O uso de nanocarreadores como estratégia para aprimorar as propriedades físico-químicas da própolis: uma análise das evidências

Resumo

A própolis, uma substância resinosa elaborada por abelhas da espécie Apis mellifera a partir de variadas fontes botânicas, exibe uma vasta gama de atividades biológicas associadas aos seus componentes químicos primários, notadamente os ácidos fenólicos, polifenóis e, de forma especial, os flavonoides. Não obstante, esses constituintes frequentemente se deparam com desafios relacionados à sua solubilidade reduzida em água e à biodisponibilidade limitada. No intuito de superar essas limitações, têm-se empregado nanocarreadores de natureza polimérica, lipídica e inorgânica como sistemas de liberação de fármacos. Esta revisão aborda pesquisas recentes que exploram diversas modalidades de nanocarreadores com o propósito de aprimorar a distribuição e a eficácia terapêutica dos extratos de própolis. Adicionalmente, são examinadas a caracterização físico-química desses sistemas e as consequentes atividades biológicas induzidas. As investigações futuras devem direcionar seus esforços à compreensão da composição química da própolis quando em associação com os nanossistemas, bem como aos efeitos dessa conjunção no processo de encapsulamento. Paralelamente, torna-se imperativo conduzir avaliações in vivo com o intuito de estabelecer a relevância da própolis associada aos nanocarreadores enquanto alternativas terapêuticas eficazes. Em que pese as limitações físico-químicas intrínsecas à própolis, esta substância evidencia um notório potencial como opção terapêutica, particularmente quando se exploram as vantagens proporcionadas pelos sistemas de distribuição de medicamentos, notadamente os nanocarreadores. A revisão em questão traça um panorama abrangente dos diferentes tipos de nanocarreadores empregados na entrega de extratos de própolis provenientes de várias regiões geográficas, ao mesmo tempo que discute a complexa composição química da própolis. Importa salientar que a maioria dos grupos de pesquisa tem direcionado seus esforços no sentido de investigar as atividades antiproliferativas, antimicrobianas e imunomoduladoras in vitro. No entanto, para que tais abordagens possam legitimamente ser consideradas como alternativas de tratamento viáveis, faz-se necessário aprofundar as investigações em modelos in vivo. Essa abordagem requer uma análise minuciosa da interação entre as nanopartículas e o sistema imunológico, bem como com as células humanas, com o objetivo de realizar uma avaliação relativa a esses sistemas de administração de medicamentos. Apesar dos desafios terapêuticos específicos aos nanocarreadores, tais esforços representam um avanço notável no uso potencial de extratos de própolis e seus constituintes químicos como agentes promissores terapêuticos.