NOTA
CIENTÍFICA
Efeito do extrato de tiririca no enraizamento de
estacas de limão-Tahiti
Effect of tiririca extract on
rooting of lemon-Tahiti cuttings
Efecto del extracto de tiririca en el enraizamiento de esquejes de limón-Tahití
Daniel Henrique Santana Rodrigues1; Sara da Silva Abes2; Guilherme Henrique Fernandes3; João Paulo Gomes dos Santos4; Antonio
Cesar Costa5; Diógenes Martins Bardiviesso6
1Graduação em Agronomia,
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Rodovia MS 306, Km 6,4, CEP:
79.540-000, Cassilândia, Mato Grosso do Sul, +5517991680541, daniel.h.s.r@hotmail.com; 3gfernandeshenriqueguilherme@gmail.com; 4joao.paulogomes@outlook.com; 5antonio_cesartereza@hotmail.com; 2Professora da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, sara.abes@gmail.com; 6bardiviesso@yahoo.com.br.
Recebido: 27/10/2019; Aprovado:
20/02/2020
Resumo: O tratamento de estacas com extrato de tiririca (Cyperus rotundus L.) tem sido recomendado como alternativa
para estimular o enraizamento de várias espécies, devido sua eficiência e baixo
custo, contudo, pesquisas envolvendo métodos alternativos para estimular o
enraizamento de estacas de limão-Tahiti (Citrus latifolia
Tanaka) são escassas. Portanto, o objetivo foi avaliar os efeitos de uma
técnica alternativa de propagação de mudas de estacas de limão-Tahiti por meio de enraizamento, com o uso de extrato de tiririca.
O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com cinco
tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram compostos por testemunha
(estacas tratadas com água destilada) e tratamento de estacas com quatro
extratos de tiririca, nas concentrações de: 75 g/L (25%), 150 g/L (50%), 225
g/L (75%) e 300 g/L (100%). Cada unidade experimental foi constituída por seis
estacas. As avaliações foram realizadas 90 dias após o plantio, sendo
mensurados os seguintes parâmetros: porcentagem de estacas enraizadas; número
de raízes por estaca; comprimento das três maiores raízes por estaca;
porcentagem de estacas com calos; porcentagem de estacas vivas; porcentagem de
estacas não viáveis; quantidade de folhas por estacas; massa verde (%) e massa seca
(%). O extrato de tiririca não influenciou o enraizamento das estacas de limão-Tahiti. Percentuais de estacas vivas foram
significativamente maiores na concentração de 225 g/L (75%), indicando que o
extrato não exerceu efeito alelopático sobre o
desenvolvimento e sobrevivência das estacas. Contudo, faz-se necessário
estudos, para verificar a concentração ideal do extrato para o enraizamento de
estacas de limão-Tahiti.
Palavras-chave: Fitormônio; Cyperus rotundus L.; Citrus latifolia
Tanaka; Propagação.
Abstract: The treatment of
cuttings using tiririca extract (Cyperus rotundus L.) has been recommended to
stimulate the rooting of many species, due to its efficiency and low cost as
well as an alternative method. However, studies focusing on an alternative
method to stimulate the rooting of cuttings of the lemon-Tahiti (Citrus latifolia
Tanaka) are restricted. Therefore, the objective was to evaluate the effects of
an alternative methods of the propagation of lemon-Tahiti rooting cuttings
using of tiririca extract. The experimental design
was randomized blocks based on five treatments and four replications each. The
treatments consisted of control (cuttings treated with distilled water) and
treatment of cuttings for four extracts of tiririca: 75
g/L (25%), 150 g/L (50%), 225 g/L (75%) e 300 g/L (100%) concentrations. Each
experimental unit consisted of six cuttings. Evaluations were conducted after
90 days of planting, and the parameters were measured considering: percentage
the rooting of cuttings; number of roots by cuttings; length of the three
largest roots by cuttings; percentage of callus cuttings; percentage of living
cuttings; the percentage of dead cuttings; leaf quantity by cuttings; green
mass (%) and dry mass (% ). The extract of tiririca
did not influence the rooting of cuttings of the lemon-Tahiti. Percentages of the
live cuttings were significantly higher at 225 g/L (75%), indicating that the
extract did not have allelopathic effect on the development and survival of
cuttings. However, studies are needed to verify the ideal concentration of the
extract in the rooting of cuttings of the lemon-Tahiti.
Key words: Phytohormone; Cyperus rotundus L.; Citrus latifolia
Tanaka; Propagation.
Resumen: El tratamiento de
esquejes con extracto de tiririca (Cyperus rotundus
L.) se ha recomendado para estimular el enraizamiento de varias especies,
debido a su eficiencia y bajo costo, sin embargo, la investigación de el uso de métodos alternativos para estimular el
enraizamiento de esquejes el limón-Tahití (Citrus latifolia
Tanaka) es escaso. Por lo
tanto, el objetivo fue evaluar los efectos
de uma técnica de propagación alternativa de esquejes de limón-Tahití mediante
enraizamiento, com el uso
de extracto de tiririca. El diseño
experimental utilizado fue bloques al azar, con cinco tratamientos y cuatro repeticiones. Los tratamientos de esquejes consistieron en control (con agua
destilada) y com cuatro extractos
de tiririca: 75 g/L (25%), 150 g/L (50%), 225 g/L (75%)
e 300 g/L (100%). Cada unidad experimental constaba de seis esquejes.
Las evaluaciones llevaron a cabo 90 días después de plantar, midiéndose los parâmetros: porcentaje de esquejes enraizados; número de raíces
por esquejes; longitude de tres raíces más grandes por esquejes; porcentaje de esquejes com callosidades; porcentaje de esquejes vivos; porcentaje de esquejes no viables; número de hojas por esquejes; massa verde y massa seca (%). El extracto de tiririca no influyó en el enraizamento de los esquejes de limón-Tahití. Porcentajes de esquejes vivos fueron
significativamente mayores a la
concentración de 225 g/L (75%), lo
que indica que el extracto
no tuvo un efecto alelopático en el desarrollo
y la supervivencia de los esquejes. Sin
embargo, se necesitan estudios
para verificar la concentración
ideal del extracto para
enraizamento de esquejes de limón-Tahití.
Palabras
Clave: Fitohormona; Cyperus rotundus L.; Citrus
latifolia Tanaka; Propagación.
INTRODUÇÃO
As técnicas de propagação assexuada com o uso da
estaquia podem ser usadas para a formação de indivíduos geneticamente idênticos
à planta mãe, significando um avanço no estabelecimento do cultivo de plantas,
sendo uma alternativa importante para o melhoramento genético da espécie
(DINALLI et al., 2013; MENDONÇA et al., 2018).
Na estaquia, o principal aspecto determinante do
sucesso da propagação é a indução do enraizamento adventício de porções
destacadas da planta matriz, denominadas de estacas, que quando submetidas a
condições favoráveis, originam uma nova planta completa (HARTMANN et al., 2011; XAVIER et al., 2013).
As plantas cítricas, compreendidas principalmente por
laranjeiras, tangerineiras, limoeiros e limeiras, dentre outras, da família
Rutaceae desempenham papel de acentuada importância socioeconômica em nível
global. De origem tropical, o limão-Tahiti (Citrus
latifolia Tanaka) não é um limão
verdadeiro, mas uma lima ácida. Cultivado na Califórnia, EUA, admite-se que sua
introdução tenha ocorrido a partir de sementes de frutos importados do Tahiti,
originando assim a sua denominação (MARTINELLI, 2017).
Dentre os múltiplos usos do limão-Tahiti, o suco é
usado na culinária, na limpeza e no preparo de alimentos. Na medicina, o fruto
é utilizado no tratamento de gripes e deficiências de vitamina C, dentre outros
tratamentos. Além disso, o óleo essencial da casca do fruto é utilizado como
fitoterápico. Análises físicas e químicas da farinha dos resíduos do limão-Tahiti
e biscoitos enriquecidos por ela apresentaram consideráveis teores de fibra
alimentar, lipídios e vitamina C (CÂMARA et al., 2017). Existem diversos clones
de limão-Tahiti disponíveis para a produção de estacas no Brasil, sendo as
estacas produzidas a partir da seleção de cultivares.
As técnicas de propagação vegetativa associadas a uso
de indutores de desenvolvimento incluem usualmente a aplicação de reguladores
de crescimento, tais como, as auxinas e citocininas, que se utilizadas em
concentrações adequadas podem potencializar o enraizamento e a formação da
parte aérea da planta (LAFETÁ et al.,
2016). As auxinas são as substâncias mais importantes na indução do
enraizamento em estacas, podendo ser extraídas de plantas ou obtidas de forma
sintética.
A espécie Cyperus rotundus L., popularmente conhecida como tiririca é uma
planta daninha herbácea perene, que se
multiplica por sementes e de forma vegetativa a partir de bulbos, tubérculos e
rizomas subterrâneos, sendo caracterizada como uma das plantas invasoras de
difícil controle em nível mundial, estando relacionada a grandes prejuízos em
diversos agroecossistemas e muito conhecida por seus efeitos alelopáticos
(PEREIRA et al., 2012; REZENDE et al., 2013).
Nos bulbos da tiririca são encontradas substâncias,
hormônios, que favorecem a promoção de raízes. A tiririca apresenta nível
elevado de ácido indol-3-butírico (AIB), um fitorregulador específico para
formação de raízes das plantas (CREMONEZ et
al., 2013).
Diversos estudos, tais como, realizados por Souza et al., (2012), Silva et al., (2016) e Farina (2017) têm
demonstrado o efeito benéfico dos extratos aquosos de C. rotundus no enraizamento adventício de estacas de Solanum lycopersicum, Rubus sp. e Baccharis articulata, pois a espécie apresenta em
seus tubérculos altas concentrações de auxinas.
Entretanto, ainda que os resultados obtidos com o uso
do extrato de C. rotundus parecem ser
promissores, são necessários novos estudos complementares, tais como, afirma
Thiesen et al. (2019), a fim de demonstrar a utilidade agroecológica do extrato
aquoso no enraizamento de estacas de plantas e cultivares, abrangendo as
características fenológicas das espécies estudadas.
Esse estudo visou avaliar os efeitos de uma técnica
alternativa de propagação de mudas de estacas de limão-Tahiti por meio de
enraizamento, com o uso de extrato de tiririca.
MATERIAL E
MÉTODOS
O experimento foi conduzido, durante o período de
setembro de 2018 a janeiro de 2019, nas dependências da Universidade Estadual
de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Cassilândia (UUC), em
Cassilândia, Mato Grosso do Sul, localizada na latitude de 19º 14’ S, longitude
de 51º 53’ W e altitude de 734 m. A região de Cassilândia apresenta Clima
Tropical Chuvoso (Aw) de acordo com a classificação climática de Köppen, com
temperatura atmosférica média anual de 24,46 ºC e precipitação pluvial média
anual de 132,25 mm.
A preparação do extrato da tiririca e dos respectivos
tratamentos para as estacas de limão-Tahiti (Citrus latifolia
Tanaka) foram realizados no Laboratório de Química Ambiental e o experimento
foi mantido em Casa de Vegetação.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
ao acaso, com cinco tratamentos e quatro repetições,
sendo compostos por testemunhas (estacas tratadas com água destilada) e estacas
tratadas com quatro extratos de tiririca, nas concentrações de 75 g/L (25%), 150
g/L (50%), 225 g/L (75%) e 300 g/L (100%). Cada unidade experimental foi
constituída por seis estacas. As estacas de limão-Tahiti utilizadas no
experimento foram retiradas de ramos de fluxos vegetativos, de colorações verdes,
com ausência de flores e frutificações, sendo as matrizes em bom estado
fitossanitário e nutricional, de pomar orgânico de área rural.
As estacas de limão-Tahiti foram coletadas 24 horas
antes de serem tratadas com as diferentes concentrações do extrato de tiririca,
sendo feito um corte reto no ápice de cada estaca e outro em bisel na base,
medindo aproximadamente de 10 a 15 cm de comprimento e mantidas em umidade até
o início do experimento.
Os tubérculos de C.
rotundus foram coletados nas proximidades da UEMS/UUC, também 24 horas
antes do início do experimento e foram mantidos em geladeira. Para a preparação
do extrato aquoso de tiririca (Figura 1), os tubérculos foram previamente
isolados, lavados em água destilada, secos em papel toalha e pesados em balança
analítica. Foram pesados 300 gramas de tubérculos limpos e triturados em 1000
mL de água destilada, com auxílio de um liquidificador. Os tubérculos
triturados em água destilada foram filtrados, por meio de filtração simples,
produzindo um extrato bruto a 300 g/L (100%). Este extrato bruto a 300 g/L
(100%) foi diluído em solução com água destilada nas seguintes concentrações de:
75 g/L (25%), 150 g/L (50%) e 225 g/L (75%), respectivamente. As diluições
foram acondicionadas em frascos âmbar e mantidos a temperatura de 4o C
até o momento do uso (SOUZA et al.,
2012).
Figura 1. Processamento do extrato de tiririca e seleção de
estacas de limão-Tahiti no Laboratório de Química Ambiental da Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Cassilândia, Mato
Grosso do Sul. A. Seleção das estacas de limão-Tahiti e extração dos tubérculos
de tiririca. B. Tubérculos isolados em papel toalha. C. Tubérculos triturados
em água destilada, filtragem e acondicionamento do extrato bruto de tiririca em
frasco âmbar. D. Recipientes para estacas de limão-Tahiti nas diferentes
concentrações de água destilada (0%), 75 g/L (25%), 150 g/L (50%), 225 g/L
(75%) e 300 g/L (100%).
Assim, aproximadamente 5 cm da base das estacas de
limão-Tahiti foram imersas durante um período de 24 horas em diferentes
recipientes, previamente sanitizados e etiquetados. Após este período de 24
horas, as estacas de limão-Tahiti foram imediatamente plantadas em sacos plásticos,
contendo substrato orgânico agroindustrial para plantas (Carolina Soil), sendo
cerca de 2/3 de seu comprimento, enterrado em posição vertical e mantidas sob
sistema de irrigação por nebulização, diariamente.
Após cerca de 90 dias de cultivo, as estacas foram
cuidadosamente retiradas do substrato, lavadas em água destilada e avaliados os
seguintes parâmetros do enraizamento: porcentagem de estacas enraizadas
(estacas vivas que emitiram raízes maiores que 1 mm); número de raízes maiores
que 1 mm por estaca; comprimento das três maiores raízes por estaca;
porcentagem de estacas com calos (estacas que permaneceram vivas, não emitiram
raízes e tiveram formação de calos); porcentagem de estacas não viáveis
(estacas mortas e que não desenvolveram raízes ou calos). Além disso, foi
avaliada a quantidade de folhas por estacas, a massa verde (g) e massa seca
(g).
Os resultados foram submetidos à análise de variância
(ANOVA), com auxílio do programa estatístico SISVAR® (FERREIRA, 2011), com médias comparadas
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E
DISCUSSÃO
As Tabelas 1 e 2 apresentam os resultados obtidos para
os valores médios dos cinco tratamentos, em que a maior porcentagem de estacas vivas (90,10%) foi registrada para a concentração de 225 g/L (75%),
quando comparado à testemunha. Assim, os menores percentuais de estacas mortas
(9,90%) foram observados para a concentração de 225 g/L (75%). Estes valores obtidos para estacas vivas e mortas
foram significativos pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Entretanto, os resultados obtidos para as estacas
vivas com raízes maiores que 1 mm (%) e os percentuais de ocorrência de calos
nas estacas vivas não apresentaram diferenças significativas pelo Teste de
Tukey a 5% de probabilidade para os tratamentos (Tabela 1).
Tabela 1. Estacas de limão-Tahiti tratadas com extrato de
tiririca, sob diferentes concentrações. Estacas vivas (EV); estacas vivas,
com raízes (EVCR); estacas vivas, com calos, sem raízes (EVCCSR); estacas
mortas (EM). |
|
|||||
Tratamentos |
EV (%) |
EVCR > 1 mm (%) |
EVCCSR (%) |
EM (%) |
|
|
0% |
84,00ab1 |
66,80a |
22,27a |
16,00ab |
||
25% |
66,70b |
50,07a |
16,70a |
33,30b |
||
50% |
81,32ab |
64,17a |
32,17a |
18,67ab |
||
75% |
90,10a |
50,07a |
27,80a |
9,90a |
||
100% |
72,30ab |
65,57a |
24,17a |
27,70ab |
||
CV % |
10,47 |
16,18 |
36,03 |
27,64 |
||
1Médias
de quatro repetições, constituídas por seis estacas. Médias seguidas pelas
mesmas letras minúsculas nas colunas, não diferem significativamente a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey. |
||||||
O número de raízes maiores que 1 mm por estaca e o
comprimento das três maiores raízes por estaca (mm) não diferiram
significativamente para as concentrações de 75 g/L (25%), 150 g/L (50%), 225
g/L (75%) e 300 g/L (100%), em relação ao controle (Tabela 2). O número de
folhas por estaca apresentou variações pouco relevantes entre os tratamentos. Maiores
valores de massa verde (g) e massa seca (g) foram registrados para o controle
(água destilada) e para o tratamento com extrato de tiririca a 300 g/L (100%),
respectivamente (Tabela 2).
O extrato aquoso de tiririca não influenciou o
enraizamento adventício das estacas de limão-Tahiti. Porém, os percentuais de
estacas vivas com raízes maiores que 1 mm, tratadas em água destilada
(controle) foram de 66,80%, com valores pouco relevantes em relação àquelas
estacas tratadas em extrato de tiririca a 300 g/L (100%) e 150 g/L (50%), onde
os percentuais foram de 65,57% e 64,17, respectivamente. Além disso, os
percentuais de estacas vivas (90,10%) foram significativamente maiores para a
concentração de 225 g/L (75%), indicando que o extrato aquoso de tiririca não
exerceu um efeito alelopático sobre o desenvolvimento e sobrevivência das
estacas de limão-Tahiti.
Tabela 2. Estacas de limão-Tahiti tratadas com extrato de
tiririca, sob diferentes concentrações. Número de raízes maiores que 1 mm por
estaca (NRM); comprimento das três maiores raízes por estaca (CMR); número de
folhas por estaca (NF); massa verde (MV); massa seca (MS). |
|||||
Tratamentos |
NRM |
CMR (mm) |
NF |
MV (g) |
MS (g) |
0% |
3,67a1 |
142,30a |
5,67a |
15,42a |
9,47a |
25% |
3,32a |
100,90a |
4,67a |
10,02c |
5,62b |
50% |
4,32a |
130,78a |
3,32a |
11,10bc |
6,10b |
75% |
3,68a |
108,70a |
3,67a |
11,32bc |
6,10b |
100% |
3,32a |
103,12a |
4,82a |
14,10ab |
7,50ab |
CV % |
9,50 |
8,41 |
19,64 |
12,18 |
14,04 |
1Médias
de quatro repetições, constituídas por seis estacas. Médias seguidas pelas
mesmas letras minúsculas nas colunas, não diferem significativamente a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey. |
As raízes adventícias e as partes aéreas das estacas de
limão-Tahiti apresentaram
desenvolvimento eficiente em sistema de irrigação por nebulização. Neste
estudo, o extrato aquoso de tiririca não influenciou o enraizamento adventício
das estacas de limão-Tahiti, mas não exerceu um efeito alelopático sobre o
desenvolvimento e sobrevivência das estacas de limão-Tahiti.
O efeito benéfico do extrato aquoso de tiririca para o
enraizamento adventício de estacas tem sido demonstrado por diversos autores. Estudos
realizados por Silva et al. (2016) indicaram o potencial do extrato de
tubérculos de tiririca no enraizamento de estacas de amoreira-preta (Rubus sp.) na concentração de 250 g/l
(50%).
Moreira e Giglio (2012) utilizaram concentrações iniciais
do extrato de tiririca de 333 g/L (100%) para o milho e o trigo, semelhantes a
este estudo com estacas de limão-Tahiti (300 g/L), sendo que para o milho, o
extrato de tiririca (12,5%) influenciou positivamente no comprimento da raiz,
para o trigo, o extrato de tiririca (12,5%) teve resultados positivos na altura
da parte aérea e no peso das plântulas, mas não apresentando efeitos no
comprimento da raiz. Portanto, a mesma concentração de extrato de tiririca
utilizada para duas espécies da família Poaceae, com características
fisiológicas diferentes mostrou efeitos divergentes na rizogênese.
A rizogênese de
estacas de Rosmarinus officinalis foi estudada por Oliveira et al.
(2019), utilizando a solução obtida da trituração dos tubérculos de C.
rotundus na proporção inicial de 200 g/L (100%), também próxima a utilizada
neste estudo, sendo diluída em diferentes concentrações 10%, 25%, 50% e 75%. A
metodologia de irrigação das estacas com extrato aquoso de tiririca foi mais
eficiente que o sistema de contato por imersão, sendo que a concentração 20 g/L
(10%) de extrato foi o tratamento mais eficiente, principalmente no
desenvolvimento de massa seca de toda planta e das raízes.
Em contrapartida, outros estudos, utilizaram soluções
de tubérculos de tiririca mais diluídas, tais como, com estacas de
canela-sassafrás, nas concentrações de 37,5 g/L (75%) e 50 g/L (100%) que proporcionaram
melhores resultados no estudo de rizogênese (SILVA et al. 2015) e, ainda, o
extrato de tiririca na diluição de 25 g/1,5 L, proporcionou a maior porcentagem
de estacas enraizadas do pinhão-manso (Jatropha curcas), mas faz-se
necessário maior número de pesquisas na área, com intuito de fornecer
informações adequadas e concentrações do extrato aquoso que melhor respondam ao
enraizamento (SOUZA et al., 2016). Também, o extrato aquoso obtido de
tubérculos de tiririca (2 g/40 mL de cada solvente separadamente: metanol PA,
etanol PA e água destilada) foi eficiente na promoção da rizogênese e promoveu
uma porcentagem de enraizamento semelhante à solução de AIB (1000 mg/L) em
folhas de Solanum lycopersicum (SOUZA
et al., 2012).
Além disso, Oliveira et al. (2014) verificou que o
mofumbo (Combretum leprosum Mart.), não se adequou ao processo de
propagação por meio de estaquia, sendo necessários mais estudos com propagação
vegetativa dessa espécie, mas a imersão em extrato de tiririca 5 g/L (10%)
promoveu melhores resultados de enraizamento.
Estudos com o extrato
aquoso de tiririca de Thiesen et al. (2019) na concentração de 23,36 g/1,25 L promoveram
resultados satisfatórios sobre o número de brotos e o comprimento de raízes,
não diferindo estatisticamente dos hormônios vegetais sintéticos em estacas de
videira (Vitis vinifera L. [var. Bordô e Niágara]) imersas por 24 horas
no extrato, entretanto, a resposta foi diferente entre as variedades, não
ocasionando incremento significativo de massa seca de raiz e de folhas. Assim, o extrato aquoso de tiririca promove o
enraizamento de maneira semelhante aos hormônios vegetais sintéticos e torna-se
alternativa sustentável para o enraizamento de estacas de videiras, mas mais
estudos são necessários quanto à concentração do extrato e à cultura a ser
utilizada. Por outro lado, Koefender et al. (2017) constataram que a
concentração de 100 g/L (100%) de extrato de tiririca e o tempo de 10 minutos
de imersão, proporcionaram melhor crescimento e desenvolvimento de estacas de
fisális (Physalis angulata L.).
Nesse contexto, para uma mesma espécie de planta ou
cultura é fundamental observar as concentrações iniciais do extrato aquoso de
tiririca para verificar o ajuste da dose ideal desse bioestimulante natural da
rizogênese, evitando efeitos alelopáticos que possam inibir o desenvolvimento e
a sobrevivência das estacas, sendo necessários mais pesquisas experimentais.
Portanto, diversos
autores afirmaram sobre a necessidade de realização de mais estudos para
ajustar as concentrações do extrato de tiririca no enraizamento eficiente de
estacas. Rezende et al. (2013)
verificaram que a aplicação de extratos de folhas e de tubérculos de C. rotundus não influenciou o
enraizamento de estacas de Duranta repens
nos períodos de avaliação. Dias et al.
(2012) relataram que o extrato de tubérculos de tiririca (tratamentos 0; 400;
800 e 1200 g dm-3, por um período de 20 e 120 segundos) não se constituíram
em uma alternativa viável para o enraizamento de estacas de cafeeiro.
Além disso, Batista et al. (2015) relataram também que o extrato de tiririca nas
diluições 25%, 50% e 100% (20 g de tubérculos para 400 mL) não apresentou
influência no enraizamento de estacas herbáceas de Hyptis marrubioides (hortelã-do-campo). O extrato aquoso da parte
aérea e sistema radicular em concentrações de 25%, 50% e 75% e 100% (25 g da parte aérea e 25 g de sistema radicular em 250 ml de
água) não promoveu o enraizamento de estacas lenhosas de
pessegueiro cv. ‘Chimarrita’ no período de 90 dias (SCARIOT et al., 2017). Binsfeld
et al. (2019) utilizaram a concentração de 50 g.dm-³ do extrato de
tiririca, aplicando por imersão da base das estacas de pitaya (Hylocereus undatus), durante o período
de 10 minutos, porém, não foi eficiente para o desenvolvimento das estacas de
pitaya.
Similarmente, Pereira et al. (2012) verificaram que as
concentrações 50%, 75% e 100% (33,33 g de tubérculos ou bulbos basais para 500
mL de solução hidroalcóolica) do extrato hidroalcóolico testadas, não
influenciaram o enraizamento de estacas de maracujazeiro amarelo (Passiflora
edulis Sims f. flavicarpa). Farina (2017) constatou que as concentrações
testadas do extrato aquoso de tiririca nas concentrações de 25% 50% e 100% (2 g/40
mL) não influenciaram o enraizamento das duas espécies de carqueja (Baccharis trimera e Baccharis articulata), mas efeitos significativos foram observados
para B. trimera tratada com o extrato
homeopático de tiririca (extrato homeopático preparado a partir de 50 g de
tubérculos triturados e adicionados a um Erlenmeyer, contendo álcool 70%).
Esses estudos demonstram uma ampla variação de
resultados quando se trata da interação de extrato de tiririca com diferentes espécies
de plantas, apresentando ciclos de vidas, aspectos fenológicos e
características fisiológicas diversificadas.
CONCLUSÕES
O extrato aquoso de tiririca não influenciou o
enraizamento adventício das estacas de limão-Tahiti, porém, não exerceu um
efeito alelopático sobre o desenvolvimento e a sobrevivência das estacas de
limão-Tahiti.
REFERÊNCIAS
BATISTA, J. A.; BOTREL, P.
P.; FIGUEIREDO, F. C. Efeito do extrato de tiririca e bioestimulante no
enraizamento de estacas de Hyptis marrubioides Epl. Revista
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