Do teatro ao testemunho: a representação do natal na visão de são francisco de assis após oitocentos séculos
DOI:
https://doi.org/10.18378/rbfh.v12i3.10048Palavras-chave:
Religiosidade, Franciscanismo, RepresentaçãoResumo
O objetivo do nosso artigo é celebrar os 800 anos do presépio franciscano, procurando compreender as estratégias de escrita adotadas por vários autores para construir no imaginário popular a figura histórica de São Francisco. Autoridades como Tomás de Celano, Joseph Ratzinger, entre outros escritores, definiram representações sobre o evento na gruta de Greccio e os atores sociais que vivenciaram aquele momento fundamental para o cristianismo imaginado pelo Santo de Assis. O presépio, em pleno século XXI, ainda faz parte da cultura do Natal no final do ano e, provavelmente, irá permanecer por longos séculos, simbolizando o mistério da encanação do Filho de Deus. Outro ponto que não pode ser esquecido é a importância da imprensa escrita que procura noticiar o dia do Natal e a ação do povo comum produzindo seu presépio, e de forma sutil, preservando uma tradição secular que não pode ser esquecida. A encenação do Natividade, na aldeia de Greccio, pertence a um contexto geral da Bela Idade Média, expressão do historiador Jacques Le Goff, que não pode ser desconectada de um período em que “trupes” viajavam de cidades em cidades divulgando muitas histórias, entre elas, temas bíblicos. Será que a encenação imaginada por Francisco teve influência desses artistas? Não temos registro para afirmar, só nos resta imaginar.
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