Colopexia após prolapso de reto recidivante: relato de caso

Abstract

O prolapso retal é caracterizado pela protrusão e inversão completa ou parcial de uma ou mais camadas do reto através
do ânus. Essa doença afeta animais de todas as idades, no entanto, acontece com maior frequência em animais machos,
jovens, com quadro de diarreia, tenesmo graves, endoparasitirmo, doenças anorretais e doenças do trato urinário inferior.
A Colopexia é uma técnica invasiva indicada quando o prolapso é recidivante e não responsivo à tratamentos
conservadores. Assim, o presente trabalho relata o caso de um felino, fêmea, não castrada, sem raça definida, com 5 meses
de idade, pesando 2,2 kg e oriunda de resgate. O animal deu entrada na clínica para consulta, onde a queixa principal do
tutor foi a exposição da mucosa retal há 15 dias, inicialmente bem discreto. No exame físico evidenciou-se mucosas
normocoradas, temperatura retal de 37,4 oC, frequência cardíaca de 180 bpm e frequência respiratória de 40 mpm,
hidratada, linfonodos sem alterações, escore corporal 3, TPC 2, apresentava ativa e com presença de Ascaris lumbricoides
nas fezes. Observou-se prolapso de reto, bem hiperêmico e sem sinais de traumatismo ou necrose. Foram realizados
exames complementares, como hemograma completo e bioquímica sérica. No hemograma pode-se observar presença de
eritrocitose, além de intensa agregação plaquetária e bioquímico sem qualquer alteração. Como tratamento conservador
foi realizado o reposicionamento com bolsa de fumo, feito sedação com Propofol 2mg/kg e sutura com fio Nylon 3.0. No
pós-procedimento foram prescritos Lactulona, Vetmax suspensão, Meloxican 0,2 mg e Diaziprim por via oral. No dia
seguinte, o animal retornou a clínica apresentando recidiva do prolapso retal, feito um novo procedimento com sutura
mais reforçada, acrescentado na prescrição Óleo mineral por via oral e orientado ao tutor alimentar apenas com sachê e
comida pastosa durante o tratamento. Ao retornar para acompanhamento clínico a tutora relatou a presença de fezes
rígidas, sendo necessária a retirada da bolsa de fumo devido obstrução. Frente à baixa resposta ao tratamento conservador,
optou-se por uma abordagem mais invasiva com a realização da técnica de colopexia com objetivo de impedir novo
prolapso. Como protocolo anestésico foi administrado na MPA Dexmedetomidina, Cetamina, Metadona por via
intramuscular, na indução Propofol e Fentanil por via IV e manutenção inalatória com Isoflurano. Feito celiotomia retroumbilical e uma tração leve para internalizar o segmento retal que estava prolapsado, em seguida, realizado a fixação do
cólon descendente à parede abdominal. No pós operatório foi prescrito Amoxicilina + Clavulanato de Potássio 250mg/ml,
Lactulona, Ômega Cat 3+6+D por via oral, Meloxicam 0,3% por via subcutânea e Vetaglós pomada para aplicação em
fina camada após limpeza da ferida. O prognóstico do presente relato foi favorável, a técnica cirúrgica se mostrou eficaz
e o animal obteve boa recuperação.