Onde crime, marginalização e psicose se entrecruzam: caso Febrônio índio do Brasil
Resumen
Agosto de 1927. As notícias de dois crimes hediondos cometidos na Ilha do Ribeiro aterrorizavam a população de Jacarepaguá e, logo, viriam a repercutir no país inteiro. Não demorou muito para que Febrônio fosse identificado como responsável pelos delitos. A partir daí iniciara-se o confronto entre direito e psiquiatria, que buscavam uma solução para o destino daquele. De um lado, o discurso jurídico, que tinha a seu favor provas cabais e infalíveis; de outro, a prédica psiquiátrica, que alegava a inimputabilidade de Febrônio, haja vista sua escassa plenitude das próprias faculdades mentais. Sob tal ótica, o presente trabalho procurou desnublar a trajetória de Febrônio Índio do Brasil, à luz do crime, da marginalização e da psicose daquele. Assim, como aporte metodológico para a concretização do presente estudo, utilizaram-se, predominantemente, os métodos hipotético-dedutivo, bibliográfico-documental e histórico-comparativo; objetivando, por conseguinte, a construção de uma pesquisa qualitativa e teórica, com caráter estritamente social, em consonância aos ditames da ciência. Por fim, concluiu-se que a vida de Febrônio fora marcada por um quadro de marginalização, haja vista que este era negro, pobre e homossexual; sendo tais características, inclusive, invocadas para justificar sua criminalidade e psicose. Sua sentença, apesar dos embates e discussões, fora a eterna privação de sua liberdade em um Manicômio Judiciário. Ademais, para além das faces de marginalização, criminalidade e delírio, Febrônio revela-se, igualmente, como figura emblemática, suscetível de estudos e análises aprofundadas, com uma inteligência marcante, entrando para o imaginário popular e sendo objeto de diversos estudos até hoje.