O uso de plantas medicinais na atenção primária à saúde: desafios e potencialidades
DOI:
https://doi.org/10.18378/rbfh.v13i4.11161Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde, Fitoterapia, Plantas Medicinais, Políticas Públicas, Práticas Integrativas e ComplementaresResumo
O presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise por meio de uma revisão da literatura, os desafios e potencialidades do uso de plantas medicinais na Atenção Primária à Saúde (APS), com foco em sua eficácia terapêutica, segurança, impacto econômico e relevância sociocultural no contexto das Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS). A pesquisa foi realizada por meio de uma revisão integrativa da literatura, utilizando as bases LILACS, SCIELO e BVS, com descritores relacionados ao tema. Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 15 artigos publicados entre 2022 e 2024 foram selecionados para análise. Os resultados evidenciaram que o uso de plantas medicinais na APS oferece benefícios significativos, como acessibilidade, baixo custo e valorização do saber tradicional, especialmente em comunidades vulneráveis. Estudos demonstraram que as plantas medicinais são amplamente utilizadas pela população para tratamento e prevenção de doenças, com destaque para o capim-limão, hortelã-pimenta e boldo. Além disso, práticas como hortas medicinais e Farmácias Vivas foram apontadas como estratégias promissoras para integrar o conhecimento popular ao científico, fortalecendo a humanização do cuidado e promovendo o autocuidado. Apesar das potencialidades, a pesquisa também identificou desafios significativos. Entre eles, destacam-se a falta de capacitação específica dos profissionais de saúde, a insuficiência de investimentos em infraestrutura e insumos, e os riscos associados ao uso inadequado das plantas medicinais, como toxicidade e interações medicamentosas. A ausência de regulamentação abrangente e a desigualdade no acesso às terapias fitoterápicas foram barreiras importantes destacadas nos estudos. Além disso, a utilização de plantas medicinais é frequentemente feita sem orientação profissional, resultando em riscos à segurança do paciente. Conclui-se que a integração das plantas medicinais na APS requer uma abordagem interdisciplinar e estratégias de educação em saúde que promovam o uso seguro e racional. É essencial consolidar a fitoterapia como uma prática complementar no SUS, valorizando o saber tradicional e ampliando o acesso à saúde de forma equitativa e sustentável. A adoção de políticas públicas consistentes e o incentivo à pesquisa científica são passos indispensáveis para superar os desafios identificados e potencializar os benefícios dessa prática no contexto da APS. Assim, o uso de plantas medicinais pode contribuir significativamente para uma atenção integral e humanizada à saúde da população brasileira.
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