Hipersensibilidade alimentar em cães e a sua correlação à dermatopatia imunomediada: revisão de literatura
Palavras-chave:
alergia, alimentos, cachorros, dermatologiaResumo
A hipersensibilidade alimentar pode afetar animais de diversas faixas etárias, levando em consideração que mais de um
terço dos casos são de animais jovens, com idade inferior a um ano. Essa afecção não apresenta predileção sexual e pode
apresentar-se de forma mais recorrente em filhotes que passaram pelo processo de desmame precoce, visto que estes ainda
estão sendo introduzidos no desenvolvimento de maturidade intestinal, dessa forma, ocorre a facilitação da passagem de
partículas com efeito antigênico por meio da mucosa, predispondo a sensibilização do animal. Após ultrapassar a barreira
intestinal, as partículas mencionadas entram em contato com o tecido linfoide, liberando a reação imunológica. Ao entrar
em contato com a substância do alérgeno, ocorre a produção das imunoglobulinas IgE específicas, fixando-as a
mastócitos, que quando em contato com o alimento causador, induzem a degranulação mastocitária. Vale salientar que a
IgE não é a única imunoglobulina envolvida, pois existem relatos de quadros de hipersensibilidade alimentar menos
frequentes com envolvimento de IgG. A degranulação desses mastócitos atua liberando diversas citocinas inflamatórias:
histamina, serotonina e cininas. Os alimentos mais comuns relacionados a esta afecção são compostos por carne bovina,
trigo, ovo, milho, frango e derivados de leite. Dentre estes, os alérgenos mais comuns nos cães tratam-se da carne bovina,
leite e frango, respectivamente. O quadro clínico da alergia alimentar pode predispor alterações em vários sistemas
orgânicos, podendo causar sinais clínicos gastrointestinais e dermatopatias de longa duração, estes são os sinais mais
comuns nos pacientes. Nota-se uma alta frequência de animais acometidos predisponentes a otite, de forma unilateral ou
bilateral, onde o principal agente etiológico envolvido é a Malassezia pachydermatis. A maior parte das lesões cutâneas
apresentadas são advindas de automutilação por parte do animal e acompanhadas de infecções secundárias: descamação,
hiperpigmentação, liquenificação e alopecia em diversas localizações. O diagnóstico exige paciência e disciplina tanto
por parte do quadro clínico apresentado pelo paciente como também do tutor. Visando a investigação e exclusão dos
diagnósticos diferenciais que incluem atopia, hipersensibilidade a saliva de pulgas, presença de ectoparasitas,
hipersensibilidade de contato, malasseziose primária e piodermite bacteriana. Para auxiliar no diagnóstico, os exames
complementares indicados são os de raspado cutâneo, teste micológico, coproparasitológico, citologia, tricograma, cultura
micótica, cultura bacteriana e histopatológico. Após realizar o descarte dos diagnósticos diferenciais, para obter o
diagnóstico da hipersensibilidade alimentar, deve-se introduzir a dieta de eliminação associada posteriormente, a dieta
provocativa, sendo esta utilizada como padrão ouro atualmente. O uso de testes sorológicos para IgE específica raramente
apresenta resultado confiável, visto que o indivíduo pode apresentar aumento de IgE específica sem aumento de IgE total
no sangue, fazendo com que a sua aplicação seja limitada na fase de diagnóstico, por apresentarem baixa sensibilidade.
Uma das melhores alternativas para diagnóstico atualmente é o Prick Teste, realizado de forma rápida e indolor que
quando utilizado em conjunto a teste de alergia de contato, como o Patch Teste, apresenta uma alta sensibilidade aos
extratos testados e possui valor preditivo negativo, além de ajudar a estabelecer os alimentos que irão compor a dieta de
eliminação do paciente. O tratamento compreende a exclusão dos alérgenos indutores da hipersensibilidade na
alimentação do paciente. Deve-se realizar a estabilização dos sinais secundários. Pode-se utilizar fármacos como a
prednisolona ou oclacitinib na fase inicial do diagnóstico, para controle do prurido. No entanto, ao fazer uso desses
fármacos e de antibióticos para o tratamento de infecções bacterianas secundárias é preciso realizar a descontinuação das
suas administrações duas semanas antes do animal retornar para uma nova avaliação, visando evitar possíveis erros no
diagnóstico. Caso o animal tenha apresentado quadro positivo no teste de eliminação após a utilização de dieta
hipoalergênica, deve-se prosseguir com a sua ingestão. Também pode-se utilizar dietas caseiras balanceadas como forma
de alimentação natural permanente.
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