As fronteiras entre a filosofia da história e a teoria da história: alguns apontamentos
DOI:
https://doi.org/10.18378/rbfh.v13i3.10962Resumo
As filosofias da história e as teorias da história são campos distintos que, de certa forma, relacionam-se entre si. Tais ramos ocupam-se do mesmo objeto divergindo nos seus objetivos. Desta forma,o presente artigo tem como objetivo analisar os pressupostos epistemológicos das filosofias e das teorias da história, suas especificidades e os possíveis diálogos entre tais campos. Metodologicamente, faz-se uso de um levantamento historiográfico por meio da análise das obras de autores como Lowith (2007), Julião (2010) e Little (2016) especificamente sobre filosofia da história e utilizando-se da contribuição de Barros (2012) ao descrever o surgimento do conceito de teoria da história e no que diz respeito ao diálogo efetivo entre os dois campos — além da análise de outras literaturas da mesma natureza. Para elucidar tais questões, perpassa-se em princípio pelo advento das filosofias da história e a consequente pretensão à cientificidade do século XIX representada na consolidação da teoria da história como um campo próprio dentro da disciplina História, evidenciando o caráter metodológico da teoria frente a especulação da filosofia. Desta maneira, tal pesquisa busca fornecer elementos para a discussão sobre as ingerências de um campo no outro e suas dissonâncias intrínsecas à sua própria definição. Neste sentido, busca-se, por fim, delimitar os espaços de cada campo, seus objetivos e hipóteses, evidenciando suas aproximações dentro do próprio processo de consolidação epistemológica de cada área e uma breve exposição dessa relação no século XX.
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