dezembro de
2020, mostrando o período chuvoso entre os meses de janeiro a junho e o período
de estiagem de julho a dezembro (Figura 1).
Figura
1. Precipitação pluviométrica
ocorrida no período de janeiro a dezembro de 2020 na zona rural de Jaçanã, Rio Grande do Norte.
O espaçamento adotado foi de 1,0 m entre fileiras e
0,5 m entre plantas, correspondente a 20.000 plantas por hectare. O solo da
área experimental foi classificado nos atributos físico-químico como solo areno-argiloso de baixa fertilidade. Toda a pesquisa foi
realizada sem uso de sistema de irrigação.
O delineamento experimental foi em blocos completos ao
acaso, no esquema fatorial de 2 x 3, estes sendo dois sistemas de cultivo e
três variedades. Foram adotados seis tratamentos cognominados de: PbCC - Palma baiana cultivo convencional; PbSS - Palma baiana sistema de cultivo sobre o solo; PmCC - Palma mexicana cultivo convencional; PmSS - Palma mexicana sistema de cultivo sobre o solo; PdCC - Palma doce cultivo convencional e PdSS - Palma doce sistema de cultivo sobre o solo. Cada
parcela experimental foi representada por três cladódios das três variedades,
totalizando 72 plantas por bloco, como mostra a Figura 2.
Figura 2. Implantação da palma baiana no sistema de cultivo sobre o solo e a distribuição
espacial com as bordaduras na área experimental no município de Jaçanã, Rio
Grande do Norte.
Para os tratamentos PbCC, PmCC e PdCC foi utilizado o
sistema de cultivo convencional, onde foram feitas covas, cuja profundidade
permitia a imersão de cerca de 50% do cladódio que foi posicionado
transversalmente, sentido Leste – Oeste, de acordo com as recomendações
técnicas (SENAR, 2018).
Para os tratamentos utilizados no sistema de cultivo
sobre o solo (PbSS, PmSS e PdSS), os cladódios foram distribuídos nos locais marcados
de acordo com a casualização, uma vez que nesse método é necessário apenas que
o cladódio seja posicionado na horizontal conforme o espaçamento escolhido. Foi
realizada a disposição de bordaduras nas extremidades laterais do experimento.
As variáveis investigadas foram: curvatura do cladódio,
através de diagnóstico visual a partir do primeiro mês de implantação do
experimento; ocorrência de enraizamento, por meio da retirada leve do cladódio
do solo sem que prejudicasse as raízes primárias, sendo posteriormente colocado
de volta ao mesmo local; fixação do cladódio ao solo, verificado pela tentativa
de retirada e à medida que não era possível se considerava fixo ao solo, que
foram observadas por 90 e 120 dias a partir da instalação do experimento; emissão
de brotações de maneira visual; o número de cladódios foi realizado pela
contagem direta destes mensalmente, mas os resultados foram agrupados por
trimestre; e tombamento dos cladódios-matriz através do diagnóstico visual e
registros fotográficos. O registro das injúrias provocadas pelos insetos-praga
e doenças, sendo realizado conforme identificação visual, realizada em análise mensal.
Os dados coletados de número de cladódios foram
submetidos ao teste de normalidade e posteriormente foi realizada à análise de
variância, e as médias das características comparadas pelo teste de Tukey, α ≤ 0,05, realizado por meio do software estatístico Sisvar (FERREIRA, 2014).
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Em relação à
curvatura do cladódio, pode-se afirmar que a fixação dos cladódios-semente ao
solo não foram prejudicando no processo de evapotranspiração do
cladódio-semente que acontece na curvatura da base e do ápice, diminuindo
inclusive o contato das aréolas com o solo, o que proporciona dificuldade da aréola emitir raiz, no entanto, com o passar dos dias os
cladódios vão absorvendo água e nutrientes e dessa forma permitindo o
enraizamento.
Sobre a
possibilidade de tombamento dos cladódios-matriz constatou-se que durante os 12
meses de investigação não ocorreram tombamentos mesmo no sistema de cultivo
sobre o solo.
Entre as
variedades analisadas, a palma doce apresentou maior percentagem de emissão de
raízes fixas aos 90 dias em relação ao tratamento que adotou o sistema de
cultivo sobre o solo, totalizando 100% das raízes emitidas com fixação ao solo aos
120 dias (Tabela 1), mas no que se refere ao tratamento PdSS,
mesmo apresentando menor tolerância à seca, como relata Rocha (2012) sobre esta
espécie, tanto a emissão como a fixação foram superiores aos demais tratamentos
investigados.
Tabela 1. Emissão de raízes fixadas ao solo de variedades de palmas forrageiras
no sistema de cultivo sobre o solo e cultivo convencional aos 90 e 120 dias,
Jaçanã, Rio Grande do Norte
Emissão
com fixação (%) |
||
|
90 dias |
120 dias |
PbCC |
100 |
100 |
PbSS |
58,33 |
94,44 |
PdCC |
100 |
100 |
PdSS |
91,66 |
100 |
PmCC |
100 |
100 |
PmSS |
79,16 |
93,05 |
PbCC - Palma baiana cultivo convencional; PbSS - Palma baiana sistema de cultivo sobre o solo; PmCC - Palma mexicana cultivo convencional; PmSS - Palma mexicana sistema de cultivo sobre o solo; PdCC - Palma doce cultivo convencional e PdSS - Palma doce sistema de cultivo sobre o solo.
Nos
tratamentos PbSS e PmSS,
observou-se que aos 90 dias, parte dos cladódios emitiram raízes com fixação
com valores de 58,33% e 79,16%, respectivamente. Aos 120 dias, PbSS 94,44% emitiram raízes se fixando ao solo e PmSS com 93,05% ocorrendo o mesmo, mostrando que não houve
diferenças no percentual entre o os sistemas de cultivo, o convencional (SCC) e
o sobre o solo (SCSS). Campos, (2018) estudando manejo de irrigação de seis
cultivares de palma forrageira, afirma que a cultivar orelha de elefante quando
submetida à condição sem uso da irrigação, sofreu alguns efeitos fisiológicos
negativos, como redução da fotossíntese, da condutância estomática noturna, do
acúmulo de ácido, do teor de água do parênquima e do clorênquima, resultando em
reduções ou estagnação das medidas biométricas dos cladódios, no entanto, nesta
pesquisa, em relação à emissão de raízes em condições de sequeiro aos 120 dias
não foi constatado diferenças na emissão e fixação de cladódios que
comprometessem as variedades investigadas.
Resende et
al. (2020) na investigação da influência do substrato e do enraizamento na
aclimatização de Melocactus glaucescens (Cactaceae)
propagados in vitro afirmam que o
percentual de areia no solo beneficia a evolução das plantas, visto que suas
especificidades favorecem a permeabilidade e aeração do substrato, acarretando
melhores condições para o enraizamento, fato este, no substrato usado que pode
ter beneficiado o enraizamento da presente pesquisa devido ao solo ser areno-argiloso.
Contudo,
constatou-se que, para a média do número de cladódios nos trimestres
investigados nenhum dos tratamentos apresentou diferenças. No segundo trimestre
observou-se que não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos, como
pode ser visto na Tabela 2.
Tabela 2. Média do número de cladódios nos
quatro trimestres, comparada entre as variedades de palmas forrageiras
cultivadas no sistema de cultivo sobre o solo e cultivo convencional.
Tratamento |
1º trimestre |
2º trimestre |
3º trimestre |
4º trimestre |
PbCC |
0,71 a |
1,67 a |
3,93 a |
6,31 a |
PbSS |
0,80 a |
1,66 a |
3,72 a |
6,46 a |
PmCC |
0,62 a |
1,87 a |
3,96 a |
4,49 a |
PmSS |
0,10 a |
1,69 a |
3,90 a |
4,26 a |
PdCC |
0,93 a |
2,14 a |
3,84 a |
6,21 a |
PdSS |
0,52 a |
1,39 a |
2,41 a |
3,89 a |
CV |
61,75% |
18,65% |
21,18% |
18,6% |
PbCC - Palma baiana cultivo convencional; PbSS - Palma baiana sistema de cultivo sobre o solo; PmCC - Palma mexicana cultivo convencional; PmSS - Palma mexicana sistema de cultivo sobre o solo; PdCC - Palma doce cultivo convencional e PdSS - Palma doce sistema de cultivo sobre o solo. CV –
Coeficiente de variação (%). 1º trimestre – Outubro-Novembro-Dezembro
de 2020 +Janeiro de 2021, 2º trimestre – Fevereiro-Março-Abril de 2021, 3º
trimestre – Maio-Junho-Julho de 2021, 4º trimestre – Agosto-Setembro-Outubro de
2021.
Durante o segundo trimestre foram registradas as
maiores precipitações pluviométricas, sendo maio o mês mais chuvoso, com 227 mm, apesar da
implantação do experimento ter ocorrido em período de déficit hídrico, durante
o segundo trimestre estudado as precipitações promoveram o aumento no número de
cladódios. Scalisi et al. (2016) reconhecem que há necessidade do estudo
do efeito do estresse hídrico sobre os mecanismos fisiológicos que causam o
crescimento dos cladódios, pois é essencial para melhorar o entendimento do
desempenho das suculentas em geral, o que denota na pesquisa realizada, pois com
precipitação considerada favorável ao crescimento da cultura não interferiu na
emissão de novos cladódios entre as variedades estudadas.
Na comparação da média do número de cladódios entre os
sistemas de cultivo, pode-se observar que não ocorreram diferenças estatísticas
entre nenhum tratamento. Evidenciando dessa maneira que as plantas cresceram de
forma semelhante em ambos os sistemas de cultivo. Esta informação corrobora com
um estudo realizado por Lopes et al. (2009) sobre o efeito das formas de
plantio de cladódios com palma, onde, foi observado que não houve diferença
estatística na produção de cladódios de palma doce entre as formas de cultivo:
cladódios plantados na vertical 90°, cladódios plantados com vértice para o
leste, inclinação de 45º e cladódios plantados com vértice para o oeste, com
inclinação de 45º, denotando dessa forma que os cladódios colocados de maneira
horizontal no solo, o que representa 180º não interferiu na produção de
cladódios.
No transcorrer da pesquisa foi registrada a
ocorrência da cochonilha-de-escamas [Diaspis echinocacti Bouché (Hemiptera: Diaspididae)]. O
ataque desta praga promove uma série de injúrias, facilitando seu
reconhecimento. No entanto, é importante observar os problemas fisiológicos,
que são geralmente provocados em cladódios mais velhos nos períodos de
estiagem, com exibição de pústulas sobre o tegumento das plantas (SANTOS et
al., 2006). Nesta pesquisa não foi registrada a ocorrência desta praga na
variedade orelha de elefante mexicana, conforme Figueiredo (2018) a variedade orelha
de elefante mexicana demonstra sensibilidade à cochonilha-de-escamas, sendo
cultivada com as variedades doce e baiana, a palma baiana foi a que apresentou
maior resistência a esta praga, por sua vez Aragão (2000) associa a baixa
ocorrência da cochonilha-de-escamas na palma baiana à morfologia própria da
planta.
Observando a Figura 2, nota-se ataque severo da
cochonilha-de-escamas de coloração marrom a esbranquiçada sobre o verde
característico da planta, mas sem atingir o nível de dano na área experimental.
Figura 2. Ocorrência da cochonilha-de-escamas (Diaspis echinocacti) em
palma forrageira baiana (Nopalea sp.) na área experimental no município de Jaçanã, Rio
Grande do Norte
Para controle da
cochonilha-de-escamas na palma forrageira, Santos et al. (2006) recomendam o
manejo integrado, enfatizando o controle biológico por meio de inimigos
naturais, como por exemplo a Zagreus bimaculosus Mulsant (Coleoptera: Coccinelidae). Foi observada a ocorrência de joaninhas da espécie Z. bimaculosus, na área (Figura
3). Guerreiro (2004)
afirma que a ocorrência de coccinelídeos predadores implica na diminuição de injúrias
promovidas por ataques de insetos-praga como as cochonilhas, minimizando dessa
maneira os custos adicionais com pesticidas, bem como a contaminação ambiental.
Figura 3. Agente biológico joaninha (Zagreus bimaculosus) predando a cochonilha-de-escamas (D. echinocacti) em palma forrageira baiana (Nopalea sp.) ocorrência na área experimental no município de Jaçanã, Rio Grande do
Norte.
Notou-se que houve ataque causado pela espécie Aricoris campestris
(H. Bates) (Lepidoptera: Riodinidae) na cultivar doce
(Figura 4), que foram injúrias provocadas nos cladódios jovens com destruição
de parte formando galerias na região central e partes periféricas, enquanto nas
demais variedades de palmas não foram acometidas pelo inseto.
Figura 4. Ocorrência e
injúrias provocadas pela lagarta Aricoris campestris (H. Bates) na palma doce (Nopalea cochenillifera)
na área experimental no município de Jaçanã, Rio Grande do Norte.
Souza et al. (2018) realizaram estudo sobre a
ocorrência de A. campestris na palma doce, observaram
que o inseto praga alimenta-se basicamente dos cladódios, primeiramente
raspando-os, promovendo perfuração da área injuriada seguida de necrose, o que
ocorreu no presente trabalho, como pode ser observado na Figura 4.
O ataque dessa espécie ocorre exclusivamente à noite,
durante o dia as lagartas se escondem em folhagens ou em caules secos da palma,
o que dificulta seu controle (ARAÚJO et al., 2019). Brito (2019) afirma que a
presença de insetos como formigas, lagartas e gafanhotos é ocasional em algumas
espécies de palma, especialmente nas plantas mais jovens. Não foi verificado
ocorrência de nenhuma doença nas palmas durante o experimento.
CONCLUSÃO
O sistema de cultivo sobre o solo e sistema de cultivo
convencional para as variedades, Nopalea sp., Opuntia stricta e Nopalea cochenillifera,
obtiveram desempenho semelhantes.
A implantação das variedades em sistema de cultivo
sobre o solo no durante déficit hídrico emitem raízes e se fixam ao solo em
período mais longo que ocorre em cultivo convencional.
As infestações dos insetos-praga cochonilha-de-escamas
(Diaspis echinocacti)
e Aricoris campestris
não provocaram nível de dano para controle.
REFERÊNCIAS
ALVES, F. A. L.;
ANDRADE, A. P. de; ALCÂNTARA BRUNO, R. L.; SANTOS, D. C. dos; PEREIRA, V. L. A.
Study of the genetic variability,
correlation and importance of phenotypic
characteristics in cactus
pear (Opuntia and Nopalea). African Journal of Agricultural Research., v. 11, n. 31, p. 2849-2859, 2016. https://doi.org/10.5897/AJAR2016.11011
ARAGÃO, C. A.;
MALUF, W. R.; DANTAS, B. F.; GAVILANES, M. L.; CARDOSO, M. G. Tricomas foliares
associados à resistência ao ácaro rajado (Tetranychus
urticae Koch.) em linhagens de tomateiro com alto teor de 2-tridecanona
nos folíolos. Ciência e Agrotecnologia, v. 24,
p.81-93, 2000.
ARAÚJO, J. S.;
PEREIRA, D. D.; LIRA, E. C; FÉLIX, E. dos S.; SOUZA, J. T. A.; LIMA, W. B. de.
Palma Forrageira: Plantio e Manejo. INSA – Campina Grande – PB 2019.
AZEREDO, E. H. de; RODRIGUES, W. C.;
CASSINO, P. C. R. Ocorrência de Selenaspidus articulatus (Morgan) (Hemiptera,
Diaspididae) e do predador Pentilia egena (Mulsant)
(Coleoptera, Coccinelidae)
em Myrtus communis L. (Myrtaceae), em Pinheiral, RJ. Revista Brasileira de
Entomologia, v. 48, n. 4, p. 569-576, 2004.
BLANCO-MACÍAS, F.; MAGALLANES-QUINTANAR, R.;
VALDEZ-CEPEDA, R. D.; VÁZQUEZ-ALVARADO, R.; OLIVARES-SÁENZ, E.;
GUTIÉRREZ-ORNELAS, E.; VIDALES-CONTRERAS, J. A.; MURILLO-AMADOR, B., 2010. Nutritional reference values for Opuntia ficus-indica determined by means of
the boundary-line approach.
Journal of Plant Nutrition Soil Science, n. 173,
p. 927-934. https://dx.doi.org/10.1002/jpln.200900147.
BRITO, E. S. Diversidade de insetos em palma
forrageira no Município de Petrolina - PE. TCC (Bacharelado em Agronomia) -
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano,
Campus Petrolina Zona Rural, Petrolina - PE, 2019.
CAMPOS, A. R. F. Manejo de irrigação na palma
forrageira: definição de critérios com base no potencial matricial da água no
solo. Tese (Doutorado) Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Cruz das
Almas, BA, 2018.
CARGNELUTTI FILHO, A.; STORCK, L.; LÚCIO, A. D. C.;
CARVALHO, M. P.; SANTOS, P. M. A precisão experimental relacionada ao uso de
bordaduras nas extremidades das fileiras em ensaios de milho. Ciência Rural, v.
33, n. 4, p. 607-614, 2003.
CPRM - Serviço Geológico do Brasil. Diagnóstico do
município de Jaçanã, estado do Rio Grande do Norte In: MASCARENHAS, J. C.;
BELTRÃO, B. A.; SOUZA-JÚNIOR, L. C.; PIRES, S. T. M.; ROCHA, D. E. G. A.;
CARVALHO, V. G. D. (Ed.). Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água
subterrânea, estado do Rio Grande do Norte. Recife: CPRM/PRODEEM, 2005c. p. 11.
DONATO, S. L. R; SILVA, J. A.; DONATO, P. E. R.;
RODRIGUES, M. G. V.; RUFINO, L. D. de A.; SILVA JÚNIOR, A. A e., 2017d.
Exigências nutricionais e manejo da adubação em palma forrageira. Informe
Agropecuário, n. 38, p. 62-75.
FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia,
v. 35, n. 6, p. 1.039-1.042. 2014.
FIGUEREDO, W. R. S.
Resistência de palma forrageira: in vitro e ex vitro
à cochonilha-de-escama Diaspis echinocati (Hemiptera: Diaspididae) (Bouché, 1833). Tese (Doutorado) Universidade Federal da
Paraíba – Areia, 2018.
GOMES, G. M. F.;
CÂNDIDO, M. J. D.; LOPES, M. N.; MARANHÃO, T. D.; ANDRADE, D. R. de; COSTA, J. F.
M.; SILVEIRA, W. M.; NEIVA, J. N. M., Chemical composition
of cactus pear cladodes under different fertilization and harvesting managements.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, n. 53, p. 221-228. 2018 https://dx.doi.org/10.1590/s0100- 204x2018000200011.
GUERREIRO, J. C. A importância das
joaninhas no controle biológico de pragas no Brasil e no mundo. Revista
Cientifica Eletrônica de Agronomia. ed. 5. 2004.
FONSECA, V. A.; COSTA, L. C.; SILVA, J. A.; DONATO, S.
L. R.; DONATO, P. E. R; SOUZA, E. S. Cacto pera 'Gigante' cultivada em
diferentes densidades populacionais em um arranjo mecanizável. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 24, n. 11, p.769-775, 2020.
LIRA, M. de A. Cadernos do Semiárido: riquezas &
oportunidades – Cultivos e Usos. Recife: Editora do IPA. v. 7, n. 7, 2017.
LIMA, I. M. M.; GAMA, N. S. Registro de plantas
hospedeiras (Cactaceae) e de nova forma de
disseminação de Diaspis echinocacti (Bouché) (Hemiptera: Diaspididae), cochonilha-da-palma-forrageira, nos estados
de Pernambuco e Alagoas. Neotropical Entomology. v. 30
n. 3, 2001.
LOPES, E. B; BRITO, C. H. de; ALBUQUERQUE,
J. L. B. Efeito de formas de plantio na produção de cladódios em Palma doce.
Engenharia Ambiental, v. 6, n. 1, p. 303-308, 2009.
LOPES, L. A.; CARDOSO, D. B; CAMARGO, K. S.;
SILVA, T. G. P. da; SOUZA, J. de S. R.; SILVA, J. R.
C. da; MORAIS, J. S. DE; ARAÚJO, T. P. M., 2019.
Palma forrageira na alimentação de ruminantes. Publicações em Medicina
Veterinária e Zootecnia, n. 13, p. 1-10.
https://doi.org/10.31533/pubvet.v13n3a277.1- 10.
MARIO, O. Jaçanã, meio século de história. 2ª edição
revista e atualizada. Natal/RN: Offset, 2016.
MATOS, L. V.;
DONATO, S. L. R.; KONDO, M. K.; LANI, J. L.; ASPIAZÚ, I., 2021.Soil attributes and the quality and
yield of ‘Gigante’ cactus pear in agroecosystems of the semiarid
region of Bahia. Journal of Arid
Environments, n. 185, p. 1-15. https://doi.org/10.1016/j.jaridenv.2020.104325.
MATOS, L. V.;
DONATO, S. L. R.; SILVA, B. L. da; KONDO, M. K.;
LANI, J. L., 2020. Structural characteristics
and yield of 'Gigante' cactus pear in agroecosytems in the semi-arid region of Bahia, Brazil. Revista
Caatinga, n. 33, p. 1111–1123. http://dx.doi.org/10.1590/1983-21252020v33n426rc.
PIMIENTA-BARRIOS,
E.; HERNÁNDEZ, J. Z.; MUÑOZURIAS, A.; MURGUÍA, C. R., Ecophysiology
of young stems (cladodes) of Opuntia ficus-indica
in wet and dry conditions. Gayana Botanica, n. 69, p. 232-239,
2012.
RESENDE, S. V.; LIMA-BRITO, A.; SANTANA, J. R. F. de.
Influência do substrato e do enraizamento na aclimatização de Melocactus glaucescens Buining & Brederoo propagados
in vitro. Revista Ceres, v. 57, n. 6,
p. 803-809, 2010.
RESENDE, M.; CURI, N.; LANI, J. L., 2002. Reflexões
sobre o uso dos solos brasileiros. In: ALVAREZ V., V. H.; SCHAEFER, C. E. G. R.;
BARROS, N. F.; MELLO, J. W. V.; COSTA, L. M., eds. Tópicos em Ciência do Solo.
Viçosa, MG, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, n. 2, p. 593-644.
ROCHA, J. E. da S.; Palma forrageira no Nordeste do Brasil: O Estado da
Arte. Sobral: Embrapa Caprinos e Ovinos – Documentos. 1 ed. p.40, 2012.
SANTOS, D. C.; FARIAS, I.; LIRA, M. A.; SANTOS, M. V. F.;
ARRUDA, G. P.; COELHO, R. S. B.; DIAS, F. M.; MELO, J. N. Manejo e utilização
da palma forrageira (Opuntia e Nopalea)
em Pernambuco. Recife: IPA, 48p. (IPA. Documentos, 30), 2006.
SCALISI, A.; MORANDI, B.; INGLESE, P.; BIANCO, R. Dinâmica
de crescimento do cladódio em Opuntia ficus-indica sob seca. Elsevier: Botânica Ambiental e
Experimental, Itália. v. 22 p.158 – 167, 2016.
SENAR - Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural. Palma forrageira: Cultivo de palma forrageira
no semiárido brasileiro / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Brasília:
SENAR, 3. ed. 2018.
SOUZA, M. dos S. de; SOUZA, J. T. A.;
LIMA, G. F. C.; MEDEIROS, M. R. de; OLIVEIRA, R. de; BATISTA, J. de L. 2018.
Primeiro registro de Aricoris campestris
(H. Bates) (Lepidoptera: Riodinidae) em palma
forrageira Nopalea cochenillifera
(L.) Salm-Dyck (Cactaceae)
no Brasil. EntomoBrasilis. v. 11, n. 2, p. 142-143,
2018.
TEIXEIRA, M. B.; DONATO, S. L. R.; SILVA, J. A. da; DONATO, P. E. R., 2019. Establishment of dris norms for cactus pear grown under organic fertilization
in semiarid conditions.
Revista Caatinga, n. 32, p. 952 – 959. http://dx.doi.org/10.1590/1983-
21252019v32n411rc.
TEIXEIRA, J. C.; EVANGELISTA, J. R.;
PEREZ, I. A. C. M. T.; MORON, I. R. cinética da digestão ruminal
da palma forrageira (Nopalea cochenillifera (L.) Lyons-Cactaceae)
em bovinos e caprinos. Ciência e Agrotecnologia.
v. 23, n. 1, p.179-186, 1999.
VASQUEZ-VASQUEZ, C.; TARANGOL, R. Z.;
ORONA-CASTILHO, I.; MURILLO-AMADOR, B.; SALAZAE-SOSAL, E.; VASQUEZ-ALVARADO,
R.; GÁRCIA-HERNANDEZ; TROYO-DIÉGUEZ, E. Root growth
rate analysis in four Opuntia
ficus-indica (L.) Mill. varieties.
Changes in Physical
Properties and Chemical Composition,
p. 83 – 90, 2007.