ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE PSICOLOGIA FRENTE A DEMANDA ESCOLAR
Palavras-chave:
Psicologia, Contexto Educacional, Demanda, Ação Interventiva.Resumo
INTRODUÇÃO
O presente relato é fruto da vivência referente a disciplina Estágio Básico III – Processos Educacionais, do curso de Psicologia da Faculdade Santa Maria. Tal prática teve como base os direcionamentos da Psicologia em contexto educacional, de maneira a identificar e intervir nas demandas emergentes. Teve como público alvo alunos do quarto ano de uma escola pública que trabalha com o ensino fundamental, o qual segundo a LDB (1996), caracteriza o ensino obrigatório e gratuito em instituições públicas. A demanda e o consentimento da própria instituição de ensino possibilitaram o desenvolvimento da ação interventiva, descartando o diagnóstico individual, considerando a instituição como um todo, levando em consideração o real papel da psicologia na área escolar. Assim, frente ao âmbito educativo, o(a) psicólogo(a) deverá tomar conhecimento das variadas propostas do exercício educacional, possibilitando a percepção adequada de possíveis áreas para intervir com abrangência efetiva em toda comunidade escolar, onde educadores, alunos, pais e demais funcionários devem estar incluídos em qualquer trabalho realizado, tendo como máxima a coletividade, tencionando o bem estar de todos (CREPOP, 2013).
RELATO DE EXPERIÊNCIA
A proposta do estágio foi de direcionar o olhar para uma criança que possivelmente apresentasse alguma queixa em relação a aprendizagem, mas isso sem deixar de se voltar para todas as outras questões contextualizadas em seu entorno. J.V, assim como passará a ser chamado, passava toda a aula dormindo no chão, em determinados momentos saía antes da aula acabar e carregava o rótulo de doido, agressivo e esquizofrênico. J.V, possui um laudo psiquiátrico de déficit intelectual e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Mediante conversas informais e observações realizadas na instituição, identificou-se que, há ausência de providências sob a situação de JV; orientação proveniente da professora para que o aluno durma durante a aula; alto índice de violência escolar e bulliyng entre discentes. Entrevistas estruturadas foram realizadas com a professora e a responsável de JV, objetivando uma compreensão melhor acerca da dinâmica utilizada em sala, a estrutura familiar da criança, sua condição psicológica, assim como a confirmação e/ou eliminação de hipóteses. As entrevistas, possibilitaram o conhecimento de que JV demonstra desde cedo ampla desatenção, alucinações, agressividade, comportamento de falar sozinho; a confirmação de que o laudo psiquiátrico atual de JV é de esquizofrenia, onde o da escola é desatualizado. A instituição de ensino apresenta que não há possibilidade de desenvolvimento para JV, mediante sua condição psicológica, onde, de acordo com o CREPOP (2013), discursos como este, acabam aumentando a perpetuação do preconceito entre as relações de professores, alunos e toda equipe institucional, assegurando as práticas de exclusão no contexto educativo. Viabilizando a possibilidade de trabalhar tais questões observadas, realizou-se uma ação interventiva, esta, obteve como temática O Papel do Psicólogo Enquanto um Profissional também das Demandas Infantis. A atividade gerou uma conversação sobre como o psicólogo pode trabalhar as demandas de crianças e o fato destas também existirem, utilizando placas das emoções de raiva, tristeza, felicidade e medo como material. Foram indagados questionamentos acerca de qual o papel do psicólogo, e se a criança faz ou já fez psicoterapia, após as respostas dos alunos, as placas das emoções foram exibidas uma a uma, dando o tempo necessário para que livremente expressassem o que viam e como se sentiam a respeito daquela emoção, se já sentiram-na e o que a fez sentir tal emoção. Finalizou-se a atividade com uma explicação objetiva acerca do papel do psicólogo frente a demanda infantil, utilizando como exemplo o trabalho psicológico frente as emoções exibidas. A ação possibilitou que as crianças trouxessem situações como brigas e insultos ocorridas em sala, e como estas estariam atrapalhando o processo de ensino-aprendizagem. Tais práticas coletivas podem acarretar mudanças no processo educativo, considerando que quando mobilizados, os sujeitos tornam-se capazes de modificar realidades, inclusive transformando a si mesmos neste processo (CREPOP, 2013).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com Silva e Ferreira (2014), a escola pela diversidade que apresenta, é um meio repleto de demandas sociais, caracterizando inúmeras vezes empecilhos para o desenvolvimento do aluno. Assim, o estágio em questão, oportunizou um entendimento mais esclarecedor da teoria estudada através da análise prática deste âmbito escolar, compreendendo o contexto educacional em uma dimensão mais ampla, observando de forma clara as problemáticas e demandas existentes no processo de desenvolvimento da aprendizagem dos educandos. Considerando que uma ação interventiva deve ser trabalhada com todo o contexto para que se tenha êxito, desconstruiu-se a ideia de que o sujeito deve ser culpabilizado, seja o aluno, professor ou a família, construindo assim uma análise geral e não apenas individual das demandas apresentadas.Referências
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 13º ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2016.
Referências técnicas para Atuação de Psicólogas(os) na Educação Básica. Conselho Federal de Psicologia. Brasília: CFP, 2013.
SILVA, L. G. M.; FERREIRA, T. J. O papel da escola e suas demandas sociais. Periódico Científico Projeção e Docência, v. 5, n. 2, p. 6-23, 2014.
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