O futuro da construção naval tradicional do médio e baixo Xingu, Pará
DOI:
https://doi.org/10.18378/rvads.v18i2.9532Palavras-chave:
Amazônia, Barcos de madeira, Itaúba, Carpinteiro, Conhecimento popularResumo
A arte de construir barcos de madeira é um patrimônio cultural secular dos povos amazônicos. Contudo, perdeu a importância ao longo das últimas décadas, como resultado, perda de conhecimento sobre a prática cultural da construção de embarcações de madeira. Assim, o objetivo do presente estudo foi conhecer a construção naval artesanal realizada nos municípios de Porto de Moz e Altamira. Para isso, empregou-se a entrevista semiestruturada, observação direta e indireta e emprego da máquina fotográfica. De acordo com os resultados encontrados, nota-se a predominância do sexo masculino, com idade média de 43,2 anos. A maioria dos carpinteiros navais tradicionais tem baixa escolaridade. Geralmente, o trabalho começa na infância ou na adolescência. Dezessete espécies foram citadas, itaúba e piquiá são as espécies mais versáteis e cobiçadas por carpinteiros para a construção de barcos. A comercialização das embarcações é limitada por fatores como a escassez de madeira certificada, desvalorização profissional e pela competição com embarcações fabricadas industrialmente. Estes fatores contribuem para a perda de conhecimento sobre a arte do saber-fazer da atividade de construção de barcos de madeira na região. Além disso, a diminuição da atividade provoca um amplo conjunto de impactos econômicos, sociais e culturais observados nos municípios de Altamira e Porto de Moz.
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