Crescimento do guanandi e produção de mandioca e araruta em sistemas agroflorestais
DOI:
https://doi.org/10.18378/rvads.v14i2.6306Palavras-chave:
Transição agroecológica, Agrofloresta, Restauração ambiental, Alterações climáticasResumo
No Vale do Paraíba do Sul, entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, a substituição da Mata Atlântica para o cultivo do café degradou os solos e os cursos d’água. O cultivo de espécies florestais pode ajudar a restaurar esse ambiente. O guanandi (Calophyllum brasiliense Cambess.) é uma espécie florestal nativa com grande potencial de exploração econômica da madeira. O seu cultivo em sistema agroflorestal – SAF pode tornar-se mais vantajoso devido o seu moderado crescimento. Os objetivos com essa pesquisa foram comparar o crescimento do guanandi em monocultura e na diversificação agroflorestal em SAFs simples e biodiverso, assim como avaliar o desempenho da mandioca (Manihot esculenta Crantz.) e araruta (Maranta arundinacea L.) nesses sistemas, em ciclos com alta precipitação pluvial e escassez hídrica. O SAF biodiverso foi acrescido de feijão guandu, bananeira, palmeira juçara e diversidade arbórea. Os sistemas agroflorestais não prejudicaram o crescimento do guanandi, que incrementou a circunferência a altura do peito no SAF simples após três anos de conversão. As culturas alimentares de mandioca e araruta apresentaram desempenho compatível com a densidade de plantio utilizada nos SAFs, com produções significativamente superiores no SAF simples. A araruta suportou o estresse ambiental em ambos SAFs e dispensa o replantio, ocupando naturalmente o sub-bosque. O SAF simples é um sistema para agricultores interessados em obter o máximo rendimento de cultivos anuais em associação com a espécie florestal. O SAF biodiverso é adequado para diversificar a produção agrícola e restaurar o ambiente concomitantemente.
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